Desde sua estreia nos cinemas brasileiros, em 1º de maio, Homem com H já ultrapassou a impressionante marca de 600 mil espectadores. A produção, escrita e dirigida por Esmir Filho, acumula mais de R$13 milhões em bilheteria, segundo dados do Filme B (Box Office Brasil). E o sucesso não parou por aí: após a estreia no catálogo da Netflix, em 17 de junho, disponível em mais de 190 países, o filme alcançou o segundo lugar no ranking dos melhores filmes de 2025 no Letterboxd, a famosa comunidade online de cinéfilos — perdendo apenas para Pecadores, de Ryan Coogler.
Muito desse êxito se deve à figura lendária de Ney Matogrosso, que inspira a trama. Porém, mesmo quem não é fã se surpreende com a atuação hipnotizante de Jesuíta Barbosa (Tatuagem), a fotografia vibrante de Azul Serra (Senna) e, claro, a direção ousada e sensível de Esmir Filho.
Mas você conhece os trabalhos anteriores desse diretor talentosíssimo? Se não conhece, a gente te conta! Esmir tem outras obras que merecem ser descobertas — e, sinceramente, sou fã desde o curta Saliva. Abaixo, listamos seus principais trabalhos e onde assisti-los. E se ainda não viu Homem com H, veja!
Curtas-metragens
Tapa na Pantera (2006)
Um verdadeiro clássico da era inicial do YouTube no Brasil. Com pouco menos de quatro minutos, o curta traz Maria Alice Vergueiro — falecida em 2020 — em um monólogo confessional hilário e provocador, onde uma senhora fala abertamente sobre seus 30 anos de uso de maconha. A naturalidade e o tom documental do vídeo fizeram com que muitos acreditassem se tratar de uma história real.
O curta virou febre entre os jovens da época e somou mais de 5 milhões de visualizações só no YouTube, tornando Maria Alice Vergueiro uma celebridade instantânea. A direção é compartilhada com os cineastas Mariana Bastos (Raquel 1:1) e Rafael Gomes (Música Para Morrer de Amor).
Onde assistir: YouTube
Saliva (2007)
Selecionado para a Semana da Crítica do Festival de Cannes, Saliva é um curta sensorial e poético sobre o despertar do desejo. Através do olhar de uma adolescente (Mayara Comunale), Esmir Filho cria um universo subjetivo e carregado de sensações sobre o primeiro beijo. Com uma linguagem visual marcante, seu segundo curta solo já demonstrava o talento do diretor para lidar com temas íntimos de maneira ousada.
Onde assistir: YouTube
Vibracall e Alguma Coisa Assim (2006)

Formado em Cinema pela FAAP, entre 2004 e 2006, Esmir Filho produziu seis curtas-metragens, além dos dois supracitados. Os que também merecem ser conferidos são: Vibracall (2006) e Alguma Coisa Assim (2006), ambos com co-direção de Mariana Bastos. Este último tornou-se um longa homônimo nove anos depois, após ser premiado como Melhor Roteiro na Semana da Crítica do Festival de Cannes de 2006.
Onde assistir: Porta Curtas e Youtube.
Longas-metragens
Os Famosos e os Duendes da Morte (2009)
Após passar por diversos festivais nacionais e internacionais com seus curtas, Esmir Filho lança seu primeiro longa, Os Famosos e os Duendes da Morte, na mostra Geração do Festival de Berlim, também exibido no Festival de Locarno e premiado duplamente pela FIPRESCI e com o troféu Redentor de Melhor Filme no Festival do Rio.
Adaptado do livro homônimo de Ismael Caneppele — que também atua na obra —, o título é um coming-of-age onírico que externaliza os anseios e as frustrações de jovens de uma cidadezinha no sul do Brasil. O protagonista, Mr.Tambourine Man (Henrique Larré), sonha em deixar sua cidade natal para assistir a um show de Bob Dylan, mas parece estar preso, sem esperança, até conhecer Jingle Jangle (Tuane Eggers) com quem pode compartilhar suas angústias. Quem nunca se sentiu assim na adolescência?
Onde assistir: Vimeo
Alguma Coisa Assim (2017)


Ao invés de simplesmente ampliar o curta lançado em 2006, Esmir Filho — novamente ao lado de Mariana Bastos — resolveu criar uma continuação para os personagens Gabi (Caroline Abras) e Caio (André Antunes). Com base na pequena história de amor vivida pelos dois no curta Alguma Coisa Assim, nove anos depois, Gabi mora em Berlim e eles se reencontram e se conectam em uma relação entre amizade, desejo e cumplicidade. Acompanhamos as transformações dos personagens e os desafios da fase adulta pelas ruas da capital alemã e alguns momentos oníricos.
Onde assistir: Belas à la Carte.
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Verlust (2020)
Lançado na época da pandemia, o projeto autoral de Esmir Filho com Andréa Beltrão e Marina Lima naufragou com uma recepção fria da crítica e do público, pois apesar da sua prodigiosa cinematografia os personagens são tediosos.
Exibido na 44ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, a trama segue a poderosa empresária Frederica (Andréa Beltrão), que prepara uma festa de Ano-Novo em uma praia isolada, enquanto enfrenta uma crise no casamento com o fotógrafo Constantin (Alfredo Castro) e lida com a partida da sua filha adolescente (Fernanda Pavanelli) para estudar no exterior.
Onde assistir: ClaroTV+
Séries na TV e no streaming
Tudo que é Sólido Pode Derreter (2009)
Antes de se tornar cineasta de longas, Esmir Filho — ao lado do parceiro de longa data Rafael Gomes — criou a série educativa de 13 episódios sobre as descobertas da adolescente Thereza para a TV Cultura. Protagonizada por Mayara Constantino, o projeto teve apenas uma temporada e está inteiramente disponível no YouTube.
Onde assistir: YouTube.
Boca a Boca (2020)
Lançada na Netflix sem marketing e no auge da pandemia, Boca a Boca era uma série com tudo para chegar à segunda temporada: personagens envolventes, mistérios e um bom gancho. A obra, entretanto, não conseguiu figurar nos TOP 10 nacional e internacional da plataforma de streaming e foi encerrada em seguida. Apesar da belíssima fotografia de Azul Serra — o mesmo de Homem com H —, a criação de Esmir Filho em tons de neon acabou antes de ter espaço para acontecer.
Com o sucesso da cinebiografia, o seriado de seis episódios tem chegado aos ouvidos de mais pessoas, principalmente dos jovens — o público-alvo do projeto. Para quem não conhece, Boca a Boca acompanha adolescentes de uma cidadezinha do interior do Brasil que são ameaçados por uma infecção transmissível pelo beijo. Com uma trama sinistra e contemporânea, a série retrata os desejos de uma juventude digitalmente conectada. A direção de Esmir Filho é compartilhada, em alguns episódios, com a rainha do terror brasileiro, Juliana Rojas.
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Onde assistir: Netflix
Já conhecia todas essas obras ou ficou curioso para conhecer? Clique nos links e confira! Em breve, vamos mergulhar na carreira de Jesuíta Barbosa e explorar sua filmografia.