terça-feira , 5 novembro , 2024

A Fundação | Asimov e a Ficção Científica Hard

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Famoso autor do gênero terá mais uma obra levada ao audiovisual

Recentemente a Apple TV disponibilizou o trailer de sua futura série A Fundação, inspirado no clássico da literatura de mesmo nome assinado por Isaac Asimov a partir de 1951. Ainda assim, essa não é a primeira vez que uma obra do autor russo é adaptada para outra mídia. Por décadas os livros de Asimov foram uma referência para todo projeto que visava criar um universo ficcional com regras próprias muito bem estabelecidas. 

O autor é um dos grandes expoentes do estilo Hard Science Fiction, sendo esta uma corrente do gênero Sci-fi que se propõe a construir suas estruturas ficcionais da forma mais realista e até científica possível. Dessa forma, por mais que as sociedades apresentadas nas tramas sejam extremamente irreais, o autor tende a seguir um planejamento de deixar os mecanismos daquele mundo o mais crível possível.

O escritor Arthur C. Clarke é um outro expoente dessa corrente; seu 2001 – Uma Odisséia no Espaço (que inspirou o clássico cinematográfico de mesmo nome em 1968) é um exemplo de como funciona esse tipo de escrita. Em diversas passagens da trama é apresentada de forma realista como a tecnologia de viagem espacial poderia ser posta em prática de forma realista.

Obra de Asimov traz reflexão sobre o futuro

Com a trilogia da Fundação, Asimov estabeleceu um novo parâmetro para regras em cenários de ficção científica. O enredo gira ao redor de uma sociedade em determinado momento no futuro em que a busca pelo conhecimento se tornou o imperativo no estilo de vida de cada um; desse meio vem o protagonista, Hari Seldon, que desenvolve por conta própria um método capaz de prever acontecimentos futuros com base em estatísticas e cálculos de probabilidade.

Apelidada de psicohistória, esse método rapidamente ganha apoio por todo o império que comanda a galáxia e, consequentemente, alça Seldon a um maior nível de importância naquela sociedade. Ainda assim, o futuro proposto nas páginas de A Fundação não é utópico mas sim uma regressão social.

Essa ideia foi confirmada pelo próprio autor após responder uma pergunta feita por Gregory Fitzgerald no artigo A Conversation With Isaac Asimov publicado em 1987. Na ocasião, foi questionado se o autor concordava com algumas observações sobre seu trabalho que sugeriam que a natureza humana é imutável. 

O autor acreditava que a raça humana dificilmente mudará

“Algumas pessoas observaram isso na minha trilogia da Fundação, que se passa dezenas de milhares de anos no futuro. Ao passo que mesmo havendo evolução na ciência, não há uma evolução na natureza humana, e que há uma evolução reversa na ciência política; em outras palavras, nós voltamos para uma espécie de feudalismo”.

Ainda questionado por Fitzgerald, lhe é questionado se ele concorda que o avanço da tecnologia poderia sim mudar a natureza humana. Asimov rebate: “Bom, é possível, porém esse não era meu propósito quando escrevi A Fundação. Em quis considerar essencialmente a ciência da psicohistória, algo que eu próprio criei. Isso era, de certa forma, o embate entre livre arbítrio e determinismo…Me pareceu que se tivéssemos um império galáctico, haveria tantos seres humanos, quintilhões deles, que talvez você fosse capaz de prever corretamente como as sociedades se comportariam, mesmo que você não conseguisse prever como os indivíduos que compõe essa sociedade fossem se comportar.”

Dessa forma a história progride para uma deterioração progressiva, no que Asimov comparou com a queda do Império Romano, em meio a uma sociedade teoricamente racional e cientifica mas que não abandonou seus velhos instintos. De forma similar ao que o autor trabalhou em sua outra obra (Eu, Robô), aqui o futuro exibe um cuidado na estrutura que transmite uma ideia, a princípio, de estabilidade.

Tal pensamento, por ventura, acaba não se sustentando e essa ordem aparente se mostra muito mais uma cortina de fumaça para atos de selvageria. Ainda assim, tanto Asimov quanto o subgênero de Hard Science Fiction tem como seus méritos o entendimento de que a tecnologia, mesmo que não acompanhada pela humanidade, evolui com facilidade

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O autor é um dos grandes expoentes do estilo Hard Science Fiction, sendo esta uma corrente do gênero Sci-fi que se propõe a construir suas estruturas ficcionais da forma mais realista e até científica possível. Dessa forma, por mais que as sociedades apresentadas nas tramas sejam extremamente irreais, o autor tende a seguir um planejamento de deixar os mecanismos daquele mundo o mais crível possível.

O escritor Arthur C. Clarke é um outro expoente dessa corrente; seu 2001 – Uma Odisséia no Espaço (que inspirou o clássico cinematográfico de mesmo nome em 1968) é um exemplo de como funciona esse tipo de escrita. Em diversas passagens da trama é apresentada de forma realista como a tecnologia de viagem espacial poderia ser posta em prática de forma realista.

Obra de Asimov traz reflexão sobre o futuro

Com a trilogia da Fundação, Asimov estabeleceu um novo parâmetro para regras em cenários de ficção científica. O enredo gira ao redor de uma sociedade em determinado momento no futuro em que a busca pelo conhecimento se tornou o imperativo no estilo de vida de cada um; desse meio vem o protagonista, Hari Seldon, que desenvolve por conta própria um método capaz de prever acontecimentos futuros com base em estatísticas e cálculos de probabilidade.

Apelidada de psicohistória, esse método rapidamente ganha apoio por todo o império que comanda a galáxia e, consequentemente, alça Seldon a um maior nível de importância naquela sociedade. Ainda assim, o futuro proposto nas páginas de A Fundação não é utópico mas sim uma regressão social.

Essa ideia foi confirmada pelo próprio autor após responder uma pergunta feita por Gregory Fitzgerald no artigo A Conversation With Isaac Asimov publicado em 1987. Na ocasião, foi questionado se o autor concordava com algumas observações sobre seu trabalho que sugeriam que a natureza humana é imutável. 

O autor acreditava que a raça humana dificilmente mudará

“Algumas pessoas observaram isso na minha trilogia da Fundação, que se passa dezenas de milhares de anos no futuro. Ao passo que mesmo havendo evolução na ciência, não há uma evolução na natureza humana, e que há uma evolução reversa na ciência política; em outras palavras, nós voltamos para uma espécie de feudalismo”.

Ainda questionado por Fitzgerald, lhe é questionado se ele concorda que o avanço da tecnologia poderia sim mudar a natureza humana. Asimov rebate: “Bom, é possível, porém esse não era meu propósito quando escrevi A Fundação. Em quis considerar essencialmente a ciência da psicohistória, algo que eu próprio criei. Isso era, de certa forma, o embate entre livre arbítrio e determinismo…Me pareceu que se tivéssemos um império galáctico, haveria tantos seres humanos, quintilhões deles, que talvez você fosse capaz de prever corretamente como as sociedades se comportariam, mesmo que você não conseguisse prever como os indivíduos que compõe essa sociedade fossem se comportar.”

Dessa forma a história progride para uma deterioração progressiva, no que Asimov comparou com a queda do Império Romano, em meio a uma sociedade teoricamente racional e cientifica mas que não abandonou seus velhos instintos. De forma similar ao que o autor trabalhou em sua outra obra (Eu, Robô), aqui o futuro exibe um cuidado na estrutura que transmite uma ideia, a princípio, de estabilidade.

Tal pensamento, por ventura, acaba não se sustentando e essa ordem aparente se mostra muito mais uma cortina de fumaça para atos de selvageria. Ainda assim, tanto Asimov quanto o subgênero de Hard Science Fiction tem como seus méritos o entendimento de que a tecnologia, mesmo que não acompanhada pela humanidade, evolui com facilidade

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