domingo , 22 dezembro , 2024

A importância dos heróis alternativos para Hollywood

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Frases de efeito, roupas coloridas, explosões, violência não explícita, lutas de CGI e bilheterias bilionárias. O mercado de filmes protagonizados por super-heróis é um dos mais lucrativos na Hollywood do século XXI, conquistando público, crítica e batendo recorde atrás de recorde nas bilheterias do mundo. Esse sucesso comercial consolidado teve início lá nos anos 2000, com o primeiro filme dos X-Men.

Filmes com heróis viraram sinônimo de boa bilheteria em Hollywood

Desde então, cada vez mais franquias envolvendo os personagens de histórias em quadrinhos vieram ganhando as telonas.No entanto, o ano de 2010 parece ter sido uma exceção às superproduções de heróis espalhafatosos. Com orçamentos mais modestos, tramas absurdamente criativas e efeitos visuais simplórios, três longas foram lançados e se consagraram como grandes sucessos de crítica. Essas três aventuras, tratadas como filmes independentes, são faladas até hoje e foram importantíssimas para alguns rumos da Hollywood atual.



O primeiro dessa linha foi Kick-Ass: Quebrando Tudo, que chegou aos cinemas americanos em 16 de abril, e só desembarcou no Brasil em junho do mesmo ano. Baseado na HQ homônima de Mark Millar, o filme tinha como premissa a seguinte pergunta: “Se super-heróis são tão populares, por que ninguém tenta ser um?”. Assim como nos quadrinhos, o protagonista, Dave Lizewski, é um adolescente excluído, que resolve largar a monotonia de ser um Zé Ninguém nas escolas e virar um super-herói na vida real. Porém, a vida de vigilante resulta em um acidente quase mortal e o leva a conhecer “heróis” de verdade.Apesar de ser muito fiel aos acontecimentos da HQ, o filme tem uma diferença primordial. Enquanto os quadrinhos mostram os atos de Dave, Hit-Girl e Big Daddy como resultado de fraqueza emocional, doenças mentais e aliciação de menores, realmente ridicularizando seus próprios personagens, o filme segue uma linha mais motivacional. Mostrando que, apesar dos ferimentos e de todas as desventuras nas quais o trio protagonista se envolve, tudo aquilo é benéfico para as respectivas personalidades. Ou seja, eles ajudam a sociedade e se beneficiam de certas coisas utilizando a fantasia.A nível de contribuição para Hollywood, o sucesso de Kick-Ass e os comentários exaltando as cenas de violência gráfica e os palavrões foram os primeiros sinais de que filmes com heróis para maiores poderiam ser um nicho lucrativo a ser explorado. O protagonista, interpretado até então por um pouco conhecido Aaron Taylor-Johnson, abriu as portas do ator para adentrar no Universo Cinematográfico Marvel no papel do Mercúrio. A jovem Chloë Grace Moretz, com apenas 12 anos de idade, roubou a cena com uma atuação fantástica no papel da violenta Hit-Girl, se firmando como uma das maiores promessas de Hollywood até então. Nicolas Cage, que andava em baixa, fez um trabalho brilhante como Big Daddy, ganhando uma nova chance nos cinemas. E o diretor, Matthew Vaughn passou a ser bastante requisitado, chegando até a assumir a franquia Kingsman.

O sucesso do filme garantiu uma sequência de gosto duvidoso, que contou inclusive com críticas negativas de Jim Carrey, que estava no filme. Por não ter atendido às expectativas, as chances de ocorrer uma adaptação de Kick-Ass 3 são quase nulas.

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Mais tarde, em agosto, chegou aos cinemas Scott Pilgrim Contra o Mundo. Tanto o filme quanto a HQ são venerados no “Mundo Geek” até hoje. Dirigido pelo “alternativo” Edgar Wright, a história adapta os quadrinhos sobre Scott Pilgrim, um jovem canadense que tem um jeitão esquisito e introvertido e acaba se apaixonando pela excêntrica Ramona Flowers enquanto já tem namorada. Conforme vai se envolvendo com Ramona, Scott descobre que terá que derrotar os sete ex-namorados malvados dela se quiser ter um relacionamento. Misturando toda uma estética vinda dos quadrinhos, incluindo alguns cortes secos e ações típicas das HQs, ao universo dos videogames, o filme foi um sucesso de crítica, conquistando impressionantes 81% de aprovação da crítica especializada no Rotten Tomatoes. Os elogios foram tecidos a Edgar Wright que, segundo eles, soube conduzir de forma muito criativa e dinâmica um roteiro pouco inspirado.Wright, que até então era responsável por filmes considerados “independentes” de humor britânico, entrou de vez no cenário da Cultura Pop com Scott Pilgrim. O filme logo se tornou um fenômeno Geek, assim como Mary Elizabeth Winstead, que ficou eternizada como Ramona Flowers e praticamente só conseguiu papéis em longas voltados para o público Geek. Brie Larson, nossa Capitã Marvel, teve seu primeiro papel de destaque, chegando até a cantar no filme, e Michael Cera se consolidou como o “lerdão” de Hollywood.

Chris Evans e Brendon Routh também marcaram presença no longa

Por fim, em setembro de 2010, foi a vez do quase desconhecido James Gunn lançar seu mais novo projeto no Festival de Cinema de Toronto, o filme Super. Com um elenco fantástico para um filme de baixo orçamento e sem se basear exatamente em uma história em quadrinhos específica, esta aventura esquisitona é uma das obras mais incríveis do gênero, mas não tem o devido reconhecimento.Na trama, Frank Darbo (interpretado por Rainn Wilson, o Dwight de The Office – sugestão de casting feita pela ex-esposa de James Gunn, Jenna Fisher, a Pam de The Office) é um chapeiro de lanchonete que acumulou uma série de fracassos desde a infância. Seu único orgulho na vida é a esposa Sarah, vivida por Liv Tyler. Porém, o mundo de Frank vai por água abaixo quando ela tem uma recaída no vício em drogas e deixa o marido pelo grande traficante da região, Jacques (Kevin Bacon).Afundado na depressão, Frank se apoia em sua outra única memória “positiva”, que foi quando ele ajudou um policial a recuperar a bolsa de uma mulher. Assistindo a um programa de TV sobre um super-herói cristão, o rapaz sonha com tentáculos divinos que invadem sua mente e pregam sua nova missão na Terra: ser um super-herói para salvar Sarah das mãos de Jacques.

Dotado de nenhum superpoder, Frank assume a identidade de Crimson Bolt, que sai pelas ruas resolvendo crimes banais com muita violência e sua arma: uma chave inglesa vermelha. No começo, ninguém  leva ele a sério, mas depois de estudar muitos gibis, ele começa mesmo a ameaçar o cartel de Jacques, chegando até a conseguir uma ajudante: a jovem Boltie (Ellen Page).

O filme é 100% James Gunn. Tem muita violência explícita, alguns momentos de gore, um visual excêntrico, uma cena de estupro conduzida de modo muito desconfortável – apesar de ser feita como uma paródia de um conceito controverso do universo do Homem-Aranha, e a incrível capacidade de fazer o público torcer por um personagem moralmente questionável e socialmente questionável.

Foi este filme que fez Kevin Feige se interar dos trabalhos de James Gunn, e segundo o próprio CEO do Marvel Studios, foi a habilidade demonstrada por Gunn de trabalhar um personagem estranho e sem conhecimento do público que o creditou a ser a mente por trás do universo dos Guardiões da Galáxia. Também foi o maior papel de Rainn Wilson nos cinemas. O eterno Dwight Schrute dá um verdadeiro show na pele de Frank/ Crimson Bolt.

Kevin Feige lutou até o último segundo para que a Disney readmitisse Gunn para a franquia dos Guardiões

O filme voltou a ser citado recentemente em Brightburn – Filho das Trevas, que foi produzido por James Gunn, em uma pós-créditos nas quais um repórter mostra outras aparições de heróis. Dentre as imagens, há uma foto do Crimson Bolt, confirmando que os dois filmes se passam no mesmo universo.

O Crimson Bolt aparece no final de Brightburn como um dos “supers” daquele universo

Além dos caminhos indiretos que esses filmes traçaram para os heróis em Hollywood – James Gunn, por exemplo, foi responsável por idealizar todo o universo cósmico da Marvel, o fato de todos eles serem classificados para maiores de idade e terem sido realizados com baixo orçamento – e terem correspondido nas bilheterias – foi fundamental para que longas com heróis para maiores, como Deadpool, Logan e Venom, ganhassem sinal verde na produção. São filmes diferentes do padrão estabelecido por Marvel e DC ao longo dos últimos, mas merecem demais ganhar mais atenção do que recebem hoje.

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Pedro Sobreirohttp://cinepop.com.br/
Jornalista apaixonado por entretenimento, com passagens por sites, revistas e emissoras como repórter, crítico e produtor.

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Frases de efeito, roupas coloridas, explosões, violência não explícita, lutas de CGI e bilheterias bilionárias. O mercado de filmes protagonizados por super-heróis é um dos mais lucrativos na Hollywood do século XXI, conquistando público, crítica e batendo recorde atrás de recorde nas bilheterias do mundo. Esse sucesso comercial consolidado teve início lá nos anos 2000, com o primeiro filme dos X-Men.

Filmes com heróis viraram sinônimo de boa bilheteria em Hollywood

Desde então, cada vez mais franquias envolvendo os personagens de histórias em quadrinhos vieram ganhando as telonas.No entanto, o ano de 2010 parece ter sido uma exceção às superproduções de heróis espalhafatosos. Com orçamentos mais modestos, tramas absurdamente criativas e efeitos visuais simplórios, três longas foram lançados e se consagraram como grandes sucessos de crítica. Essas três aventuras, tratadas como filmes independentes, são faladas até hoje e foram importantíssimas para alguns rumos da Hollywood atual.

O primeiro dessa linha foi Kick-Ass: Quebrando Tudo, que chegou aos cinemas americanos em 16 de abril, e só desembarcou no Brasil em junho do mesmo ano. Baseado na HQ homônima de Mark Millar, o filme tinha como premissa a seguinte pergunta: “Se super-heróis são tão populares, por que ninguém tenta ser um?”. Assim como nos quadrinhos, o protagonista, Dave Lizewski, é um adolescente excluído, que resolve largar a monotonia de ser um Zé Ninguém nas escolas e virar um super-herói na vida real. Porém, a vida de vigilante resulta em um acidente quase mortal e o leva a conhecer “heróis” de verdade.Apesar de ser muito fiel aos acontecimentos da HQ, o filme tem uma diferença primordial. Enquanto os quadrinhos mostram os atos de Dave, Hit-Girl e Big Daddy como resultado de fraqueza emocional, doenças mentais e aliciação de menores, realmente ridicularizando seus próprios personagens, o filme segue uma linha mais motivacional. Mostrando que, apesar dos ferimentos e de todas as desventuras nas quais o trio protagonista se envolve, tudo aquilo é benéfico para as respectivas personalidades. Ou seja, eles ajudam a sociedade e se beneficiam de certas coisas utilizando a fantasia.A nível de contribuição para Hollywood, o sucesso de Kick-Ass e os comentários exaltando as cenas de violência gráfica e os palavrões foram os primeiros sinais de que filmes com heróis para maiores poderiam ser um nicho lucrativo a ser explorado. O protagonista, interpretado até então por um pouco conhecido Aaron Taylor-Johnson, abriu as portas do ator para adentrar no Universo Cinematográfico Marvel no papel do Mercúrio. A jovem Chloë Grace Moretz, com apenas 12 anos de idade, roubou a cena com uma atuação fantástica no papel da violenta Hit-Girl, se firmando como uma das maiores promessas de Hollywood até então. Nicolas Cage, que andava em baixa, fez um trabalho brilhante como Big Daddy, ganhando uma nova chance nos cinemas. E o diretor, Matthew Vaughn passou a ser bastante requisitado, chegando até a assumir a franquia Kingsman.

O sucesso do filme garantiu uma sequência de gosto duvidoso, que contou inclusive com críticas negativas de Jim Carrey, que estava no filme. Por não ter atendido às expectativas, as chances de ocorrer uma adaptação de Kick-Ass 3 são quase nulas.

Mais tarde, em agosto, chegou aos cinemas Scott Pilgrim Contra o Mundo. Tanto o filme quanto a HQ são venerados no “Mundo Geek” até hoje. Dirigido pelo “alternativo” Edgar Wright, a história adapta os quadrinhos sobre Scott Pilgrim, um jovem canadense que tem um jeitão esquisito e introvertido e acaba se apaixonando pela excêntrica Ramona Flowers enquanto já tem namorada. Conforme vai se envolvendo com Ramona, Scott descobre que terá que derrotar os sete ex-namorados malvados dela se quiser ter um relacionamento. Misturando toda uma estética vinda dos quadrinhos, incluindo alguns cortes secos e ações típicas das HQs, ao universo dos videogames, o filme foi um sucesso de crítica, conquistando impressionantes 81% de aprovação da crítica especializada no Rotten Tomatoes. Os elogios foram tecidos a Edgar Wright que, segundo eles, soube conduzir de forma muito criativa e dinâmica um roteiro pouco inspirado.Wright, que até então era responsável por filmes considerados “independentes” de humor britânico, entrou de vez no cenário da Cultura Pop com Scott Pilgrim. O filme logo se tornou um fenômeno Geek, assim como Mary Elizabeth Winstead, que ficou eternizada como Ramona Flowers e praticamente só conseguiu papéis em longas voltados para o público Geek. Brie Larson, nossa Capitã Marvel, teve seu primeiro papel de destaque, chegando até a cantar no filme, e Michael Cera se consolidou como o “lerdão” de Hollywood.

Chris Evans e Brendon Routh também marcaram presença no longa

Por fim, em setembro de 2010, foi a vez do quase desconhecido James Gunn lançar seu mais novo projeto no Festival de Cinema de Toronto, o filme Super. Com um elenco fantástico para um filme de baixo orçamento e sem se basear exatamente em uma história em quadrinhos específica, esta aventura esquisitona é uma das obras mais incríveis do gênero, mas não tem o devido reconhecimento.Na trama, Frank Darbo (interpretado por Rainn Wilson, o Dwight de The Office – sugestão de casting feita pela ex-esposa de James Gunn, Jenna Fisher, a Pam de The Office) é um chapeiro de lanchonete que acumulou uma série de fracassos desde a infância. Seu único orgulho na vida é a esposa Sarah, vivida por Liv Tyler. Porém, o mundo de Frank vai por água abaixo quando ela tem uma recaída no vício em drogas e deixa o marido pelo grande traficante da região, Jacques (Kevin Bacon).Afundado na depressão, Frank se apoia em sua outra única memória “positiva”, que foi quando ele ajudou um policial a recuperar a bolsa de uma mulher. Assistindo a um programa de TV sobre um super-herói cristão, o rapaz sonha com tentáculos divinos que invadem sua mente e pregam sua nova missão na Terra: ser um super-herói para salvar Sarah das mãos de Jacques.

Dotado de nenhum superpoder, Frank assume a identidade de Crimson Bolt, que sai pelas ruas resolvendo crimes banais com muita violência e sua arma: uma chave inglesa vermelha. No começo, ninguém  leva ele a sério, mas depois de estudar muitos gibis, ele começa mesmo a ameaçar o cartel de Jacques, chegando até a conseguir uma ajudante: a jovem Boltie (Ellen Page).

O filme é 100% James Gunn. Tem muita violência explícita, alguns momentos de gore, um visual excêntrico, uma cena de estupro conduzida de modo muito desconfortável – apesar de ser feita como uma paródia de um conceito controverso do universo do Homem-Aranha, e a incrível capacidade de fazer o público torcer por um personagem moralmente questionável e socialmente questionável.

Foi este filme que fez Kevin Feige se interar dos trabalhos de James Gunn, e segundo o próprio CEO do Marvel Studios, foi a habilidade demonstrada por Gunn de trabalhar um personagem estranho e sem conhecimento do público que o creditou a ser a mente por trás do universo dos Guardiões da Galáxia. Também foi o maior papel de Rainn Wilson nos cinemas. O eterno Dwight Schrute dá um verdadeiro show na pele de Frank/ Crimson Bolt.

Kevin Feige lutou até o último segundo para que a Disney readmitisse Gunn para a franquia dos Guardiões

O filme voltou a ser citado recentemente em Brightburn – Filho das Trevas, que foi produzido por James Gunn, em uma pós-créditos nas quais um repórter mostra outras aparições de heróis. Dentre as imagens, há uma foto do Crimson Bolt, confirmando que os dois filmes se passam no mesmo universo.

O Crimson Bolt aparece no final de Brightburn como um dos “supers” daquele universo

Além dos caminhos indiretos que esses filmes traçaram para os heróis em Hollywood – James Gunn, por exemplo, foi responsável por idealizar todo o universo cósmico da Marvel, o fato de todos eles serem classificados para maiores de idade e terem sido realizados com baixo orçamento – e terem correspondido nas bilheterias – foi fundamental para que longas com heróis para maiores, como Deadpool, Logan e Venom, ganhassem sinal verde na produção. São filmes diferentes do padrão estabelecido por Marvel e DC ao longo dos últimos, mas merecem demais ganhar mais atenção do que recebem hoje.

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Pedro Sobreirohttp://cinepop.com.br/
Jornalista apaixonado por entretenimento, com passagens por sites, revistas e emissoras como repórter, crítico e produtor.

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