terça-feira , 5 novembro , 2024

A mudança de identidade de ‘Game of Thrones’

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Game of Thrones é um fenômeno. Lançada em 2011, a série da HBO baseada no sucesso literário “As Crônicas de Gelo e Fogo“, de George R. R. Martin, conquistou uma legião de fãs ao longo dos anos e foi a causadora de muitas lágrimas de telespectadores dos mais diversos países no mundo durante os seus episódios. São inúmeros momentos marcantes dentro da produção que já se tornaram memoráveis e eternos na mente de todos. Cada um tem seu preferido, assim como suas preferências em relação aos personagens e às casas. Quem terminará a história no trono?

Enquanto produção televisiva, Game of Thrones foi um marco por diferentes motivos. Primeiro, por questões financeiras. O orçamento da série é extremamente alto e bate todos os recordes possíveis. Citando um exemplo em números, cada episódio da oitava – e última – temporada custou 57 milhões de reais. Isso faz com que o nível de produção seja elevado e torna possível usar efeitos de grande qualidade, assim como a exploração de cenários e elenco. O resultado: momentos dignos de filmes de primeira linha como a Batalha dos Bastardos ocorrida na sétima temporada. Uma obra de arte.

Porém, a série da HBO não se sustenta apenas em produção. Seu roteiro, baseado nos livros, é irretocável e mesmo com uma grande quantidade de personagens e arcos a serem explorados, fluiu de modo perfeito por muito tempo. Tanto o andamento da história quanto os diálogos foram excelentes por várias temporadas seguidas e deixaram o nível muito acima da média.

Dito isso, nas últimas temporadas exibidas, muitos fãs passaram a realizar alguns questionamentos em relação à identidade da produção televisiva. Alguns elementos foram trocados, alguns de modo orgânico, outros não, e fizeram com que alguns passassem a gostar mais ainda da série, enquanto outros passaram a ter  ressalvas, fazendo assim com que o amor diminuísse um pouco.

Mas afinal, o que mudou?

Política x Fantasia

Desde os primeiros minutos do episódio inicial já é possível notar elementos de fantasia dentro do contexto da série. Chegar ao ponto em que se encontra atualmente não é surpresa para ninguém, visto que a magia e o misticismo sempre fizeram parte da série. Porém, nas primeiras temporadas, o que predominava em Game of Thrones enquanto gênero era a Política.

Alianças e traições. Este era o pilar principal, considerando que até então se tornar o Rei e assim ocupar o Trono de Ferro era o plot máximo e o objetivo de grande parte dos personagens. Neste ponto da série, grandes batalhas eram raras e o diálogo era a principal ferramenta do roteiro. Em muitos episódios das primeiras temporadas não há nenhum conflito físico. Apenas conversa. Ainda assim, prendia a todos os fãs devido às consequências que aquelas trocas de favores/informações influenciavam de modo direto e indireto às outras casas.

Dragões? Ainda eram bebês. White Walkers? Apareciam vez ou outra. Batalhas de grandes proporções? Raríssimas.

Episódios baseados neste modelo corriam o sério risco de serem considerados “arrastados”, mas de um modo geral não é o que acontecia.

Com o desenrolar da história, houve uma inversão. A Fantasia ganhou um maior destaque e se sobressaiu, embora a Política ainda esteja sempre presente lá. Conquistar o Trono de Ferro já não é mais a meta máxima, embora muitos ainda foquem nesse objetivo. Os problemas se tornaram maiores, assim como as batalhas.

Os dragões ganharam um espaço e enlouqueceram uma grande base de fãs. White Walkers passaram a ser mais explorados e fizeram com que a atenção se voltasse a eles. A política sempre esteve presente, mas ela já não predomina. Esta gradual mudança, protagonizada principalmente pelo plot de Daenerys, fez com que a Targaryen se tornasse uma das personagens mais queridas da série e mudou o modo de lidar com adversidades em Game of Thrones, com uma ação muito mais direta e agressiva. Um poder bélico muito acima dos demais, sem níveis de comparação e que aliança nenhuma seria suficiente para deter.

Isso fez com que a série ficasse mais acessível e atraente a telespectadores casuais. Houve uma virada de tom que mudou a perspectiva de muitos e fez com que brilhasse os olhos de fãs da série da HBO por todo o mundo. Esse lado mais fantástico de Game of Thrones ganhou grandes proporções e fez com que todo o jogo de roteiro de fortalecimento de poder a partir das alianças tivesse um peso menor, embora ainda constantemente presente. O poder de fogo (literalmente) passou a ser o fator decisivo.

Qualquer um pode morrer (Ou não)

No início, o que mais chamou a atenção foi a morte de Ned Stark.

 

Como assim a figura que poderia ser visto como protagonista da série foi morta logo na primeira temporada? Isso não é possível!

 

Game of Thrones desde sempre deixava claro o recado: qualquer um pode morrer. Qualquer um mesmo. Independentemente do peso do personagem à história, o seu salário, seu currículo, o fato de ser bom ou mau ou qualquer outro fator.

Se o personagem dentro do contexto da série acabasse caindo em uma situação sem saída, as consequências naturais aconteceriam. Não existia Deus Ex-Machina nem personagem salvador surgindo no último segundo de modo inexplicável ou apenas figurantes sendo prejudicados. O “realismo” de Game of Thrones no que diz respeito a (não) conseguir se livrar de um acontecimento no qual parecesse inevitável era absoluto e causava medo aos fãs, que temiam que o personagem preferido fosse morto a qualquer momento.

Para quebrar este conceito, na sétima temporada Jon Snow liderou o “Esquadrão Suicida” em um plano não muito bem elaborado. Como resultado, se viu cercado por inimigos, entre eles, o Rei da Noite, num contexto no qual parecia não haver solução. O grupo era absolutamente menor em termos de números, porém, não contou com nenhuma baixa relevante. Além disso, teve em seu desfecho Daenerys chegando no último segundo para salvar a todos, no exato momento em que mais se precisava. Um recurso não tão comum em Game of Thrones.

Para ser justo, houve uma perda sentida pelos fãs. Viserion, um dos três (agora dois) dragões de Daenerys, foi atingido, morto e depois revivido para servir ao inimigo. Ainda assim, todo este plano de ir Além da Muralha foi criticado do início ao fim, desde a sua premissa perigosa não muito inteligente à sua execução falha.

Dito isso, Jon Snow e Daenerys são elementos fundamentais do plot de Game of Thrones e a sobrevivência de ambos era necessária, ao menos até a última temporada. Ainda assim, os acontecimentos poderiam ser melhor trabalhados para que situações de roteiro como esta não tivessem uma reprodução aquém do nível de Game of Thrones estabelecido por anos.

Série vs Livros

Na base de fãs de Game of Thrones há uma guerra interna. Visto que a série já passou os acontecimentos dos livros – a base original da obra – muitos desconsideram e criticam praticamente tudo que passou a ser canônico a partir da produção televisiva. Se não foi algo oriundo do livro, logo é considerado como errado. Do outro lado, os fãs da série defendem os rumos que a HBO está dando à história, independentemente de ter um horizonte literário ou não.

Essa falta de referência dos livros fez com que o tom da obra da HBO fosse levemente alterado, porém percebido, e dividiu os amantes da série. Afinal, Game of Thrones segue seu tom de excelência ou não? Se a resposta for não, é culpa dos produtores que não conseguiram manter um bom rumo sem os livros? Se sim, a crítica ao andamento da história é mimimi dos leitores?

Joenerys

Jon Snow e Daenerys são personagens chave. O nome da saga é Crônicas de Gelo e Fogo, logo, faz todo o sentido tudo rondar a estes dois, que são caracterizados por estes dois elementos. Querido por muitos fãs, todo o arco de ambos vem sendo trabalhado desde o início e o protagonismo da dupla aumentou gradativamente a cada temporada.

Isso fez com que o, agora, casal ganhasse status de personagens principais da série por um longo período, à medida que o fim se aproximou.

Game of Thrones teve um protagonismo claro na primeira temporada e o nome dele era Ned Stark. Porém, a sua estrela durou apenas nove episódios. Após a sua morte, não era possível determinar quem era o personagem principal da série. Tudo era distribuído de modo equilibrado.

A partir de determinado ponto, as atenções se voltaram aos dois citados e isso gerou uma ruptura. Por um lado, este rumo foi criticado por romper a divisão do jogos dos tronos. Por outro, elogiado por manter os holofotes naqueles que realmente eram importantes e essenciais para o plot principal da obra.

E aí fica a questão: O que é melhor? Distribuir o tempo de tela de modo mais igualitário entre todos ou dar a maior atenção aos, agora, principais e que são aqueles que de fato podem fazer a diferença na resolução da maior trama da série?

Amando ou odiando o rumo em que Game of Thrones se encontra, o fato é que a produção da HBO é um marco na televisão mundial e fez com que a noite de domingo de milhões de pessoas fosse especial e apreensiva. A conclusão da série é extremamente aguardada e mobiliza uma quantidade imensurável de fãs.

Game of Thrones é um marco na história das séries e já carimbou lugar especial no coração de todos, independentemente de suas mudanças e seu desfecho.

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Game of Thrones é um fenômeno. Lançada em 2011, a série da HBO baseada no sucesso literário “As Crônicas de Gelo e Fogo“, de George R. R. Martin, conquistou uma legião de fãs ao longo dos anos e foi a causadora de muitas lágrimas de telespectadores dos mais diversos países no mundo durante os seus episódios. São inúmeros momentos marcantes dentro da produção que já se tornaram memoráveis e eternos na mente de todos. Cada um tem seu preferido, assim como suas preferências em relação aos personagens e às casas. Quem terminará a história no trono?

Enquanto produção televisiva, Game of Thrones foi um marco por diferentes motivos. Primeiro, por questões financeiras. O orçamento da série é extremamente alto e bate todos os recordes possíveis. Citando um exemplo em números, cada episódio da oitava – e última – temporada custou 57 milhões de reais. Isso faz com que o nível de produção seja elevado e torna possível usar efeitos de grande qualidade, assim como a exploração de cenários e elenco. O resultado: momentos dignos de filmes de primeira linha como a Batalha dos Bastardos ocorrida na sétima temporada. Uma obra de arte.

Porém, a série da HBO não se sustenta apenas em produção. Seu roteiro, baseado nos livros, é irretocável e mesmo com uma grande quantidade de personagens e arcos a serem explorados, fluiu de modo perfeito por muito tempo. Tanto o andamento da história quanto os diálogos foram excelentes por várias temporadas seguidas e deixaram o nível muito acima da média.

Dito isso, nas últimas temporadas exibidas, muitos fãs passaram a realizar alguns questionamentos em relação à identidade da produção televisiva. Alguns elementos foram trocados, alguns de modo orgânico, outros não, e fizeram com que alguns passassem a gostar mais ainda da série, enquanto outros passaram a ter  ressalvas, fazendo assim com que o amor diminuísse um pouco.

Mas afinal, o que mudou?

Política x Fantasia

Desde os primeiros minutos do episódio inicial já é possível notar elementos de fantasia dentro do contexto da série. Chegar ao ponto em que se encontra atualmente não é surpresa para ninguém, visto que a magia e o misticismo sempre fizeram parte da série. Porém, nas primeiras temporadas, o que predominava em Game of Thrones enquanto gênero era a Política.

Alianças e traições. Este era o pilar principal, considerando que até então se tornar o Rei e assim ocupar o Trono de Ferro era o plot máximo e o objetivo de grande parte dos personagens. Neste ponto da série, grandes batalhas eram raras e o diálogo era a principal ferramenta do roteiro. Em muitos episódios das primeiras temporadas não há nenhum conflito físico. Apenas conversa. Ainda assim, prendia a todos os fãs devido às consequências que aquelas trocas de favores/informações influenciavam de modo direto e indireto às outras casas.

Dragões? Ainda eram bebês. White Walkers? Apareciam vez ou outra. Batalhas de grandes proporções? Raríssimas.

Episódios baseados neste modelo corriam o sério risco de serem considerados “arrastados”, mas de um modo geral não é o que acontecia.

Com o desenrolar da história, houve uma inversão. A Fantasia ganhou um maior destaque e se sobressaiu, embora a Política ainda esteja sempre presente lá. Conquistar o Trono de Ferro já não é mais a meta máxima, embora muitos ainda foquem nesse objetivo. Os problemas se tornaram maiores, assim como as batalhas.

Os dragões ganharam um espaço e enlouqueceram uma grande base de fãs. White Walkers passaram a ser mais explorados e fizeram com que a atenção se voltasse a eles. A política sempre esteve presente, mas ela já não predomina. Esta gradual mudança, protagonizada principalmente pelo plot de Daenerys, fez com que a Targaryen se tornasse uma das personagens mais queridas da série e mudou o modo de lidar com adversidades em Game of Thrones, com uma ação muito mais direta e agressiva. Um poder bélico muito acima dos demais, sem níveis de comparação e que aliança nenhuma seria suficiente para deter.

Isso fez com que a série ficasse mais acessível e atraente a telespectadores casuais. Houve uma virada de tom que mudou a perspectiva de muitos e fez com que brilhasse os olhos de fãs da série da HBO por todo o mundo. Esse lado mais fantástico de Game of Thrones ganhou grandes proporções e fez com que todo o jogo de roteiro de fortalecimento de poder a partir das alianças tivesse um peso menor, embora ainda constantemente presente. O poder de fogo (literalmente) passou a ser o fator decisivo.

Qualquer um pode morrer (Ou não)

No início, o que mais chamou a atenção foi a morte de Ned Stark.

 

Como assim a figura que poderia ser visto como protagonista da série foi morta logo na primeira temporada? Isso não é possível!

 

Game of Thrones desde sempre deixava claro o recado: qualquer um pode morrer. Qualquer um mesmo. Independentemente do peso do personagem à história, o seu salário, seu currículo, o fato de ser bom ou mau ou qualquer outro fator.

Se o personagem dentro do contexto da série acabasse caindo em uma situação sem saída, as consequências naturais aconteceriam. Não existia Deus Ex-Machina nem personagem salvador surgindo no último segundo de modo inexplicável ou apenas figurantes sendo prejudicados. O “realismo” de Game of Thrones no que diz respeito a (não) conseguir se livrar de um acontecimento no qual parecesse inevitável era absoluto e causava medo aos fãs, que temiam que o personagem preferido fosse morto a qualquer momento.

Para quebrar este conceito, na sétima temporada Jon Snow liderou o “Esquadrão Suicida” em um plano não muito bem elaborado. Como resultado, se viu cercado por inimigos, entre eles, o Rei da Noite, num contexto no qual parecia não haver solução. O grupo era absolutamente menor em termos de números, porém, não contou com nenhuma baixa relevante. Além disso, teve em seu desfecho Daenerys chegando no último segundo para salvar a todos, no exato momento em que mais se precisava. Um recurso não tão comum em Game of Thrones.

Para ser justo, houve uma perda sentida pelos fãs. Viserion, um dos três (agora dois) dragões de Daenerys, foi atingido, morto e depois revivido para servir ao inimigo. Ainda assim, todo este plano de ir Além da Muralha foi criticado do início ao fim, desde a sua premissa perigosa não muito inteligente à sua execução falha.

Dito isso, Jon Snow e Daenerys são elementos fundamentais do plot de Game of Thrones e a sobrevivência de ambos era necessária, ao menos até a última temporada. Ainda assim, os acontecimentos poderiam ser melhor trabalhados para que situações de roteiro como esta não tivessem uma reprodução aquém do nível de Game of Thrones estabelecido por anos.

Série vs Livros

Na base de fãs de Game of Thrones há uma guerra interna. Visto que a série já passou os acontecimentos dos livros – a base original da obra – muitos desconsideram e criticam praticamente tudo que passou a ser canônico a partir da produção televisiva. Se não foi algo oriundo do livro, logo é considerado como errado. Do outro lado, os fãs da série defendem os rumos que a HBO está dando à história, independentemente de ter um horizonte literário ou não.

Essa falta de referência dos livros fez com que o tom da obra da HBO fosse levemente alterado, porém percebido, e dividiu os amantes da série. Afinal, Game of Thrones segue seu tom de excelência ou não? Se a resposta for não, é culpa dos produtores que não conseguiram manter um bom rumo sem os livros? Se sim, a crítica ao andamento da história é mimimi dos leitores?

Joenerys

Jon Snow e Daenerys são personagens chave. O nome da saga é Crônicas de Gelo e Fogo, logo, faz todo o sentido tudo rondar a estes dois, que são caracterizados por estes dois elementos. Querido por muitos fãs, todo o arco de ambos vem sendo trabalhado desde o início e o protagonismo da dupla aumentou gradativamente a cada temporada.

Isso fez com que o, agora, casal ganhasse status de personagens principais da série por um longo período, à medida que o fim se aproximou.

Game of Thrones teve um protagonismo claro na primeira temporada e o nome dele era Ned Stark. Porém, a sua estrela durou apenas nove episódios. Após a sua morte, não era possível determinar quem era o personagem principal da série. Tudo era distribuído de modo equilibrado.

A partir de determinado ponto, as atenções se voltaram aos dois citados e isso gerou uma ruptura. Por um lado, este rumo foi criticado por romper a divisão do jogos dos tronos. Por outro, elogiado por manter os holofotes naqueles que realmente eram importantes e essenciais para o plot principal da obra.

E aí fica a questão: O que é melhor? Distribuir o tempo de tela de modo mais igualitário entre todos ou dar a maior atenção aos, agora, principais e que são aqueles que de fato podem fazer a diferença na resolução da maior trama da série?

Amando ou odiando o rumo em que Game of Thrones se encontra, o fato é que a produção da HBO é um marco na televisão mundial e fez com que a noite de domingo de milhões de pessoas fosse especial e apreensiva. A conclusão da série é extremamente aguardada e mobiliza uma quantidade imensurável de fãs.

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