Durante o painel dedicado ao filme no DC Fandom, Matt Reeves comentou quais histórias o inspiraram
No último sábado ocorreu o primeiro dia da DC Fandom, um evento voltado para a divulgação dos lançamentos nos quadrinhos e audiovisual da DC Comics. Durante as 12 horas de evento ocorreram diversos painéis voltados para futuros lançamentos, como Mulher-Maravilha 84, Adão Negro e Liga da Justiça: versão de Snyder. O mais aguardado deles, porém, era o último do dia dedicado a The Batman.
O futuro filme de Matt Reeves se propõe a ser uma nova abordagem sobre o tradicional personagem, já tantas vezes visto em diversas mídias. Com mais foco nos elementos detetivescos, Reeves promete um filme que fará jus ao título de “maior detetive do mundo” que o Batman carrega.
Além disso, a obra também almeja mostrar um lado jamais abordado sobre a psique do homem-morcego e, pelo que foi mostrado no trailer, como sua presença incentiva o surgimento de vilões mais excêntricos (algo muito discutido na HQ Retorno do Cavaleiro das Trevas).
Para tanto o diretor já deixou claro por diversas vezes que certas histórias tiveram papel fundamental em inspirar o Batman de Robert Pattinson ou essa nova Gotham, ainda que o filme em si não adapte 100% nenhuma história já contada. Durante o painel na DC Fandom, ele reiterou alguns dos materiais que o levaram a conceber o enredo e sobre como ele amou o personagem a vida inteira.
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Longo Dia das Bruxas
Material normalmente mencionado por fãs a partir do momento em que a trama seria mais de investigação, Longo Dia das Bruxas coloca Batman para decifrar uma série de assassinatos que estão atingindo os chefes da máfia de Gotham. Eventualmente ele acaba se unindo ao comissário Gordon e o então promotor público Harvey Dent em uma história que dará espaço para cada um dos icônicos membros da galeria vilanesca do Batman brilharem em cada feriado do ano.
Escrita por Jeph Loeb e Tim Sale, O Longo Dia das Bruxas se passa nos primeiros anos do herói e desde seu primeiro quadro já deixa claro que se inspirou profundamente em O Poderoso Chefão para ilustrar o quão influente é o líder mafioso Carmine Falcone em Gotham. Com John Turturro confirmado no papel do mafioso fica mais evidente que o crime organizado terá papel importante no roteiro de Reeves.
Essa, porém, não é a primeira vez que o clássico é fonte de inspiração para um longa do Batman. Em 2008, Christopher Nolan e seu irmão Jonathan Nolan adaptaram partes da história para o filme O Cavaleiro das Trevas, principalmente aquelas que envolviam Harvey Dent e a relação dele com Gordon e Batman.
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Batman – Ano Um
Outro clássico amplamente adaptado para enredos que se passam no início da trajetória do homem-morcego; em The Batman, ao que parece e foi dito pelo próprio diretor, a história terá muito mais importância na construção do cenário do que como manual para o roteiro seguir à risca.
A corrupção escancarada em uma Gotham City pré Batman, que serve de base para Ano Um, será importante também no filme. Reeves já deixou claro quer mostrar uma cidade tomada pela corrupção, bem como uma polícia completamente entregue a um sistema ilícito. É nesse ambiente que o jovem Bruce Wayne teria sua postura inflexível e sombria forjada, percebendo que certos problemas não podem ser resolvidos na base da pancada.
Esse ambiente também será mais explorado em uma futura série a ser desenvolvida por Matt Reeves e Terence Winter (Boardwalk Empire e O Lobo de Wall Street) para a HBO Max focada no departamento de polícia de Gotham. Inspirada na saga DPGC a futura série terá uma liberdade maior para desenvolver os diversos pontos da corrupta cidade, bem com de seus cidadãos e policiais.
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Batman Ego
Nem só de combate ao crime vive Bruce Wayne. Há momentos em que ele precisa confrontar seus demônios mais pessoais. Histórias como Asilo Arkham: uma séria casa em um sério mundo, Batman Xamã e Batman: Gótico se imortalizaram por justamente conferirem uma nova atmosfera ao morcego.
Com Batman Ego não foi diferente. Com o roteiro e arte assinados por Darwyn Cooke (lendário ilustrador e autor de Liga da Justiça: Nova Fronteira) a história põe Bruce Wayne para enfrentar a manifestação visual de sua obsessão após o mesmo se questionar sobre a eficácia de seus métodos na luta contra o crime.
Darwyn Cooke então inicia uma sequência de debates mentais sobre o que o Batman significa de fato e o quão longe ele iria para manter seu juramento de nunca matar. Tudo isso ilustrado pelo seu estilo facilmente reconhecível e que até mesmo remete ao clima da clássica série animada.
Considerada “a melhor história do Batman que ninguém conhece”, Ego se mostra um estudo de personagem que entende a humanidade de Bruce Wayne como seu elemento principal. Não o símbolo, o trauma ou os gadgets mas sim o quão importante para ele é manter vivo seu lado humano.
Com a confirmação de Matt Reeves de que essa história foi fundamental para elaborar seu filme, é provável que o Batman de Robert Pattinson seja alguém constantemente à beira do abismo, mas que também estará mais unido aos ideias heroicos do personagem do que qualquer outra versão anterior.
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A fase Dennis O’Neil
O período de meados dos anos 70 foi muito importante para o personagem. O controle da Comics Code Authority (órgão que regulava a violência ou quaisquer conteúdo adulto em HQs) estava minguando aos poucos e os autores possuíam cada vez mais liberdade para atualizar a linguagem da indústria.
O então jovem autor Denny O’Neil já possuía experiência com a DC Comics no passado, quando assinou algumas histórias do Lanterna Verde, e na rival Marvel Comics quando foi encarregado do morcego.
Ele fazia parte de uma nova leva de quadrinistas que viam potencial nessa mídia para tratar de assuntos sociais importantes que tomavam o cotidiano do mundo: racismo, fortalecimento das drogas, guerra e violência urbana.
Sob sua tutela, o Batman realizou uma transição do ar camp da série de TV estrelada por Adam West e dos quadrinhos da era de prata para uma figura que errava, se questionava e utilizava seu intelecto de forma científica para resolver crimes, um elemento que será essencial no vindouro filme
Nesse período outros personagens foram reformulados. O Coringa foi redefinido como um psicopata sádico que, mesmo tendo o tom cômico mantido de sua fase mais leve, voltara a cometer homicídios como fazia em suas primeiras aparições.
Um novo inimigo também foi criado nesse período e integraria a galeria do Batman como um dos seus grandes nêmesis: Ra’s al Ghul. O líder supremo de uma organização terrorista fanática mantém até hoje uma presença importante para o Batman, sendo, ao mesmo tempo, um inimigo/aliado ocasional/avô de seu filho.