domingo , 22 dezembro , 2024

A Relação Entre Filmes e Videogames – Um Romance Antigo

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Tradicionalmente os videogames são ótimas oportunidades de marketing para o cinema

A indústria do cinema, por mais ampla que seja em sua essência, historicamente sempre se relacionou de forma muito positiva com as mais diversas formas de divulgação; estas que tinham como missão final vender os mais recentes lançamentos e potencializar a receita tanto com o público como com os anunciantes. No entanto uma dessas ferramentas de marketing, apesar de pouco lembrada, sempre esteve presente em meio ao público: os videogames



Há décadas que os estúdios de cinema perceberam que videogames poderiam ser uma maneira interessantes de expor suas propriedades, afinal essa indústria já havia obtido resultados satisfatórios na adaptação de materiais de editoras de quadrinhos. Essa relação, no entanto, já é mais antiga do que se pode imaginar; com todos os altos e baixos possíveis.

Começando por 1982, período que antecedeu a crise de vendas dos consoles domésticos e que registrou um aumento inédito da presença desses aparelhos nos lares. Nos cinemas, o filme E.T de Steven Spielberg ultrapassou marcas de bilheteria ao mesmo tempo em que colecionava elogios de público e crítica por sua história divertida e cativante.

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Visando compartilhar do impacto do filme, a Atari comprou os direitos de imagem por US$ 21 milhões para produzir um jogo voltado para o console Atari 2600 (um dos mais importantes produzidos pela empresa). À frente do projeto estava o desenvolvedor Howard Scott Warshaw cujo o trabalho anterior havia sido um jogo inspirado no filme Indiana Jones e Os Caçadores da Arca Perdida, também para o Atari 2600.

E.T vendeu tão mal que a Atari enterrou no deserto 3,5 milhões de cartuchos não vendidos

Apesar da ambição da equipe em produzir um jogo diferente de tudo que havia disponível, houve grande pressão para acelerar a entrega do jogo visando aproveitar a época do natal. A falta de um acabamento adequado à produção levou a um produto inacabado e repleto de bugs que comprometem a jogatina, principalmente relacionados a “buracos” que o jogador poderia cair a qualquer momento durante a busca por peças no cenário para avançar de fase. O produto final é considerado por muitos como o pior jogo já feito.

Por volta de 1984 outro famoso alienígena do cinema recebeu seu próprio jogo, dessa um pouco melhor aceito. O Xenomorfo primeiramente introduzido no clássico Alien – O Oitavo Passageiro (filme de Ridley Scott) estrelou o jogo de mesmo nome lançado para o Commodore 64 e ZX Spectrum. A trama, ou conceito apresentado, é o de copiar o cenário tenso presente no filme a bordo da nave Nostromo, com o famigerado alien assassinando um a um.

Durante a gameplay o jogador controlará cada membro da tripulação com o objetivo de matar o Xenomorfo, em meio a isso, igual ao filme, haverá um membro que será um androide que agirá contra o jogador. Ao final do jogo haverá uma porcentagem gerada com base em quantos tripulantes conseguiram sobreviver ou se ele conseguiu descobrir quem era o android. A recepção geral, apesar de não aplaudir o jogo, reconheceu que ele funcionava muito bem em produzir tensão no jogador.

Jogo do Alien não foi tão ruim quanto E.T mas também não marcou

Tal mecânica foi reaproveitada em 1989 com o lançamento de Friday the 13th para o Famicom, jogo inspirado na cinessérie de terror slasher Sexta-feira 13 estrelada por Jason Voorhees. A trama é a mesma dos primeiros filmes; o jogador comanda um dos monitores do acampamento que possuem atributos únicos e devem seguir pelo mapa do acampamento para encontrar e derrotar Jason três vezes.

Armas podem ser encontradas durante a campanha mas elas não ajudaram a melhorar a fama do jogo de ser algo muito difícil de ser finalizado, uma vez que a força de Jason era o suficiente para derrotar os monitores muito rapidamente. As críticas no geral consideraram-no um produto abaixo da média, ressaltando a dificuldade da campanha e o visual pouco inspirado do cenário e antagonista.

No entanto, nem só de crítica viveu a indústria das adaptações virtuais. Em 1997 foi lançado GoldenEye 007, baseado no filme de mesmo nome, para o Nintendo 64. Hoje considerado um clássico do gênero FPS (tiro com visão em primeira pessoa), muito do reconhecimento que o jogo obteve foi por ter atualizado as mecânicas do gênero outrora estabelecidas em Doom, não se contentando apenas em copiar o que já existia mas aprimorando, principalmente no quesito dos gráficos e da jogabilidade.

GoldenEye é um clássico absoluto do Nintendo 64

O jogo também acumulou diversas notas altas, uma grande vitória quando posto em retrospecto com outras adaptações de filmes. Este também foi um dos casos de mais sucesso quando se fala sobre a mecânica de multiplayer, uma vez que oferecia diversas opções de cenários e armas diferentes para manter os jogadores entretidos.

Já na virada do século, os jogos passaram por uma grande revolução do modelo de sandbox (mundo aberto) liderada por GTA III. O sucesso financeiro gerado pela proposta imediatamente atiçou a cobiça de toda a indústria que, de uma forma ou de outra, queria repetir o feito com alguma nova propriedade. Visando isso a Electronic Arts apostou no desenvolvimento de um novo projeto baseado no filme O Poderoso Chefão e em 2006 lançou The Godfather.

Com um mundo aberto inspirado na Nova York dos anos 40, a trama coloca o jogador na pele de um personagem customizável que deve construir seu nome na estrutura criminosa da família Corleone. Durante o trajeto ele encontrará com rostos conhecidos do clássico de 1972 tais como Vito Corleone, Michael, Clemenza e outros. 

Mesmo sendo considerado um dos “filhos de GTA”, The Godfather tem o mérito de ter apresentado os filmes para muitos

Por ter saído após o bem sucedido GTA: San Andreas muitos elementos que se popularizaram ali também estavam presentes no jogo da EA. Roubo de carros, níveis de procurado, tiroteios com facções rivais e modificação estética do protagonista. Apesar de ter tido críticas quanto ao uso excessivo da fórmula de GTA em sua gameplay o fator divertimento também foi bastante levantado e como a ambientação do filme combinou com a proposta técnica.

Um diferencial foi o elenco de dublagem convidado, sendo que muitos dos atores originais deram voz a seus respectivos personagens como Robert Duvall e James Caan. O sucesso da produção deu origem a uma sequência inspirada na também continuação da obra original, porém dessa vez o resultado deixou a desejar e muitos reclamaram das condições inacabadas do jogo.

Jogos baseados em filmes, apesar de um retrospecto bastante duvidoso já deixaram sua marca no imaginário popular. Ainda que em seu auge tenham recebido reconhecimento positivo por aprimorar uma técnica já existente, ao invés de criarem algo novo, muitos deles tiveram e ainda detém a capacidade de entender o mercado atual, não importando se foi na época dos 8 bits ou dos multiplayers atuais como o mais recente Friday The 13th: The Game.

 

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Tradicionalmente os videogames são ótimas oportunidades de marketing para o cinema

A indústria do cinema, por mais ampla que seja em sua essência, historicamente sempre se relacionou de forma muito positiva com as mais diversas formas de divulgação; estas que tinham como missão final vender os mais recentes lançamentos e potencializar a receita tanto com o público como com os anunciantes. No entanto uma dessas ferramentas de marketing, apesar de pouco lembrada, sempre esteve presente em meio ao público: os videogames

Há décadas que os estúdios de cinema perceberam que videogames poderiam ser uma maneira interessantes de expor suas propriedades, afinal essa indústria já havia obtido resultados satisfatórios na adaptação de materiais de editoras de quadrinhos. Essa relação, no entanto, já é mais antiga do que se pode imaginar; com todos os altos e baixos possíveis.

Começando por 1982, período que antecedeu a crise de vendas dos consoles domésticos e que registrou um aumento inédito da presença desses aparelhos nos lares. Nos cinemas, o filme E.T de Steven Spielberg ultrapassou marcas de bilheteria ao mesmo tempo em que colecionava elogios de público e crítica por sua história divertida e cativante.

Visando compartilhar do impacto do filme, a Atari comprou os direitos de imagem por US$ 21 milhões para produzir um jogo voltado para o console Atari 2600 (um dos mais importantes produzidos pela empresa). À frente do projeto estava o desenvolvedor Howard Scott Warshaw cujo o trabalho anterior havia sido um jogo inspirado no filme Indiana Jones e Os Caçadores da Arca Perdida, também para o Atari 2600.

E.T vendeu tão mal que a Atari enterrou no deserto 3,5 milhões de cartuchos não vendidos

Apesar da ambição da equipe em produzir um jogo diferente de tudo que havia disponível, houve grande pressão para acelerar a entrega do jogo visando aproveitar a época do natal. A falta de um acabamento adequado à produção levou a um produto inacabado e repleto de bugs que comprometem a jogatina, principalmente relacionados a “buracos” que o jogador poderia cair a qualquer momento durante a busca por peças no cenário para avançar de fase. O produto final é considerado por muitos como o pior jogo já feito.

Por volta de 1984 outro famoso alienígena do cinema recebeu seu próprio jogo, dessa um pouco melhor aceito. O Xenomorfo primeiramente introduzido no clássico Alien – O Oitavo Passageiro (filme de Ridley Scott) estrelou o jogo de mesmo nome lançado para o Commodore 64 e ZX Spectrum. A trama, ou conceito apresentado, é o de copiar o cenário tenso presente no filme a bordo da nave Nostromo, com o famigerado alien assassinando um a um.

Durante a gameplay o jogador controlará cada membro da tripulação com o objetivo de matar o Xenomorfo, em meio a isso, igual ao filme, haverá um membro que será um androide que agirá contra o jogador. Ao final do jogo haverá uma porcentagem gerada com base em quantos tripulantes conseguiram sobreviver ou se ele conseguiu descobrir quem era o android. A recepção geral, apesar de não aplaudir o jogo, reconheceu que ele funcionava muito bem em produzir tensão no jogador.

Jogo do Alien não foi tão ruim quanto E.T mas também não marcou

Tal mecânica foi reaproveitada em 1989 com o lançamento de Friday the 13th para o Famicom, jogo inspirado na cinessérie de terror slasher Sexta-feira 13 estrelada por Jason Voorhees. A trama é a mesma dos primeiros filmes; o jogador comanda um dos monitores do acampamento que possuem atributos únicos e devem seguir pelo mapa do acampamento para encontrar e derrotar Jason três vezes.

Armas podem ser encontradas durante a campanha mas elas não ajudaram a melhorar a fama do jogo de ser algo muito difícil de ser finalizado, uma vez que a força de Jason era o suficiente para derrotar os monitores muito rapidamente. As críticas no geral consideraram-no um produto abaixo da média, ressaltando a dificuldade da campanha e o visual pouco inspirado do cenário e antagonista.

No entanto, nem só de crítica viveu a indústria das adaptações virtuais. Em 1997 foi lançado GoldenEye 007, baseado no filme de mesmo nome, para o Nintendo 64. Hoje considerado um clássico do gênero FPS (tiro com visão em primeira pessoa), muito do reconhecimento que o jogo obteve foi por ter atualizado as mecânicas do gênero outrora estabelecidas em Doom, não se contentando apenas em copiar o que já existia mas aprimorando, principalmente no quesito dos gráficos e da jogabilidade.

GoldenEye é um clássico absoluto do Nintendo 64

O jogo também acumulou diversas notas altas, uma grande vitória quando posto em retrospecto com outras adaptações de filmes. Este também foi um dos casos de mais sucesso quando se fala sobre a mecânica de multiplayer, uma vez que oferecia diversas opções de cenários e armas diferentes para manter os jogadores entretidos.

Já na virada do século, os jogos passaram por uma grande revolução do modelo de sandbox (mundo aberto) liderada por GTA III. O sucesso financeiro gerado pela proposta imediatamente atiçou a cobiça de toda a indústria que, de uma forma ou de outra, queria repetir o feito com alguma nova propriedade. Visando isso a Electronic Arts apostou no desenvolvimento de um novo projeto baseado no filme O Poderoso Chefão e em 2006 lançou The Godfather.

Com um mundo aberto inspirado na Nova York dos anos 40, a trama coloca o jogador na pele de um personagem customizável que deve construir seu nome na estrutura criminosa da família Corleone. Durante o trajeto ele encontrará com rostos conhecidos do clássico de 1972 tais como Vito Corleone, Michael, Clemenza e outros. 

Mesmo sendo considerado um dos “filhos de GTA”, The Godfather tem o mérito de ter apresentado os filmes para muitos

Por ter saído após o bem sucedido GTA: San Andreas muitos elementos que se popularizaram ali também estavam presentes no jogo da EA. Roubo de carros, níveis de procurado, tiroteios com facções rivais e modificação estética do protagonista. Apesar de ter tido críticas quanto ao uso excessivo da fórmula de GTA em sua gameplay o fator divertimento também foi bastante levantado e como a ambientação do filme combinou com a proposta técnica.

Um diferencial foi o elenco de dublagem convidado, sendo que muitos dos atores originais deram voz a seus respectivos personagens como Robert Duvall e James Caan. O sucesso da produção deu origem a uma sequência inspirada na também continuação da obra original, porém dessa vez o resultado deixou a desejar e muitos reclamaram das condições inacabadas do jogo.

Jogos baseados em filmes, apesar de um retrospecto bastante duvidoso já deixaram sua marca no imaginário popular. Ainda que em seu auge tenham recebido reconhecimento positivo por aprimorar uma técnica já existente, ao invés de criarem algo novo, muitos deles tiveram e ainda detém a capacidade de entender o mercado atual, não importando se foi na época dos 8 bits ou dos multiplayers atuais como o mais recente Friday The 13th: The Game.

 

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