domingo , 22 dezembro , 2024

A Roda do Tempo | Conheça a saga literária que inspirou a nova série estrelada por Rosamund Pike

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Nesta próxima sexta-feira, 19 de novembro, a Amazon Studios lançará sua ambiciosa série de fantasia intitulada A Roda do Tempo.

A produção é baseada na aclamada saga literária de Robert Jordan, lançada em 1990, e é considerada por inúmeros especialistas como a mais importante do gênero desde o clássico ‘O Senhor dos Anéis’, de J.R.R. Tolkien – algo que nos chama a atenção logo de cara, considerando que as aventuras de Frodo Bolseiro foram publicadas quase quatro décadas antes. Responsável, ao lado de Tolkien, por influenciar nomes como George R.R. Martin (‘As Crônicas de Gelo e Fogo’), J.K. Rowling (‘Harry Potter’) e Neil Gaiman (‘Stardust – O Mistério da Estrela’), Jordan ascendeu ao patamar de um dos romancistas mais reconhecidos da contemporaneidade.



Mas sobre o que fala os livros?

Considerando que a primeira temporada irá adaptar o volume inicial, ‘O Olho do Mundo’, é bem provável que sejamos introduzidos à luta entre o bem e o mal que acomete um mundo sem nome. Logo nos primeiros capítulos, somos transportados para o pequeno vilarejo de Dois Rios e acompanhamos Rand al’Thor, um jovem fazendeiro que vê sua vida mudar por completo com a chegada de Moiraine Demodred, uma Aes Sedai (espécie de feiticeira) temida e rechaçada pelos homens que afirma que um dos jovens moradores corre enorme perigo por ser o Dragão Renascido – cujo destino incerto pode derrotar o perigoso antagonista conhecido como Tenebroso ou condenar o mundo à destruição e ao caos completos.

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Além de Rand e Moiraine, o restante dos protagonistas inclui Matrim Cauthon, Perrin Aybara (dois fazendeiros e amigos de Rand), Egwene al’Vere, Nynaeve al’Meara (Sabedorias, ou seja, curandeiras responsáveis por manter a ordem e a saúde dos habitantes de seu vilarejo), um menestrel fanfarrão chamado Thom Merrilin e Lan Mandragoran, Guardião e braço-direito de Moiraine. Moiraine e Lan são dotados de habilidades que protegem aqueles que devem ser protegidos, mas que não pensam duas vezes antes de mostrarem que devem ser temidos. Enfrentando inúmeros inimigos ao longo do caminho, como Trollocs (bestas meio humanas, meio animais) e Myrddraal (vassalos do Tenebroso), eles partem em uma jornada sem volta para cumprir a Profecia proferida pela Roda do Tempo em uma amálgama multiétnica alicerçada na predestinação.

Apesar do primeiro volume ser centrado na história supracitada, vale lembrar que A Roda do Tempo se desdobra em milhares de anos e acompanha dezenas de personagens – motivo pelo qual sempre envolve um herói (o Dragão) e uma entidade maligna (o Tenebroso). Não é surpresa que a frase de abertura do primeiro capítulo seja: A Roda do Tempo gira, e Eras vêm e vão, deixando memórias que se transformam em lendas”. A imortalização dos personagens da saga é o mote principal de Jordan e segue os passos de epopeias e épicas greco-romanas cujo principal objetivo e criar símbolos que serão relembrados séculos mais tarde.

A conhecida batalha entre o bem e o mal, o antagonismo arquetípico da luz e das trevas, não é nenhuma novidade para qualquer um que já tenha se aventurado nas páginas de Tolkien ou, gerações depois, de Martin e de Rowling. Porém, é notável como Jordan arquitetou uma profunda divisão entre o que se conhecia e o que se conhece, aproveitando o fastígio emblemático dos anos 1980 e 1990 para pincelar cada uma das cenas delineadas com asserções e críticas religiosas. A própria construção imagética e metafórica da Roda do Tempo corresponde ao fanatismo ideológico, visto que boa parte dos personagens é movido pela crença de que a Roda sabe o que faz e que sua força é sentida em todas as regiões, províncias e territórios – ora, até mesmo a menção ao Criador traz inspirações do Deus católico.

Não obstante o conflito principal e esquematizado ad nauseam ao longo de uma epopeia de tirar o fôlego, o tema supracitado se mescla a questões metafísicas que se relacionam aos conceitos de destino, de inexorabilidade do tempo e de imutabilidade – ou seja, um prato cheio para que correlações sejam anotadas entre o universo de Jordan e a sociedade em que vivemos. A fragilidade da fé também é constante e marca com profundidade o modo como os protagonistas e coadjuvantes enxergam o mundo à sua volta, enquanto o maravilhamento e o medo em relação ao novo, ao estranho, surgem como forças-motrizes para as reviravoltas e conclusões.

De certa maneira, é possível emprestar a adjetivação ao nome do autor e comentar sobre um estilo artístico jordaniano. O admirável sincretismo não se restringe apenas às incursões católicas ou abraâmicas, e sim mostra apreço por mitologias europeias e asiáticas – como a natureza cíclica do tempo, mencionada em leituras do Budismo e do Hinduísmo, ou a compreensão do balanço e da dualidade de qualquer ser existente no planeta, aludindo ao Taoísmo. A vibrante dicotomia, inclusive, levou estudiosos a traçarem paralelos entre os escritos de Jordan aos do icônico Leon Tolstoy, que assinou o atemporal ‘Guerra e Paz’ em 1869.

Infelizmente, o romancista faleceu em 2007, enquanto trabalhava no que, originalmente, seria o volume final da saga. Jordan fez extensasa notações sobre a história em que trabalhava para que outro autor pudesse finalizar o romance, seguindo desejos bastante específicos – motivo pelo qual Brandon Sanderson, conhecido de Jordan, foi contratado para finalizar. Sanderson decidiu dividir a história em três volumes diferentes, com o último deles sendo publicado em 2013 (‘A Memory of Light’, ainda sem tradução para o português).

Estendendo-se por nada menos que catorze volumes, oito dos quais estrearem em primeiro lugar na lista de best-sellers do New York TimesA Roda do Tempovendeu mais de 90 milhões de cópias e se tornou uma das franquias fantásticas mais bem-sucedidas de todos os tempos – até mesmo conquistando um Hugo Award e cultivando uma popularidade invejável e poderosa.

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Thiago Nollahttps://www.editoraviseu.com.br/a-pedra-negra-prod.html
Em contato com as artes em geral desde muito cedo, Thiago Nolla é jornalista, escritor e drag queen nas horas vagas. Trabalha com cultura pop desde 2015 e é uma enciclopédia ambulante sobre divas pop (principalmente sobre suas musas, Lady Gaga e Beyoncé). Ele também é apaixonado por vinho, literatura e jogar conversa fora.

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Mas sobre o que fala os livros?

Considerando que a primeira temporada irá adaptar o volume inicial, ‘O Olho do Mundo’, é bem provável que sejamos introduzidos à luta entre o bem e o mal que acomete um mundo sem nome. Logo nos primeiros capítulos, somos transportados para o pequeno vilarejo de Dois Rios e acompanhamos Rand al’Thor, um jovem fazendeiro que vê sua vida mudar por completo com a chegada de Moiraine Demodred, uma Aes Sedai (espécie de feiticeira) temida e rechaçada pelos homens que afirma que um dos jovens moradores corre enorme perigo por ser o Dragão Renascido – cujo destino incerto pode derrotar o perigoso antagonista conhecido como Tenebroso ou condenar o mundo à destruição e ao caos completos.

Além de Rand e Moiraine, o restante dos protagonistas inclui Matrim Cauthon, Perrin Aybara (dois fazendeiros e amigos de Rand), Egwene al’Vere, Nynaeve al’Meara (Sabedorias, ou seja, curandeiras responsáveis por manter a ordem e a saúde dos habitantes de seu vilarejo), um menestrel fanfarrão chamado Thom Merrilin e Lan Mandragoran, Guardião e braço-direito de Moiraine. Moiraine e Lan são dotados de habilidades que protegem aqueles que devem ser protegidos, mas que não pensam duas vezes antes de mostrarem que devem ser temidos. Enfrentando inúmeros inimigos ao longo do caminho, como Trollocs (bestas meio humanas, meio animais) e Myrddraal (vassalos do Tenebroso), eles partem em uma jornada sem volta para cumprir a Profecia proferida pela Roda do Tempo em uma amálgama multiétnica alicerçada na predestinação.

Apesar do primeiro volume ser centrado na história supracitada, vale lembrar que A Roda do Tempo se desdobra em milhares de anos e acompanha dezenas de personagens – motivo pelo qual sempre envolve um herói (o Dragão) e uma entidade maligna (o Tenebroso). Não é surpresa que a frase de abertura do primeiro capítulo seja: A Roda do Tempo gira, e Eras vêm e vão, deixando memórias que se transformam em lendas”. A imortalização dos personagens da saga é o mote principal de Jordan e segue os passos de epopeias e épicas greco-romanas cujo principal objetivo e criar símbolos que serão relembrados séculos mais tarde.

A conhecida batalha entre o bem e o mal, o antagonismo arquetípico da luz e das trevas, não é nenhuma novidade para qualquer um que já tenha se aventurado nas páginas de Tolkien ou, gerações depois, de Martin e de Rowling. Porém, é notável como Jordan arquitetou uma profunda divisão entre o que se conhecia e o que se conhece, aproveitando o fastígio emblemático dos anos 1980 e 1990 para pincelar cada uma das cenas delineadas com asserções e críticas religiosas. A própria construção imagética e metafórica da Roda do Tempo corresponde ao fanatismo ideológico, visto que boa parte dos personagens é movido pela crença de que a Roda sabe o que faz e que sua força é sentida em todas as regiões, províncias e territórios – ora, até mesmo a menção ao Criador traz inspirações do Deus católico.

Não obstante o conflito principal e esquematizado ad nauseam ao longo de uma epopeia de tirar o fôlego, o tema supracitado se mescla a questões metafísicas que se relacionam aos conceitos de destino, de inexorabilidade do tempo e de imutabilidade – ou seja, um prato cheio para que correlações sejam anotadas entre o universo de Jordan e a sociedade em que vivemos. A fragilidade da fé também é constante e marca com profundidade o modo como os protagonistas e coadjuvantes enxergam o mundo à sua volta, enquanto o maravilhamento e o medo em relação ao novo, ao estranho, surgem como forças-motrizes para as reviravoltas e conclusões.

De certa maneira, é possível emprestar a adjetivação ao nome do autor e comentar sobre um estilo artístico jordaniano. O admirável sincretismo não se restringe apenas às incursões católicas ou abraâmicas, e sim mostra apreço por mitologias europeias e asiáticas – como a natureza cíclica do tempo, mencionada em leituras do Budismo e do Hinduísmo, ou a compreensão do balanço e da dualidade de qualquer ser existente no planeta, aludindo ao Taoísmo. A vibrante dicotomia, inclusive, levou estudiosos a traçarem paralelos entre os escritos de Jordan aos do icônico Leon Tolstoy, que assinou o atemporal ‘Guerra e Paz’ em 1869.

Infelizmente, o romancista faleceu em 2007, enquanto trabalhava no que, originalmente, seria o volume final da saga. Jordan fez extensasa notações sobre a história em que trabalhava para que outro autor pudesse finalizar o romance, seguindo desejos bastante específicos – motivo pelo qual Brandon Sanderson, conhecido de Jordan, foi contratado para finalizar. Sanderson decidiu dividir a história em três volumes diferentes, com o último deles sendo publicado em 2013 (‘A Memory of Light’, ainda sem tradução para o português).

Estendendo-se por nada menos que catorze volumes, oito dos quais estrearem em primeiro lugar na lista de best-sellers do New York TimesA Roda do Tempovendeu mais de 90 milhões de cópias e se tornou uma das franquias fantásticas mais bem-sucedidas de todos os tempos – até mesmo conquistando um Hugo Award e cultivando uma popularidade invejável e poderosa.

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