A construção do personagem Joe por Gordon-Levitt e Bruce Willis é bem planejada. A própria maquiagem é pensada para que os atores se tornem mais próximos fisicamente e em muitos momentos chegamos a acreditar mesmo nessa semelhança. Mérito também de Joseph Gordon-Levitt que assume vários trejeitos de Willis, preparando o terreno para quando o outro surgir.
A preparação, aliás, é uma parte importante do filme. A cena inicial é impactante, nada explica, mas já nos deixa muitas questões e suposições. Temos muitas pistas e recompensas, muito clima de suspense, e a explicação do mundo é feita em uma narração over bem pontual, sem muito didatismo e fluida com a ação. A construção do personagem chave do presente / futuro também é cuidadosa, desde suas primeiras aparições sem mostrar muito, até as revelações que vão sendo dadas aos poucos.
Rian Johnson não ofende a nossa inteligência e capacidade de compreender os acontecimentos. Toda a situação que acontece com o personagem Seth, interpretado por Paul Dano, é muito bem realizada. Na ideia do que acontece, na execução em si e nos efeitos especiais e maquiagens necessários para ela. Looper não explica mais do que o necessário para que o espectador se localize dentro do universo ficcional. Nos deixando espaço para pensar, tirar conclusões e criar teorias.
Até porque, apesar de sempre gerar controvérsias, histórias com viagem no tempo já não são novidade. E a própria ideia de o futuro ir sendo transformado aos poucos na mente de Willis, é um trunfo para que não haja incoerências. Claro que, ao ver Bruce Willis fazendo um homem que vem do futuro para tentar mudar um sistema, nos dá um déjà vu de Os Doze Macacos, mas não chega a ser prejudicial. Pelo contrário, nos ajuda nas diversas referências que o filme traz, que não são poucas. Tem até uma referência à Akira em um dos desdobramentos da trama.
Looper: Assassinos do Futuro é um filme de ação como deve ser. Com uma história bem embasada, cenas bem realizadas, uma tensão bem construída e muito assunto para discutir após a sessão. É bom ver que Hollywood ainda não perdeu a capacidade de nos surpreender em uma época onde a crise criativa parece nos envolver em sua teia interminável de tramas requentadas.
Crítica por: Amanda Aouad (Blog)