quarta-feira , 20 novembro , 2024

Amanhã Nunca Mais

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Esta comédia estrelada pelo competente Lázaro Ramos é o exemplo fiel da repetição exaustiva: a mesma piada é retomada durante o filme todo, uma avalanche de clichês invade a tela e enche a paciência do espectador. O que fazer com as recentes comédias do cinema nacional? Acredito que seja válido apostar em comédias despreocupadas com críticas sociais incisivas, despreocupadas com o perfil monotemático do cinema nacional de alguns anos atrás: sertão, pobreza, favela.
Mas focar em novos estilos sem o mínimo de cuidado e decência é algo complicado. Amanhã nunca mais não chega a ser um Cilada.com, mas correu o risco de ganhar o troféu da maior bobagem do ano.

Amanhã Nunca Mais explana a aventura de Walter, um anestesista de 35 anos, numa noite de sexta-feira, cheio de complicações no trabalho e com a incumbência de buscar o bolo de aniversário da sua filha. Não é preciso muito esforço do roteiro para nos mostrar que Walter é um fracassado, de estima muito baixa, frustrado com o emprego e colecionador de mancadas no casamento com a sua bela esposa Solange (a ótima Fernanda Machado, de Tropa de Elite).



No que tange à edição e montagem, Amanhã Nunca Mais não apresenta problemas, assim como a eficiente direção de arte e performance dos protagonistas, que tentam dar dignidade ao péssimo roteiro. Outro ângulo a iluminar é a participação dos coadjuvantes: estereotipados em excesso, não ajudam na fluência da narrativa. Geraldo (Milhem Cortaz) é o colega de trabalho de Walter, mulherengo e antipático. Dulce (Imara Reis) é a doceira responsável pelo bolo da festa da filha de Walter e Miriam (Maria Luiza Mendonça) é um antigo caso de amor do anestesista, que surge para atravancar seu caminho. A travesti e a filha da doceira são outras coadjuvantes que não dizem muita coisa.

A direção assinada pelo iniciante Tadeu Jungle é eficiente. Já a música tema, nem tanto: Arnaldo Antunes pode ser um ótimo compositor, mas desafina demais e irrita os ouvidos dos mais preocupados com os rumos sonoros do filme. Há mais um detalhe importante nesta análise: a tendência contemporânea de mais de uma pessoa assinando roteiros cinematográficos tem se mostrado uma experiência frustrante. No caso de Amanhã Nunca Mais, temos três roteiristas responsáveis por um fiapo de roteiro. Há poucas situações exploradas e mesmo não sendo originais, deveriam capitalizar em cima de boas ideias, o que nem de longe acontece. São gags das frequentes comédias hollywoodianas, sem alguma inovação que venha fazer de Amanhã Nunca Mais um filme diferenciado. O argumento do filme é assinado por Victor Knijick, Maurício Arruda e pelo diretor Tadeu Jungle. Já o roteiro, tem Marcelo Muller incluído, excluindo Victor Knijick, que só ficou no argumento. Três profissionais para o argumento, três para o roteiro. E o resultado? Sem dúvida, frustrante.

Curioso é ler o press book do filme e perceber que Lázaro Ramos esconde a sete chaves suas origens. O material que nos apresenta o enredo, aspectos do roteiro e outros detalhes importantes para a composição da análise fílmica alega que Ramos estreou no cinema em Sabor da Paixão (2000), mas ganhou destaque como o protagonista de Madame Satã (2003). Será que ele esqueceu que largou o seu emprego de técnico de laboratório no Hospital Santa Isabel em Salvador, para se dedicar ao personagem Chico, do tosco e clássico Cinderela Baiana (1998)? Muito feia essa atitude do Lázaro Ramos, que merece outro puxão de orelha: depois de tantos papeis mais interessantes na cinematografia nacional, por que achar que os espectadores são pessoas que não pensam e dialogam com o filme, tentando empurrar estes subprodutos de qualidade questionável? Acredito que hajam projetos mais interessantes esperando ganhar as telas do cinema nacional.


Crítica por:
Leonardo Campos

 

 

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Mas focar em novos estilos sem o mínimo de cuidado e decência é algo complicado. Amanhã nunca mais não chega a ser um Cilada.com, mas correu o risco de ganhar o troféu da maior bobagem do ano.

Amanhã Nunca Mais explana a aventura de Walter, um anestesista de 35 anos, numa noite de sexta-feira, cheio de complicações no trabalho e com a incumbência de buscar o bolo de aniversário da sua filha. Não é preciso muito esforço do roteiro para nos mostrar que Walter é um fracassado, de estima muito baixa, frustrado com o emprego e colecionador de mancadas no casamento com a sua bela esposa Solange (a ótima Fernanda Machado, de Tropa de Elite).

No que tange à edição e montagem, Amanhã Nunca Mais não apresenta problemas, assim como a eficiente direção de arte e performance dos protagonistas, que tentam dar dignidade ao péssimo roteiro. Outro ângulo a iluminar é a participação dos coadjuvantes: estereotipados em excesso, não ajudam na fluência da narrativa. Geraldo (Milhem Cortaz) é o colega de trabalho de Walter, mulherengo e antipático. Dulce (Imara Reis) é a doceira responsável pelo bolo da festa da filha de Walter e Miriam (Maria Luiza Mendonça) é um antigo caso de amor do anestesista, que surge para atravancar seu caminho. A travesti e a filha da doceira são outras coadjuvantes que não dizem muita coisa.

A direção assinada pelo iniciante Tadeu Jungle é eficiente. Já a música tema, nem tanto: Arnaldo Antunes pode ser um ótimo compositor, mas desafina demais e irrita os ouvidos dos mais preocupados com os rumos sonoros do filme. Há mais um detalhe importante nesta análise: a tendência contemporânea de mais de uma pessoa assinando roteiros cinematográficos tem se mostrado uma experiência frustrante. No caso de Amanhã Nunca Mais, temos três roteiristas responsáveis por um fiapo de roteiro. Há poucas situações exploradas e mesmo não sendo originais, deveriam capitalizar em cima de boas ideias, o que nem de longe acontece. São gags das frequentes comédias hollywoodianas, sem alguma inovação que venha fazer de Amanhã Nunca Mais um filme diferenciado. O argumento do filme é assinado por Victor Knijick, Maurício Arruda e pelo diretor Tadeu Jungle. Já o roteiro, tem Marcelo Muller incluído, excluindo Victor Knijick, que só ficou no argumento. Três profissionais para o argumento, três para o roteiro. E o resultado? Sem dúvida, frustrante.

Curioso é ler o press book do filme e perceber que Lázaro Ramos esconde a sete chaves suas origens. O material que nos apresenta o enredo, aspectos do roteiro e outros detalhes importantes para a composição da análise fílmica alega que Ramos estreou no cinema em Sabor da Paixão (2000), mas ganhou destaque como o protagonista de Madame Satã (2003). Será que ele esqueceu que largou o seu emprego de técnico de laboratório no Hospital Santa Isabel em Salvador, para se dedicar ao personagem Chico, do tosco e clássico Cinderela Baiana (1998)? Muito feia essa atitude do Lázaro Ramos, que merece outro puxão de orelha: depois de tantos papeis mais interessantes na cinematografia nacional, por que achar que os espectadores são pessoas que não pensam e dialogam com o filme, tentando empurrar estes subprodutos de qualidade questionável? Acredito que hajam projetos mais interessantes esperando ganhar as telas do cinema nacional.


Crítica por:
Leonardo Campos

 

 

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