quarta-feira , 20 novembro , 2024

Artigo | Eu sou a Lenda é uma das histórias mais IMPORTANTES da Ficção Científica

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Segunda adaptação da obra vai ganhar continuação

Dentre os filmes lançados nos anos 2000, poucos contam com a fama e nostalgia que Eu sou a Lenda pode se gabar. A trama protagonizada por Will Smith trazia um cientista vivendo seu dia a dia na companhia de seu pastor alemão, em uma Manhattan devastada por um vírus. O conflito da trama nasce do fato dele não estar sozinho na cidade.



Aqueles que foram afetados pela contaminação se converteram em seres sensíveis a luz do sol, condenados a viver em áreas escuras pela cidade até o momento de anoitecer. Apesar de apresentar efeitos especiais datados no que tange esses antagonistas, o design de produção de se tornou icônico, de uma certa maneira, pela simulação bastante real de locais como a Times Square completamente abandonados.

Tudo representado de forma crível, até chegar no núcleo dos infectados. Agora, uma sequência está nos estágios iniciais, trazendo Michael B. Jordan em destaque mas também acenando para o retorno de Will Smith. A sequência vai usar o final alternativo em que o personagem não morre como cânone. A trama é inspirada no livro homônimo de 1954, escrito por Richard Matheson e que já havia recebido uma adaptação prévia em duas situações, uma em 1964 e outra em 1971.

Michael B. Jordan pode estrelar sequência

Cada uma das versões, à sua maneira, manteve viva a essência da obra original, mesmo concedendo interpretações que melhor se enquadravam à proposta geral de cada época. Por exemplo, o filme de 1964 estrelado por Vincent Price tinha visível identificação com o terror de ficção científica proposto na década anterior, como O Dia que a Terra Parou e Vampiros de Almas.

No que tange o livro base, muito da trama se mantém a mesma, principalmente no foco a solidão que o protagonista tem que lidar no dia a dia. As vítimas do vírus tiveram seus corpos modificados a tal ponto que se tornaram indissociáveis de vampiros, uma vez que eles também se alimentam de sangue e carregam todas as limitações tradicionais do monstro.

Entretanto, o contexto em que a história foi concebida era outro. A década de 50 é tida como um marco zero para o que se tem como leva de ficção científica contemporânea (excluindo obras clássicas anteriores de Julius Verne) muito porque elas foram concebidas sob o turbilhão político da Guerra Fria, consequentemente do temor atômico, aliado às aceleradas mudanças sociais no ocidente.

O icônico Vincent Price protagonizou uma das adaptações do romance

Não raro essas histórias fantasiavam sobre um futuro altamente tecnológico e cujo conceito de família, tal como socialmente aceito, estivesse mantido intacto. Ambientada em Los Angeles no, até então distante, ano de 1976 a trama segue também o Dr. Neville no qual ele é o último sobrevivente da mortal pandemia que assolou a humanidade.

Já na premissa é notável a subversão de um tema comum na ficção científica da época que é a ciência, aqui não sendo o passaporte de um futuro utópico mas a razão do caos. Outro detalhe importante é a presença dos infectados, nesse caso os vampiros. 

Diferente da versão de 2007, onde esses indivíduos eram retratados como uma força majoritariamente bruta com superficiais rompantes de consciência, tanto no livro base quanto no filme de 1971 é concedido aos vampiros uma considerável quantidade de tempo para demonstrar que eles são seres pensantes e cientes do mundo que os cerca.

Sob um ponto de vista, Neville é o vilão da história

Com isso, a dinâmica que se forma entre Neville e os vampiros assume contornos de ódio mútuo; muito porque o imunizado os considera uma ameaça a sua segurança enquanto que os modificados tem em Neville uma lembrança do passado, este sendo marcado por toda a questão do turbilhão da Guerra Fria; do mundo caótico e das imperfeições de suas antigas vidas no geral.

Os vampiros mutantes são uma comunidade que o protagonista tende a não entender, não procura entender e, por não compreendê-los como uma cultura, os odeia, movido sobretudo pelo medo. Essa é a sensação principal que guia as ações de Neville e que Richard Matheson tenta transmitir como sendo presente em ambos os lados do confronto.

Alguns anos mais tarde, o então jovem cineasta George Romero se inspirou nos temas presentes em Eu sou a Lenda para compor seu clássico A Noite dos Mortos Vivos, filme responsável sobretudo em construir a ideia moderna das hordas de zumbis cercando o elenco de sobreviventes.

Livro teve grande impacto em Romero

Ainda que a versão de 2007 não tenha adotado muito dos temas discutidos na obra original, ela ainda foi um produto adaptado para seu tempo (a pandemia se inicia com a criação de um tratamento inovador contra o câncer) e reforçou o apelo atemporal estabelecido pela escrita de Matheson

A possível sequência, portanto, tem em suas mãos a possibilidade de abordar a nova sociedade pós pandemia de maneira mais incisiva, explorando o relacionamento dos infectados e, sobretudo, como eles vêem os sobreviventes como figuras folclóricas que lhes remetem sentimentos negativos.

 

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Dentre os filmes lançados nos anos 2000, poucos contam com a fama e nostalgia que Eu sou a Lenda pode se gabar. A trama protagonizada por Will Smith trazia um cientista vivendo seu dia a dia na companhia de seu pastor alemão, em uma Manhattan devastada por um vírus. O conflito da trama nasce do fato dele não estar sozinho na cidade.

Aqueles que foram afetados pela contaminação se converteram em seres sensíveis a luz do sol, condenados a viver em áreas escuras pela cidade até o momento de anoitecer. Apesar de apresentar efeitos especiais datados no que tange esses antagonistas, o design de produção de se tornou icônico, de uma certa maneira, pela simulação bastante real de locais como a Times Square completamente abandonados.

Tudo representado de forma crível, até chegar no núcleo dos infectados. Agora, uma sequência está nos estágios iniciais, trazendo Michael B. Jordan em destaque mas também acenando para o retorno de Will Smith. A sequência vai usar o final alternativo em que o personagem não morre como cânone. A trama é inspirada no livro homônimo de 1954, escrito por Richard Matheson e que já havia recebido uma adaptação prévia em duas situações, uma em 1964 e outra em 1971.

Michael B. Jordan pode estrelar sequência

Cada uma das versões, à sua maneira, manteve viva a essência da obra original, mesmo concedendo interpretações que melhor se enquadravam à proposta geral de cada época. Por exemplo, o filme de 1964 estrelado por Vincent Price tinha visível identificação com o terror de ficção científica proposto na década anterior, como O Dia que a Terra Parou e Vampiros de Almas.

No que tange o livro base, muito da trama se mantém a mesma, principalmente no foco a solidão que o protagonista tem que lidar no dia a dia. As vítimas do vírus tiveram seus corpos modificados a tal ponto que se tornaram indissociáveis de vampiros, uma vez que eles também se alimentam de sangue e carregam todas as limitações tradicionais do monstro.

Entretanto, o contexto em que a história foi concebida era outro. A década de 50 é tida como um marco zero para o que se tem como leva de ficção científica contemporânea (excluindo obras clássicas anteriores de Julius Verne) muito porque elas foram concebidas sob o turbilhão político da Guerra Fria, consequentemente do temor atômico, aliado às aceleradas mudanças sociais no ocidente.

O icônico Vincent Price protagonizou uma das adaptações do romance

Não raro essas histórias fantasiavam sobre um futuro altamente tecnológico e cujo conceito de família, tal como socialmente aceito, estivesse mantido intacto. Ambientada em Los Angeles no, até então distante, ano de 1976 a trama segue também o Dr. Neville no qual ele é o último sobrevivente da mortal pandemia que assolou a humanidade.

Já na premissa é notável a subversão de um tema comum na ficção científica da época que é a ciência, aqui não sendo o passaporte de um futuro utópico mas a razão do caos. Outro detalhe importante é a presença dos infectados, nesse caso os vampiros. 

Diferente da versão de 2007, onde esses indivíduos eram retratados como uma força majoritariamente bruta com superficiais rompantes de consciência, tanto no livro base quanto no filme de 1971 é concedido aos vampiros uma considerável quantidade de tempo para demonstrar que eles são seres pensantes e cientes do mundo que os cerca.

Sob um ponto de vista, Neville é o vilão da história

Com isso, a dinâmica que se forma entre Neville e os vampiros assume contornos de ódio mútuo; muito porque o imunizado os considera uma ameaça a sua segurança enquanto que os modificados tem em Neville uma lembrança do passado, este sendo marcado por toda a questão do turbilhão da Guerra Fria; do mundo caótico e das imperfeições de suas antigas vidas no geral.

Os vampiros mutantes são uma comunidade que o protagonista tende a não entender, não procura entender e, por não compreendê-los como uma cultura, os odeia, movido sobretudo pelo medo. Essa é a sensação principal que guia as ações de Neville e que Richard Matheson tenta transmitir como sendo presente em ambos os lados do confronto.

Alguns anos mais tarde, o então jovem cineasta George Romero se inspirou nos temas presentes em Eu sou a Lenda para compor seu clássico A Noite dos Mortos Vivos, filme responsável sobretudo em construir a ideia moderna das hordas de zumbis cercando o elenco de sobreviventes.

Livro teve grande impacto em Romero

Ainda que a versão de 2007 não tenha adotado muito dos temas discutidos na obra original, ela ainda foi um produto adaptado para seu tempo (a pandemia se inicia com a criação de um tratamento inovador contra o câncer) e reforçou o apelo atemporal estabelecido pela escrita de Matheson

A possível sequência, portanto, tem em suas mãos a possibilidade de abordar a nova sociedade pós pandemia de maneira mais incisiva, explorando o relacionamento dos infectados e, sobretudo, como eles vêem os sobreviventes como figuras folclóricas que lhes remetem sentimentos negativos.

 

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