domingo , 22 dezembro , 2024

Artigo | Os 10 anos de ‘Electra Heart’, a consagração de Marina Diamandis

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Marina Diamandis, mais conhecida por seu nome artístico Marina and the Diamonds, é uma das vozes mais autênticas de sua geração, ainda que em diversas vezes seja ofuscada por outras artistas. Em 2012, a mezzosoprano saía de sua construção crítica de The Family Jewels e culminava em um álbum muito mais intimista com Electra Heart – e o resultado, levando em conta a pessoalidade que a cantora traz para suas composições, pode não ter feito muito sucesso entre a crítica especializada na época, mas sem dúvida tornou-se um de seus melhores trabalhos, buscando vertentes que variavam desde o clássico pop-dançante até a rebeldia do rock. E talvez por esse mesmo motivo, o disco esteja sendo redescoberto com nuances sutis e uma incrível desabafo que conversa com grande parte de seu público.

O segundo álbum de estúdio pode não carregar o escopo social e propositalmente supérfluo do anterior, mas ganha vários pontos ao iniciar com a agressividade de Bubblegum Bitch”. A música, como sempre trazendo os melhores vocais de Marina, nos introduz ao seu alter-ego Electra Heart após um relacionamento fadado às ruínas, além de abrir espaço para o restante das canções até a culminação em How to Be a Heartbreaker” – a qual coloca um ponto final em todo o seu desespero ao mesmo tempo que reinicia um ciclo inquebrável. É digno de nota dizer que essa abertura, mesmo trazendo algumas falhas estruturais na transição ao refrão, é um ótimo e explosivo começo.



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Electra Heart é uma exploração através das diversas personalidades que habitam a criativa e conturbada mente da artista. Com a chegada de Primadonna” e Homewrecker”, fica claro que o disco não se limita apenas a criar um mundo próprio, mas faz referência a diversas outras cantoras da indústria musical: Marina talvez encontra-se em uma fusão mais complexa de seus múltiplos heterônimos e represente até mesmo um ápice compulsoriamente confuso de suas conterrâneas e influências. Afinal, Madonna já nos apresentou a DittaStefani Germanotta encontrou-se em Lady Gaga, e Lana Del Rey, que mantém muitas similaridades com Marina, encarnou May Jailer; aqui, temos as melhores partes da nostalgia passada enquanto, de uma forma incrivelmente emocionante, encontramo-nos junto a uma originalidade muito promissora.

Assista também:
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“Lies” e Starring Role” encontram similaridades uma com a outra, mas é a relação de causa e consequência que as une em um único núcleo. A primeira desenvolve-se com batidas que relembram o electro-pop e faz um uso incrível de sua potência vocal, alcançando um crescendo que logo quebra em um belíssimo grave – e mais: ela arquiteta uma declaração de decepção tocante que nos leva para a segunda música. Nesta segunda parte, Marina inicia com uma suavidade onírica que nos leva a um clímax tradicional, porém construído de forma preocupada e, mais uma vez, fazendo uma ótima exploração de sua voz.

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É claro que o álbum não está isento de certos deslizes. Homewrecker”Power & Control” e Living Dead” são boas canções, mas, em relação às outras melodias apresentadas, parecem um pouco preguiçosas e datadas. Ainda que a cantora busque se reencontrar com uma letra poética e algumas investidas vocais interessantes, não podemos deixar de pensar que existem composições melhores. E talvez outro problema que possamos encontrar é o número excessivo de alter-egos que, com exceção da incrível conclusão, passam um por cima do outro. É claro, Marina busca sua identidade em meio a uma personalidade fragmentada; porém, a saturação infelizmente insurge em certos pontos, mesmo não tirando o brilho que a obra carrega consigo.

“Fear and Loathing” também pode não agradar muitos, mas é um preparativo interessante para a música final – que conquistou diversos fãs e até hoje é relembrada como um ótimo dance-pop digno de nota e muito divertido. De qualquer forma, são as entradas mais intimistas que roubam os holofotes de forma instantânea, começando por uma das melhores tracks do disco, Teen Idle”, um hino sobre sonhos perdidos e um futuro destroçado, que entra em uma catártica contradição com o suave ritmo. Ela até mesmo ganha mais importância quando serve de base para o emocionante ápice – podendo dizer que seja um dos melhores de sua jovem carreira.

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“Valley of the Dolls” é uma pequena joia lapidada que não ousa ser mais do que pretende e mesmo assim no entrega mais do que pedimos. O começo nos entrega alguns ares futuristas do synth-piano que, apesar de não serem muito utilizados, não são colocados à toa. O caminho é trilhado em mais um incrível crescendo – um dos pontos fortes da cantora – e, após atingir um cume vocal, volta-se para um break inesperado que reafirma a tecedura de Marina e sua sutileza em oscilar entre diversos tons, criando uma coreografia musical aplaudível. E mais: o escopo instrumental serve de respaldo para um momento em que a lead singer percebe que está perdida em sua própria Torre de Babel, lutando para se achar em meio a um tumultuoso interior.

Electra Heart é uma ótima iteração da carreira de Marina Diamandis e sem dúvida merecia mais reconhecimento do que teve. Suas múltiplas inclinações miméticas convergem com uma obra pessoal e que, além de conseguir conquistar ainda mais o público, nos emociona em diversos níveis.

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Thiago Nollahttps://www.editoraviseu.com.br/a-pedra-negra-prod.html
Em contato com as artes em geral desde muito cedo, Thiago Nolla é jornalista, escritor e drag queen nas horas vagas. Trabalha com cultura pop desde 2015 e é uma enciclopédia ambulante sobre divas pop (principalmente sobre suas musas, Lady Gaga e Beyoncé). Ele também é apaixonado por vinho, literatura e jogar conversa fora.

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Marina Diamandis, mais conhecida por seu nome artístico Marina and the Diamonds, é uma das vozes mais autênticas de sua geração, ainda que em diversas vezes seja ofuscada por outras artistas. Em 2012, a mezzosoprano saía de sua construção crítica de The Family Jewels e culminava em um álbum muito mais intimista com Electra Heart – e o resultado, levando em conta a pessoalidade que a cantora traz para suas composições, pode não ter feito muito sucesso entre a crítica especializada na época, mas sem dúvida tornou-se um de seus melhores trabalhos, buscando vertentes que variavam desde o clássico pop-dançante até a rebeldia do rock. E talvez por esse mesmo motivo, o disco esteja sendo redescoberto com nuances sutis e uma incrível desabafo que conversa com grande parte de seu público.

O segundo álbum de estúdio pode não carregar o escopo social e propositalmente supérfluo do anterior, mas ganha vários pontos ao iniciar com a agressividade de Bubblegum Bitch”. A música, como sempre trazendo os melhores vocais de Marina, nos introduz ao seu alter-ego Electra Heart após um relacionamento fadado às ruínas, além de abrir espaço para o restante das canções até a culminação em How to Be a Heartbreaker” – a qual coloca um ponto final em todo o seu desespero ao mesmo tempo que reinicia um ciclo inquebrável. É digno de nota dizer que essa abertura, mesmo trazendo algumas falhas estruturais na transição ao refrão, é um ótimo e explosivo começo.

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Electra Heart é uma exploração através das diversas personalidades que habitam a criativa e conturbada mente da artista. Com a chegada de Primadonna” e Homewrecker”, fica claro que o disco não se limita apenas a criar um mundo próprio, mas faz referência a diversas outras cantoras da indústria musical: Marina talvez encontra-se em uma fusão mais complexa de seus múltiplos heterônimos e represente até mesmo um ápice compulsoriamente confuso de suas conterrâneas e influências. Afinal, Madonna já nos apresentou a DittaStefani Germanotta encontrou-se em Lady Gaga, e Lana Del Rey, que mantém muitas similaridades com Marina, encarnou May Jailer; aqui, temos as melhores partes da nostalgia passada enquanto, de uma forma incrivelmente emocionante, encontramo-nos junto a uma originalidade muito promissora.

“Lies” e Starring Role” encontram similaridades uma com a outra, mas é a relação de causa e consequência que as une em um único núcleo. A primeira desenvolve-se com batidas que relembram o electro-pop e faz um uso incrível de sua potência vocal, alcançando um crescendo que logo quebra em um belíssimo grave – e mais: ela arquiteta uma declaração de decepção tocante que nos leva para a segunda música. Nesta segunda parte, Marina inicia com uma suavidade onírica que nos leva a um clímax tradicional, porém construído de forma preocupada e, mais uma vez, fazendo uma ótima exploração de sua voz.

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É claro que o álbum não está isento de certos deslizes. Homewrecker”Power & Control” e Living Dead” são boas canções, mas, em relação às outras melodias apresentadas, parecem um pouco preguiçosas e datadas. Ainda que a cantora busque se reencontrar com uma letra poética e algumas investidas vocais interessantes, não podemos deixar de pensar que existem composições melhores. E talvez outro problema que possamos encontrar é o número excessivo de alter-egos que, com exceção da incrível conclusão, passam um por cima do outro. É claro, Marina busca sua identidade em meio a uma personalidade fragmentada; porém, a saturação infelizmente insurge em certos pontos, mesmo não tirando o brilho que a obra carrega consigo.

“Fear and Loathing” também pode não agradar muitos, mas é um preparativo interessante para a música final – que conquistou diversos fãs e até hoje é relembrada como um ótimo dance-pop digno de nota e muito divertido. De qualquer forma, são as entradas mais intimistas que roubam os holofotes de forma instantânea, começando por uma das melhores tracks do disco, Teen Idle”, um hino sobre sonhos perdidos e um futuro destroçado, que entra em uma catártica contradição com o suave ritmo. Ela até mesmo ganha mais importância quando serve de base para o emocionante ápice – podendo dizer que seja um dos melhores de sua jovem carreira.

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“Valley of the Dolls” é uma pequena joia lapidada que não ousa ser mais do que pretende e mesmo assim no entrega mais do que pedimos. O começo nos entrega alguns ares futuristas do synth-piano que, apesar de não serem muito utilizados, não são colocados à toa. O caminho é trilhado em mais um incrível crescendo – um dos pontos fortes da cantora – e, após atingir um cume vocal, volta-se para um break inesperado que reafirma a tecedura de Marina e sua sutileza em oscilar entre diversos tons, criando uma coreografia musical aplaudível. E mais: o escopo instrumental serve de respaldo para um momento em que a lead singer percebe que está perdida em sua própria Torre de Babel, lutando para se achar em meio a um tumultuoso interior.

Electra Heart é uma ótima iteração da carreira de Marina Diamandis e sem dúvida merecia mais reconhecimento do que teve. Suas múltiplas inclinações miméticas convergem com uma obra pessoal e que, além de conseguir conquistar ainda mais o público, nos emociona em diversos níveis.

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Em contato com as artes em geral desde muito cedo, Thiago Nolla é jornalista, escritor e drag queen nas horas vagas. Trabalha com cultura pop desde 2015 e é uma enciclopédia ambulante sobre divas pop (principalmente sobre suas musas, Lady Gaga e Beyoncé). Ele também é apaixonado por vinho, literatura e jogar conversa fora.

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