domingo , 22 dezembro , 2024

Artigo | Revisitando ‘O Farol’, o conto lovecraftiano de Robert Eggers

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Nos últimos dias, fizemos uma jornada relembrando o aclamado terror psicológico A Bruxa, de Robert Eggers – uma estreia que ficou marcada no gênero e que funcionaria como o capítulo inicial de uma carreira ainda jovem, mas pincelada com uma identidade que traria de volta o horror ao seu auge.

Agora, chegou a hora de revisitarmos sua segunda incursão no mundo do entretenimento: quatro anos depois de debute oficial, Eggers retornou ainda mais apaixonado pela arte que o colocou no centro dos holofotes com uma narrativa claustrofóbica, tensa e respaldada em aspectos mitológicos e clássicos: O Farol, encantando novamente o público e reafirmando sua importância no cenário contemporâneo do audiovisual.



A narrativa principal do longa-metragem é bem mais profunda do que poderíamos imaginar, carregando consigo uma extensa simbologia que pode ter passado despercebida pelos espectadores – até mesmo pelos mais aficionados por cinema e por obras de época. Ambientada no século XIX em alguma ilhota do País de Gales e baseando-se livremente em uma história real, a trama é focada em apenas dois personagens: o jovem Ephraim Winslow (Robert Pattinson) e o arrogante lobo-do-mar Thomas Wake (Willem Dafoe). Winslow consegue um trabalho temporário como “pupilo” de Wake em um gigantesco farol, gradativamente mergulhando numa insanidade perigosa que transforma um drama qualquer em uma mortal aventura dentro da psique humana.

Mas nada é o que parece ser: Eggers, como supracitado, funde em um mesmo escopo cinematográfico, embebido em investidas artísticas de tirar o fôlego, homenagens à cultura greco-romana, aos diversos mitos catárticos de Dante Alighieri e até mesmo às incursões marítimas promovidas pelo lendário romancista H.P. Lovecraft. E, de fato, cada uma dessas camadas, quando analisada ao fundo, apenas contribui para aumentar exponencialmente nosso encanto por esse narcótico e deturpado conto de fadas.

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PROTEU E PROMETEU

Wake e Winslow funcionam como duas faces de uma mesma moeda, portando-se como uma dupla que parece que nunca vai se entender: o personagem de Pattinson traz o vigor e a rebeldia da juventude e, por mais que dê duro em todas as tarefas às quais foi designado, o de Dafoe o critica por praticamente cada mínimo erro que comete, mostrando-se mais sábio, mais velho e passível de ser respeitado até mesmo por sua personalidade compulsória e mandatória.

De qualquer modo, os dois homens nutrem entre si uma química inegável, o que nos leva para a primeira interpretação acerca de suas personalidades e dos arcos narrativos dos quais se dispõe: Thomas, tendo vivido naquela terrível e solitária ilha por tantos anos, funciona como uma extensão da deidade marinha intitulada Proteu.

Na mitologia grega, Proteu é filho da divindades Poseidon e Tétis. Apesar de não dividir o mesmo holofote que outros icônicos personagens da cultura mencionada, ele tem a importante tarefa de cuidar do rebanho de seu pai – e, na ambientação terrena criada por Eggers, Wake encarna essa persona ao se transformar no guardião do descomunal farol.

São vários os elementos que contribuem para a teoria: além da declaração oficial do diretor, percebemos que, assim como Proteu, o velho marinheiro realiza diversos presságios agourentos para a dinâmica entre a dupla e a própria ilha. Diversas vezes, Thomas impede que o irreverente pupilo mate as gaivotas que habitam aquele território insular, premeditando uma tragédia que, eventualmente, se concretiza. Para além disso, suas histórias e seu jeito de se portar à noite (como o fato de ele se trancar no andar do sinaleiro e dançar nu em volta da gigantesca lâmpada) envolvem Winslow de um modo inebriante o bastante para transformá-lo em um louco.

Como se não bastasse, Ephraim é bombardeado por visões ilusórias de uma sereia que encalha nas formações rochosas da ínsula – cuja presença é prevista desde o primeiro ato, durante o qual ele encontra uma figura talhada em madeira da mítica criatura. Várias especulações acerca de suas aparições foram feitas e a principal delas também refere-se ao mito de Proteu, cujas habilidades mágicas permitem-no se transfigurar em monstros marinhos.

Apesar de nunca terem dividido os contos greco-romanos, a estória de Prometeu empresta inúmeras referências para O Farol. Neste caso, é Winslow quem encarna o personagem: assim como a persona grega, ele é atraído pelo desejo do conhecimento e, quem sabe, de levá-lo aos outros. Ora, se Prometeu contrariou os deuses e roubou o fogo do Olimpo para leva-lo aos mortais, Ephraim é atraído pelo farol, almejando descobrir os segredos que habitam o último andar da construção.

Seguindo seus próprios desejos, ambos os personagens traem forças muito maiores do que imaginavam e pavimentam o caminho para a ruína. Winslow contraria os solilóquios proféticos de seu “comandante”, por assim dizer, e mata impetuosamente uma das gaivotas. O foreshadowing arquitetado por Eggers se concretiza com as últimas duas cenas do longa-metragem, em que o jovem se aproxima do sinaleiro, tomado pela curiosidade, e se deixa contaminar pela impactante força da luz – caindo da escada e virando alimento dos únicos animais da ilha.

Se a alegórica imagem é familiar, é porque Prometeu tem um destino semelhante. Afinal, em uma das versões de sua estória, ele enfurece Zeus e, como punição, é amarrado no alto do Monte Cáucaso, condenado pela eternidade a ser bicado por uma águia. Aqui, são as gaivotas que fazem o trabalho, mas a simbologia é tão certeira que chega a ser imperiosa.

ABRAÇANDO LOVECRAFT

H.P. Lovecraft foi um escritor norte-americano e é, até hoje, considerado um dos maiores nomes da literatura de terror da História. Servindo de inspiração para autores como Stephen King e R.L. Stine, Lovecraft especializou-se no gênero em questão, criando icônicos universos hostis ao homem, com narrativas indiferentes às atividades e às crenças dos mortais.

Suas investidas pessimistas que desafiavam valores românticos, iluministas e até cristãos eram impiedosamente influenciadas pelos pesadelos do contista – e um deles assombrou e ainda assombra diversos assíduos de Lovecraft: “O Chamado de Cthulhu”, publicado em 1928, apresentou a criatura-titular que foi abraçada por Eggers em O Farol do jeito mais inesperado possível.

Descrito como uma mistura de gigante, polvo e dragão, com uma cabeça cheia de tentáculos e o corpo escamoso, Cthulhu representa um mal tão ancestral e terrível que vislumbrá-lo levaria qualquer humano à loucura. No longa-metragem, esse monstro não é materializado em nenhum momento, mas é transcrito para o próprio farol.

Desde o princípio, a torre que encancera o majestoso facho é cenário para diversas ambiguidades cênicas. O holofote tem a principal função de sinalizar para os navios não baterem contra as rochas, mas serve como uma peça fundamental da insanidade que acomete os protagonistas: sua luz é a emergência física de uma droga, uma substância viciante que hora após hora nos faz querer mais até não podermos viver sem ela. Bom, é assim que a queda de Winslow se delineia: apesar de saber que o farol é como qualquer outro, ele começa a suspeitar do que Wake esconde e é alimentado pela necessidade primitiva de destrinchar todas as incógnitas.

O farol também é um dos personagens e, para além disso, é o principal antagonista: seguindo os passos de Cthulhu, a torre é uma criatura primordial, que habita a Terra antes mesmo da existência dos homens. Afinal, ao que tudo indica, ele simplesmente está lá desde o começo (não da trama, mas dos tempos). A fonte de seu poder é o fogo, alimentado em uma constância assustadora pelos servos – no caso, Thomas e Ephraim. No final das contas, percebemos o inevitável: ele é extrema e sordidamente lovecraftiano.

O INFERNO SOMOS NÓS

Uma outra possibilidade de interpretação narrativa, porém menos infundada, é de que a ilha representaria o purgatório e, apesar dos fatos apontarem para uma direção mais psíquica que espiritual, certos elementos contribuem para que essa perspectiva ganhe força.

Temos, por exemplo, o fato de que Winslow chega àquele lugar de barco. A referência pode ser buscada na barca de Caronte, que leva as almas dos mortos através do primeiro círculo do Inferno de Dante, representado pelo limbo. Ambos os cenários são marcados pela desesperança e pela falta de qualquer prospecto e funcionam como indicadores dessa breve hipótese.

O segundo (e talvez último) aspecto é a dinamicidade do conturbado relacionamento entre Winslow e Wake: o personagem de Pattinson é essencialmente rebelde e, chegando ao que entendemos como o purgatório, irá passar diversas provas para alcançar o paraíso ou ficar preso no inferno. Para auxiliá-lo – ou deixar essa jornada de autodescobrimento ainda mais complicada -, Dafoe se posta como o velho sabichão e o tenta aos mais diversos pecados: matar a gaivota, se embebedar e adquirir um conhecimento que não lhe pertence.

No final das contas, Winslow falha em se purgar de sua banal vida e é engolido pela ruína que ele mesmo premeditou. E, cego por um poder que não teria como conhecer ou como aguentar, ele é posto em xeque mais uma vez e morre dentro de sua própria morte.

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Thiago Nollahttps://www.editoraviseu.com.br/a-pedra-negra-prod.html
Em contato com as artes em geral desde muito cedo, Thiago Nolla é jornalista, escritor e drag queen nas horas vagas. Trabalha com cultura pop desde 2015 e é uma enciclopédia ambulante sobre divas pop (principalmente sobre suas musas, Lady Gaga e Beyoncé). Ele também é apaixonado por vinho, literatura e jogar conversa fora.

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Nos últimos dias, fizemos uma jornada relembrando o aclamado terror psicológico A Bruxa, de Robert Eggers – uma estreia que ficou marcada no gênero e que funcionaria como o capítulo inicial de uma carreira ainda jovem, mas pincelada com uma identidade que traria de volta o horror ao seu auge.

Agora, chegou a hora de revisitarmos sua segunda incursão no mundo do entretenimento: quatro anos depois de debute oficial, Eggers retornou ainda mais apaixonado pela arte que o colocou no centro dos holofotes com uma narrativa claustrofóbica, tensa e respaldada em aspectos mitológicos e clássicos: O Farol, encantando novamente o público e reafirmando sua importância no cenário contemporâneo do audiovisual.

A narrativa principal do longa-metragem é bem mais profunda do que poderíamos imaginar, carregando consigo uma extensa simbologia que pode ter passado despercebida pelos espectadores – até mesmo pelos mais aficionados por cinema e por obras de época. Ambientada no século XIX em alguma ilhota do País de Gales e baseando-se livremente em uma história real, a trama é focada em apenas dois personagens: o jovem Ephraim Winslow (Robert Pattinson) e o arrogante lobo-do-mar Thomas Wake (Willem Dafoe). Winslow consegue um trabalho temporário como “pupilo” de Wake em um gigantesco farol, gradativamente mergulhando numa insanidade perigosa que transforma um drama qualquer em uma mortal aventura dentro da psique humana.

Mas nada é o que parece ser: Eggers, como supracitado, funde em um mesmo escopo cinematográfico, embebido em investidas artísticas de tirar o fôlego, homenagens à cultura greco-romana, aos diversos mitos catárticos de Dante Alighieri e até mesmo às incursões marítimas promovidas pelo lendário romancista H.P. Lovecraft. E, de fato, cada uma dessas camadas, quando analisada ao fundo, apenas contribui para aumentar exponencialmente nosso encanto por esse narcótico e deturpado conto de fadas.

PROTEU E PROMETEU

Wake e Winslow funcionam como duas faces de uma mesma moeda, portando-se como uma dupla que parece que nunca vai se entender: o personagem de Pattinson traz o vigor e a rebeldia da juventude e, por mais que dê duro em todas as tarefas às quais foi designado, o de Dafoe o critica por praticamente cada mínimo erro que comete, mostrando-se mais sábio, mais velho e passível de ser respeitado até mesmo por sua personalidade compulsória e mandatória.

De qualquer modo, os dois homens nutrem entre si uma química inegável, o que nos leva para a primeira interpretação acerca de suas personalidades e dos arcos narrativos dos quais se dispõe: Thomas, tendo vivido naquela terrível e solitária ilha por tantos anos, funciona como uma extensão da deidade marinha intitulada Proteu.

Na mitologia grega, Proteu é filho da divindades Poseidon e Tétis. Apesar de não dividir o mesmo holofote que outros icônicos personagens da cultura mencionada, ele tem a importante tarefa de cuidar do rebanho de seu pai – e, na ambientação terrena criada por Eggers, Wake encarna essa persona ao se transformar no guardião do descomunal farol.

São vários os elementos que contribuem para a teoria: além da declaração oficial do diretor, percebemos que, assim como Proteu, o velho marinheiro realiza diversos presságios agourentos para a dinâmica entre a dupla e a própria ilha. Diversas vezes, Thomas impede que o irreverente pupilo mate as gaivotas que habitam aquele território insular, premeditando uma tragédia que, eventualmente, se concretiza. Para além disso, suas histórias e seu jeito de se portar à noite (como o fato de ele se trancar no andar do sinaleiro e dançar nu em volta da gigantesca lâmpada) envolvem Winslow de um modo inebriante o bastante para transformá-lo em um louco.

Como se não bastasse, Ephraim é bombardeado por visões ilusórias de uma sereia que encalha nas formações rochosas da ínsula – cuja presença é prevista desde o primeiro ato, durante o qual ele encontra uma figura talhada em madeira da mítica criatura. Várias especulações acerca de suas aparições foram feitas e a principal delas também refere-se ao mito de Proteu, cujas habilidades mágicas permitem-no se transfigurar em monstros marinhos.

Apesar de nunca terem dividido os contos greco-romanos, a estória de Prometeu empresta inúmeras referências para O Farol. Neste caso, é Winslow quem encarna o personagem: assim como a persona grega, ele é atraído pelo desejo do conhecimento e, quem sabe, de levá-lo aos outros. Ora, se Prometeu contrariou os deuses e roubou o fogo do Olimpo para leva-lo aos mortais, Ephraim é atraído pelo farol, almejando descobrir os segredos que habitam o último andar da construção.

Seguindo seus próprios desejos, ambos os personagens traem forças muito maiores do que imaginavam e pavimentam o caminho para a ruína. Winslow contraria os solilóquios proféticos de seu “comandante”, por assim dizer, e mata impetuosamente uma das gaivotas. O foreshadowing arquitetado por Eggers se concretiza com as últimas duas cenas do longa-metragem, em que o jovem se aproxima do sinaleiro, tomado pela curiosidade, e se deixa contaminar pela impactante força da luz – caindo da escada e virando alimento dos únicos animais da ilha.

Se a alegórica imagem é familiar, é porque Prometeu tem um destino semelhante. Afinal, em uma das versões de sua estória, ele enfurece Zeus e, como punição, é amarrado no alto do Monte Cáucaso, condenado pela eternidade a ser bicado por uma águia. Aqui, são as gaivotas que fazem o trabalho, mas a simbologia é tão certeira que chega a ser imperiosa.

ABRAÇANDO LOVECRAFT

H.P. Lovecraft foi um escritor norte-americano e é, até hoje, considerado um dos maiores nomes da literatura de terror da História. Servindo de inspiração para autores como Stephen King e R.L. Stine, Lovecraft especializou-se no gênero em questão, criando icônicos universos hostis ao homem, com narrativas indiferentes às atividades e às crenças dos mortais.

Suas investidas pessimistas que desafiavam valores românticos, iluministas e até cristãos eram impiedosamente influenciadas pelos pesadelos do contista – e um deles assombrou e ainda assombra diversos assíduos de Lovecraft: “O Chamado de Cthulhu”, publicado em 1928, apresentou a criatura-titular que foi abraçada por Eggers em O Farol do jeito mais inesperado possível.

Descrito como uma mistura de gigante, polvo e dragão, com uma cabeça cheia de tentáculos e o corpo escamoso, Cthulhu representa um mal tão ancestral e terrível que vislumbrá-lo levaria qualquer humano à loucura. No longa-metragem, esse monstro não é materializado em nenhum momento, mas é transcrito para o próprio farol.

Desde o princípio, a torre que encancera o majestoso facho é cenário para diversas ambiguidades cênicas. O holofote tem a principal função de sinalizar para os navios não baterem contra as rochas, mas serve como uma peça fundamental da insanidade que acomete os protagonistas: sua luz é a emergência física de uma droga, uma substância viciante que hora após hora nos faz querer mais até não podermos viver sem ela. Bom, é assim que a queda de Winslow se delineia: apesar de saber que o farol é como qualquer outro, ele começa a suspeitar do que Wake esconde e é alimentado pela necessidade primitiva de destrinchar todas as incógnitas.

O farol também é um dos personagens e, para além disso, é o principal antagonista: seguindo os passos de Cthulhu, a torre é uma criatura primordial, que habita a Terra antes mesmo da existência dos homens. Afinal, ao que tudo indica, ele simplesmente está lá desde o começo (não da trama, mas dos tempos). A fonte de seu poder é o fogo, alimentado em uma constância assustadora pelos servos – no caso, Thomas e Ephraim. No final das contas, percebemos o inevitável: ele é extrema e sordidamente lovecraftiano.

O INFERNO SOMOS NÓS

Uma outra possibilidade de interpretação narrativa, porém menos infundada, é de que a ilha representaria o purgatório e, apesar dos fatos apontarem para uma direção mais psíquica que espiritual, certos elementos contribuem para que essa perspectiva ganhe força.

Temos, por exemplo, o fato de que Winslow chega àquele lugar de barco. A referência pode ser buscada na barca de Caronte, que leva as almas dos mortos através do primeiro círculo do Inferno de Dante, representado pelo limbo. Ambos os cenários são marcados pela desesperança e pela falta de qualquer prospecto e funcionam como indicadores dessa breve hipótese.

O segundo (e talvez último) aspecto é a dinamicidade do conturbado relacionamento entre Winslow e Wake: o personagem de Pattinson é essencialmente rebelde e, chegando ao que entendemos como o purgatório, irá passar diversas provas para alcançar o paraíso ou ficar preso no inferno. Para auxiliá-lo – ou deixar essa jornada de autodescobrimento ainda mais complicada -, Dafoe se posta como o velho sabichão e o tenta aos mais diversos pecados: matar a gaivota, se embebedar e adquirir um conhecimento que não lhe pertence.

No final das contas, Winslow falha em se purgar de sua banal vida e é engolido pela ruína que ele mesmo premeditou. E, cego por um poder que não teria como conhecer ou como aguentar, ele é posto em xeque mais uma vez e morre dentro de sua própria morte.

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Thiago Nollahttps://www.editoraviseu.com.br/a-pedra-negra-prod.html
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