Tentativa de continuar sucesso da clássica sitcom falhou completamente
Recentemente soube-se que a Netflix encomendou uma sequência, ambientada nos anos 90, para uma das sitcoms mais famosas da televisão norte-americana: That 70s Show. Essa que, como o próprio nome já entrega, era ambientada nos 70 e retrata o dia a dia de um grupo de amigos que concilia as mudanças internas típicas da adolescência com a tempestade cultural que foi a década em questão.
Mais do que isso, o programa é mais conhecido pelos nomes revelados por ele que, anos depois, estariam consolidados em Hollywood. É o caso de Ashton Kutcher, Mila Kunis e Topher Grace, por exemplo. Tal conquista não passou despercebida aos olhos da emissora responsável pelo seriado, a Fox.
A altura de 1999, com That 70s Show indo para a terceira temporada, a competidora NBC começava a marcar território com seu próprio sucesso: Freeks and Geeks. Ambas as produções tinham moldes similares no quesito narrativa, com a única variação sendo o período representado; enquanto que a primeira se passava nos anos 70 a segunda dialogava muito mais com os 80.
Dessa maneira, além do seriado da NBC também ter revelado nomes que hoje são famosos como James Franco e Seth Rogen, comparações entre os dois eram constantes; normalmente cabendo à Freaks and Geeks a alcunha de That 80s Show.
Sabendo disso, a Fox iniciou tratativas como o produtor de 70s, Mark Brazill, para que uma sequência começasse a ser considerada. O planejamento inicial do que viria a ser That 80s Show (agora uma produção de fato e não mais uma alcunha dada para a concorrência) começou de maneira relativamente positiva; Brazill esteve a frente do projeto e com ele vieram boa parte dos seus colegas de equipe que tornaram 70s um sucesso.
A partir desse ponto o caminho a ser seguido era evidente pois escolher os anos 80 como a base criativa de todo um novo seriado era a garantia de ter a sua disposição material suficiente para várias temporadas. Além disso, se na série original as referências à cultura de massa do período eram abundantes, para a sequência as possibilidades de gags atreladas à relevância cultural dos anos 80, nas mãos do time certo, eram praticamente ilimitadas.
Um exemplo é Star Wars cujo primeiro filme é de 1977, fazendo assim que volta e meia ele fosse referenciado no seriado original. Em teoria, os roteiristas da sequência teriam a sua disposição todos os filmes subsequentes da franquia para trabalhar algumas piadas ou situações; isso sem contar outras propriedades da cultura pop da época como Indiana Jones, De Volta para o Futuro e a indústria da música.
Outra estratégia similar de produção foi a escalação de um elenco formado, majoritariamente, por atores e atrizes com perfil jovem e desconhecido. Com 70s foi a mesma situação, com muitos dos nomes ali presentes sendo apostas e conquistando reconhecimento com o tempo. A série teve seu final em 2006 mas antes disso Ashton Kutcher, por exemplo, já havia conquistado a fama e protagonizado o bem recebido Efeito Borboleta em 2004.
Lançado em janeiro de 2002, That 80s Show não demorou a receber as primeiras críticas ainda no episódio piloto. A razão das más avaliações variou de piadas sem o esperado efeito cômico até falta de química entre o elenco, fator esse essencial para explicar o efeito da predecessora. Outro elemento que pesou foi a falta de uma ligação com a produção anterior, sendo ambas as tramas completamente separadas umas das outras.
O aproveitamento da nostalgia também foi bastante criticado, com observações sobre como a série parecia não incorporar organicamente os principais acontecimentos da década de 80 a sua estrutura narrativa. A somatória das críticas negativas com a baixa audiência forçou a Fox a cancelar o seriado antes do final da primeira temporada, tendo esta 13 episódios apenas. Todas as oito temporadas de 70s tiveram mais de vinte episódios cada, provando assim que 80s teve seu fim decretado antes mesmo de chegar a uma season finale de fato.