Por mais que o brasileiro tenha um apreço significativo pela cultura estrangeira, principalmente a norte-americana, é inegável dizer que os artistas nacionais têm habilidades que se igualam e até mesmo superam a dos internacionais.
Apenas no cenário musical contemporâneo, podemos citar nomes como Liniker, Jão e ANAVITÓRIA como representantes do MPB e do pop nacional, enquanto Anitta, Pabllo Vittar e Ludmilla, por exemplo, voltam-se para o funk, o pagode e a eletrônica. Não obstante a forte presença da nova geração, artistas como Marisa Monte, Lulu Santos e Ivete Sangalo permanecem ativos em um encontro entre passado e presente – confluindo suas incríveis estéticas em atemporais espetáculos.
Pensando nisso, preparamos uma breve lista elencando as dez melhores músicas nacionais da década (até agora).
Confira abaixo as nossas escolhas e conte para nós qual a sua favorita:
10. “KIDS ON WHIZZ”, Alok & Everyone You Know (2021)

Alok é um dos nomes mais importantes não só da música brasileira, mas também da eletrônica mundial – e, neste prolífico ano, lançou inúmeras canções, incluindo a instigante “Kids on Whizz” em fevereiro de 2021. O electro-dark, que conta com a colaboração do ato Everyone You Know, gira em torno de uma narrativa centrada nas pistas de dança e em um complicado relacionamento que traz elementos do electro-dance e do house.
9. “FUNK RAVE”, Anitta (2024)

O destaque principal de ‘Funk Generation’, o álbum mais recente de Anitta, é destinado a “Funk Rave” – uma peça musical que, sem sombra de dúvida, é uma das melhores incursões da carreira de Anitta pela ousadia com a qual trabalha uma sucessão de estilos diferentes que convergem para um inebriante coquetel de synth-funk, funk 150-BPM e funk-trap cujo único crime é durar apenas dois minutos e meio.

8. “CALMA”, Marisa Monte (2021)

Marisa Monte, uma das musas do MPB e um dos nomes mais conhecidos do cenário fonográfico nacional, fez um glorioso retorno em 2021 com o lançamento de “Com Calma”, música que se apoia na bossa-nova e flerta com as composições mais densas do samba para falar sobre a pressa da vida e ser guiada pelo som dos violinos, do piano e do saxofone.
7. “TERCEIRA”, Lívia Nolla (2020)

Em “Terceira”, Lívia Nolla volta ao período transitório entre os anos 1990 e 2000 e absorve a estética única de Fiona Apple para uma tríptica narrativa; os solos da guitarra são inspirados pela rebeldia nostálgica de Cássia Eller e Rita Lee – mas o que mais nos rouba a atenção é a montanha-russa e as inversões ousadas a que a cantora e compositora se propõe a nos entregar.
6. “LOCADORA PT. II”, Jão (2024)

Meses depois de ter lançado o ótimo ‘Super’, Jão anunciou uma aguardada versão deluxe com nada menos que oito faixas inéditas – uma delas, “Locadora Pt. II”, funcionando como extensão de uma das tracks presentes no álbum original. E a faixa, movida por vocais cristalinos e por uma exuberante produção musical que é marcada pelo baixo, pela bateria e por trompetes, é orquestral e deliciosamente anacrônica do começo ao fim, superando a versão original e merecendo o lugar na nossa lista.
5. “PENHASCO.”, Luísa Sonza (2021)

Em “penhasco.”, Luísa Sonza revela as mágoas que ainda carrega e utiliza a própria música em um exercício metapoético, entendendo o motivo de ter se machucado em versos consecutivos como “eu tive que desaprender a gostar tanto de você” e “sabe que se chamar eu vou”. A progressão, teatral para alguns e evocativa para outros, é movida pela transição potente do piano à percussão, arrancando os melhores vocais de Sonza em uma explosão sentimental.
4. “CORRE O MUNDA”, Adriana Calcanhotto (2020)

“Corre o Munda” é o desfecho perfeito e necessário para uma obra do calibre de ‘Só’, mais recente lançamento de Adriana Calcanhotto. Perscrutada com um solilóquio romântico e que faz alusões a Fernando Pessoa sobre Coimbra, cidade portuguesa para a qual retornaria antes da pandemia, a cantora discorre sobre o caudaloso rio Mondego e sua vivência naquele país europeu.
3. “BEND THE KNEE, Bruno Martini feat. IZA & Timbaland” (2020)

Enquanto “Bend the Knee” passou longe de ganhar um marketing digno do que representa para o cenário musical brasileiro, a canção merece estar no nosso Top 10. O conhecido Timbaland se reuniu com dois nomes nacionais, Bruno Martini e a sempre incrível IZA, para uma incursão electro-disco regada a sintetizadores e um refrão viciante.
2. “4 DA MANHÃ EM SALVADOR”, Baco Exu do Blues (2022)

Baco Exu do Blues se envolveu na própria reflexão com ‘QVVJFA?’, lançado em fevereiro deste ano com uma fusão de inúmeros estilos musicais. Aqui, a faixa “4 da manhã em Salvador” fecha esse arco introspectivo e adota um teor mais biográfico, consagrando-se como a canção mais latinizada do álbum (com a presença inesperada do violão) e uma narrativa de superação que denuncia a opressão sistêmica dos não privilegiados.
1. “BABY 95”, Liniker (2021)

Liniker, um dos mais importantes nomes do cenário fonográfico brasileiro, não deixaria seus fãs de mãos abanando e, algumas semanas atrás, lançou a delicada balada “Baby 95”. Estendendo suas ramificações para a simplicidade sonora dos anos 1980, marcada pelo piano e pela ecoante bateria, a artista fala sobre o enlace romântico entre duas pessoas e até mesmo se deixa levar pelas incursões da bossa-nova.