Assim como 2021 se provou um ótimo ano para os filmes, também se mostrou bastante prolífico em relação ao cenário fonográfico – e presenteou os fãs com algumas músicas maravilhosas e comebacks aguardadíssimos.
Depois de passarmos pelos melhores álbuns, chegou o momento de separar as 25 melhores canções do ano que, mesmo não tendo dominado as playlists, definitivamente não deixaram de aparecer na nossa lista – desde o aplaudido retorno de Adele e da banda The Pretty Reckless até a magnum opus de Halsey e a estreia solo de Liniker.
Confira abaixo nossas escolhas e conte para nós qual foi a sua música favorita:
21. “ARCADIA”, Lana Del Rey
Em ‘Blue Banisters’, Lana Del Rey desbrava um terreno cinemático e profundamente dramático – e a representação máxima desse respaldo vem com “Arcadia”, cuja carga sentimental transborda em uma teatralidade invejável e que, dentro do que se propõe a fazer, nem ao menos tangencia a imodéstia; marcada por versos como “meu corpo é um mapa de Los Angeles” e “não posso dormir em casa esta noite, me mande para o Hotel Hilton”, Del Rey continua a degustar as próprias metáforas através de uma elegância atemporal que atravessa gerações.
20. “LIKE I USED TO”, Sharon van Etten, Angel Olsen
Antes de se envolver com a engenharia sonora de diversas obras de Dia das Bruxas, John Congleton já havia liderado a banda Paper Chase e se envolvido com as incursões do rock alternativo. Em 2021, ele voltou com uma estonteante colaboração country-rock com Sharon Van Etten e Angel Olsen, “Like I Used To”, cujas melodias dramáticas refletem a competência e a química compartilhada pelas duas cantoras.
19. “IT’S DE-LOVELY“, Lady Gaga, Tony Bennett
Adotada com respeito aplaudível pelo legado de Cole Porter, a versão de Lady Gaga e Tony Bennett para “It’s De-Lovely” é marcada pelo impacto de vocais tão diferentes entre si que, contrariando todas as expectativas, se complementam em uma deliciosa explosão sensorial. É notável como a dupla demonstra estar se divertindo, quebrando as barreiras engessadas da música e conversando um com o outro em meio aos neologismos “de-lightful, de-licious, de-lirious, de-lovely” e ao nostálgico som do trompete e do baixo.
18. “KIDS ON WHIZZ”, Alok, Everyone You Know
Alok é um dos nomes mais importantes não só da música brasileira, mas também da eletrônica mundial – e, neste prolífico ano, lançou inúmeras canções, incluindo a instigante “Kids on Whizz” em fevereiro de 2021. O electro-dark, que conta com a colaboração do ato Everyone You Know, gira em torno de uma narrativa centrada nas pistas de dança e em um complicado relacionamento que traz elementos do electro-dance e do house.
17. “MIRROR”, Sigrid
Uma das músicas mais alto-astral de 2021 é “Mirror”, de Sigrid. A artista norueguesa fez sua estreia em 2017 com o EP ‘Don’t Kill My Vibe’ e, quatro anos mais tarde, se afastou do pop mainstream para se jogar de cabeça no house e no nu-disco da faixa supracitada. A sólida e dançante atmosfera é regada por versos de empoderamento e de liberdade, como visto em “eu amo quem eu vejo olhando para mim no espelho”.
16. “PLEASE”, Jessie Ware
Pouco tempo depois de fazer um estrondo com ‘What’s Your Pleasure?’, Jessie Ware resolveu revisitar um dos melhores álbuns de sua carreira com uma versão estendida e, com isso, lançar mais algumas faixas para os fãs. E foi então que nasceu “Please”, uma vibrante infusão de nu-disco, EDM e hi-NRG que não demorou muito para cair no gosto dos ouvintes e ser exaltada por sua franca composição.
15. “OXYTOCIN”, Billie Eilish
“Oxytocin”, facilmente a entrada mais surpreendente do incrível ‘Happier Than Ever’, é uma viagem críptica e narcótica meticulosamente arquitetada por Billie Eilish, mimetizando e sintetizando o trance em algo único e que é pouco encontrado no cenário mainstream da atualidade. O sugestivo título não esconde nada por trás dos cruciantes versos que denotam um retardatário controle da liberdade feminina e que não pensam duas vezes antes de “cutucar” um tradicionalismo condenável.
14. “DOWN”, St. Vincent
Dona do melhor álbum do ano, ‘Daddy’s Home’, St. Vincent voltou a provar que é uma das artistas mais incríveis e subestimadas da indústria fonográfica. Na obra, a cantora e compositora demonstra uma afeição pelo desconforto, traduzida com esmero no minimalismo pop-funk de “Down”, que resgata os elementos até mesmo do new wave de Seal (proeminente nos anos 1990). Nessa faixa, a rendição sensual é apenas um artifício mascarado para as reais intenções da cantora: uma vendeta pessoal contra aqueles que lhe fizeram mal.
13. “KISS ME MORE”, Doja Cat, SZA
Doja Cat provou ser uma powerhouse completa com sua estreia no mundo da música, bem como sua participação na trilha sonora de ‘Aves de Rapina’ – e, agora, com o lançamento do disco ‘Planet Her’, mostrou que não tem medo de se arriscar. O lead single “Kiss Me More” resume toda a estética promovida pela artista e, performando ao lado de SZA, gerou uma canção nostálgica, original e guiada pelos melhores elementos do R&B, do pop e do dance-pop (além de prestar homenagem à lendária Olivia Newton-John).
12. “STONED AT THE NAIL SALON”, Lorde
Apesar das boas intenções, ‘Solar Power’, terceiro álbum da artista neozelandesa Lorde, não conseguiu cumprir com as expectativas – mas isso não quer dizer que a produção não gerou algumas faixas muito bem construídas. Retomando seu apreço pela sinestesia, “Stoned at the Nail Salon”, lançada como segunda track promocional do disco, consagrou-se como uma balada incrível e emocionante, puxando referências até mesmo da colega Lana Del Rey.
11. “WITCHES BURN”, The Pretty Reckless
A tríptica viagem oitentista de “Witches Burn”, um dos ápices do álbum ‘Death By Rock and Roll’, se guia pelos vocais de Taylor Momsen e pela restrição da guitarra e do baixo ao atmosférico segundo plano. Na trama, a cantora vive uma mulher sem escrúpulos e que não será diminuída pelas outras pessoas e que tem um poder destrutivo cataclísmico – refletido por um abrangente e bem estruturado alcance vocal.
10. “LIGHTHOUSE”, Birdy
O erro de Birdy no recente álbum ‘Young Heart’ foi se deixar levar pela extensa melancolia das músicas, o que o tornou relativamente repetitivo. Mas isso não significa que a artista não conseguiu nos entregar algumas das melhores faixas de 2021, como foi o caso de “Lighthouse”, uma repaginação country e bluegrass memorável pela presença fantástica dos violinos.
9. “ODISEA”, KAROL G, Ozuna
Aproveitando o hype do reggaeton que dominou as paradas do mundo, Karol G e Ozuna divulgaram a romântica epopeia “Odisea” – que gerou certa controvérsia desnecessária por parte de pessoas que não compreenderam a metáfora utilizada. De qualquer forma, o sensual escopo nos convida para a pista de dança, celebrando a química entre os dois cantores e a própria cultura colombiana.
8. “WE DON’T TALK ABOUT BRUNO”, Vários Artistas
‘Encanto’, a nova animação da Walt Disney Studios, se tornou uma das produções mais vibrantes e incríveis do estúdio – e o musical veio acompanhado de uma trilha sonora simplesmente inenarrável. Contemporânea, envolvente e dançante, uma das faixas mais bem estruturadas é “We Don’t Talk About Bruno”, que introduz a cúmbia à Casa Mouse e a funde com incursõs do pop latino – aumentando a necessária representatividade tão importante nos dias de hoje.
7. “HAPPY LONER”, MARINA
MARINA lançou um dos melhores álbuns deste ano e, pouco depois, anunciou que estava preparando uma versão deluxe que deixou todos animados. Como se não bastasse, também divulgou uma das faixas extras, intitulada “Happy Loner”. Chegando às plataformas de streaming no começo de dezembro, a belíssima e sutil canção é uma amálgama de suas obras anteriores, principalmente de ‘Electra Heart’, enquanto investe cautela máxima em um piano emocionante e versos que beiram a universalidade temática.
6. “HIGHLY EMOTIONAL PEOPLE”, MARINA
Em ‘Ancient Dreams in a Modern Land’, MARINA faz um glorioso retorno aos estilos sobressalentes que a colocaram no centro dos holofotes e, apesar das mensagens das primeiras faixas, reencontra seu caminho com a singela balada “Highly Emotional People”, uma ode à melancolia calcada por Del Rey e um jeito elegante de explorar o fator X que nos torna humanos.
5. “HAVE MERCY”, Chlöe
Depois de ter lançado um dos melhores álbuns do ano passado ao lado da irmã, Chlöe Bailey adotou um nome único e se inspirou na lendária Beyoncé para lançar seu primeiro single solo, “Have Mercy”. A vibrante infusão entre hip hop, R&B e trip-hop, pincelado com algumas incursões breves no club-pop, mergulha em uma narrativa regada ao apelo sexual que reflete um lado mais sedutor e mais indesculpável da cantora – algo que conquistou seus fãs automaticamente e a colocou em um patamar merecido e que ainda irá colher inúmeros frutos.
4. “STRANGERS BY NATURE”, Adele
Na abertura de seu mais recente álbum, ’30’, a icônica Adele apresenta “Strangers By Nature”, que marca uma inesperada colaboração com o vencedor do Oscar Ludwig Göransson (‘Rocky’, ‘Pantera Negra’) que demonstra uma paixão pela teatralidade. O verso “eu nunca vi o céu com esta cor antes” e a impactante presença de múltiplas camadas e de sintetizadores prestam a melhor das homenagens a Judy Garland e a Barbra Streisand, em uma ode musical que grita no próprio silêncio.
3. “BABY 95”, Liniker
Liniker, um dos mais importantes nomes do cenário fonográfico brasileiro, não deixaria seus fãs de mãos abanando e, algumas semanas atrás, lançou a delicada balada “Baby 95”. Estendendo suas ramificações para a simplicidade sonora dos anos 1980, marcada pelo piano e pela ecoante bateria, a artista fala sobre o enlace romântico entre duas pessoas e até mesmo se deixa levar pelas incursões da bossa-nova.
2. “THE TRADITION”, Halsey
Em 2021, Halsey entregou o que apenas podemos considerar como o melhor álbum de sua carreira, ‘If I Can’t Have Love, I Want Power’. Analisando as dicotomias da sociedade, as “alegrias e os horrores da gravidez e da maternidade”, “a separação entre a Madona e a Prostituta”, surgiu a incrível e irretocável faixa “The Tradition”, que abre essa jornada conceitual e cuja pungente narrativa é acompanhada de um afiado e épico refrão, guiado pelo mote “peça perdão, nunca permissão” – um início digno de um disco esplêndido.
1. “DESTROYER”, Of Monsters and Men
Dois anos depois do incrível ‘FEVER DREAM’, a banda de rock islandesa Of Monsters and Men começou a trabalhar no próximo compilado de originais – mas não foi até o lançamento do segundo single oficial que o grupo nos deixou bastante animados para o que estava por vir.
Em “Destroyer”, canção lançada sem muito apoio promocional e acompanhada apenas de um bem articulado lyric video, os vocalistas Nanna Bryndís Hilmarsdóttir e Ragnar Þórhallsson calcam uma jornada bastante simbólica, recheada de elementos que ressoam a produção anteriores, mas que se jogam de cabeça no chamber rock e na progressão explosiva de uma narrativa sobre não ter medo de enfrentar seus medos, por mais que caiamos várias vezes.