segunda-feira , 23 dezembro , 2024

As Bond Girls que não ficaram limitadas à um filme na saga 007

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Interesses românticos do agente simbolizam bem a natureza episódica da série, porém algumas delas não ficaram limitadas a um único filme

A franquia 007 é carregada de elementos icônicos em todos os aspectos: do elenco liderado um ator interpretando um James Bond a cada geração até aspectos técnicos como a tradicional cena de abertura de 007 disparando contra o público por meio da visão da arma. Gadgets extravagantes (apresentados apartir de Goldfinger); músicas de abertura icônicas desde o primeiro filme; vilões inesquecíveis e as Bond Girls.



A grande característica de Bond, dentre todas, talvez seja o erotismo discreto toda vez que ele se relaciona com algum personagem do sexo oposto. Ainda que nos livros ele tivesse comportamentos negativos para contrabalançar essa tendência, os filmes a partir de 1962 afastaram o problema evidente do personagem com o álcool e escolheram pela potencialização da sensualidade.

Com isso, a franquia 007 se tornou uma das primeiras a lidar com o tema da sexualidade de maneira escancarada com o grande público. Consequentemente Bond colecionou ao longo das décadas um número considerável de pares românticos que compartilharam de suas aventuras.

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Ainda que possuindo elementos que não envelheceram bem, a franquia foi pioneira na representação do sexo no cinema

Mesmo com o foco sendo sempre o protagonista, as popularmente chamadas Bond Girls indicavam, sob certo ponto de vista, como as personagens femininas eram retratadas no cinema, dependendo da década em que determinado filme foi lançado. Outro elemento a se ressaltar das Bond Girls é a representação glamourosa de todas, algo presente desde a cena que introduziu a personagem de Ursula Andress em Satânico Dr. No.

Mesmo que muitas delas fossem representadas por atrizes desconhecidas, eventualmente a escolha para o papel se tornou mais seletiva, no qual foram sendo priorizadas atrizes que tivessem um trabalho prévio conhecido no cinema ou em qualquer outra área. No entanto, por mais que o título de Bond Girl seja um pilar da franquia, ele ainda sofre com a essência narrativa da mesma.

Tradicionalmente a série 007 sempre possuiu uma natureza episódica, no qual os filmes não eram essencialmente ligados uns aos outros e funcionavam como histórias fechadas. Pode-se dizer que o único elo que ligava determinados filmes uns aos outros era o retorno do ator que, por ventura, estava interpretando James Bond naquela década em específico.

Ursula Andress se tornou um dos símbolos da revolução sexual do cinema nos anos 60

Por muito tempo a estratégia funcionou pelo motivo mencionado; um público ocasional que só viesse a ter acesso à uma aventura de 007 pela televisão ou VHS (isso mais para frente) poderia aproveitar o espetáculo sem ficar perdido em referências à aventuras anteriores. 

O porém foi que a ausência de uma linearidade geral sempre impediu o personagem de evoluir; logo, não importava se o agente passasse por um arco narrativo complexo em um capítulo pois a natureza episódica da franquia sempre tendia a restabelecer os status quo ao início de cada produção. Isso ocorria com James Bond e também com as coadjuvantes femininas.

Uma troca de Bond Girl se tornou esperada entre uma produção e outra, troca essa que não contava com, pelo menos, a continuidade de uma atriz para o papel da mesma forma que acontecia com James Bond. Pouco importava o quão icônica era a introdução de uma co-heroína ou que ações ela desempenhava na trama, às vezes até como uma femme fatale (em Goldeneye, por exemplo), ela sempre desaparecia para jamais voltar ao final de uma aventura.

Famke Jansen como a inesquecível femme fatalle de “GoldenEye”

Porém, como toda regra tem uma exceção com as Bond Girls não é diferente. Ainda que a vasta maioria delas entre 1962 e 2015 sejam momentos fugazes na vida do famoso espião britânico, algumas conseguiram causar um impacto a longo prazo na franquia. O exemplo mais recente é a personagem Madeleine, interpretada por Lea Seydoux, que debutou em Spectre e vai voltar em Sem Tempo para Morrer.

  • Sylvia Trench (Eunice Gayson)

Simplesmente a primeira Bond Girl da cinessérie, ou pelo menos desde que os filmes passaram a ser produzidos pela dupla Broccoli e Saltzman, cuja estreia foi em 1962. Não é incomum ela ser esquecida, quando se fala dessa obra em particular, em prol da personagem Honey Ryder (Ursula Andress) que possui um tempo de tela muito maior.

A Bond Girl original (mesmo que por poucos minutos)

O que torna Sylvia diferente de Honey é que, por mais iconica que a segunda seja para a franquia, ela foi esquecida após Satânico Dr. No. O exato oposto de Sylvia que retorna para uma ponta, mesmo que breve, na sequência Moscou contra 007

Ainda que ela continue sem maior atenção essa segunda aparição demonstra uma vontade inicial dos responsáveis em realizar uma continuação direta; não só prosseguindo com a vingança da S.P.E.C.T.R.E à 007 após a morte do Dr. No como também dando um prosseguimento ao relacionamento dele com Sylvia.

  • Teresa di Vicenzo (Diana Rigg)

Um dos capítulos mais curiosos da franquia é, sem dúvidas, A Serviço Secreto de sua Majestade lançado em 1969. O primeiro filme pós Sean Connery trouxe George Lazenby pela primeira, bem como ultima vez para dar vida a James Bond. Além dele a presença da personagem Teresa di Vicenzo também é um fator que torna o filme singular.

Mesmo não tendo a fama de Honey ou Pussy, Teresa ainda é a Bond Girl mais importante, para a saga, de todos os tempos

Esse foi o primeiro filme em que Bond se apaixona e que apresentou uma Bond Girl que não se apoiava exclusivamente na sensualidade. Teresa é uma parte integrante do enredo e uma aliada importante de Bond, salvando-o mais de uma vez e auxiliando-o em encontrar o vilão Blofeld. 

Além disso tudo, a interpretação concedida por Diana Rigg (uma atriz oriunda do teatro) conferiu à personagem a aura trágica necessária para o final entregue; esta que é a melhor conclusão de uma produção envolvendo 007. Teresa seria mencionada em filmes posteriores como a primeira e única esposa de Bond: uma vez na fase Roger Moore e outra na de Timothy Dalton.

Se tem algo que a Era Craig trouxe para essas produções foi um aguardado senso de continuidade entre os títulos estrelando o ator britânico. Começando por Cassino Royale o público acompanhou a primeira missão de Bond como um agente “00” bem como a primeira aparição de Vesper.

Nome conhecido dos romances de Ian Fleming, Vesper é introduzida como uma enviada do tesouro britânico para monitorar o financiamento concedido à Bond para uma missão. Seguindo um caminho de mostrar um 007 mais humano, tanto ele quanto Vesper se apaixonam e planejam permanecer juntos, porém a relação termina tragicamente. É a morte da coadjuvante que funciona como uma força motriz para James na obra seguinte, Quantum of Solace, e eventualmente é referenciada em Spectre.  

 

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A franquia 007 é carregada de elementos icônicos em todos os aspectos: do elenco liderado um ator interpretando um James Bond a cada geração até aspectos técnicos como a tradicional cena de abertura de 007 disparando contra o público por meio da visão da arma. Gadgets extravagantes (apresentados apartir de Goldfinger); músicas de abertura icônicas desde o primeiro filme; vilões inesquecíveis e as Bond Girls.

A grande característica de Bond, dentre todas, talvez seja o erotismo discreto toda vez que ele se relaciona com algum personagem do sexo oposto. Ainda que nos livros ele tivesse comportamentos negativos para contrabalançar essa tendência, os filmes a partir de 1962 afastaram o problema evidente do personagem com o álcool e escolheram pela potencialização da sensualidade.

Com isso, a franquia 007 se tornou uma das primeiras a lidar com o tema da sexualidade de maneira escancarada com o grande público. Consequentemente Bond colecionou ao longo das décadas um número considerável de pares românticos que compartilharam de suas aventuras.

Ainda que possuindo elementos que não envelheceram bem, a franquia foi pioneira na representação do sexo no cinema

Mesmo com o foco sendo sempre o protagonista, as popularmente chamadas Bond Girls indicavam, sob certo ponto de vista, como as personagens femininas eram retratadas no cinema, dependendo da década em que determinado filme foi lançado. Outro elemento a se ressaltar das Bond Girls é a representação glamourosa de todas, algo presente desde a cena que introduziu a personagem de Ursula Andress em Satânico Dr. No.

Mesmo que muitas delas fossem representadas por atrizes desconhecidas, eventualmente a escolha para o papel se tornou mais seletiva, no qual foram sendo priorizadas atrizes que tivessem um trabalho prévio conhecido no cinema ou em qualquer outra área. No entanto, por mais que o título de Bond Girl seja um pilar da franquia, ele ainda sofre com a essência narrativa da mesma.

Tradicionalmente a série 007 sempre possuiu uma natureza episódica, no qual os filmes não eram essencialmente ligados uns aos outros e funcionavam como histórias fechadas. Pode-se dizer que o único elo que ligava determinados filmes uns aos outros era o retorno do ator que, por ventura, estava interpretando James Bond naquela década em específico.

Ursula Andress se tornou um dos símbolos da revolução sexual do cinema nos anos 60

Por muito tempo a estratégia funcionou pelo motivo mencionado; um público ocasional que só viesse a ter acesso à uma aventura de 007 pela televisão ou VHS (isso mais para frente) poderia aproveitar o espetáculo sem ficar perdido em referências à aventuras anteriores. 

O porém foi que a ausência de uma linearidade geral sempre impediu o personagem de evoluir; logo, não importava se o agente passasse por um arco narrativo complexo em um capítulo pois a natureza episódica da franquia sempre tendia a restabelecer os status quo ao início de cada produção. Isso ocorria com James Bond e também com as coadjuvantes femininas.

Uma troca de Bond Girl se tornou esperada entre uma produção e outra, troca essa que não contava com, pelo menos, a continuidade de uma atriz para o papel da mesma forma que acontecia com James Bond. Pouco importava o quão icônica era a introdução de uma co-heroína ou que ações ela desempenhava na trama, às vezes até como uma femme fatale (em Goldeneye, por exemplo), ela sempre desaparecia para jamais voltar ao final de uma aventura.

Famke Jansen como a inesquecível femme fatalle de “GoldenEye”

Porém, como toda regra tem uma exceção com as Bond Girls não é diferente. Ainda que a vasta maioria delas entre 1962 e 2015 sejam momentos fugazes na vida do famoso espião britânico, algumas conseguiram causar um impacto a longo prazo na franquia. O exemplo mais recente é a personagem Madeleine, interpretada por Lea Seydoux, que debutou em Spectre e vai voltar em Sem Tempo para Morrer.

  • Sylvia Trench (Eunice Gayson)

Simplesmente a primeira Bond Girl da cinessérie, ou pelo menos desde que os filmes passaram a ser produzidos pela dupla Broccoli e Saltzman, cuja estreia foi em 1962. Não é incomum ela ser esquecida, quando se fala dessa obra em particular, em prol da personagem Honey Ryder (Ursula Andress) que possui um tempo de tela muito maior.

A Bond Girl original (mesmo que por poucos minutos)

O que torna Sylvia diferente de Honey é que, por mais iconica que a segunda seja para a franquia, ela foi esquecida após Satânico Dr. No. O exato oposto de Sylvia que retorna para uma ponta, mesmo que breve, na sequência Moscou contra 007

Ainda que ela continue sem maior atenção essa segunda aparição demonstra uma vontade inicial dos responsáveis em realizar uma continuação direta; não só prosseguindo com a vingança da S.P.E.C.T.R.E à 007 após a morte do Dr. No como também dando um prosseguimento ao relacionamento dele com Sylvia.

  • Teresa di Vicenzo (Diana Rigg)

Um dos capítulos mais curiosos da franquia é, sem dúvidas, A Serviço Secreto de sua Majestade lançado em 1969. O primeiro filme pós Sean Connery trouxe George Lazenby pela primeira, bem como ultima vez para dar vida a James Bond. Além dele a presença da personagem Teresa di Vicenzo também é um fator que torna o filme singular.

Mesmo não tendo a fama de Honey ou Pussy, Teresa ainda é a Bond Girl mais importante, para a saga, de todos os tempos

Esse foi o primeiro filme em que Bond se apaixona e que apresentou uma Bond Girl que não se apoiava exclusivamente na sensualidade. Teresa é uma parte integrante do enredo e uma aliada importante de Bond, salvando-o mais de uma vez e auxiliando-o em encontrar o vilão Blofeld. 

Além disso tudo, a interpretação concedida por Diana Rigg (uma atriz oriunda do teatro) conferiu à personagem a aura trágica necessária para o final entregue; esta que é a melhor conclusão de uma produção envolvendo 007. Teresa seria mencionada em filmes posteriores como a primeira e única esposa de Bond: uma vez na fase Roger Moore e outra na de Timothy Dalton.

Se tem algo que a Era Craig trouxe para essas produções foi um aguardado senso de continuidade entre os títulos estrelando o ator britânico. Começando por Cassino Royale o público acompanhou a primeira missão de Bond como um agente “00” bem como a primeira aparição de Vesper.

Nome conhecido dos romances de Ian Fleming, Vesper é introduzida como uma enviada do tesouro britânico para monitorar o financiamento concedido à Bond para uma missão. Seguindo um caminho de mostrar um 007 mais humano, tanto ele quanto Vesper se apaixonam e planejam permanecer juntos, porém a relação termina tragicamente. É a morte da coadjuvante que funciona como uma força motriz para James na obra seguinte, Quantum of Solace, e eventualmente é referenciada em Spectre.  

 

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