Ah, os anos 80! Só quem viveu sabe. A época mais que especial continua bastante viva na cultura popular. Hoje, diversos canais de Youtube (a TV moderna) são especializados em nostalgia desta década marcante, seja no Brasil ou internacionalmente, como nos EUA. Fora isso, é claro, diversos produtos da época cismam em querer voltar, através de continuações, reboots e remakes de filmes, séries e desenhos do período. Além, é claro, de intermináveis homenagens, sendo o programa Stranger Things, da Netflix, uma das mais populares da atualidade.
Pensando nisso, resolvemos voltar justamente para os anos 80, e relembrar das franquias cinematográficas que mais fizeram parte do período – seja devido a suas intermináveis sequências, sucesso monstruoso de seu marketing e peças de merchandising, ou abrangência para outras mídias (como cartoons, por exemplo). Confira abaixo.
Star Wars
Falar do domínio mundial de Star Wars – ou Guerra nas Estrelas para os íntimos – é chover no molhado. Porém, muito antes de se tornar propriedade da Disney e da Disney Plus, a franquia da Galáxia muito, muito distante já era uma febre entre os jovens da década de 80. Tudo bem, o filme original é de 1977, e logo no ano seguinte inclusive foi lançado o infame “especial de natal”. No entanto, Foi quando O Império Contra-Ataca (1980) estreou nos cinemas e tivemos a confirmação de uma trilogia que tudo atingiu novos níveis de histeria em massa.
Sim, a trilogia foi “concluída” em 1983, com O Retorno de Jedi. Mas não parava por aí. Logo no ano seguinte, em 1984, o próprio criador George Lucas produzia Caravana da Coragem, um filme passado no mesmo universo, protagonizado pelos ursinhos Ewoks, na época muito adorados. Esse filme chegou a receber uma continuação em 1985, intitulada Batalha de Endor. Acha que acabou? Os mesmos ursinhos se tornaram protagonistas de um desenho animado, que durou de 1985 a 1987, e fez a alegria de crianças da geração. Mas não parou por aí, e os robozinhos mais famosos do cinema, C3PO e R2D2 também viravam animação em uma série de desenhos com Droids, que durou de 1985 a 1986. Isso que é uma verdadeira febre.
Indiana Jones
Por falar em George Lucas, o cineasta estava no topo do mundo na época, sendo responsável por duas das franquias mais bem sucedidas dos anos 80. Além de Star Wars, Lucas também foi o produtor e criador de Indiana Jones, que entregou para o amigo Steven Spielberg dirigir. Tudo começou com Os Caçadores da Arca Perdida (1981), e o longa se tornou tão famoso e prestigiado (com direito inclusive a uma indicação de melhor filme no Oscar), que gerou duas continuações, reinando absoluto na década. Vieram O Templo da Perdição (1984) e A Última Cruzada (1989). Agora só nos resta esperar pelo quinto episódio das aventuras do arqueólogo mais famoso do cinema, que já tem Phoebe Waller-Bridge e Mads Mikkelsen confirmados no elenco, além do próprio Harrison Ford. Esse será o primeiro filme sem direção de Spielberg, que passa o comando para James Mangold (Logan). A estreia é em 2022.
Rambo
Pode não parecer tanto, mas as franquias Rambo e Indiana Jones possuem muito em comum. Primeiro, ambas reinaram na década de 80 com trilogias e só existiram por lá. Isso é, até a chegada de 2008, ano em que ambas lançaram suas quartas aventuras com os heróis, digamos, mais maduros. Quando falamos em quintos filmes, porém, Rambo saiu na frente e lançou Rambo – Até o Fim em 2019, enquanto a quinta aventura de Indy sai só ano que vem. Sylvester Stallone tirou a sorte grande ao protagonizar um livro que servia de crítica anti-guerra, e decidir não matar o protagonista, como na obra original. Rambo – Programado para Matar (1982) fez bastante sucesso e gerou uma continuação. Mas nada prepararia o ator ou o mundo para a chamada “Rambomania” que seria instaurada a partir de 1985, com o lançamento de Rambo II – A Missão.
Fenômeno de bilheteria, o personagem se tornava ícone da cultura pop e garoto propaganda da era Ronald Regan. Para termos uma ideia, Rambo virava inclusive desenho animado no ano seguinte, com Rambo – A Força da Liberdade. Além disso, vieram bonecos, lancheiras e todo tipo de merchandising. No Brasil, o saudoso Gugu Liberato comandava o concurso do Rambo brasileiro nos sábados à noite em seu programa Viva a Noite. Uma terceira parte era inevitável, e ela chegaria em 1988, com Rambo III.
Karatê Kid
Muitos fãs descobriram a franquia Karate Kid graças ao sucesso atual da série Cobra Kai, uma muito bem-vinda homenagem ao clássico dos anos 80, sua mitologia e à época em si. Voltando para 1984, Karate Kid – A Hora da Verdade era um coming of age diferente, falava sobre bullying, numa época em que tais questões não eram amplamente discutidas, e pegava carona na febre que eram as lutas marciais na época. O sucesso foi tanto que uma continuação era lançada dois anos depois, levando os personagens para o Japão. Três anos depois e quem conseguiria dizer não para o rio de dinheiro que entrava, mesmo no fundo sabendo que já deviam ter parado? Assim, um terceiro filme, repetindo muito os feitos do original, tirava mais alguns caminhões de dinheiro do nosso bolso. Assim como Rambo, embora não tão violento assim, Karate Kid virou bonecos de ação para a garotada e um desenho animado, que estreava na mesma época do lançamento do terceiro filme.
Loucademia de Polícia
Esquecida atualmente, a franquia de comédia Loucademia de Polícia era simplesmente a mais famosa e bem sucedida dos anos 80. Volumosa, a série cinematográfica lançou praticamente um filme por ano desde sua estreia em 1984, e ajudou muitos estrangeiros a aprenderem a falar inglês. É inegável também que o primeiro filme é o “mais sacana”, com diversas piadinhas sujas e miradas aos mais velhos, e que com o passar dos anos os filmes foram ficando cada vez mais bobinhos, mirados aos fãs de “Chaves” – os produtores devem ter percebido quem era seu público-alvo de verdade e decidido “pegar leve” nos temas picantes.
Assim, Loucademia de Polícia lançava: A Primeira Missão (1985), De Volta ao Treinamento (1986) e O Cidadão se Defende (1987) – todos protagonizados por Steve Guttenberg. Após a saída do ator, a franquia não quis saber de parar e seguiu com: Missão Miami Beach (1988) e Cidade em Estado de Sítio (1989). Na década seguinte, Loucademia de Polícia ainda estreou mais um filme e uma série de TV live action. Antes disso, ainda nos anos 80, é claro que os policiais atrapalhados viraram desenho animado, num programa que durou de 1988 a 1989.
Os Caça-Fantasmas
Todos os itens da matéria até agora ganharam várias continuações no cinema. Mas aqui, temos um caso raro, de filme que se tornou fenômeno logo com seu primeiro exemplar e rendeu apenas uma única continuação… até o momento. Muitos filmes faziam sucesso nos anos 80, mas quando falamos de Os Caça-Fantasmas, estamos falando de um verdadeiro fenômeno. Lançado em 1984, a obra é lembrada com enorme carinho até hoje. A prova disso é que segue constantemente homenageada, como na segunda temporada de Stranger Things, por exemplo. Dois anos depois do filme, os personagens se tornavam desenho animado, num programa para a criançada que durou de 1986 a 1991. Com a série animada ainda no ar, finalmente todos concordaram em retornar para a continuação Os Caça-Fantasmas 2 (1989), fazendo a alegria das crianças dos anos 80. Em 2021, uma espécie de terceiro filme, com o elenco original, será lançado. Não falta ansiedade.
007
Um verdadeiro ícone da cultura pop, o agente secreto britânico James Bond – 007 nasceu nos livros do autor Ian Fleming no início da década de 1950. No início da década seguinte, chegava às telonas nas formas do eterno Sean Connery. Ou seja, 007 é a franquia mais duradoura da sétima arte, com quase 6 décadas de estrada, 24 filmes oficiais (2 fora do “cânone”) e mais um a caminho (com estreia programada para 2021). Sendo assim, é claro que o espião faria parte dos anos 80 também. Já nas formas de Roger Moore e sua fase galhofeira (tudo a ver com a época), o herói estrelou 3 filmes: Somente para Seus Olhos (1981), Octopussy (1983) e Na Mira dos Assassinos (1985).
Além disso, passava o manto para o mais sisudo Timothy Dalton, que fechava a década com os filmes: Marcado para a Morte (1987) e Permissão para Matar (1989). Mas calma, não para por aí. Como dito, existem filmes fora da cronologia oficial da série e um deles é estrelado pelo homem em pessoa. Sean Connery protagonizou Nunca Mais Outra Vez doze anos após sua “aposentadoria” do papel, e em 1983 ocorria um verdadeiro duelo de 007 nos cinemas. Se isso não é overdose de James Bond…
Star Trek
Antes de Marvel vs DC, os nerds já se digladiavam para ver qual franquia de ficção científica era a melhor: Star Wars ou Star Trek. Antes do universo criado por George Lucas, Jornada nas Estrelas virava um programa televisivo cult, permanecendo no ar de 1966 a 1969, e ganhando seguidores graças às constantes reprises. Em 1979, tal universo ganhava vida nas telonas, com o primeiro filme de Jornada nas Estrelas (Star Trek), protagonizado pelos mesmos atores da TV. Assim a franquia seguiu com filmes melhores nos cinemas por toda a década de 80. Foram um total de 4 filmes no período: A Ira de Khan (1982), À Procura de Spock (1984), A Volta para Casa (1986) e A Última Fronteira (1989). Fora isso, na TV, a ideia ganhava sobrevida com A Nova Geração, que trazia uma nova tripulação, e durou de 1987 a 1994.
Sexta-Feira 13
Nem só de comédia, ação e aventura são feitas as franquias que dominaram os anos 80. Na década tivemos bons exemplares de terror também, que ainda são lembrados com muito carinho pelos fãs. E se os anos 80 são a casa do cinema slasher, duas franquias são perfeitos exemplares de sucesso no subgênero. A primeira é Sexta-Feira 13, “cópia” de Halloween que podemos dizer que elevou o conceito a um novo patamar. Lançado em 1980, o primeiro Sexta-Feira 13 gerou basicamente uma continuação por ano até o fim da década. Se isso não é moral…
Foram um total de 7 filmes lançados de 1980 a 1989, com apenas os anos de 1983 e 1987 órfãos do maníaco imortal Jason e suas vítimas, os adolescentes com hormônios à flor da pele. Para tentar “tapar esse buraco” e surfando em cima da popularidade da marca e nem tanto de Jason em si, era lançada a série de Sexta-Feira 13 ainda nos anos 80. Aposto que essa nem todos sabiam. Conhecida por aqui como A Loja do Terror, o programa trazia um casal dono de uma loja de antiguidades, precisando lidar com objetos amaldiçoados. Nem sinal de Jason, melhor para eles. O programa durou de 1987 (estreando na lacuna de um ano sem filme da franquia no cinema) a 1990.
A Hora do Pesadelo
E se Sexta-Feira 13 marcou um golaço logo no início da década de 80 para o terror, encontraria um rival à altura em 1984 – quando estreava o primeiro exemplar de A Hora do Pesadelo. Freddy Krueger, o psicopata queimado que faz suas vítimas no mundo dos sonhos, surgia para se tornar um dos personagens mais populares do cinema (e não apenas do terror), virando um verdadeiro símbolo da época. Depois de sua estreia em 1984, Krueger também bateu ponto por quase toda a década, se ausentando somente em 1986. Foram quatro sequências, que perduraram para além dos anos 80.
Na época, os fãs de terror também possuíam uma rivalidade para saber qual era a melhor franquia e quem era o assassino mais sádico e “competente”. Tudo que se falava na época era Freddy versus Jason, e a dupla chegou inclusive a “protagonizar” um álbum de figurinhas para os aficionados e entusiastas. Não é o máximo um produto voltado para as crianças estampando psicopatas sanguinários? Coisas que só os anos 80 proporcionavam para nós. Ah sim, Freddy também ganhou uma série de TV. Intitulada O Terror de Freddy Krueger (Freddy’s Nightmares), o programa trazia o serial killer celebridade (ainda interpretado por Robert Englund) como apresentador do programa de antologia, e às vezes se metendo nos episódios para atormentar novas vítimas. O programa durou de 1988 a 1990.