No decorrer da história das artes, o cinema foi ganhando força e conquistando o público de todas as partes do mundo.
Do cinema, nascem os grandes ídolos: atores, diretores, roteiristas e tantos outros que ajudam a construir a opinião de cada um. Às vezes esse intuito passa dos limites e vira uma polêmica. O cinema já foi palco de inúmeros escândalos e polêmicas. Alguns trágicos, outros engraçados, mas a maioria são muito curiosos.
A seguir, deliciem-se com algumas das maiores polêmicas da história do cinema:
Igreja x Hollywood
A igreja sempre foi um alvo interessante para os diretores mais audaciosos, mas alguns filmes provocaram repercussões a mais dentro e fora da igreja. Martin Scorsese já foi alvo da ira dos religiosos e classificado como “herege”. Seu filme “A Última Tentação de Cristo“, baseado no livro de Nikos Kazantzakis, mostrava Jesus Cristo como um homem que sucumbia aos pecados humanos. Em “Agnes de Deus“, uma freira aparecia grávida dentro de um convento e no filme “O Padre“, o protagonista era um padre um pouco liberal, que frequentava boates e tinha casos sexuais, tudo abertamente. A última polêmica girou em torno do filme “A Paixão de Cristo“, de Mel Gibson, que mostrava a via cruxis de Jesus de uma maneira excessivamente violenta, além de semear pensamentos anti-semitas. Apelação? Exagero? Resultado: a polêmica só ajudou o filme, que teve uma bilheteria estrondosa no mundo todo.
Mel Gibson e Jim Caviezel no pôlemico ‘A Paixão de Cristo’
Pier Paolo Pasolini
O diretor italiano figura entre os mais polêmicos até hoje. Em seus filmes ele não poupava nada, nem ninguém. Na maioria de seus filmes usava artistas amadores, analfabetos e pobres. Em “Teorema” ele fez um anjo cair do céu e desestruturar a base de uma família burguesa. Em “O Evangelho Segundo São Matheus“, Cristo era quase um Che Guevara, um homem revolucionário que criticava a hipocrisia humana. Pouca roupa se usava no filme “120 dias de sodoma“, baseado no livro do Marquês de Sade, que tratava de bizarrices sexuais, assim como em “Pocilga“. Resultado: Pasolini foi assassinado e seu corpo foi encontrada na rua no ano de 1975.
Politicagem
A política se fez forte no cinema também. No polêmico “JKF, A Pergunta que não quer calar“, de Oliver Stone, o assassinato de John Kennedy se transforma numa conspiração política maior do que se imaginava. O especialista em filmes de cunho políticos, o diretor francês Constantin Costa-Gavras viu seu excelente filme “Z” ser alvo de polêmica e ser proibido em diversos países, inclusive aqui no Brasil. O filme criticava aspectos da ditadura e mostrava como uma rede de corrupção pode ser armada por trás da máscara da democracia. Resultado: Ambos os filmes tiveram êxito nas bilheterias. Costa-Gavras foi trabalhar em Hollywood e fez outro filme político, “O Desaparecido” e além disso, ganhou o Festival de Cannes e dois Oscar.
Moralismo
Muitos filmes também mexeram com o imenso moralismo dos americanos, fazendo a censura de lá ter pesadelos. Roman Polanski, que já era mau visto pela sociedade americana, sofreu censura em cima de seu filme “Lua de Fel“. Mesmo sem mostrar cenas de sexo fora do limite, o filme mostrava um casal comportado sendo corrompido moralmente e sexualmente por um casal que estava decadente, diferente do diretor Bernardo Bertolucci que usou cenas de sexo ousadas pra época em “O Último Tango em Paris“, filme com Marlon Brandon, onde dois estranhos tinham uma ardente relação amorosa. Como se não bastasse, Bertolucci ainda fez “La Luna“, onde uma mãe e seu filho tinham um tórrido caso amoroso. E o que dizer da cruzada de pernas fatal de Sharon Stone em “Instinto Selvagem“? Além de ter 42 segundos cortados pela censura, o filme sofreu protestos por parte da comunidade homossexual americana. Outro polêmico foi “Calígula“, dirigido por Tinto Brass, e produzido pelo dono da revista Pentlehouse, a revista de sexo mais famosa da época. O filme mostrava as perversões do império romano sem nenhum pudor e chocou a todos na época em que foi lançado. Resultado: a polêmica só ajudou a aumentar a fama dos filmes e dos envolvidos. De todos os citados, a mais beneficiada foi Sharon Stone, que virou estrela internacional.
Sharon Stone na sequência do sexy ‘Instinto Selvagem’
Violência e Medo
A violência já foi, e ainda é, tema de inúmeros filmes. Só que em alguns, o tema foi tratado de maneira excessiva. Muita gente se arrepiou com uma cena de estupro no filme “Sob o domínio do medo“, de Sam Perckinpan. Aqui no Brasil, um rapaz entrou num cinema e atirou contra várias pessoas numa seção do filme “Clube da Luta“, de David Fincher. O filme mostra lados obscuros dos seres humanos de maneira bem original, além de tratar de manipulação cerebral e mensagem subliminar, provocando muitas discussões. Dessa sessão, além do filme já citado “A paixão de Cristo“, a mais recente polêmica gerou em torno do filme “Irreversível“, de Gaspar Noé, contado de trás pras frente, em que violência e estupro são mostrados em dose realista. Resultado: “Irreversível” causou um “terremoto” no Festival de Cannes. Algumas pessoas passaram mau ao ver o filme e algumas foram retiradas da sala de exibição usando balão de oxigênio.
Cena do Pôlemico ‘Irreversível’, com Monica Belluci
Outros filmes polêmicos:
‘Cassiopéia‘ – essa animação brasileira é a primeira feita completamente em computador em toda a história da animação. Mas, como os recursos daqui são baixos, o filme passou despercebido até mesmo aqui, para a ira dos animadores brasileiros. Resultado: A Disney fez Toy Story e passou uma rasteira nos brasileiros. Toy Story até hoje é considerada a primeira animação feita em computador da história do cinema.
‘Pixote‘ – o filme de Hector Babenco mostrou o lado negro das grandes cidades brasileiras através de alguns personagens. Resultado: O filme chega a ser apelativo em determinados momentos, mas a polêmica ajudou ao filme e ao diretor, que ganhou mais projeção internacional.
Astros e Estrelas
Muitas estrelas de cinema já provocaram polêmicas dentro e fora das câmeras. Só relembrando o currículo de algumas delas:
Marlon Brandon – rei da polêmica. Já recusou um Oscar, fez papéis polêmicos e aparições surpresas. Em “Superman – O Filme“, de Richard Donner, exigiu um cachê escandaloso pra fazer uma pequena participação como Jor-El, pai biológico de Clark Kent. Resultado: ele conseguiu. Afinal, ele era Marlon Brandon.
Kim Basinger – gerou polêmica quando desistiu de fazer o filme “Encaixotando Helena“, de Jenifer Chambers Lynch (filha do diretor David Lynch), depois de ter um contrato assinado. Ela alegou que o filme era forte demais e as cenas de sexo eram muito ousadas. Resultado: a polêmica não ajudou a suprir a falta de talento da filha de Lynch e o filme não foi bem recebido nem pela crítica e tampouco pelo público. O papel recusado ficou com a bela atriz Sheryl Fynn e o que se viu no filme foi uma grande decepção pra quem esperava ver um filme escandaloso.
Frank Sinatra – no início da década de 50, a carreira de Sinatra estava desabando. Numa atitude desesperada, ele praticamente implorou ao diretor Fred Zinemam (seu amigo) pra inclui-lo no filme “A Um Passo da Eternidade“. A muito custo ele conseguiu o papel e trabalhou praticamente de graça. Resultado: Sinatra ofuscou o resto do elenco, ganhou o Oscar, o Globo de ouro e o prêmio de Cannes de ator coadjuvante, além de voltar ao estrelato.
Heddy Lamar – apareceu numa cena de Strip-tease muito arrojada pra época, no filme “Êxtase“. Resultado: a polêmica ajudou a carreira dela e alguns anos depois ela virou musa.
Bette Davis – a rainha da polêmica. Já largou um cargo na Academia de Hollywood depois de várias discussões com os membros, criou inimizades (a mais famosa delas era Joan Crawford), dizia o que pensava (inclusive com relação aos membros da academia) e tinha temperamento explosivo. Ela até já apareceu de vestido quadriculado no Oscar. Resultado: nenhum, Bette Davis é Bette Davis, ou você ama ou você odeia.
Esses são só alguns dos maiores exemplos dos rebuliços que o cinema pode fazer.
Matéria Por: Luiz Antonio R.