As continuações de filmes de sucesso sempre fizeram parte do repertório de Hollywood e do cinema em geral pelo mundo, até aqui no Brasil. Mas nunca anteriormente a palavra de ordem foi tão forte “construir uma franquia” como na indústria de hoje. No passado, George Lucas pôs de pé um verdadeiro império simplesmente ao lançar o primeiro Star Wars em 1977. Hoje, como sabemos, é a Marvel a dona do tutorial de como fabricar rios de dinheiro com suas produções interligadas, que ainda possuem suas próprias franquias dentro do universo criado pelo estúdio. É claro que este é um caso extremo, e não é preciso ir tão longe assim, afinal o esperado minimamente por cada um dos grandes estúdios da meca do cinema é que seus filmes se saiam bem o suficiente nas bilheterias para deixar a bola rolando para a primeira sequência. E assim, o fluxo pode ser seguido com a ideia ganhando vida própria por novos caminhos. O esperado de cada um dos grandes estúdios é que seus filmes de entretenimento caiam no gosto do grande público – a continuação pode ser consequência deste sucesso. Mas acredite, ela é esperada. Difícil é perceber um sucesso pop que se recusa a expandir seu universo e duplicar seu lucro hoje em dia.
Franquias em potencial estão a cada esquina em Hollywood, só esperando seu lugar ao sol – leia-se ser comprado pelos fãs. Nem todas conseguem, obviamente. Para enfatizar nosso ponto de vista, nos concentraremos apenas nos dois últimos anos, desde que o mundo parou – mais conhecido como 2020. Desde então tivemos muitos filmes de qualidade, e muitos produtos voltados ao entretenimento que de fato se deram bem, e conseguiram tocar o coração de seu público-alvo, que compareceu e fez deles um sucesso. Assim, naturalmente já se transformaram em franquias. Aqui, iremos adereçar alguns dos mais recentes fenômenos ou filmes de sucesso que já tiveram suas continuações confirmadas – ou as confirmarão muito em breve – e que deverão se tornar a nova franquia do pedaço, seguindo para seu terceiro, quarto e quem sabe quinto filmes. Confira abaixo esses filmes de sorte.
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The Batman
Começamos a lista com um dos maiores sucessos recentes de Hollywood. O novíssimo filme do Homem-Morcego, protagonizado por Robert Pattinson, foi lançado esse ano mesmo e fez tanto sucesso, se tornando um fenômeno no início do ano, que já garantiu sinal verde para a sequência (ou quase já que não foi oficialmente anunciado pela Warner ainda, mas alguém duvida?). A ideia aqui é por um reinício da franquia, apresentando os primeiros anos de um jovem Bruce Wayne como Batman. É verdade que a proposta já havia sido posta em prática com Batman Begins (2005), mas esse é o Batman mais jovem que já vimos nas telonas. Fora isso, o diretor Matt Reeves garantiu um filme de censura alta, barra-pesada, mais no clima de thrillers como Seven e Zodíaco, enfatizando o lado detetive do herói mascarado, nunca antes apresentado desta forma do cinema. Essa foi definitivamente uma abordagem única ao universo do personagem.
Sonic
Quando falamos em Sonic, falamos de mais um caso único do cinema recente. Ninguém dava dois centavos para um filme do ouriço azul super veloz que nasceu nas telas dos games eletrônicos ainda na década de 1990. O que a maioria pensou ao saber da ideia do longa foi que seria um novo Pica-Pau (2017). Só que a coisa ficava ainda pior, pois ao exibirem o primeiro trailer do filme, uma enxurrada de negatividade cercou o projeto, com os fãs reclamando fervorosamente do visual medonho que o personagem recebeu em seu design. O Sonic “feio” virou meme e segue como piada até hoje, dois anos depois, vindo a ser satirizado pela Disney no filme recente do Tico e Teco. Mas os realizadores ouviram o público, correram para modificar o visual do protagonista, e aos 45 do segundo tempo entregaram o filme que os fãs queriam. Bem, ao menos o Sonic com o visual que todos queriam. O que foi o suficiente para os fãs se sentirem importantes e abraçarem o projeto. Nesse caso, um “detalhe” fez toda a diferença, já que o teor do filme provavelmente continuou o mesmo. Assim, uma continuação veio à galope e estreou esse ano, com uma terceira parte já garantida. Com isso tudo podemos dizer que Sonic já é a adaptação de videogame mais querida do cinema.
Rua do Medo
Agora chega uma produção original da Netflix na lista. E uma que deu o que falar desde seu anúncio. O que a Netflix fez foi lançar não um, mas três filmes de semana em semana durante o mês de julho. Assim os fãs puderam conferir a trilogia completa no intervalo de três semanas. Rua do Medo é baseado nos livros do autor R.L. Stine, famoso romancista americano responsável por criação de obras de terror juvenis, mais conhecido pela série Goosebumps – que já teve programa de TV e dois filmes no estilo de superproduções. Rua do Medo também é uma série de livros, e sua primeira trilogia nas telas não poupou no sangue e na violência, sendo um slasher digno de produções como Pânico, por exemplo. O sucesso desta trilogia já garantiu novos filmes do título na plataforma, os quais veremos muito em breve.
Duna
A obra do autor Frank Herbert finalmente teve uma adaptação à altura que merecia nas telonas. Tido como uma das sagas literárias de ficção científica mais difíceis de serem transpostas para o cinema, devido aos seus detalhes técnicos minuciosos narrados na história, o cultuado cineasta David Lynch tentou a sorte e peitou a empreitada ingrata, numa superprodução ignorada de 1984 – mas que logo depois ressurgiu como item cult. Lynch não quis mais saber do filme, tamanha foi o ressentimento com o resultado. Porém, muitos anos depois, a Warner se viu em posse dos direitos e escalou um diretor que surfava a crista da onda em sua carreira, o franco-canadense Denis Villeneuve – que havia inclusive banhados os pés na ficção científica em seus últimos trabalhos (A Chegada e Blade Runner 2049) e recebido inúmeros elogios pelo resultado. Apesar da pandemia, o novo Duna conseguiu um bom resultado, e de forma esperta a Warner e Villeneuve dividiram o filme em dois, com o segundo prometido para 2023. Fora isso, está produzindo a série derivada do filme, Dune: The Sisterhood. Ou seja, iremos ouvir muito mais sobre este universo em breve.
Cruella
A Disney há tempos recria os live-action de suas animações clássicas. Um dos primeiros foi 101 Dálmatas (1996), com um desempenho certeiro de Glenn Close como a vilã Cruella DeVil. Ao invés de apenas tirar uma cópia xérox de suas animações, algumas destas produções optam por um caminho mais criativo e subvertem o conceito de seus originais. Uma das mais badaladas nesse sentido foi Malévola (2014), que ao invés de apenas reproduzir A Bela Adormecida (1959) em carne e osso, se privilegiou de ser um dos filmes preferidos da musa Angelina Jolie, que logo correu para assumir o papel da vilã do título e colocar o foco da história nela. Malévola ainda ganhou uma continuação em 2019, e seguindo na esteira, a Disney resolveu focar em outra de suas maiores vilãs das animações, a mesma Cruella de 101 Dálmatas. A proposta, no entanto, era por um filme de origem para a personagem na juventude. E para isso foi contratada a vencedora do Oscar Emma Stone. O que surpreendeu a todos foi a qualidade e o tom anárquico que o filme ganharia pelas mãos do diretor de Eu, Tonya (2017) – o que fez Cruella (2021) ser comparado ao filme do Coringa (2019). Assim, com tamanho sucesso, pode ter certeza que veremos a personagem novamente na pele de Stone, com uma sequência já confirmada.
Eternos
Com Eternos o objetivo da Marvel era elevar ao primeiro time personagens do segundo escalão de seu acervo, como o estúdio havia conseguido com louvor no caso dos Guardiões da Galáxia. Mas ao contrário do filme cômico e dançante de James Gunn, a pegada com Eternos proposta pela vencedora do Oscar Chloé Zhao foi mais dramática, contemplativa e poética – trazendo o “cinema de arte” para os filmes de super-heróis por assim dizer. Isso causou uma grande divisão entre os fãs do gênero, com grande parte não digerindo muito bem o tom do filme. Junte a isso o boicote realizado pelos que ainda se opõem à representatividade de minorias em superproduções mainstream (sim, essa intolerância existe). O curioso é que o filme agradou mais os que estão saturados da massificação desse tipo de filme e os que possuem a mente mais aberta em relação a um cinema mais alternativo. Com toda essa mistura polarizada na aceitação de Eternos, era esperado que a Marvel deixasse o projeto quieto. Mas não foi o que o estúdio fez, divulgando uma continuação que deverá acontecer nos próximos anos – garantindo assim sua própria franquia para os personagens.
Godzilla vs. Kong
É muito interessante notar o movimento que o público massificado faz, como uma onda no mar. Não dá para saber muito bem o que os fãs irão aceitar e o que irão repelir. É um fenômeno que merece ser estudado, mas que sem dúvida não pode ser previsto. Quando certos filmes parecem ter tudo no lugar para que se torne o novo sucesso do mundo, o grande público simplesmente dá de ombros e tal filme termina passando em branco. Por outro lado, muitas produções que ninguém em sã consciência daria dois centavos, terminam abraçadas pelo grande público como se fossem a última bolacha do pacote. Esse foi o caso com Godzilla vs. Kong, um filme que um total de zero pessoas se importava, mas que foi elevado ao patamar de hype extremo, contagiando cada vez mais pessoas através das redes sociais quando seu trailer foi lançado. Só se falava nisso. Antes disso, dois filmes do Godzilla haviam sido lançados dentro dessa franquia, em 2014 e 2019, e um filme do King Kong, em 2017. Tais filmes até fizeram um sucesso moderado, mas ninguém poderia prever que o encontro dos titãs daria tanto o que falar. O fato, é claro, garantiu para a Warner um grande sucesso em mãos – que deve se repetir com a continuação, é o que os realizadores esperam.
Ghostbusters
Finalmente a Sony conseguiu revitalizar a franquia Caça-Fantasmas como pretendia, concluindo mais de três décadas depois o tão esperado terceiro filme da franquia. Após a recepção no mínimo morna do segundo filme de 1989, o fenômeno Os Caça-Fantasmas foi colocado na geladeira. Por décadas era planejada uma terceira parte, até que o estúdio finalmente cedeu por um reboot, num filme estrelado por quatro mulheres no papel principal, que serviria como reimaginação do filme original. Você já ouviu falar de tiro pela culatra? Infelizmente, o resultado não foi o esperado e ao invés de uma continuação, o filme de 2016 foi rapidamente varrido para debaixo do tapete. Ano passado, Jason Reitman, filho do diretor original Ivan Reitman, e um jovem cineasta talentoso estabelecido na indústria, trouxe de volta em grande estilo o conceito da passagem de bastão para um terceiro filme, com o elenco original abençoando a nova geração. Deu muito certo, e a continuação é esperada para os próximos anos.