Após alguns incidentes envolvendo excitação devido a sua sensibilidade latente, e principalmente após o fascínio do protagonista por sua segunda acompanhante, a jovem e bela Amanda (Annika Marks), o sujeito decide que é hora de ter sua primeira relação sexual, aos quase 40 anos de idade. Usando um padre local (papel de William H. Macy) como espécie de terapeuta, e com seu aval, Mark decide usar os serviços do departamento de psicologia sexual de uma universidade, contratando assim uma profissional conhecida como substituta sexual. E ela vem na forma da veterana Helen Hunt. Como ela trata de explicar logo de início para que não haja confusão da parte de Mark, e da plateia, sua personagem não é uma prostituta.
Acho que a principal diferença é que uma prostituta possui diversos clientes, e embora a substituta sexual de Hunt também esteja sendo paga, Mark será seu único cliente com objetivos de estudo, e só poderão ter um determinado número de encontros, mais ou menos 5, como ela igualmente especifica. O diretor da obra é Ben Lewin, que também adaptou para o cinema o artigo do verdadeiro Mark O´Brien. O cineasta polonês Lewin também é ele mesmo um deficiente físico, por isso essa história é muito pessoal para ele igualmente. Aqui o diretor entrega uma verdadeira história humana, comovente e emotiva, mas também fortemente positiva. Esse é um feel good movie de certa forma mais impactante do que o recente sucesso francês “Intocáveis”, por não se esquivar totalmente dos momentos pesados em nome do humor.
O personagem de Hawkes respira por um aparelho conhecido como “pulmão de ferro”, e as consequências disso são mostradas numa cena desesperadora durante uma noite de falta de energia elétrica. Em outra cena “As Sessões” tira sarro de “Intocáveis”, quando o personagem de Hawkes afirma que sua orelha é a pior zona erógena de seu corpo (coisa que era o auge para o personagem tetraplégico do filme francês). A talentosa Helen Hunt, que já tem um Oscar decorando sua casa, recebe sua segunda indicação e representa o filme na noite de maior prestígio para a sétima arte. Hunt aparece na metade de suas cenas, ou quem sabe mais da metade, nua. O trabalho requer muita coragem, principalmente porque Hunt se sentiu à vontade para tal desafio somente aos quase 50 anos.
Igualmente temos que mencionar as performances de Moon Bloodgood, William H. Macy e da citada Annika Marks, todos com ótimos desempenhos. Mas sem dúvidas a alma de “As Sessões” é John Hawkes, o talentoso e subestimado ator, já havia marcado presença com sua indicação dois anos atrás pelo excelente “Inverno da Alma”. Sua performance como Mark O´Brien é simplesmente cativante, e Hawkes desempenha todo um trabalho de voz e físico. Seu trabalho é um dos melhores do ano, e não fica devendo nada para nenhum dos indicados para melhor ator. Mas infelizmente a menos que aumentem o espaço na categoria como fizeram com o melhor filme, sempre irá existir gente muito boa de fora.
Crítica por: Pablo Bazarello (Blog)