‘Monstros: Irmãos Menendez: Assassinos dos Pais‘, nova temporada da antologia de true crime iniciada pelo fenômeno ‘Dahmer: Um Canibal Americano’, chegou recentemente ao catálogo da Netflix – e continua a causar polêmicas ao redor do mundo.
Em uma recente entrevista ao The Hollywood Reporter, Robert Rand, que assinou o livro sobre os irmãos Menendez, afirmou que a atração construiu um retrato fictício acerca do que realmente aconteceu.
Um dos subtextos indicados pela série de Ryan Murphy é de que Erik e Lyle Menendez possuíam uma relação de afeto incestuosa, mostrando os irmãos se beijando brevemente no segundo episódio e se banhando juntos no sexto capítulo.
Durante o julgamento, Lyle afirmou que que nunca teve um relacionamento sexual com o irmão. Rand, que assinou o romance de não-ficção ‘The Menendez Murders’ em 2018, contou ao THR que o retrato incestuoso de Erik e Kyle é falsa e que esse pensamento, na verdade, vivia apenas entre as pessoas que os cercavam.
“Não acredito que Erik e Lyle Menendez tenham sido amantes. Acho que é uma fantasia que estava na mente de Dominick Dunne [o repórter interpretado por Nathan Lane na série]”, ele explicou. “Houve rumores durante o julgamento de que talvez houvesse algum tipo de relacionamento estranho entre os próprios Erik e Lyle. Mas acredito que o único contato físico que eles podem ter tido foi o que Lyle testemunhou, que quando Lyle tinha 8 anos, ele levou Erik para a floresta e brincou com ele com uma escova de dentes – que foi o que [o pai deles] José fez com ele. E então eu certamente não chamaria isso de relacionamento sexual de qualquer tipo. É uma resposta ao trauma.”
Vale lembrar que, através de uma declaração oficial, Erik afirmou que a série perpetua “retratos arruinadores de caráter” de ambos.
A declaração também acusouMurphy de ter más intenções com a narrativa delineada.
Confira o texto na íntegra:
“Eu acreditava que tínhamos ido além das mentiras e das representações ruinosas de Lyle, criando uma caricatura de Lyle enraizada em mentiras horríveis e descaradas que se espalham pela série. Só posso acreditar que eles fizeram isso de propósito. É com pesar que digo: acredito que Ryan Murphy não pode ser tão ingênuo e impreciso sobre os fatos de nossas vidas para fazer isso sem má intenção.
É triste para mim saber que o retrato desonesto da Netflix das tragédias que cercam o nosso crime fez com que as verdades dolorosas retrocedessem vários passos – de volta no tempo, a uma época em que a acusação construía uma narrativa sobre um sistema de crenças de que os homens não eram abusados sexualmente, e que os homens vivenciaram o trauma de estupro de maneira diferente das mulheres. Essas mentiras terríveis foram contestadas e expostas por inúmeras vítimas corajosas ao longo das últimas duas décadas, que superaram a sua vergonha pessoal e falaram corajosamente. Então agora Murphy molda sua narrativa horrível por meio de representações vis e terríveis de Lyle e de mim e de calúnias desanimadoras.
A verdade não é suficiente? Deixe a verdade permanecer como a verdade. É muito desmoralizante saber que um homem com poder pode minar décadas de progresso no esclarecimento de traumas infantis. A violência nunca é uma resposta, nunca é uma solução e é sempre trágica. Como tal, espero que nunca se esqueça que a violência contra uma criança cria uma centena de cenas de crimes horríveis e silenciosas, sombreadas por brilho e glamour e raramente expostas até que a tragédia penetre em todos os envolvidos. A todos aqueles que me contataram e apoiaram, obrigado do fundo do meu coração”.
Ryan Murphy e Ian Brennan são responsáveis pela série.
O novo ciclo explora um dos casos mais chocantes da história americana: o assassinato brutal dos pais José e Mary Louise “Kitty” Menendez, pelos próprios filhos, Lyle e Erik.
Enquanto a acusação pintou os irmãos como assassinos frios e calculistas, motivados pela ganância, a defesa alegou que os crimes foram motivados por anos de abusos físicos, emocionais e sexuais sofridos pelos jovens.
Até hoje, Lyle e Erik, cumprindo pena de prisão perpétua, insistem em sua inocência.
O elenco de peso conta com Javier Bardem (‘Duna’), Chloë Sevigny (‘Psicopata Americano’), Cooper Koch (‘Engolidos’) e Nicholas Alexander Chavez (‘Grotesquerie’).