quinta-feira , 14 novembro , 2024

Azul é a Cor Mais Quente (2)

A Cor da Liberdade

Subvertendo a fórmula boy meets girl para girl meets girl, Azul é a Cor Mais Quente traz uma das histórias de amor mais emocionantes do cinema em anos recentes. Baseado na graphic novel “Le Bleu est une couleur chaude” (ou Azul é uma cor quente), de Julie Maroh, o filme apresenta a protagonista Adèle e nos leva por sua vida ao longo dos anos. De começo, a conhecemos como uma menina colegial de 17 anos, que ainda não tem, como a maioria das pessoas nessa idade, sua sexualidade completamente definida.

Tudo muda quando vê passar na rua a instigante jovem mulher de cabelos azuis, Emma. Elas se encontram novamente e parecem não desgrudar mais. Enfrentam todos os obstáculos impostos por uma sociedade ainda engatinhando no quesito da tolerância, mas talvez vencer apenas as barreiras vindas de fora do relacionamento não seja tudo. Vencedor da Palma de Ouro no Festival de Cannes desse ano (entregue pelo Sr. Politicamente correto em pessoa, Steven Spielberg – presidente do júri), o filme chega ao Brasil com grande hype, e já enaltecido como uma das melhores obras cinematográficas de 2013.

14



Por uma tecnicalidade não se tornou elegível para representar a França no Oscar 2014. Mas quem sabe possa arrumar vaga em outras categorias. A polêmica dessa história de amor se estendeu para fora das telas também. A estrela da produção, a francesa com carreira nos EUA, Léa Seydoux, fez declarações pouco lisonjeiras sobre o comandante da obra, o diretor tunisiano Abdellatif Kechiche e seus métodos de trabalho exaustivos. O cineasta não deixou por menos e contra-atacou gerando uma guerra fria (ou quente mesmo) nos bastidores dessa produção. Seja campanha de marketing ou não, o fato sem dúvidas chamou mais atenção para a obra.

Com poucos filmes no currículo, Abdellatif Kechiche é um verdadeiro artista no sentido literal da palavra. Adepto do cinema de autor (assim como a maioria dos europeus – embora não tenha nascido, o diretor já trabalha e vive na França há muitos anos), Kechiche assinou o roteiro da adaptação, e minuciosamente define cada detalhe de seus cenas. O que parece é que ninguém teve muito dizer a não ser o próprio, durante a confecção dessa obra. Esse sem dúvidas é um projeto muito pessoal seu.

15

Para criar mais intimidade e proximidade do público com a história, Kechiche usa closes quase o tempo todo, como se nos colocasse cara a cara com as personagens, sem ter onde nos escondermos. Ou elas. Seja durante um jantar, quando a protagonista come uma macarronada se lambuzando toda, como uma menina faria na frente dos pais num domingo, ou nas tão faladas e polêmicas cenas de sexo semi explícitas. As atrizes protagonistas ganham as oportunidades de suas carreiras. Léa Seydoux, de 28 anos, que já esteve em Meia Noite em Paris, Missão: Impossível – Protocolo Fantasma e Bastados Inglórios, não tem do que reclamar.

Mas a verdadeira protagonista é Adèle, e sua xará intérprete Adèle Exarchopoulos, de 20 anos, está pronta para ser uma estrela. A francesa de descendência grega ainda deverá receber prêmios por seu desempenho. Sua entrega é gigantesca. Quanto às anunciadas cenas calorosas, elas servem sim para refletir tamanha paixão inesquecível. Mas ao mesmo tempo também passam do limite chegando ao estágio do soft porn. Em especial Adèle Exarchopoulos talvez mostre partes de seu corpo nunca antes mostradas por uma mulher numa produção de cinema mainstream, sem ser pornográfico.

16

Em mais de um momento as duas exalam a atração carnal e derretem as telas. Os 179 minutos de projeção não são sentidos, mas necessários para explorar cada detalhe de uma relação única e verídica. Adèle Exarchopoulos exibe a marca de uma grande atriz quando consegue convencer como uma menina de 17 anos, até uma jovem de seus vinte e poucos anos. O tempo passa sem ser anunciado, e nosso relógio e calendário é o desempenho da bela atriz. Esse é o (500) Dias Com Ela francês, lésbico e dramático ao invés de cômico.

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Tudo muda quando vê passar na rua a instigante jovem mulher de cabelos azuis, Emma. Elas se encontram novamente e parecem não desgrudar mais. Enfrentam todos os obstáculos impostos por uma sociedade ainda engatinhando no quesito da tolerância, mas talvez vencer apenas as barreiras vindas de fora do relacionamento não seja tudo. Vencedor da Palma de Ouro no Festival de Cannes desse ano (entregue pelo Sr. Politicamente correto em pessoa, Steven Spielberg – presidente do júri), o filme chega ao Brasil com grande hype, e já enaltecido como uma das melhores obras cinematográficas de 2013.

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Por uma tecnicalidade não se tornou elegível para representar a França no Oscar 2014. Mas quem sabe possa arrumar vaga em outras categorias. A polêmica dessa história de amor se estendeu para fora das telas também. A estrela da produção, a francesa com carreira nos EUA, Léa Seydoux, fez declarações pouco lisonjeiras sobre o comandante da obra, o diretor tunisiano Abdellatif Kechiche e seus métodos de trabalho exaustivos. O cineasta não deixou por menos e contra-atacou gerando uma guerra fria (ou quente mesmo) nos bastidores dessa produção. Seja campanha de marketing ou não, o fato sem dúvidas chamou mais atenção para a obra.

Com poucos filmes no currículo, Abdellatif Kechiche é um verdadeiro artista no sentido literal da palavra. Adepto do cinema de autor (assim como a maioria dos europeus – embora não tenha nascido, o diretor já trabalha e vive na França há muitos anos), Kechiche assinou o roteiro da adaptação, e minuciosamente define cada detalhe de seus cenas. O que parece é que ninguém teve muito dizer a não ser o próprio, durante a confecção dessa obra. Esse sem dúvidas é um projeto muito pessoal seu.

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Para criar mais intimidade e proximidade do público com a história, Kechiche usa closes quase o tempo todo, como se nos colocasse cara a cara com as personagens, sem ter onde nos escondermos. Ou elas. Seja durante um jantar, quando a protagonista come uma macarronada se lambuzando toda, como uma menina faria na frente dos pais num domingo, ou nas tão faladas e polêmicas cenas de sexo semi explícitas. As atrizes protagonistas ganham as oportunidades de suas carreiras. Léa Seydoux, de 28 anos, que já esteve em Meia Noite em Paris, Missão: Impossível – Protocolo Fantasma e Bastados Inglórios, não tem do que reclamar.

Mas a verdadeira protagonista é Adèle, e sua xará intérprete Adèle Exarchopoulos, de 20 anos, está pronta para ser uma estrela. A francesa de descendência grega ainda deverá receber prêmios por seu desempenho. Sua entrega é gigantesca. Quanto às anunciadas cenas calorosas, elas servem sim para refletir tamanha paixão inesquecível. Mas ao mesmo tempo também passam do limite chegando ao estágio do soft porn. Em especial Adèle Exarchopoulos talvez mostre partes de seu corpo nunca antes mostradas por uma mulher numa produção de cinema mainstream, sem ser pornográfico.

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Em mais de um momento as duas exalam a atração carnal e derretem as telas. Os 179 minutos de projeção não são sentidos, mas necessários para explorar cada detalhe de uma relação única e verídica. Adèle Exarchopoulos exibe a marca de uma grande atriz quando consegue convencer como uma menina de 17 anos, até uma jovem de seus vinte e poucos anos. O tempo passa sem ser anunciado, e nosso relógio e calendário é o desempenho da bela atriz. Esse é o (500) Dias Com Ela francês, lésbico e dramático ao invés de cômico.

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