quinta-feira , 21 novembro , 2024

‘Black Mirror’ – 6ª Temporada | Do Pior ao Melhor – Ranqueamos os Episódios do Novo Ano

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Uma das séries mais adoradas de todos os tempos acaba de retornar para a sua sexta temporada. ‘Black Mirror’ definitivamente é um dos programas mais influentes e prestigiados desta geração. A criação do britânico Charlie Brooker se tornou uma mina de ouro, despertando comoção em diversos tipos de público: seja o espectador mais cult, o cinéfilo, o público casual ou os adeptos do audiovisual como entretenimento apenas, ‘Black Mirror’ é feita para todos. Sim, ela é boa nesse nível. É claro que o teor, digamos, mais intenso do seriado pode não apelar a um tipo de espectador que prefere programas mais leves, mas sua qualidade não pode ser negada, mesmo que esta não seja a série para você.

Mas se engana quem pensa que ‘Black Mirror’ teve vida fácil e já nasceu vencedora. Muito pelo contrário. O programa britânico chegou a ser cancelado após sua segunda temporada no canal inglês Channel 4. E foi melhor assim, caso contrário a série poderia ser um programa obscuro até hoje. Foi a partir de seu cancelamento que a Netflix demonstrou interesse pelo seriado cult, vendo potencial na ideia, e resolveu bancar a criação de Brooker nos EUA, entregando a terceira temporada já em sua plataforma – que permanece o melhor ano do programa (sim, aquele com ‘San Junipero’ e ‘Queda Livre’ – dois dos melhores episódios da série). Ou seja, foi aí que ‘Black Mirror’ sairia do nicho cult e se tornaria um fenômeno mundial.



O criador Charlie Brooker ainda faz questão de escrever todos os episódios do programa e nessa nova temporada, que estreou na quinta-feira passada, dia 15 de junho, na Netflix, como de costume entregou histórias verdadeiramente inovadoras e ainda muito criativas, assim como também tramas totalmente diferentes do que estamos acostumados a ver em ‘Black Mirror’. Dois episódios em especial fogem completamente do teor das tramas que o programa construiu nessas seis temporadas (ao longo de 12 anos), mais voltados para o terror puro e simplesmente. Mesmo assim, nenhuma das histórias desapontam e possuem muito subtexto e questões a serem debatidas – o nível de qualidade ainda é mantido.

Pensando nisso, resolvemos nessa nova matéria ranquear todos os episódios da nova temporada de ‘Black Mirror’, do pior ao melhor, ou quem sabe de nosso menos favorito ao preferido. Ah sim, o texto contém spoilers dos episódios, portanto se você ainda não assistiu apenas leia os títulos de nossa ordem e volte depois de ter visto. Confira abaixo.

05) Mazey Day

Se pedíssemos para os fãs definirem ‘Black Mirror’ e o que a diferencia de outras séries de suspense e ficção, a maioria diria que sua característica única é a crítica ácida à nossa sociedade através da tecnologia. A acidez e a crítica são partes cruciais, ao mesmo tempo a maioria diria que a tecnologia também se tornou um pilar do que faz ‘Black Mirror’, ‘Black Mirror’. Bem, a tecnologia é usada na maioria dos episódios, mas não em todos. E se voltarmos lá para o primeiro episódio da primeira temporada da série, ‘Hino Nacional’, lembraremos que sua trama também não contou com nenhuma tecnologia avançada para o desenrolar da narrativa – e o episódio segue como um dos preferidos dos fãs.

Mas a sexta temporada é a que Charlie Brooker menos usa a tecnologia futurista para suas histórias. Dos cinco episódios, apenas dois recaem mais nestes elementos de ficção científica, e mesmo assim bem diluídos se comparados a temporadas passadas. ‘Mazey Day’ é o quarto episódio da nova temporada, no qual o criador resolve mergulhar na fantasia sobrenatural do horror. Se tirássemos esse episódio e o colocássemos em outro programa, como por exemplo o novo ‘Além da Imaginação’ ou ‘O Gabinete de Curiosidades de Guillermo del Toro’, ninguém diria que saiu de ‘Black Mirror’. Aqui, Brooker homenageia o clássico ‘Um Lobisomem Americano em Londres’ (então já dá para imaginar o que esperar) e a série recria uma transformação bem parecida.

O assunto principal, no entanto, é a vida pública das celebridades, discutindo para os novos tempos um tema antigo, a intromissão dos paparazzi. Um dos trabalhos mais mal vistos de todos os tempos, os fotógrafos que fazem tudo por uma foto de celebridade vivem tendo sua consciência posta em cheque, são considerados abutres que se alimentam de escândalos e sensacionalismo, mas por outro lado questionam todo o sistema, afirmando que sem eles, não existiriam metade destas celebridades (pelo menos). No meio disso está Bo, personagem de Zazie Beetz, que tem crise de consciência e abandona a profissão. Mas precisando de dinheiro, acaba voltando com a possibilidade de uma bolada pela foto de Mazey Day, uma jovem atriz que sumiu. Além desses questionamentos ainda interessantes, o episódio mergulha de cabeça no terror, num terceiro ato alucinante e muito nervoso, mas que não parece ‘Black Mirror’.

04) Demônio 79

Outro que não parece ‘Black Mirror’ é ‘Demônio 79’, mais uma investida numa trama de fantasia sobrenatural, que não tem muito a ver com tecnologia. Aqui, a trama é homenagem aos filmes da década de 1970, e abre com um visual diretamente tirado daquela época. A trama se passa nos anos 1970, e um dos temas principais é a xenofobia. Acompanhamos Nida (Anjana Vasan), uma jovem indiana que trabalha numa loja de sapatos e sofre preconceito de sua companheira de trabalho insuportável. Em determinado momento, um político com viés anti-imigração surge em cena e arrebanha a tal “colega” da protagonista para o seu corner, tudo que algumas pessoas precisam é um pequeno incentivo para mostrarem sua verdadeira face preconceituosa e racista.

Demônio 79’, como diz o título, é sobre um demônio, que surge para a sofrida protagonista quando ela se vê em posse de um artefato amaldiçoado que adquire no porão de seu trabalho. O demônio assume a forma humana de um cantor (vivido por Paapa Essiedu, numa performance magnética e divertidíssima) e explica a situação para Nida: ela precisa fazer três vítimas inocentes, numa espécie de ritual de sacrifício, a fim de impedir o fim do mundo até o dia 1º de maio. A dinâmica entre a protagonista e o demônio é um ponto alto no episódio. A atuação de Essiedu e o texto de Brooker nos fazem acreditar que possam existir demônios “bonzinhos” por aí. Mas novamente, não é o que se espera de um episódio de ‘Black Mirror’, apesar do desfecho extasiante.

03) Loch Henry

Aqui o tema é bem atual e fala sobre o interesse do grande público pelas chamadas histórias de true crime, ou seja, crimes reais. Esse lado mórbido da sociedade foi “gourmetizado” em documentários e até séries fictícias com atores interpretando personagem reais; podcasts e afins. Foi o que fez, por exemplo, o programa ‘Linha Direta’, da Globo, retornar mais “bonitinho”.  Ou seja, ‘Loch Henry’ não poderia ser mais moderno, mesmo sem apresentar uma tecnológica revolucionária para chamar de sua em seu enredo.

Na trama, um casal de jovens documentaristas retorna para a cidadezinha natal dele, a fim de realizar um filme sobre um colecionador de ovos. No entanto, a namorada se depara com um assustador fato entranhado na história do local, que remete a um serial killer que sequestrava turistas e os mantinha prisioneiros em sua fazenda, os torturando. Ao trocarem de tema, contra a vontade do rapaz, o casal termina se deparando com uma assustadora verdade ligada diretamente à família dele. Mesmo sem uma tecnologia avançada, ‘Loch Henry’ é puro ‘Black Mirror’, com direito a um desfecho de desgraçar a cabeça no melhor estilo “muito cuidado com o que você deseja”.

02) Beyond the Sea

Agora sim, chegamos nos episódios mais ‘Black Mirror’ da temporada. Em segunda posição, escolhemos ‘Beyond the Sea’, um episódio que é puro ‘Black Mirror’. Aqui temos tudo que fez esse programa um ícone, e o episódio perpassa todos os check box de maneira gloriosa. Aqui temos uma tecnologia futurista e criativa. Check. Uma trama traumática e impactante. Check. Muita melancolia. Check. Reviravoltas que nos mantém interessados de para onde a trama seguirá. Check. Um desfecho bad ending “What the Fuck”. Check.

Na história, temos uma versão alternativa de 1969, uma onde a tecnologia permitiu a criação de réplicas robóticas de seres humanos perfeitas e impecáveis. Não apenas isso, essas réplicas são recipientes que recebem a consciência humana de seus “originais” se tornando um novo corpo comandado por eles à distância. Essa tecnologia é usada por dois astronautas no espaço numa missão de seis anos. Os homens do espaço são vividos por Josh Hartnett e Aaron Paul. Ambos são casados e possuem famílias e filhos. Eles usam seus “avatares” justamente para poderem ficar mais tempo com seus entes queridos, amenizando a solidão no vazio do espaço e otimizando sua produtividade (e sanidade) no trabalho.

No entanto, como trata-se de ‘Black Mirror’, o pior acontece e a tragédia se abate sobre a família de Hartnett, que é atacada e morta por uma seita hippie, no melhor estilo da família Manson. Sua réplica também é destruída. Assim, como espécie de terapia, o personagem de Paul começa a deixar que Hartnett volte à Terra com o seu “avatar”. Mas ao se relacionar com a família do colega, as coisas começam a sair do controle.

01) Joan é Péssima

No primeiro lugar elegemos ‘Joan é Péssima’, o primeiro episódio da nova temporada. E o motivo para isso? É simples, essa é a primeira trama da série a utilizar uma metalinguagem tão bem explorada que é impossível não se divertir e dar boas risadas com a insana possibilidade que nos é apresentada em tela. É Charlie Brooker tirando sarro de sua patrocinadora Netflix, e para isso criou até mesmo sua própria Netflix dentro de ‘Black Mirror’ para essa nova temporada, que se chama ‘Streamberry’. E sim, você pode apostar que Streamberry tem um site, é só digitar no Google e ser redirecionado ao “clone” da Netflix, com programas bem conhecidos dos fãs de ‘Black Mirror’.

‘Joan é Péssima’ é o episódio que mais deu o que falar entre os fãs da série, já que a mensagem é que esses serviços de streaming, como a Netflix, recolhem informações (assim como as redes sociais) de seus usuários, e através de algoritmos direcionam seus interesses. No mundo de ‘Black Mirror’, Joan (Annie Murphy) é uma jovem comum, que possui seu namorado, seu trabalho e sua vida normal. Até um belo dia ela chegar em casa e perceber que sua vida virou uma série de TV da Netf…, Streamberry, onde ela é interpretada por ninguém menos que a mexicana Salma Hayek. Assim, todos podem ver e descobrir seus pequenos segredos, como a demissão de uma colega, e até mesmo o encontro escondido com um ex. E como isso é possível? Bem, Joan, assim como todos nós, concordamos com os termos e condições do streaming, sem ler todo o texto (afinal, quem faz isso?).

Joan é Péssima’ é hilário e entrega muitas referências e tiradas. E quando achamos que já entendemos para onde o episódio irá seguir, ele dá uma de ‘Black Mirror’ e nos surpreende com novas reviravoltas, como o fato de que não é Salma Hayek atuando, e sim uma Inteligência artificial criada com o consentimento da atriz, e usando suas formas – algo que não está longe de acontecer, afinal já temos AI escrevendo roteiros. O desfecho é insano e delirante da forma que mais gostamos quando o assunto é a série, dando uma de ‘Pânico 4’, ao apresentar o filme dentro do filme dentro do filme. Aqui é a série dentro da série dentro da série. Mas não é tão difícil de acompanhar quanto se imagina, e o desfecho é até positivo, demonstrando que o programa não precisa sempre ser só desgraça para a cabeça.

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Uma das séries mais adoradas de todos os tempos acaba de retornar para a sua sexta temporada. ‘Black Mirror’ definitivamente é um dos programas mais influentes e prestigiados desta geração. A criação do britânico Charlie Brooker se tornou uma mina de ouro, despertando comoção em diversos tipos de público: seja o espectador mais cult, o cinéfilo, o público casual ou os adeptos do audiovisual como entretenimento apenas, ‘Black Mirror’ é feita para todos. Sim, ela é boa nesse nível. É claro que o teor, digamos, mais intenso do seriado pode não apelar a um tipo de espectador que prefere programas mais leves, mas sua qualidade não pode ser negada, mesmo que esta não seja a série para você.

Mas se engana quem pensa que ‘Black Mirror’ teve vida fácil e já nasceu vencedora. Muito pelo contrário. O programa britânico chegou a ser cancelado após sua segunda temporada no canal inglês Channel 4. E foi melhor assim, caso contrário a série poderia ser um programa obscuro até hoje. Foi a partir de seu cancelamento que a Netflix demonstrou interesse pelo seriado cult, vendo potencial na ideia, e resolveu bancar a criação de Brooker nos EUA, entregando a terceira temporada já em sua plataforma – que permanece o melhor ano do programa (sim, aquele com ‘San Junipero’ e ‘Queda Livre’ – dois dos melhores episódios da série). Ou seja, foi aí que ‘Black Mirror’ sairia do nicho cult e se tornaria um fenômeno mundial.

O criador Charlie Brooker ainda faz questão de escrever todos os episódios do programa e nessa nova temporada, que estreou na quinta-feira passada, dia 15 de junho, na Netflix, como de costume entregou histórias verdadeiramente inovadoras e ainda muito criativas, assim como também tramas totalmente diferentes do que estamos acostumados a ver em ‘Black Mirror’. Dois episódios em especial fogem completamente do teor das tramas que o programa construiu nessas seis temporadas (ao longo de 12 anos), mais voltados para o terror puro e simplesmente. Mesmo assim, nenhuma das histórias desapontam e possuem muito subtexto e questões a serem debatidas – o nível de qualidade ainda é mantido.

Pensando nisso, resolvemos nessa nova matéria ranquear todos os episódios da nova temporada de ‘Black Mirror’, do pior ao melhor, ou quem sabe de nosso menos favorito ao preferido. Ah sim, o texto contém spoilers dos episódios, portanto se você ainda não assistiu apenas leia os títulos de nossa ordem e volte depois de ter visto. Confira abaixo.

05) Mazey Day

Se pedíssemos para os fãs definirem ‘Black Mirror’ e o que a diferencia de outras séries de suspense e ficção, a maioria diria que sua característica única é a crítica ácida à nossa sociedade através da tecnologia. A acidez e a crítica são partes cruciais, ao mesmo tempo a maioria diria que a tecnologia também se tornou um pilar do que faz ‘Black Mirror’, ‘Black Mirror’. Bem, a tecnologia é usada na maioria dos episódios, mas não em todos. E se voltarmos lá para o primeiro episódio da primeira temporada da série, ‘Hino Nacional’, lembraremos que sua trama também não contou com nenhuma tecnologia avançada para o desenrolar da narrativa – e o episódio segue como um dos preferidos dos fãs.

Mas a sexta temporada é a que Charlie Brooker menos usa a tecnologia futurista para suas histórias. Dos cinco episódios, apenas dois recaem mais nestes elementos de ficção científica, e mesmo assim bem diluídos se comparados a temporadas passadas. ‘Mazey Day’ é o quarto episódio da nova temporada, no qual o criador resolve mergulhar na fantasia sobrenatural do horror. Se tirássemos esse episódio e o colocássemos em outro programa, como por exemplo o novo ‘Além da Imaginação’ ou ‘O Gabinete de Curiosidades de Guillermo del Toro’, ninguém diria que saiu de ‘Black Mirror’. Aqui, Brooker homenageia o clássico ‘Um Lobisomem Americano em Londres’ (então já dá para imaginar o que esperar) e a série recria uma transformação bem parecida.

O assunto principal, no entanto, é a vida pública das celebridades, discutindo para os novos tempos um tema antigo, a intromissão dos paparazzi. Um dos trabalhos mais mal vistos de todos os tempos, os fotógrafos que fazem tudo por uma foto de celebridade vivem tendo sua consciência posta em cheque, são considerados abutres que se alimentam de escândalos e sensacionalismo, mas por outro lado questionam todo o sistema, afirmando que sem eles, não existiriam metade destas celebridades (pelo menos). No meio disso está Bo, personagem de Zazie Beetz, que tem crise de consciência e abandona a profissão. Mas precisando de dinheiro, acaba voltando com a possibilidade de uma bolada pela foto de Mazey Day, uma jovem atriz que sumiu. Além desses questionamentos ainda interessantes, o episódio mergulha de cabeça no terror, num terceiro ato alucinante e muito nervoso, mas que não parece ‘Black Mirror’.

04) Demônio 79

Outro que não parece ‘Black Mirror’ é ‘Demônio 79’, mais uma investida numa trama de fantasia sobrenatural, que não tem muito a ver com tecnologia. Aqui, a trama é homenagem aos filmes da década de 1970, e abre com um visual diretamente tirado daquela época. A trama se passa nos anos 1970, e um dos temas principais é a xenofobia. Acompanhamos Nida (Anjana Vasan), uma jovem indiana que trabalha numa loja de sapatos e sofre preconceito de sua companheira de trabalho insuportável. Em determinado momento, um político com viés anti-imigração surge em cena e arrebanha a tal “colega” da protagonista para o seu corner, tudo que algumas pessoas precisam é um pequeno incentivo para mostrarem sua verdadeira face preconceituosa e racista.

Demônio 79’, como diz o título, é sobre um demônio, que surge para a sofrida protagonista quando ela se vê em posse de um artefato amaldiçoado que adquire no porão de seu trabalho. O demônio assume a forma humana de um cantor (vivido por Paapa Essiedu, numa performance magnética e divertidíssima) e explica a situação para Nida: ela precisa fazer três vítimas inocentes, numa espécie de ritual de sacrifício, a fim de impedir o fim do mundo até o dia 1º de maio. A dinâmica entre a protagonista e o demônio é um ponto alto no episódio. A atuação de Essiedu e o texto de Brooker nos fazem acreditar que possam existir demônios “bonzinhos” por aí. Mas novamente, não é o que se espera de um episódio de ‘Black Mirror’, apesar do desfecho extasiante.

03) Loch Henry

Aqui o tema é bem atual e fala sobre o interesse do grande público pelas chamadas histórias de true crime, ou seja, crimes reais. Esse lado mórbido da sociedade foi “gourmetizado” em documentários e até séries fictícias com atores interpretando personagem reais; podcasts e afins. Foi o que fez, por exemplo, o programa ‘Linha Direta’, da Globo, retornar mais “bonitinho”.  Ou seja, ‘Loch Henry’ não poderia ser mais moderno, mesmo sem apresentar uma tecnológica revolucionária para chamar de sua em seu enredo.

Na trama, um casal de jovens documentaristas retorna para a cidadezinha natal dele, a fim de realizar um filme sobre um colecionador de ovos. No entanto, a namorada se depara com um assustador fato entranhado na história do local, que remete a um serial killer que sequestrava turistas e os mantinha prisioneiros em sua fazenda, os torturando. Ao trocarem de tema, contra a vontade do rapaz, o casal termina se deparando com uma assustadora verdade ligada diretamente à família dele. Mesmo sem uma tecnologia avançada, ‘Loch Henry’ é puro ‘Black Mirror’, com direito a um desfecho de desgraçar a cabeça no melhor estilo “muito cuidado com o que você deseja”.

02) Beyond the Sea

Agora sim, chegamos nos episódios mais ‘Black Mirror’ da temporada. Em segunda posição, escolhemos ‘Beyond the Sea’, um episódio que é puro ‘Black Mirror’. Aqui temos tudo que fez esse programa um ícone, e o episódio perpassa todos os check box de maneira gloriosa. Aqui temos uma tecnologia futurista e criativa. Check. Uma trama traumática e impactante. Check. Muita melancolia. Check. Reviravoltas que nos mantém interessados de para onde a trama seguirá. Check. Um desfecho bad ending “What the Fuck”. Check.

Na história, temos uma versão alternativa de 1969, uma onde a tecnologia permitiu a criação de réplicas robóticas de seres humanos perfeitas e impecáveis. Não apenas isso, essas réplicas são recipientes que recebem a consciência humana de seus “originais” se tornando um novo corpo comandado por eles à distância. Essa tecnologia é usada por dois astronautas no espaço numa missão de seis anos. Os homens do espaço são vividos por Josh Hartnett e Aaron Paul. Ambos são casados e possuem famílias e filhos. Eles usam seus “avatares” justamente para poderem ficar mais tempo com seus entes queridos, amenizando a solidão no vazio do espaço e otimizando sua produtividade (e sanidade) no trabalho.

No entanto, como trata-se de ‘Black Mirror’, o pior acontece e a tragédia se abate sobre a família de Hartnett, que é atacada e morta por uma seita hippie, no melhor estilo da família Manson. Sua réplica também é destruída. Assim, como espécie de terapia, o personagem de Paul começa a deixar que Hartnett volte à Terra com o seu “avatar”. Mas ao se relacionar com a família do colega, as coisas começam a sair do controle.

01) Joan é Péssima

No primeiro lugar elegemos ‘Joan é Péssima’, o primeiro episódio da nova temporada. E o motivo para isso? É simples, essa é a primeira trama da série a utilizar uma metalinguagem tão bem explorada que é impossível não se divertir e dar boas risadas com a insana possibilidade que nos é apresentada em tela. É Charlie Brooker tirando sarro de sua patrocinadora Netflix, e para isso criou até mesmo sua própria Netflix dentro de ‘Black Mirror’ para essa nova temporada, que se chama ‘Streamberry’. E sim, você pode apostar que Streamberry tem um site, é só digitar no Google e ser redirecionado ao “clone” da Netflix, com programas bem conhecidos dos fãs de ‘Black Mirror’.

‘Joan é Péssima’ é o episódio que mais deu o que falar entre os fãs da série, já que a mensagem é que esses serviços de streaming, como a Netflix, recolhem informações (assim como as redes sociais) de seus usuários, e através de algoritmos direcionam seus interesses. No mundo de ‘Black Mirror’, Joan (Annie Murphy) é uma jovem comum, que possui seu namorado, seu trabalho e sua vida normal. Até um belo dia ela chegar em casa e perceber que sua vida virou uma série de TV da Netf…, Streamberry, onde ela é interpretada por ninguém menos que a mexicana Salma Hayek. Assim, todos podem ver e descobrir seus pequenos segredos, como a demissão de uma colega, e até mesmo o encontro escondido com um ex. E como isso é possível? Bem, Joan, assim como todos nós, concordamos com os termos e condições do streaming, sem ler todo o texto (afinal, quem faz isso?).

Joan é Péssima’ é hilário e entrega muitas referências e tiradas. E quando achamos que já entendemos para onde o episódio irá seguir, ele dá uma de ‘Black Mirror’ e nos surpreende com novas reviravoltas, como o fato de que não é Salma Hayek atuando, e sim uma Inteligência artificial criada com o consentimento da atriz, e usando suas formas – algo que não está longe de acontecer, afinal já temos AI escrevendo roteiros. O desfecho é insano e delirante da forma que mais gostamos quando o assunto é a série, dando uma de ‘Pânico 4’, ao apresentar o filme dentro do filme dentro do filme. Aqui é a série dentro da série dentro da série. Mas não é tão difícil de acompanhar quanto se imagina, e o desfecho é até positivo, demonstrando que o programa não precisa sempre ser só desgraça para a cabeça.

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