Más escolhas, a idade, ser uma pessoa difícil de se trabalhar? Sim, todos esses elementos podem fazer a carreira de um astro perder seu brilho e prestígio em Hollywood. Outra que pode entrar em jogo são as dívidas financeiras que levam atores a aceitar qualquer tipo de trabalho para saná-las. Esse é o caso com Nicolas Cage, segundo muitos afirmam. Vencedor do Oscar de melhor ator em 1996, por Despedida em Las Vegas, e dono de uma segunda indicação (Adaptação, 2002), Cage já foi o maior astro de Hollywood, ainda no fim da década de 1990. Hoje, o ator faz filmes a torto e a direito, a maioria chegando direto no mercado de vídeo, ao menos por aqui no Brasil.
Agora, no mesmo barco do sobrinho de Francis Ford Coppola se encontrao veterano Bruce Willis. Quem cresceu na década de 1980, sem dúvida lembra do programa A Gata e o Rato (Moonlighting), que foi ao ar de 1985 a 1989 e trazia Willis ao lado de Cybill Shepherd como uma dupla bem disfuncional de detetives particulares. Foi graças a essa série que as portas de Hollywood se abriram para o ator e enquanto o seriado ainda estava no ar, Willis faria o seu grande salto da carreira: Duro de Matar (1988). Vindo de um programa cômico, muitos estranharam ver o ator como herói em um filme de ação. Mas deu muito certo como sabemos, e o resto é história. Desde essa época no entanto, era reportado que o relacionamento de Willis e Shepherd nos bastidores não era dos melhores. Segundo relatado a atriz não gostava do protagonista. As más línguas falavam sobre ciúmes por motivo da carreira do ator estar decolando. Mas já poderiam ser indícios de um comportamento difícil de Willis.
Bruce Willis nunca foi indicado ao Oscar, mas já teve papeis marcantes e que demonstravam seu alcance dramático, como em Pulp Ficition (1994), de Quentin Tarantino, e O Sexto Sentido (1999), de M. Night Shyamalan. Fora isso, é claro, viveu para se tornar um dos maiores astros de Hollywood na década de 1990, em especial no terreno da ação, ao lado de lendas como Arnold Schwarzenegger e Sylvester Stallone. Nos últimos tempos, porém, relatos sobre Willis não ser um sujeito tão bacana assim nos bastidores constantemente vinham à tona. Para retornar no terceiro Os Mercenários, Willis exigiu uma quantia astronômica para poucos dias de trabalho, o que levou o criador da marca e então amigo Stallone a demonstrar publicamente nas redes sociais sua insatisfação com tal comportamento. Isso foi em 2014. Dois anos depois, em 2016, Willis estava contratado e começava a filmar Café Society, de Woody Allen, mas sabe-se lá por qual motivo foi substituído as pressas por Steve Carell. Voltando um pouco mais no passado, Willis veio a público revelar sua péssima experiência ao filmar Armageddon (1998) com Michael Bay, dizendo nunca mais querer trabalhar com o cineasta.
Tudo isso pode ter contribuído para que Bruce Willis tenha visto as portas de Hollywood se fecharem para ele; há quase dez anos sem lançar produções badaladas nos cinemas – com a exceção de duas: o remake de Desejo de Matar em 2018, e Vidro em 2019. Em geral, desde 2014, a maioria dos filmes protagonizados por Bruce Willis são obras de gênero do cinema B, cujo lançamento segue direto para o mercado de vídeo, hoje o VOD.
Como forma de homenagem a este astro no qual ainda levamos muita fé, iremos comentar cinco de seus filmes lançados somente em 2021, desta sua fase, digamos, ligado no automático – que já se estende desde 2011 (num total de mais de 20 filmes). Somente este ano, Willis já lançou cinco longas e tem mais quatro engatilhados para esses dois últimos meses de 2021. Confira abaixo e diga se você assistiu algum.
Invasão Cósmica
Lançado em março nos EUA, basta uma olhada no trailer desta aventura de ficção científica para notarmos a atuação canastrona e desinteressada de Bruce Willis no filme – como se não quisesse estar ali, pensando unicamente em seu volumoso contracheque no fim do expediente. Com jeitão de Star Trek, a ficção se passa no ano de 2524 e traz Willis na pele de um General aposentado, curtindo seu descanso em bares, quando é recrutado para voltar ao serviço. Acontece que só ele pode ajudar no combate a uma raça alienígena que começa a se mostrar uma grande ameaça aos humanos. Em parceria com Willis, ganhando inclusive os créditos principais acima do veterano, está o astro atual dos filmes B de ação, Frank Grillo. O título original é Cosmic Sin, ou “pecado cósmico” e por si só já traz uma piada pronta com o filme.
Meia Noite no Switchgrass
Agora temos um suspense na lista. Quem protagoniza aqui é a estrela quente de outrora Megan Fox e talvez tenha sido este filme que a arrumou a vaga no quarto Os Mercenários, filme que grava atualmente. Lançado em junho deste ano, o thriller traz Fox e Bruce Willis como parceiros do FBI investigando sequestros de jovens mulheres, ao que tudo indica realizados por um caminhoneiro. A história seria baseada em crimes reais conhecidos como “Stop Truck Killer”, ou “o assassino da parada dos caminhões”. Willis ao que tudo indica tem um papel apenas coadjuvante no longa e para a surpresa de zero pessoas gravou todas as suas cenas em apenas um dia. Basta uma olhada no trailer para perceber que todos os diálogos do veterano no filme são formados por frases de efeitos clichês.
Out of Death
Lançado no mês seguinte do item acima, este longa de ação e suspense sequer tem título ainda em português, mas a tradução literal seria algo nonsense do tipo “acabou a morte”. Quem protagoniza verdadeiramente é a loirinha Jamie King, colega de Bruce Willis nos filmes Sin City, de Robert Rodriguez. Na trama, King é uma jovem que vira testemunha de violência policial, quando uma agente atira e mata um traficante com quem tinha acordos. A testemunha não se contenta em ter presenciado o crime, como também tira fotos se tornando alvo deste departamento corrupto num distrito rural. Willis, que vive um policial aposentado relaxando na casa do lago de sua sobrinha, termina sendo a única chance de sobrevivência da protagonista. E mais uma vez, Bruce Willis gravou toda a sua participação neste longa num único dia.
Sobreviva ao Jogo
Mais um thriller de ação extremamente genérico e que poderia ser estrelado por Nicolas Cage, ou ainda pior, por Van Damme, Dolph Lundgren ou Steven Seagal. Escrito pelo Youtuber americano Ross Peacock, o filme traz Bruce Willis apenas para dar chamariz ao cartaz e trazer público ao filme. Os verdadeiros protagonistas são Chad Michael Murray (da série teen One Three Hill e do terror A Casa de Cera) e o australiano desconhecido Swen Temmel. Na trama, Willis e Temmel são policiais parceiros visando prender uma quadrilha de mafiosos. Willis é ferido, e passa o filme inteiro sequestrado pelos criminosos, enquanto Temmel busca abrigo numa fazenda nas redondezas. O local é de propriedade de Murray, que vive um veterano de guerra traumatizado. Agora, no clima de Assalto à 13ª DP, ou quem sabe Esqueceram de Mim, a dupla precisa se proteger no local do ataque da mesma gangue que visa matá-los.
Apex
Finalizando nossa matéria com as produções duvidosas lançadas por Bruce Willis em 2021, temos ainda mais uma ficção científica, essa cuja estreia será neste fim de semana nos EUA. Como podemos perceber, nesta fase de sua carreira, Bruce Willis tem apostado em “trabalhos fáceis” que talvez estejam aquém do talento que já demonstrou um dia. Em sua base, a maior parte destes filmes contam com um roteiro, digamos, recauchutado, que “pega emprestado” de diversas outras obras mais conhecidas. Aqui, temos a velha história “A Most Dangerous Game”, conto de Richard Connell, publicada ainda em 1924, e reimaginada diversas vezes na cultura pop. No cinema, remetendo ao clássico de 1932, Zaroff – O Caçador de Vidas, e seguindo até as décadas de 1980 e 1990, com longas de ação como O Sobrevivente e O Alvo. Você já pode imaginar, Willis interpreta um sujeito participando de um jogo muito perigoso, onde ele é a caça humana de sádicos. A “sacada” aqui é que o filme se passa desta vez no futuro.