Em ‘Buscando…’ (‘Searching’), o novo thriller de suspense contado inteiramente por meio de dispositivos tecnológicos que usamos todos os dias para nos comunicarmos, o astro John Cho (‘Star Trek’) interpreta David Kim, um recém-viúvo que vê sua vida se desfazer quando sua filha de 16 anos (Michelle La) desaparece misteriosamente.
Abrindo a proverbial caixa de Pandora do laptop da adolescente e suas contas nas redes sociais – repletas dos segredos mais pessoais da sua única filha – ele começa a rastrear desesperadamente as pegadas digitais da filha que ele achava que conhecia antes que ela desaparecesse para sempre.
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O longa vem conquistando a crítica por onde passa e nós não poderíamos deixar de fazer uma entrevista EXCLUSIVA com John Cho, direto de Los Angeles, contando para os fãs brasileiros todos os segredos do filme. Confira:
CinePOP: O que foi que inicialmente o atraiu para a Buscando…?
Cho: Os principais atrativos foram a história e o personagem; eram diferentes de tudo que eu já fiz antes. O fato de que tudo transcorria por meio dos dispositivos de tecnologia que usamos para nos comunicarmos, para ser sincero, era algo que não me atraía. Eu não tinha certeza se funcionaria ou não. Sobretudo, eu receava que não fosse cinematográfico. Mas a história em si de um pai procurando desesperadamente por sua filha foi algo ao qual eu me liguei de imediato.
CinePOP: Mas a abordagem, no entanto, é experimental.
Cho: Exatamente. Eu não tinha certeza se era realmente possível fazer isso. Felizmente, o Aneesh foi persistente. Marcamos uma reunião e finalmente nos sentamos diante do computador dele, onde ele me mostrou exatamente o que pretendia fazer. “Vamos torná-lo cinematográfico. A câmera será altamente dinâmica e captará a história que você leu no roteiro.” Na hora, eu soube que queria trabalhar com ele. Senti que ele era um cara que seria capaz de realizar aquilo – que ele poderia dramatizar todas essas trocas que acontecem nesses dispositivos e fazer com que transmitissem uma sensação de impacto tão grande quanto sentimos em nossas mentes e nossos corações.
CinePOP: A história é centrada em uma família asiática-americana? Também poderia ter sido um elenco não asiático?
Cho: Esta é uma história universal sobre uma família que sofre junto e sobre o amor de um pai por sua filha. Nesse sentido, o filme poderia ter tido qualquer escalação de elenco e ainda teria funcionado. Foi assim que ele foi escrito. Sempre foi ‘David Kim’ e sempre fui eu o interpretando até onde eu sei. Como o Aneesh me explicou mais tarde, foi uma espécie de homenagem à sua família, e foi importante para ele escalar uma pessoa oriental para o papel.
CinePOP: Como foram as filmagens?
Cho: As filmagens tiveram um planejamento incrível. A maior parte do filme acontece na tela do computador. Eu usei um “laptop cenográfico” como adereço, porque se eu tivesse que digitar algo, teria que parecer real. Eu tinha que fazer parecer que eu estava procurando minha filha desaparecida on-line, mas era um laptop escuro, que realmente não fazia nada. Para me filmar, usaram uma GoPro montada nele. Nas cenas em que estou conversando com outros personagens, os atores estavam sentados em outra sala na mesma casa em que estávamos filmando. Nós fazíamos as cenas em tempo real, e eu tinha um fone de ouvido para que pudesse ouvi-las. Foi diferente de tudo que eu já fiz antes.
CinePOP: Parece que estamos interagindo com nossos dispositivos o tempo todo nos dias de hoje. Isso se aplica a você também?
Cho: Sinceramente, eu acho que não, mas acontece. Eu me lembro de ficar um pouco surpreso quando me sentei para assistir ao filme e vi a sequência de abertura em que vemos toda a história pregressa da família Kim. Foi incrivelmente emocionante, mas também me fez perceber que estamos usando esses dispositivos há anos. Nossa memória coletiva está lá, preservada em nossos computadores. É difícil viver no planeta Terra e não interagir com essas telas. Você pode pensar que não as está usando muito, mas está interagindo com elas muito mais do que pensa.
CinePOP: Uma das coisas de que eu gostei sobre o filme é que percebemos como as redes sociais e esses dispositivos se tornaram um repositório para as nossas memórias. Isso é verdade para você também?
Cho: Eu tenho filhos, um de 10 anos e outro de cinco anos. Por alto, temos cerca de 15 milhões de fotos, com aproximadamente um milhão para mais ou menos. O computador se torna um arquivo da sua vida. Mas, como vemos no filme, o computador também pode ser um historiador irritante, porque não há edição. Ele registra suas perguntas mais triviais, seus e-mails de trabalho, seu histórico de pesquisa, suas fotos de família – ele retém tudo.
CinePOP: A experiência de fazer o filme mudou sua atitude em relação à tecnologia?
Cho: Provavelmente me mudou, no sentido de que realmente me fez confrontar o quanto estamos todos on-line. Eu pensei que vivia no passado, mas sou como todos os demais. Estamos todos nesses dispositivos. Existem pequenas diferenças entre mim e o meu filho ou, digamos, entre mim e um adolescente. Na maioria das vezes, estamos todos ocupados, vivendo nossas vidas on-line. Nossa capacidade de fazer o bem e o mal é amplificada pela tecnologia. A capacidade de uma criança de conhecer um estranho é amplificada. Elas não precisam estar em algum estacionamento para serem confrontadas por um estranho. Alguém pode entrar em contato com elas on-line em sua casa, e isso é assustador. Da mesma forma, no filme, também vemos como a busca desse personagem pela filha é facilitada pela mesma tecnologia. Os riscos parecem ser maiores. A tecnologia é uma ferramenta, assim como o martelo é uma ferramenta que aumenta a sua capacidade de bater em algo.
Ficou curioso para ver o filme? ‘Buscando…’ chega aos cinemas em 20 de setembro.