Falta apenas um dia para conhecermos o ganhador da Palma de Ouro 2023, porém o 76° Festival de Cannes entrega ainda muitas surpresas até o último minuto. No nono e décimo dias, 24 e 25 de maio, o Tapete Vermelho brilhou para figuras emblemáticas do cinema europeu. Além disso, o ícone norte-americano Quentin Tarantino aparece sem pretensões no festival, como cinéfilo, na Quinzena dos Cineastas. Confira abaixo alguns momentos marcantes dos dois últimos dias.
Juliette Binoche e Benoît Magimel
O ex-casal Benoît Magimel e Juliette Binoche subiram os degraus do Tapete Vermelho na última quarta-feira, dia 24, para a première de La Passion de Dodin Bouffant, do franco-vietnamita Tran Anh Hung. O relacionamento acabou em 2003, mas ambos têm uma filha juntos, a atriz Hannah Magimel (Com Amor e Fùria).
Justamente por conta do caso do passado, os atores foram escolhidos pelo diretor. Em competição pela Palma de Ouro, o longa conta uma história de amor entre um gastrônomo (Magimel) e sua cozinheira (Binoche). Este é o terceiro filme do ator francês este ano em Cannes, ele pode ser visto em Rosalie, na mostra Un Certain Regard, e Omar la Fraise, na sessão de Meia-Noite.
Retrato de um Relacionamento Abusivo
Fora da competição, a diretora francesa Valérie Donzelli subiu as escadarias de Cannes com a equipe do filme L’Amour et les Forêts (Just the Two of Us/ O Amor e as Florestas). Com os protagonistas Virginie Efira (Benedetta) e Melvil Poupaud (Jeanne du Barry), o filme relata o drama de uma mulher apaixonada que casa-se com um homem abusivo e autoritário.
Com uma atmosfera realista e comovente, a história conjugal é descrita pelo ScreenDaily como: “Um drama doméstico sólido e muitas vezes desconfortavelmente tenso”. Ao lado da diretora e dos atores estava Eric Reinhardt, autor do livro do qual a história foi adaptada pela roteirista Audrey Diwan (O Acontecimento). No dia seguinte, grávida de alguns meses, Virginia também apresentou o drama Rien à Perdre, de Delphine Deloget na mostra Un Certain Regard.
Candidato a Palma de Ouro – Nanni Moretti
Pela nova vez em Competição pela Palma de Ouro, Nanni Moretti e toda a equipe de Il Sol Dell’Avvenire (Rumo a um futuro brilhante) subiram os degraus do Palácio de Cannes com uma coreografia em celebração a uma das cenas do filme.
Entre a adoração e o descaso, o cineasta italiano dividiu a opinião da crítica no evento com uma proposta metalinguística. Por exemplo, o IndieWire publicou: “Os resultados são frustrantes e diminuem o impacto geral do filme, que tem seu coração no lugar certo, mesmo que esse lugar muitas vezes pareça preso no passado.”
Borboleta Amarela – Heidi Klum
A modelo e atriz germano-americana Heidi Klum ganhou o prêmio de roupa mais fotografada do Festival de Cannes 2023. Com seu enorme vestido amarelo dividido na altura da coxa esquerda, com mangas enormes e visivelmente adornadas com diamantes, ela chamou atenção de todas as lentes no local.
Aos 49 anos, a famosa modelo passou pelo Tapete Vermelho por ocasião da estreia de A Paixão de Dodin Bouffant, na Mostra Competitiva. Outro detalhe que chamou a atenção dos fotógrafos foi a abertura chamada XXL do seu vestido, a qual deixou à mostra grande parte dos seus seios e ligeiramente um mamilo durante a caminhada até a sala.
Contra o Marco Zero – Elenco de A Flor de Buriti
Se falamos do quesito moda, não podemos deixar de lado o tópico política. Por alguns momentos na tarde de ontem, a equipe do filme brasileiro A Flor de Buriti, de João Salaviza e Renée Nader Messora, fizeram um protesto no Tapete Vermelho.
Ligada à temática do filme, eles denunciam a aprovação da polêmica lei do Marco Temporal no Brasil. A medida obriga os indígenas a comprovarem que já viviam no território antes da entrada em vigor da Constituição Brasileira de 1988 para reivindicar sua titularidade.
Quentin Tarantino – Um Cinéfilo na Croisette
Sem filme na Seleção Oficial ou participação no júri, a presença de Quentin Tarantino no Festival de Cinema de Cannes era inesperada. Este ano, o cineasta norte-americano apresentou-se como cinéfilo para a sessão surpresa de A Outra Face da Violência (1977), de John Flynn, no Théâtre Croisette, da Quinzaine des Cinéastes.
Após a sessão, no dia 25 de maio, o diretor teve um bate-papo com a plateia sobre o filme, ou melhor, deu uma master class sobre uma das obras que marcou sua carreira cinematográfica. Durante a conversação, ele confessou redescobrir cenas já esquecidas. Quentin Tarantino contou ter visto o filme pela primeira vez aos 14 anos, em Los Angeles e, imediatamente, encantou-se.
Ganhador da Palma de Ouro em 1994, com Pulp Fiction – Tempo de Violência, e Presidente do Júri em 2004, Tarantino declarou adorar o festival. Seu convite para essa sessão especial está relacionado ao recente lançamento do seu livro Cinéma Speculations, um ensaio teórico sobre o cinema dos anos 1970 nos Estados Unidos.
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