domingo , 22 dezembro , 2024

Cenas de um Casamento: Conheça a minissérie que inspirou um subgênero

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Produção sueca nunca deixou de ter relevância, sendo um dos grandes exemplares a analisar as relações conjugais

Um tipo comum de enredo no cinema, principalmente quando o apelo é para o drama, é o de crise matrimonial. As desavenças que podem nascer de uma relação que, por qualquer que seja o motivo, começa a se desintegrar é um celeiro fértil para a produção de momentos intensos.



Dessa forma, diversos artistas criaram carreiras inteiras ao redor desse nicho e encontrando formas novas de representar a complexidade de uma relação a dois no cinema. Nos anos 70, Woody Allen surge como um desses expoentes em uma Hollywood que se transformava e passava a ter maior interesse por histórias menos fantasiosas.

Por volta de 1973 o diretor sueco Ingmar Bergman, já estabelecido como um dos grandes nomes do cinema, se aventurou no complexo campo dos relacionamentos conjugais ao produzir a minissérie, lançada diretamente para a televisão de seu país, Cenas de um Casamento. A produção tinha uma proposta muito pessoal para o realizador, sendo ela uma forma do mesmo externar experiências particulares.

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Ingmar Bergman já bastante conhecido a altura da minissérie

Com isso em mente, o desenvolvimento da minissérie teve uma ligação muito forte com o relacionamento que Bergman levava com a atriz Liv Ullmann à época. Uma das parcerias mais famosas do cinema, o casal começou o relacionamento em 1966, na esteira da produção do clássico Persona; filme que lançou a carreira de Ullmann.

Ainda assim a relação entre os artistas era tudo menos convencional, conforme dito pela própria filha de ambos, Linn Ullmann. Na entrevista intitulada Linn Ullmann on her father, Ingmar Bergman: “It was as if all the windows of his mind had open”, assinada por Alex Clark para o Guardian, a escritora expõe uma situação diferente na relação dos pais também no livro Unquiet.

“ Eu era a criança dele e a criança dela. Porém não a criança deles, nunca era nós três; quando eu passo pelas fotografias espalhadas sobre a minha mesa, não há uma única fotografia de nós três juntos. Ela e ele e eu. Essa constelação não existe”.

Ingmar e sua filha, Linn

Na altura em que Bergman iniciou a relação com Liv ele já havia se casado quatro vezes e era pai de oito filhos, já a atriz até então não teve filhos mas era casada com um médico. Foi da complexidade dessa união, bem como do fracasso das anteriores, que o diretor escreveu as primeiras linhas do roteiro de Cenas de um Casamento.

Protagonizado pela própria Liv Ullmann e Erland Josephson a trama geral foca no casal Marianne e Johan, ambos vivendo um casamento mais do que estável e com vidas profissionais bem encaminhadas. Logo de cara o espectador compreende que o sentimento que prevalece na relação não é, exatamente, o de felicidade pura mas sim o de contentamento. 

A mencionada estabilidade proveu uma sensação para ambos que, ao mesmo tempo que agrada, estagnou a relação mesmo que de maneira imperceptível. É somente após a dupla testemunhar uma discussão acirrada entre um casal de amigos que algumas dúvidas começam a surgir; principalmente se algo como o amor ainda existe no cenário de acomodação que ambos se encontram.

O casamento de Marianne e Johan não é tão perfeito quanto eles acham

A minissérie durou cerca de seis episódios no qual Bergman contou com um orçamento muito menor do que o que ele geralmente utilizava em seus filmes (que por sua vez, principalmente para padrões atuais, não eram tão grandes). Com o dinheiro limitado, a equipe técnica pendeu para a escolha de filmar os episódios como uma obra documental, dessa maneira se aproximando mais da realidade.

O próprio início do primeiro episódio, no qual Johan e Marianne estão sendo entrevistados para uma revista, evoca uma natureza documental, sendo a dupla o foco da câmera quase que todo o tempo. À produção também é creditado um impacto interessante no mundo real, visto que o período que ela esteve no ar coincidiu com um aumento recorde no número de divórcios em solo sueco.

Os anos 70 foram fundamentais para a ascensão da cultura feminista nos países nórdicos de maneira geral e, mais especificamente, na Suécia. Foi uma época marcada pela ascensão de siglas como Group 8 e Woman of Labour; todos eles sendo elementos provenientes da modernização de pensamento, assim como foi a mencionada alta de processos de divorcio.

Após o fim da minissérie, em 1974, o diretor produziu uma versão mais condensada para a distribuição nos cinemas. O resultado final foi um filme amplamente aceito, vencendo o prêmio de melhor obra estrangeira no Globo de Ouro de 1974.

Mais recentemente a produção voltou aos holofotes graças a sua refilmagem norte-americana de mesmo nome, disponível no HBO Max, estrelada por Oscar Isaac e Jessica Chastain. Não só por isso mas é inegável que toda produção sobre crise conjugal, em períodos recentes, deve algo e em algum nível à minissérie sueca.

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Um tipo comum de enredo no cinema, principalmente quando o apelo é para o drama, é o de crise matrimonial. As desavenças que podem nascer de uma relação que, por qualquer que seja o motivo, começa a se desintegrar é um celeiro fértil para a produção de momentos intensos.

Dessa forma, diversos artistas criaram carreiras inteiras ao redor desse nicho e encontrando formas novas de representar a complexidade de uma relação a dois no cinema. Nos anos 70, Woody Allen surge como um desses expoentes em uma Hollywood que se transformava e passava a ter maior interesse por histórias menos fantasiosas.

Por volta de 1973 o diretor sueco Ingmar Bergman, já estabelecido como um dos grandes nomes do cinema, se aventurou no complexo campo dos relacionamentos conjugais ao produzir a minissérie, lançada diretamente para a televisão de seu país, Cenas de um Casamento. A produção tinha uma proposta muito pessoal para o realizador, sendo ela uma forma do mesmo externar experiências particulares.

Ingmar Bergman já bastante conhecido a altura da minissérie

Com isso em mente, o desenvolvimento da minissérie teve uma ligação muito forte com o relacionamento que Bergman levava com a atriz Liv Ullmann à época. Uma das parcerias mais famosas do cinema, o casal começou o relacionamento em 1966, na esteira da produção do clássico Persona; filme que lançou a carreira de Ullmann.

Ainda assim a relação entre os artistas era tudo menos convencional, conforme dito pela própria filha de ambos, Linn Ullmann. Na entrevista intitulada Linn Ullmann on her father, Ingmar Bergman: “It was as if all the windows of his mind had open”, assinada por Alex Clark para o Guardian, a escritora expõe uma situação diferente na relação dos pais também no livro Unquiet.

“ Eu era a criança dele e a criança dela. Porém não a criança deles, nunca era nós três; quando eu passo pelas fotografias espalhadas sobre a minha mesa, não há uma única fotografia de nós três juntos. Ela e ele e eu. Essa constelação não existe”.

Ingmar e sua filha, Linn

Na altura em que Bergman iniciou a relação com Liv ele já havia se casado quatro vezes e era pai de oito filhos, já a atriz até então não teve filhos mas era casada com um médico. Foi da complexidade dessa união, bem como do fracasso das anteriores, que o diretor escreveu as primeiras linhas do roteiro de Cenas de um Casamento.

Protagonizado pela própria Liv Ullmann e Erland Josephson a trama geral foca no casal Marianne e Johan, ambos vivendo um casamento mais do que estável e com vidas profissionais bem encaminhadas. Logo de cara o espectador compreende que o sentimento que prevalece na relação não é, exatamente, o de felicidade pura mas sim o de contentamento. 

A mencionada estabilidade proveu uma sensação para ambos que, ao mesmo tempo que agrada, estagnou a relação mesmo que de maneira imperceptível. É somente após a dupla testemunhar uma discussão acirrada entre um casal de amigos que algumas dúvidas começam a surgir; principalmente se algo como o amor ainda existe no cenário de acomodação que ambos se encontram.

O casamento de Marianne e Johan não é tão perfeito quanto eles acham

A minissérie durou cerca de seis episódios no qual Bergman contou com um orçamento muito menor do que o que ele geralmente utilizava em seus filmes (que por sua vez, principalmente para padrões atuais, não eram tão grandes). Com o dinheiro limitado, a equipe técnica pendeu para a escolha de filmar os episódios como uma obra documental, dessa maneira se aproximando mais da realidade.

O próprio início do primeiro episódio, no qual Johan e Marianne estão sendo entrevistados para uma revista, evoca uma natureza documental, sendo a dupla o foco da câmera quase que todo o tempo. À produção também é creditado um impacto interessante no mundo real, visto que o período que ela esteve no ar coincidiu com um aumento recorde no número de divórcios em solo sueco.

Os anos 70 foram fundamentais para a ascensão da cultura feminista nos países nórdicos de maneira geral e, mais especificamente, na Suécia. Foi uma época marcada pela ascensão de siglas como Group 8 e Woman of Labour; todos eles sendo elementos provenientes da modernização de pensamento, assim como foi a mencionada alta de processos de divorcio.

Após o fim da minissérie, em 1974, o diretor produziu uma versão mais condensada para a distribuição nos cinemas. O resultado final foi um filme amplamente aceito, vencendo o prêmio de melhor obra estrangeira no Globo de Ouro de 1974.

Mais recentemente a produção voltou aos holofotes graças a sua refilmagem norte-americana de mesmo nome, disponível no HBO Max, estrelada por Oscar Isaac e Jessica Chastain. Não só por isso mas é inegável que toda produção sobre crise conjugal, em períodos recentes, deve algo e em algum nível à minissérie sueca.

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