Em “Anita e Garibaldi” é a primeira vez que a saga libertária de Garibaldi na América se transforma num grande filme de época.
Os treze anos de Giuseppe Garibaldi no Brasil, Argentina e Uruguai foram anos de uma aventura sem igual. Giuseppe Garibaldi
chegou ao Rio de Janeiro com 26 anos. Partiu de volta para a Itália, de Montevidéu, com 39 anos. Nesse período viveu paixões ardentes, realizou façanhas militares julgadas impossíveis, sobreviveu a naufrágios e tempestades, defendeu o cerco de uma cidade e cercou e incendiou outras.
Garibaldi foi um herói romântico mais sedutor e audaz do que qualquer outro criado pela imaginação dos escritores. E isso é o espantoso: a saga de Garibaldi é real. Sua luta ao lado dos republicanos riograndenses, ao lado dos Lanceiros Negros – a brigada de cavalaria composta apenas de negros fugidos à escravidão – e ao lado dos uruguaios na defesa de Montevidéu é uma aventura verdadeira, e por isso nos toca e nos comove.
Curiosidades:
» Ana Maria de Jesus Ribeiro, Anita, foi uma mulher à frente de seu tempo. Vestindo calças e liderando as tropas em batalha, surpreendeu até mesmo Garibaldi. Anita tinha consciência precisa da guerrilha e da situação política. Lutou por amor a Garibaldi, mas principalmente pela causa. Ela já era republicana.
Relembrando a participação do astro nos filmes da cinessérie, é difícil segurar o choro ao assistir ao vídeo. O ator sofreu uma morte trágica no sábado (30/11).
Assista:
Os produtores de ‘Velozes e Furiosos 7’ anunciaram que as filmagens e a produção foram pausadas por tempo indeterminado.
“Neste momento, todos nós da Universal estamos dedicados a fornecer todo o apoio necessário à família de Paul e para toda a equipe e elenco de ‘Velozes e Furiosos 7’. Sentimos que é nossa responsabilidade encerrar a produção por tempo indeterminado, para que possamos avaliar todas as opções disponíveis para avançar com a franquia. Temos o compromisso de manter os fãs de Velozes e Furiosos informados, e iremos fornecer mais informações para quando as tivermos. Nós sabemos que todos os fãs vão se juntar a nós em luto pela morte do nosso querido amigo Paul Walker.”
A produção estava suspensa desde o falecimento de Walker em um acidente automobilístico, ocorrido no sábado (30/11). Mais de metade do filme já foi rodada, mas algumas das principais cenas com o astro ainda não foram completadas. Algumas cenas seriam gravadas em Abu Dhabi, capital dos Emirados Árabes, em janeiro.
Conheça os quatro últimos longas que Walker filmou:
Neste suspense dramático, Walker interpreta um homem que enfrenta a trágica morte de sua esposa (Genesis Rodriguez) durante o parto, em um hospital em Nova Orleans. A filha do casal sobrevive, mas depende de aparelhos. A tensão aumenta com a passagem do devastador furacão Katrina, que deixa pai e filha ilhados e sofrendo com a falta de eletricidade.
O longa reflete a faceta engajada do astro: ele apoiava a organização beneficente Reach Out Worldwide, que ajuda vítimas de desastres naturais. Ele faleceu em um acidente logo após participar de um evento da organização, realizado para ajudar os filipinos atingidos pelo tufão Yolanda.
Agendado para estrear em 13 de dezembro nos EUA, ‘Hours’ manterá a data, segundo o Hollywood Reporter.
Walker é um dos produtores do longa. O roteiro e a direção são de Eric Heisserer, roteirista de ‘Premonição 5’ e do remake de ‘A Hora do Pesadelo’.
Ainda sem título nacional, o drama de ação é uma refilmagem da produção francesa de 2004 ‘B13 – 13º Distrito’, lançada direto nas locadoras no Brasil.
A trama é centrada no policial Damien (Walker), que se infiltra em uma gangue para impedir que um implacável chefão do crime ponha as mãos em uma bomba de nêutrons.
A direção é do estreante Camille Delamarre, editor de ‘Busca Implacável 2’ e ‘Carga Explosiva 3’. Bibi Naceri e Luc Besson, que assinaram o longa original, adaptam seu próprio roteiro para a refilmagem.
‘Brick Mansions’ é uma produção franco-canadense. Com filmagens iniciadas em 30 de abril de 2013, o filme deve ser lançado pela Relativity Media no dia 1º de maio de 2014.
Esta é uma comédia de ação com orçamento de apenas US$ 5 milhões, mas um elenco repleto de astros. Além de Walker, estrelam Brendan Fraser (‘A Múmia’), Elijah Wood (‘O Senhor dos Anéis’), Norman Reedus (‘The Walking Dead’), Thomas Jane (‘O Nevoeiro’), Vincent D’Onofrio (‘Nascido para Matar’) e Lukas Haas (‘A Origem’).
O roteiro de Adam Minarovich gira em torno do sumiço de um anel de casamento, que leva a uma caçada insana que envolve drogados, skinheads e um sósia de Elvis Presley. Walker interpreta um viciado em metanfetaminas no longa.
A direção é de Wayne Kramer, que já trabalhou com o astro em ‘No Rastro da Bala’.
O longa teve uma passagem breve e mal sucedida em apenas 15 cinemas norte-americanos, e já foi lançado em vídeo. Ainda não há previsão para o Brasil.
Este será o principal lançamento póstumo de Paul Walker. A Universal Pictures adiou por enquanto a produção, mas não há planos de cancelar o lançamento do filme, atualmente agendado para 18 de julho de 2014 no Brasil.
O astro interpretou Brian O’Conner em todos os filmes da franquia, menos no terceiro, ‘Velozes e Furiosos – Desafio em Tóquio’.
Não se sabe como o estúdio terminará ‘Velozes & Furiosos 7’ sem Walker. Uma saída já utilizada em ‘Gladiador’, com Oliver Reed, foi usar efeitos visuais para acrescentar diálogos e imagens do intérprete.
Jason Statham será o vilão do longa. Ele fez uma ponta em ‘Velozes & Furiosos 6′ e chegou a negociar para viver o vilão principal, mas o papel ficou com Luke Evans. Kurt Russell aparecerá no sétimo ou no oitavo filme.
Vin Diesel, Tyrese Gibson, Dwayne “The Rock” Johnson e Michelle Rodriguez retornam. O tailandês Tony Jaa (‘Ong Bak – Guerreiro Sagrado’) fará sua estreia em Hollywood no filme, e a campeã de UFC Ronda Rousey terá uma ponta.
Guardem esse nome: Nicole Holofcener. Se você ainda não conhece essa que é uma das cineastas mais talentosas trabalhando atualmente em Hollywood, chegou a hora de ser apresentado. Roteirista de todos os seus filmes, a diretora estreou no cinema com um curta em 1991. Em 1996, lançou seu primeiro longa, Walking and Talking, uma comédia-romântica dramática protagonizada por sua atriz favorita Catherine Keener (com quem trabalhou em todos os seus filmes).
Depois de Encontro de Irmãs (2001), realizou seu primeiro trabalho de destaque verdadeiro, Amiga com Dinheiro (2006), um dos únicos filmes bons da carreira de Jennifer Aniston. Como o título já diz, o filme discutia a vida de quatro grandes amigas, e como o status financeiro entra em jogo e divide as pessoas. Em Sentimento de Culpa (2010), Holofcener foi ainda mais longe com seu humor ácido, e descortinou o pensamento incorreto contido em cada um de nós, colocando bem na nossa frente uma realidade muito presente em nosso dia a dia, que na maioria das vezes preferimos ignorar.
Agora, a cineasta volta aos primórdios de sua carreira ao entregar com seu quinto filme uma comédia-romântica agradável, séria e madura.Julia Louis-Dreyfus (a eterna Elaine do seriado Seinfeld) é Eva, uma massagista divorciada, mãe de uma jovem que acabou de entrar na faculdade. Numa festa sem perspectivas, ela conhece Albert, personagem do saudoso James Gandolfini (o eterno Tony Soprano do seriado Família Soprano).
Esse é um dos trabalhos póstumos de Gandolfini, falecido em setembro desse ano, e o primeiro a ser lançado após sua morte. Embora ambos atores sejam mais conhecidos por seus personagens na TV, Gandolfini teve uma boa carreira no cinema também, ao contrário de Louis-Dreyfus que nunca teve muitas oportunidades. Aqui, no entanto, ela tem toda a chance que precisa para brilhar e não decepciona em seu primeiro papel protagonista no cinema, em vias de completar 53 anos de idade.
Ela é uma atriz muito carismática, e como Eva entrega o retrato da mulher comum, extremamente identificável com seus variados problemas mundanos e rotineiros. Quando decidem dar uma chance para o amor, nessa fase da vida, os personagens sabem exatamente onde estão se metendo, e tudo o que tal situação acarretará. Os dois são divorciados, e possuem filhas adultas. Nesse trecho da obra, ao abordar o relacionamento, o filme de Holofcener não poderia ser mais honesto.
O desconforto caminha junto com a vontade, ao saberem que seu auge já passou e não estão mais na idade em que vale tudo. Os dois sabem de seu declínio iminente, e entre diálogos sobre falta de dentes e sobrepeso, encontram também a sinceridade absoluta, e nenhuma futilidade ou vaidade. Em um segundo momento, À Procura do Amor apela ao humor, e é nessa hora que entra em jogo uma subtrama.
Eva (Louis-Dreyfus) cria grandes laços de amizade com a personagem de Catherine Keener, sem saber que ela na verdade é a ex mulher do personagem de Gandolfini. A protagonista então decide seguir em frente, sem contar nada para nenhuma das partes, a fim de receber informações privilegiadas. Se nos negócios tal fato pode acarretar em um longo tempo de prisão, porque na vida social deveria ser diferente.
Como esperado, a obra da diretora consegue ser engraçada, sem apelar ao mais baixo denominador comum. O filme promete prêmios para o trio principal: Louis-Dreyfus, Gandolfini e Holofcener. É muito bom ver uma comédia romântica que traga boa reputação ao gênero, jogado na lama por anos de exemplares ruins impulsionados por Sandra Bullock, Jennifer Aniston e Katherine Heigl . Deixe para Nicole Holofcener entregar um dos romances adultos mais agradáveis dos últimos anos.
Subvertendo a fórmula boy meets girl para girl meets girl, Azul é a Cor Mais Quente traz uma das histórias de amor mais emocionantes do cinema em anos recentes. Baseado na graphic novel “Le Bleu est une couleur chaude” (ou Azul é uma cor quente), de Julie Maroh, o filme apresenta a protagonista Adèle e nos leva por sua vida ao longo dos anos. De começo, a conhecemos como uma menina colegial de 17 anos, que ainda não tem, como a maioria das pessoas nessa idade, sua sexualidade completamente definida.
Tudo muda quando vê passar na rua a instigante jovem mulher de cabelos azuis, Emma. Elas se encontram novamente e parecem não desgrudar mais. Enfrentam todos os obstáculos impostos por uma sociedade ainda engatinhando no quesito da tolerância, mas talvez vencer apenas as barreiras vindas de fora do relacionamento não seja tudo. Vencedor da Palma de Ouro no Festival de Cannes desse ano (entregue pelo Sr. Politicamente correto em pessoa, Steven Spielberg – presidente do júri), o filme chega ao Brasil com grande hype, e já enaltecido como uma das melhores obras cinematográficas de 2013.
Por uma tecnicalidade não se tornou elegível para representar a França no Oscar 2014. Mas quem sabe possa arrumar vaga em outras categorias. A polêmica dessa história de amor se estendeu para fora das telas também. A estrela da produção, a francesa com carreira nos EUA, Léa Seydoux, fez declarações pouco lisonjeiras sobre o comandante da obra, o diretor tunisiano Abdellatif Kechiche e seus métodos de trabalho exaustivos. O cineasta não deixou por menos e contra-atacou gerando uma guerra fria (ou quente mesmo) nos bastidores dessa produção. Seja campanha de marketing ou não, o fato sem dúvidas chamou mais atenção para a obra.
Com poucos filmes no currículo, Abdellatif Kechiche é um verdadeiro artista no sentido literal da palavra. Adepto do cinema de autor (assim como a maioria dos europeus – embora não tenha nascido, o diretor já trabalha e vive na França há muitos anos), Kechiche assinou o roteiro da adaptação, e minuciosamente define cada detalhe de seus cenas. O que parece é que ninguém teve muito dizer a não ser o próprio, durante a confecção dessa obra. Esse sem dúvidas é um projeto muito pessoal seu.
Para criar mais intimidade e proximidade do público com a história, Kechiche usa closes quase o tempo todo, como se nos colocasse cara a cara com as personagens, sem ter onde nos escondermos. Ou elas. Seja durante um jantar, quando a protagonista come uma macarronada se lambuzando toda, como uma menina faria na frente dos pais num domingo, ou nas tão faladas e polêmicas cenas de sexo semi explícitas. As atrizes protagonistas ganham as oportunidades de suas carreiras. Léa Seydoux, de 28 anos, que já esteve em Meia Noite em Paris, Missão: Impossível – Protocolo Fantasma e Bastados Inglórios, não tem do que reclamar.
Mas a verdadeira protagonista é Adèle, e sua xará intérprete Adèle Exarchopoulos, de 20 anos, está pronta para ser uma estrela. A francesa de descendência grega ainda deverá receber prêmios por seu desempenho. Sua entrega é gigantesca. Quanto às anunciadas cenas calorosas, elas servem sim para refletir tamanha paixão inesquecível. Mas ao mesmo tempo também passam do limite chegando ao estágio do soft porn. Em especial Adèle Exarchopoulos talvez mostre partes de seu corpo nunca antes mostradas por uma mulher numa produção de cinema mainstream, sem ser pornográfico.
Em mais de um momento as duas exalam a atração carnal e derretem as telas. Os 179 minutos de projeção não são sentidos, mas necessários para explorar cada detalhe de uma relação única e verídica. Adèle Exarchopoulos exibe a marca de uma grande atriz quando consegue convencer como uma menina de 17 anos, até uma jovem de seus vinte e poucos anos. O tempo passa sem ser anunciado, e nosso relógio e calendário é o desempenho da bela atriz. Esse é o (500) Dias Com Ela francês, lésbico e dramático ao invés de cômico.
Ensaio é um dos filmes brasileiros mais belos do ano. Em sua estética a obra da diretora Tania Lamarca (Tainá, 2000) é um verdadeiro espetáculo de dança filmado, que facilmente entraria num hall ao lado de produções como Cisne Negro (2010) e Pina (2011). A bailarina da vida real Lavínia Bizotto dá um show em sua estreia como atriz no cinema, tanto no quesito performático quanto em sua atuação como atriz.
Se não soubéssemos ser o seu primeiro trabalho, ninguém diria. A protagonista se comporta nas telas como uma verdadeira veterana. Lavínia vive Eva, a dançarina principal numa nova produção cujo diretor do espetáculo é seu companheiro fora dos palcos. Ele é vivido pelo ator Chico Caprario. Enquanto Caio, o diretor, torna-se cada vez mais obcecado e envolvido com a produção do espetáculo, sua companheira cai nos braços do colega de palco, o dançarino argentino Daniel, vivido pelo também dançarino Bruno Cezario (brasileiro na vida real).
Ficção mistura-se com realidade quando todos começam a imergir profundamente no universo da obra performática, que irá abordar a vida da heroína revolucionária Anita Garibaldi, e seu romance com Giuseppe Garibaldi. Na peça os dois serão interpretados respectivamente por Eva (Bizotto) e Daniel (Cezario). A precisão dos movimentos em diversas cenas, que exploram os ensaios dos artistas, é um prato cheio para todos os adeptos da arte da dança, ou de qualquer arte por assim dizer.
Com poucos personagens, mas muito bem explorados, a obra se embrenha em um universo específico sem nunca alienar seu público. Ao contrário, nos convida para entrar e compreender o que ele significa para seus envolvidos apaixonados. Eva, por exemplo, se entregou demais para deixar que qualquer coisa tire o seu momento de brilho. E está disposta a passar por cima de tudo, até de situações das quais poderá se arrepender amargamente no futuro.
Ensaio tem suas mini conspirações amorosas, traições, e muito desejo, acima de tudo pela dança. É por vezes cruel, mas muito realístico, humano e poético. Lavínia Bizotto desempenha o papel de sua carreira. A atriz é simplesmente belíssima, e extremamente fotogênica, mas acima de tudo uma atriz nata. Ela exala paixão e sensualidade. Esse é um dos melhores filmes nacionais do ano, e merece aplausos.
Quando Brian De Palma lançou, em 1977, a primeira adaptação do romance de Stephen King, Carrie, a Estranha, não imaginava que este acabaria se tornando um dos trabalhos mais emblemáticos de sua carreira. Além de montar uma nova estrutura narrativa e engendrar planos absolutamente brilhantes, do ponto vista estético, De Palma soube lidar com temas extremamente complexos, como religião, sociedade e a rejeição popular pelo diferente, desenvolvendo com eficiência cada ponto empreendido.
Ao longo dos anos, continuações e pequenas novas versões de Carrie foram feitas em menor escala, ainda que nenhuma delas tenha tido, sequer, um atinente destaque, em relação à obra referencial. E, provavelmente, essa lacuna tenha despertado o interesse da indústria hollywoodiana e seu maior filão atual: os remakes e reboots – demonstrando, de certa forma, uma carência de novas ideias.
Deste modo, comandado por Kimberly Peirce (Stop-Loss – A Lei da Guerra), e estrelado pela nova queridinha da América, Chloë Moretz (A Invenção de Hugo Cabret), Carrie, a Estranha ganha, enfim, sua roupagem mais moderna. No entanto, o resultado obtido surpreende de forma tão negativa, ao ponto de inserir-se entre os piores títulos lançados esse ano. É um longa que nada tem a acrescentar ao conto original, possui um roteiro pedestre e é repleto de atuações vexatórias, que poderiam servir bem à franquia Todo Mundo em Pânico – aliás, a fita seria perfeita como uma paródia contemporânea.
Seguindo a linha narrativa do clássico de De Palma, quase que cena por cena, Peirce realiza um trabalho de direção genérico, que em nenhum momento transporta o espectador para a atmosfera de conflito, na qual, justamente, sua protagonista vive. Pelo contrário, a todo o instante nos deparamos com um sorriso no rosto, pelo fato da má construção de cenas e atuações histéricas, que beiram o ridículo. Tal como a dupla de roteiristas, Roberto Aguirre-Sacasa e Lawrence D. Cohen, entrega um texto raso, detentor de terríveis diálogos e de uma deficiência artística impressionante. O que espanta ainda mais, já que Cohen também assina o roteiro do primeiro filme.
E, mesmo contando com boas atrizes em seu cast, como a própria Moretz – que, em títulos como Kick-Ass – Quebrando Tudo e Deixe-me Entrar, mostrou-se talentosa –, ou a consagradaJulianne Moore (Longe do Paraíso), não temos um mínimo alento. Ambas realizam trabalhos extremamente caricatos e artificiais, principalmente Moore, que costuma exagerar em suas performances, e aqui extrapola todos os limites. Os demais jovens atores, Gabriella Wilde, Alex Russell e Portia Doubleday, também demonstram descompromisso com o troço, logo, ninguém consegue se sobressair.
Mas o principal problema está mesmo no descaso dos temas presentes na obra do King e na adaptação do De Palma. É aparente que o intuito da diretora seja apenas o entretenimento e o suspense escapista, já que não se aprofunda em qualquer linha de debate, e tenta, a todo o momento, impressionar o espectador médio, com sustos e efeitos visuais – muito ruins, por sinal. É triste constatar que uma cineasta como Kimberly Peirce, que realizou um trabalho tão tocante como Meninos Não Choram, renda-se ao comodismo artístico.
Assim, este Carrie, a Estranha junta-se a uma extensa lista de terríveis refilmagens descartáveis; estando em nível de desastres como, por exemplo, O Massacre da Serra Elétrica 3D: A Lenda Continua, A Hora do Espanto, A Hora do Pesadelo, A Morte Pede Carona, A Profeciae Psicose. Ratificando o quão sem sentido é sua existência e, mais ainda, a contumácia e proveito dos produtores em trazer de volta às telonas, clássicos do gênero, sem ter um mínimo de cuidado, em relação à qualidade dessas obras. Quem sabe com consecutivos fracassos, estes se emendem e parem com esta demência, que já encheu há tempos.
Christian Bale (Bruce Wayne), Heath Ledger (Coringa), Michael Caine (Alfred Pennyworth), Aaron Eckhart (Harvey Dent), Morgan Freeman (Lucius Fox), Gary Oldman (Jim Gordon), Maggie Gyllenhaal (Rachel Dawes).
Direção: Christopher Nolan
Gênero: Aventura, Ação
Duração: 144 min.
Distribuidora: Warner Bros.
Estreia: 18 de Julho de 2008 – Reestreia IMAX (6 de Fevereiro de 2009) e convencional (13 de Fevereiro de 2009)
Sinopse:
Em sua nova aventura para o cinema, Batman segue como o vigilante de Gotham City e tem Jim Gordon (Gary Oldman) e o promotor público Harvey Dent (Aaron Eckhart) como aliados, além do apoio de seu fiel mordomo Alfred (Michael Caine) e do amigo Lucius Fox (Morgan Freeman). Mas um inimigo surge para ameaçar a paz da cidade: o Coringa (Heath Ledger), que inicia uma série de ataques e ameaça Rachel Dawes (Maggie Gylenhaal). Batman então percebe que não enfrenta simplesmente mais um vilão, e sim um adversário maquiavélico e inteligente que não poupará esforços para sair triunfante da batalha.
Curiosidades:
» ‘Batman: O Cavaleiro das Trevas’ é a maior bilheteria da história da Warner Bros. Pictures no Brasil superando a marca que pertencia a ‘Matrix Reloded’.
» O filme é o segundo na história de Hollywood a ultrapassar a marca dos US$ 500 milhões arrecadados nos EUA.
» O ator que deu vida ao novo Coringa, Heath Ledger, faleceu no dia 22 de Janeiro de 2008, por overdose de pílulas para dormir. Ledger já havia terminado suas cenas.
» A eterna ‘Buffy’, Sarah Michelle Gellar, recusou um convite para participar da sequência de ‘Batman Begins’, intitulada ‘O Cavaleiro das Trevas’. A atriz seria escalada para interpretar a personagem Arlequina, a escandalosa aliada de Coringa, que tem freqüentes surtos psicóticos.
» Batman realmente sofrerá mudanças de uniforme em ‘The Dark Knight’. O Batman troca de uniforme na metade do filme.
» Katie Holmes está fora da continuação de Batman. A atriz Maggie Gyllenhaal (‘O Sorriso de Mona Lisa’) é a advogada Rachel Dawes.
» Philip Seymour Hoffman (‘Capote’) foi cogitado para viver Pingüim.
» Ryan Philippe, Ethan Hawke, Guy Pearce, Liev Schreiber e Jake Gyllenhaal foram cogitados para viver Harvey Dent, ou Duas Caras.
O terror gótico ‘Twixt‘, dirigido em 3D por Francis Ford Coppola (‘Drácula de Bram Stocker’), ganhou seu trailer legendado – que você assiste EXCLUSIVAMENTE no CinePOP.
A Europa Filmes lançará o longa no Brasil com o título ‘Virginia‘, nome da protagonista. A estreia é prevista para 27 de Dezembro.
Elle Fanning (‘Super 8’), irmã de Dakota, e Val Kilmer estrelam. O elenco ainda conta com Joanne Whalley, Val Kilmer, Bruce Dern, Ben Chaplin, Don Novello, David Paymer e Alden Ehrenreich.
‘Virginia‘ (Twixt) acompanha um escritor decadente que chega a uma pequena cidade para promover o seu mais recente livro, e acaba se envolvendo no misterioso assassinato de uma jovem. Na mesma noite dos eventos, ele é contactado através dos sonhos por uma garota chamada V. Incerto com relação à conexão entre a fantasma e o assassinato, mas satisfeito por ter tomado conhecimento dos fatos, o escritor acaba chegando à verdadeira história e surpreende-se ao perceber que seu fim diz muito mais sobre sua própria vida do que ele jamais poderia ter imaginado.
Adaptação do livro escrito por Lauren Weisberger, que conta a história de Andrea Sachs (Anne Hathaway). Ela é uma jovem que acabou de sair da faculdade e conseguiu emprego como assistente de uma poderosa editora chamada Miranda Priestly (Meryl Streep), da revista ”Runaway”. Mas mal sabe a garota que Priestly é um terror: seu poder vai além da capacidade de levantar ou principalmente destruir a carreira de muita gente em Nova York.
Curiosidades:
» O filme conta com uma ponta da übermodel Gisele Bündchen, como uma empresária.
Com linguagem peculiar, suspense deixa o espectador curioso pela sua conclusão.
O suspense policial Um Estranho no Lago, do cineasta francês Alain Guiraudie, tem uma proposta, digamos, atípica, dentro do gênero que transita. Não é só o roteiro, também assinado por Guiraudie, que parece caminhar por outra direção. Sua estética fílmica fulgente, dramaticidade latente e algumas passagens intimistas, nos fazem crer que estamos diante de algo que abordará, pura e simplesmente, o cotidiano de uma classe marginalizada pela sociedade, que teima em ser dissimulada. O que nos leva a provável resposta dos muitos comentários e sua seleção para a mostra Un Certain Regard, do Festival de Cannes 2013.
O longa nos insere em meio a uma reserva de nudismo, que possui um lago, habitado apenas por homens homossexuais. Nesta espécie de recanto particular, os visitantes podem andar nus, sem nenhum tipo de recriminação e opressão, com uma vida simples e tranquila. Obviamente, eles usam o bosque, ao lado, para ter relações íntimas. Criando quase que uma comunidade sexual. É bom frisar que Guiraudie faz questão de filmar com planos mais abertos, no intuito de mostrar a nudez gratuita, para sentirmos a mesma sensação dos sujeitos em tela.
Um dos frequentadores mais assíduos do local é o popular Franck (Pierre Deladonchamps), um rapaz boa pinta que parece nunca ter problemas para encontrar parceiros, não fosse seu pensamento fixo pelo misterioso Michel (Christophe Paou). Sujeito por quem ele se apaixonou perdidamente, numa de suas caminhadas pelo bosque. Por outro lado, Franck conhece o solitário, mas adorável Henri (Patrick d’Assumção), que, ouvindo mais do que falando, parece ter respostas sábias sobre a vida. Sendo de fácil identificação para com o espectador, pelo seu frágil estado emocional, passado através dos olhares de d’Assumção, que realiza um trabalho deveras competente.
De momentos ardentes com Michel, e conversas meditativas com Henri, sobre amizade e relacionamentos, Franck vive uma rotina, de certo modo, banal e ditosa. E parece, enfim, ter achado a felicidade. No entanto, assim como o espectador, e seu amigo confidente, Franck percebe que há algo de errado com o companheiro. E que, mesmo com vontade aparente de estarem juntos, é visível a lacuna entre ambos. Isso é simbolizado quando Henri alerta que relações vazias podem machucar um dos lados, e assim perceberá que a essência do prazer vai além da própria carne.
De repente, um crime acontece no lago, e a desconfiança sobre Michel aumenta ainda mais. Principalmente depois da chegada do inspetor Damroder (Jérôme Chappatte), que com perguntas incômodas, pressiona a todos os visitantes. Em especial o próprio Franck, que visivelmente parece esconder algo. Tornando a relação do casal, cítrica. A fita, então, se transforma num drama policial, distanciando-se cada vez mais da ideia posta no primeiro ato.
Enchendo-o de planos-detalhe e engendrando longas tomadas pelo lago, Alain Guiraudie torna o filme inquieto, em relação à visão do espectador. Que procura a todo o momento algo acontecendo em tela, causando certa angústia. Também vemos que, ao passar do tempo, a fotografia intensa e brilhante de Claire Mathon, vai se tornando cada vez mais densa e tenebrosa, assim como a aura dos personagens. Que, em dado momento, parecem desaparecer, pela negra atmosfera que ali habita.
Contudo, a conclusão da trama revela certa carência no roteiro, que se sustenta através de sua estrutura narrativa peculiar. Mesmo com algumas passagens mais sérias e reflexivas, explanadas de forma sutil, não poderíamos dizer que o texto de Guiraudie, desperta grande interesse ou vai fazer você matutar pensamentos após a sessão. Tem lá seus momentos de tensão e consegue manter a plateia ligada – que por sua vez pode se sentir afrontada, devido a uma conclusão que eu julgaria súbita, mas fundamental para com a fita. De certo modo, o diretor salva seu trabalho, ao encerrá-lo num momento crucial para a definição da fraca empreitada. Deste modo, o espectador pode decidir o futuro do conto, abrindo margem para mais discussões.
Dia 18 de outubro de 2013.
Texto originalmente publicado na cobertura do VI Janela Internacional de Cinema do Recife.