SAIAM DA FRENTE TRANSFORMERS!
Sonho de consumo de todo fanboy amante de ficção científica, quadrinho de super-heróis, e filmes de terror envolvendo monstros gigantes, finalmente chega o aguardado “Círculo de Fogo”, um dos filmes mais esperados também pelos fãs do cinema blockbuster em geral. Saída da mente criativa do mexicano Guillermo del Toro, uma autoridade no cinema de criaturas – tendo em seu currículo filmes como “Cronos”, “Mutação”, “Hellboy” e “O Labirinto do Fauno” – a obra era um dos projetos dos sonhos do cineasta, e um dos poucos que de fato viu a luz do dia (del Toro viu diversos planos serem engavetados).
Bancado pelo Warner, a superprodução de 180 milhões de dólares ganha muitos pontos por ser uma ideia totalmente original (não sua estrutura ou subgênero, mas sua trama) saída de apenas uma fonte, a mente exótica de del Toro. Numa Hollywood regida por sequências, filmes de heróis de quadrinhos, adaptações literárias infanto-juvenis e jogos de vídeo game, é muito bom ver emergir obras como “A Origem”, “Super 8”, “Ted”, “Elysium”, e outros mais, que são homenagens ao cinema e a gêneros específicos, mas acrescentando muito, que se tornaram extremamente bem sucedidos, num mercado muito competitivo e dominado por ideias pré-estabelecidas.
A ideia básica aqui, e mote para vender o filme é “robôs gigantes contra monstros gigantes”. A narração inicial nos situa aonde a humanidade se encontra. No futuro, não muito distante, grandes seres alienígenas chegam ao nosso planeta, não vindos do espaço, mas de uma fenda aberta no oceano Pacífico, que justamente leva o título genérico em português (que iria se chamar “Gigantes do Pacífico”, mas por determinação de del Toro, em todos os países o filme deveria levar o título da famosa parte do globo).
As maiores e mais ameaçadoras criaturas que já tivemos conhecimento chegam para nos devastar, e elas são conhecidas como Kaiju (criatura estranha, ou monstro), termo usado para definir um subgênero muito popular no cinema japonês. São filmes de monstros como “Godzilla”, por exemplo. Quando nada mais parecia dar certo, os humanos desenvolvem os Jaegers (caçadores), robôs imensos confeccionados para exterminar as gigantescas pragas e garantir assim a nossa sobrevivência.
Como explicados, tais colossos de puro metal só funcionam conectados às mentes de seus “pilotos”, sempre em pares, já que o ato exige demais de suas mentes para ser controlado por apenas uma pessoa. Precisa existir um forte elo mental, uma coexistência psíquica. Geralmente são utilizados irmãos, pais e filhos, ou pessoas muito ligadas.
A história é muito legal, mas muitos irão dizer que não é o que importa aqui. Se enganam. Vivemos execrando produções pipoca que não se importam com sua trama. Essa se importa e tudo é minuciosamente detalhado. O que pode ser dito é que tudo é fantasioso demais, isso sem dúvidas, mas se você se dispôs a assistir ao filme, sabe exatamente do que ele trata.
“Círculo de Fogo” é o que de melhor o cinema pipoca tem a oferecer, e dentro do que foi planejado é um dos melhores blockbusters do ano. Tudo é bem confeccionado, inclusive cenas assustadoras quando percebemos a escala das criaturas, seja perseguindo uma pequena menininha perdida, ou navegando os mares ao lado de uma pequena embarcação pesqueira.
Os personagens são levemente esboçados, mas bem desenvolvidos dentro dos limites de um filme pipoca de Hollywood (algo como “Velozes 6” havia feito recentemente). Encontramos inclusive pequenos arcos dramáticos, como o da bela Rinko Kukuchi, indicada ao Oscar por “Babel”. Idris Elba, Charlie Hunnam, Charlie Day, e principalmente Ron Pearlman dão conta suficiente do recado.
E del Toro segue como um dos diretores mais criativos de uma indústria perto da falência de boas ideias. “Círculo de Fogo” é diversão garantida e adrenalina pura, que não te deixará levantar para ir ao banheiro sequer.