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Comédia sobre vigaristas com Anne Hathaway e Rebel Wilson estreia fazendo SUCESSO na Netflix


É possível fazer uma comédia divertida e, ao mesmo tempo, provocadora? Dá para refazer um clássico do gênero, originalmente liderado por dois atores icônicos, de uma forma tão fresca que o público quase se esqueça da versão original? ‘As Trapaceiras‘ prova que sim. O filme, que voltou a ganhar destaque recentemente ao estrear em 6º lugar no ranking da Netflix, mostra que ainda há espaço para revisitar histórias conhecidas — desde que elas sejam atualizadas com inteligência.

A trama é inspirada em “Os Safados” (1988), estrelado por Steve Martin e Michael Caine, que por sua vez já era uma refilmagem de “Dois Farristas Irresistíveis” (1964), com Marlon Brando e David Niven. Curiosamente, o roteiro original de Stanley Shapiro e Paul Henning — reutilizado ao longo das décadas — reaparece aqui adaptado por Dale Launer e Jac Schaeffer. Assim, As Trapaceiras marca a terceira vez que essa história é contada, mas com um diferencial importante: agora, as protagonistas são mulheres.



Em tempos de reboots e remakes, Hollywood parece ter entendido que certas piadas envelhecem mal. O que antes funcionava à base de estereótipos hoje já não encontra o mesmo eco. Por isso, o longa de 2019 aposta em uma abordagem mais contemporânea, escalando Anne Hathaway e Rebel Wilson, duas atrizes com forte timing cômico, e reposicionando a história sob um olhar feminino.

Rebel Wilson interpreta Penny, uma golpista “raiz”, que engana homens por meio de aplicativos de relacionamento, explorando justamente o olhar machista que reduz mulheres à aparência física. O truque é simples e genial: usar o preconceito contra quem o pratica. Já Anne Hathaway vive Josephine, uma vigarista sofisticada, especialista em manipular milionários mais velhos que adoram bancar salvadores de donzelas indefesas. Quando o destino cruza o caminho dessas duas figuras tão diferentes, elas resolvem disputar quem consegue dar o golpe mais lucrativo em um jovem nerd bilionário.

Assista ao trailer:

 

Embora a premissa não seja exatamente inédita, o desenvolvimento surpreende. O diretor Chris Addison constrói o contraste entre as protagonistas — uma popular, outra refinada; uma mais escrachada, outra elegante — não para ridicularizá-las, mas para valorizar suas diferenças e competências. O humor surge das situações absurdas e da excelente química entre Hathaway e Wilson, que dominam com segurança o ritmo da comédia.

Algumas cenas se destacam pelo grau de dificuldade cômica, como aquela em que Hathaway tenta ensinar Wilson a chorar sob comando enquanto a colega não para de fazer piadas, ou outra em que Penny fica com a mão “colada” na parede, exigindo um controle corporal impecável. São momentos que evidenciam o talento das atrizes e garantem risadas genuínas.

Mais do que uma disputa entre golpistas, As Trapaceiras é atravessado por um discurso de sororidade. Mesmo em meio à aposta, o filme deixa claro que mulheres não precisam se diminuir para brilhar — pelo contrário. A famosa máxima de Josephine, de que “os homens são alvos fáceis porque não conseguem admitir que uma mulher possa ser mais esperta do que eles”, guia toda a narrativa.

Ambientado em cenários deslumbrantes da Riviera Francesa, com figurinos luxuosos e carros extravagantes, As Trapaceiras entrega uma comédia elegante, divertida e atual, sem recorrer a humor ofensivo ou apelativo. Um entretenimento leve, consciente e que, agora também no streaming, mostra por que continua conquistando público.

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Renato Marafon
Influencer, dono do CinePOP, crítico de cinema, jornalista, publicitário e empresário.
Renato Marafonhttps://cinepop.com.br/
Influencer, dono do CinePOP, crítico de cinema, jornalista, publicitário e empresário.
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