Década de 1990 – Onde Tudo Começou
Bem, antes da primeira adaptação concreta e oficial de um game nos cinema, podemos dizer que houve uma espécie de aquecimento com o filme O Gênio do Videogame (The Wizard, 1989). Mas sobre esta pequena pérola iremos comentar no final do texto, na parte dos bônus que preparamos.
Super Mario Bros
Agora sim. Foi aqui onde tudo começou, para o bem e para o mal. Super Mario Bros é oficialmente a primeira adaptação de um videogame para o cinema, e a escolha foi merecida, já que o jogo sobre o encanador italiano que faz de tudo desde pular em tartarugas e literalmente entrar pelo cano (menos comer pizza ou qualquer prato típico de seu país), é um dos videogames mais queridos e famosos de todos os tempos. O personagem Mario na verdade surgiu no jogo de Donkey Kong, mas ganhou seu game solo em 1983. Dez anos depois chegava aos cinemas a versão em live action, e o estúdio apostava forte, lançando a produção no meio do competitivo verão norte-americano. O problema é que o filme pouco tinha do jogo, optando por uma atmosfera sombria, deprimente e apocalíptica, ao contrário do colorido e bem humorado game. Nem mesmo a performance alucinada de Dennis Hopper como o vilão consegue salvar o filme da apatia. Atualmente, Super Mario Bros se tornou uma peça cult, mas esta é uma franquia que merece ser resgatada do limbo e feita da maneira correta.
Double Dragon
Deste só os fortes lembram. Double Dragon também era um game de plataformas de 8 bits, mas este era uma aventura de luta, o famoso “andar e bater”. Lançado no ano seguinte de Super Mario Bros, Double Dragon foi um desastre ainda maior. Mesmo assim, o longa portava efeitos especiais que eram top de linha para a época, ou quase. Na trama, dois irmãos lutadores, vividos pelos atores do time C de Hollywood Mark Dacascos e Scott Wolf (da série Party of Five), possuem a metade de um talismã poderosíssimo, exatamente o item que o vilão vivido por Robert Patrick (ainda surfando na onda do sucesso de O Exterminador do Futuro 2), deseja por as mãos. É claro que tudo se passa num futuro apocalíptico, no qual parte das cidades foi tomada pelo mar – essa era tendência da época. Bem, esta é uma franquia que provavelmente não vai, e não deve mesmo, ser resgatada do ostracismo.
Street Fighter – A Última Batalha
Aqui o bagulho ficava sério! A gente até gostava de jogar Super Mario Bros na infância (e Double Dragon mais ou menos), mas nada se compara com a febre que foram os jogos de luta extremamente violentos. Não existe um menino (e quem sabe algumas meninas) que não tenha perdido horas da sua vida e algum dinheiro nas fichas de fliperamas soltando seus “hadoukens” e “roriukens” neste game. Oito jogadores selecionáveis, vindos de países como China, EUA, Índia, União Soviética (sim, o jogo é velho) e até mesmo o Brasil – com nosso monstrinho de estimação Blanka (e dizem que nós é que somos preconceituosos). E o filme tinha… bem, quase nada disso. Lançado em 1994, continha personagens totalmente descaracterizados e uma trama de guerra ao invés de um torneio de lutas. Além disso, tornaram um personagem secundário, o militar Guile, o protagonista do filme, porque assumiu as formas do belga Jean Claude Van Damme. Esse não é só uma das piores adaptações do subgênero, como também um dos piores filmes já feitos e, é claro, se tornou cult. Talvez a única importância deste longa capenga seja ter ficado marcado como último trabalho do saudoso Raul Julia, na pele do ditador louco Bison.
Não existe nada que esteja tão ruim que não possa piorar. Este deveria ser o lema da “franquia” Street Fighter. Isso porque em 2009 algo pior que A Última Batalha chegava aos cinemas – bem, no Brasil ao menos o lançamento em vídeo doeu menos. Trata-se do reboot focado na personagem Chun Li – aqui interpretada por Kristen Kreuk, a Lana Lang da série Smallville. O mesmo erro era repetido e aqui temos uma história policial enfadonha, sem a graça galhofa do original.
Mortal Kombat
Finalmente parecia que os produtores de Hollywood estavam aprendendo com os erros do passado. Mortal Kombat, lançado em 1995, era um filme sobre um torneio de luta mortal, passado em outra dimensão, assim como o game. Como nem tudo é perfeito, os fãs mais xiitas reclamam da falta de sangue no filme, já que o jogo é um dos mais sanguinolentos de todos os tempos (ou melhor, talvez o primeiro grande a chamar atenção para uma possível censura no quesito). Seja como for, Mortal Kombat é até hoje enaltecido como uma das melhores adaptações do subgênero (sem dúvidas uma das mais divertidas e respeitosas dos personagens). Ponto para o diretor Paul W. S. Anderson, que viria a comandar também os filmes da franquia Resident Evil no cinema.
Mas nem tudo são flores, e visando seguir o rastro de sucesso do original, o estúdio não demorou a engatilhar a sequência Mortal Kombat – A Aniquilação, lançada em 1997. Sem o brilho do original e investindo em sugar qualquer criatividade implantada no primeiro filme sem dar nada em troca, parte do elenco previu a furada que ia se meter e pulou do barco antes dele afundar (vide Christopher Lambert e Bridget Wilson). A Aniquilação colocou o prego no caixão da franquia por muitos anos, mas hoje existem boatos de um reboot.
Wing Commander
Esta aqui você provavelmente também não conhecia. Lançado em 1999, tudo o que precisa saber é que se trata da adaptação de um jogo de simulação de naves espaciais, conhecido apenas entre o seleto mundo dos gamers mais aplicados. Para termos uma ideia, a ficção é protagonizada por Freddie Prinze Jr. e Matthew Lillard. Encerro meu caso.
Ps. Uma curiosidade é que o filme ficou conhecido por exibir o trailer de Star Wars: Episódio I – A Ameaça Fantasma no cinema, o que deve ter feito muita ir comprar o ingresso de Wing Commander só para poder assistir à prévia da superprodução de George Lucas na telona.
Década de 2000 – A Enxurrada
Se em sua década de estreia, os lançamentos dos filmes baseados em games chegavam timidamente, na década seguinte tivemos uma verdadeira enxurrada com quase 20 produções. Depois que os produtores dos estúdios viram que filmes de super-heróis de quadrinhos podiam ser lucrativos, os filmes de games ficaram mais elaborados, contando com orçamentos melhores, astros renomados e diretores competentes.
Lara Croft – Tomb Raider
Mario Bros, Street Fighter e Mortal Kombat marcaram suas respectivas gerações. O mesmo pode ser dito para Tomb Raider, um marco da geração das primeiras plataformas 3D – o personagem podia caminhar em qualquer direção. Fora isso, Tomb Raider era representatividade feminina pura, numa época em que não se discutia isso da forma de hoje. Criada como uma mistura de Indiana Jones, 007 e Batman (ou melhor, Bruce Wayne), Lara Croft – Tomb Raider, lançado em 2001, foi também o primeiro filme para a nova geração e uma intérprete à altura foi convocada: a Oscarizada Angelina Jolie. Na época, o filme fez sucesso e se tornou a aventura recordista de bilheteria protagonizada por uma mulher. Com o tempo, o longa começou a ser visto como prazer culposo. Então digo, culpado.
Dois anos depois e Tomb Raider ganhava sua sequência com A Origem da Vida. Jolie estava de volta, mas o diretor Jan De Bont mostrava desgaste após os mal sucedidos Velocidade Máxima 2 (1997) e A Casa Amaldiçoada (1999). Entre as escolhas estranhas do cineasta para o projeto, as cenas de ação são todas criadas em câmera lenta e não empolgam – quando deveriam ser aceleradas como no filme original de Simon West (Con Air – A Rota da Fuga). Depois deste, Jolie pulou fora e a franquia foi interrompida momentaneamente.
Quinze anos depois da última aventura de Angelina Jolie na pele da arqueóloga exploradora Lara Croft, uma luz é acesa no fim do túnel. A Paramount e Jolie ficam para trás para darem lugar à Warner e Alicia Vikander. Tomb Raider – A Origem é uma investida mais realista e humana na mitologia da série, recontando o início da jornada da bilionária britânica.
Resident Evil
Podemos dizer que nenhuma outra adaptação de um game para o cinema foi tão bem sucedida quanto Resident Evil. É só pensarmos que esta é a franquia do subgênero mais longeva da história. Já são seis filmes e contando. Tudo começou aqui. Ao lado de Tomb Raider, Resident Evil é o game mais cultuado da nova geração de plataformas. Essa, no entanto, não é uma aventura na selva ao estilo matinê, mas sim uma obra de puro terror, na qual agentes armados precisam lidar com perigos sobrenaturais, vide zumbis. Como dito, Paul W. S. Anderson assumiu novamente a direção e Milla Jovovich se tornou o rosto da franquia, no papel de uma personagem criada especialmente para o filme. Aqui, lançado em 2002, o espírito do game original é respeitado, com a ação passada toda dentro de um ambiente contido – um grande laboratório no subsolo.
Dois anos depois, a continuação Apocalypse estreava, trazendo personagens amados dos games para a trama, como Jill Valentine (Sienna Guillory). A ação também é aumentada, saindo de um único local para atingir as ruas de uma cidade inteira. A cena do cemitério lembra o clipe Thriller, de Michael Jackson, e a ação é mais caprichada.
A Extinção, terceira parte, era lançado em 2007. Aqui, uma abordagem mais Mad Max era dada à franquia, centrando a ação no deserto e dando tons mais amarelados para as paletas de cores na fotografia – as cenas são quase todas durante o dia (ao contrário do anterior, todo passado à noite em tons azulados). Este ainda se mantém como exemplar mais elogiado do lote.
Em 2010 chegava Recomeço, o primeiro criado em 3D. A primeira metade, passada numa prisão abandonada, é a melhor parte. Os novos filmes continuam a ser reflexo dos novos games, de certa forma, apresentando velhos e novos personagens conhecidos dos fãs.
Retribuição é uma miscelânea de tudo que já foi apresentado na franquia, recapitulando inclusive o primeiro episódio, para fechar tudo num círculo perfeito. O longa foi lançado em 2012.
Anunciado como o último exemplar, o Capítulo Final, lançado em 2017, deixa portas abertas. Mas Jovovich e o marido Anderson parecem dispostos a abandonar seu maior ganha pão. Um reboot para a franquia já começa a ser planejado, e os fãs pedem para que desta vez possa haver mais fidelidade ao material fonte.
House of the Dead
Bom, a esta altura devo dizer que nenhum outro diretor desta lista adaptou tantos videogames para o cinema (ou o mercado de home vídeo) quanto o infame Uwe Boll. E quem é este senhor, você pergunta. Boll é o diretor alemão, também conhecido como açougueiro da sétima arte, tido por muitos como o pior cineasta da atualidade. Ele é sem dúvidas o Ed Wood do nosso tempo. Michael Bay, Zack Snyder, Tommy Wiseau? Boll é a versão menos glamourosa deles, trabalha a toque de caixa em filmes ruins de doer, mas está sempre conseguindo trabalho – dizem as más línguas devido à lavagem de dinheiro. Preste atenção em quantas produções assinadas por ele teremos na lista. Esta é a primeira, adaptação de um game de terror de 2003, que segue os moldes de Resident Evil sem sucesso.
O filme gerou uma continuação lançada direto em vídeo em 2005, tão obscura que nem o próprio Uwe Boll quis voltar. Mas calma, ele só não dirigiu este também, pois estava envolvido na produção de uma de suas maiores pérolas, BloodRayne, item que encontrarão mais abaixo na lista.
Alone in the Dark
Ô ele aqui “tra” vez. Acima eu disse que vocês veriam o nome de Uwe Boll até cansar nesta lista, e pode ter certeza que ele irá figurar quando o assunto for adaptação tosqueira de game. Assim como House of the Dead (2003), Alone in the Dark, lançado em 2005, é baseado num game de terror popular na década de 1990. Com o subtítulo O Despertar do Mal, o longa conta com um orçamento mais folgado (já dava para Boll se aventurar pelos “defeitos especiais”) e as presenças dos fofuchos (#sqn) Christian Slater, Tara Reid (famosa por American Pie e Sharknado) e Stephen Dorff. Uma curiosidade é que os filmes saídos de games de Boll conquistaram o “prestígio” de figurar no fundo da lista, como alguns dos mais mal avaliados pelo público da bíblia do cinema na rede, o IMDB. Enquanto House of the Dead emplaca como o 28º pior filme de todos os tempos, Alone in the Dark se posiciona em número 48.
Outra continuação lançada direto em vídeo, esta em 2008, da qual Boll se recusou a fazer parte. Desta vez sai o trio do original, e entram grandes nomes do cinema B (C ou D) de Hollywood, vide Danny Trejo (Machete), Bill Moseley (astro dos filmes de Rob Zombie), Lance Henriksen (o Bishop de Aliens – O Resgate), P.J. Soles (a Lynda do Halloween original, de 1978), Natassia Malthe (vilã do filme Elektra e ex-namorada do Junior, da dupla Sandy e Junior), Michael Paré (Ruas de Fogo), Jason Connery (filho de Sean Connery), a estonteante Brooklyn Sudano (a Vanessa da série Eu, a Patroa e as Crianças) e Rick Yune (vilão de Velozes e Furiosos 1 e 007 – Um Novo Dia para Morrer), na pele do protagonista anteriormente vivido por Christian Slater – já que eles são bem parecidos (ironia mode on).
Doom – A Porta do Inferno
Sim, Dwayne Johnson, vulgo The Rock, é atualmente um dos maiores (quiçá o maior) astro do cinema de ação. Mas em meados da década passada apenas estava iniciando sua carreira. Mais precisamente em 2005, The Rock protagonizava esta adaptação do primeiro videogame de tiro em primeira pessoa da história. Doom se tornou icônico e extremamente celebrado pelos fãs. Na trama alucinada, marines do espaço viajam para Marte a fim de combater todo tipo de criatura, inclusive nazistas (quem dera o filme fosse tão insano assim), em mais um game voltado ao público de terror. O legal do filme é a opção de Johnson em interpretar não o mocinho, mas o vilão (um leve spoiler, mas eu sei que ninguém aqui tem desejo de assistir a este filme). A certa altura também, o longa emula a visão do game em primeira pessoa, onde vemos apenas a arma do personagem. Uma curiosidade é que a Garota Exemplar em pessoa, Rosamund Pike, faz parte do elenco, antes de sua indicação ao Oscar.
BloodRayne
Vampiros e guerreiros medievais são a inspiração deste filme baseado no game homônimo, que gerou sequências e até mesmo uma série de quadrinhos. O longa, adivinhe só, é dirigido novamente por ele, Uwe Boll. O filme estreou em alguns festivais em 2005 (onde tenho certeza pôde-se dar boas risadas), mas foi lançado mesmo no início de 2006 nos cinemas dos EUA. O que chama mais atenção é a capacidade de arrastar atores renomados (certamente colocando as contas em dia) que Boll demonstrou aqui. Veja só este elenco: Ben Kingsley, Michelle Rodriguez, Michael Madsen, Geraldine Chaplin, Billy Zane e Michael Paré. A protagonista é Kristanna Loken, a bela modelo transformada em atriz que teve seu momento de glória ao encarnar a (única) Exterminadora mulher da franquia, em O Exterminador do Futuro – A Rebelião das Máquinas (2003). Não parece agora, mas na época isso era algo importante, já que era a continuação direta dos primeiros filmes magistrais de James Cameron. Loken, por outro lado, logo caiu no ostracismo. Assim é Hollywood.
Finalmente Boll retornava para uma de suas continuações. Este lançamento em vídeo de 2007, traz Natassia Malthe (falamos dela acima, lembra?) substituindo Kristanna Loken na pele da protagonista Rayne – ei, todo mundo tem seu limite, até a ex-Exterminadora.
Não se dando por satisfeito, afinal precisa pagar suas contas como todo mundo, Boll fez mais um BloodRayne. O Terceiro Reich (sim, isso mesmo) foi lançado em 2011 em vídeo, mas antes foi exibido em alguns festivais de cinema especializados no gênero. Malthe protagoniza.
Terror em Silent Hill
Tido como uma das melhores adaptações de um game já produzidas no cinema, Silent Hill é baseado num jogo assustador, e respeita sua contraparte. O sucesso deve ser creditado aos envolvidos, ao diretor francês Christophe Gans (O Pacto dos Lobos e A Bela e a Fera, com Léa Seydoux), o roteirista Roger Avery, e o elenco encabeçado por Radha Mitchell, Laurie Holden e Sean Bean. O maior pecado aqui é o uso excessivo de efeitos visuais de computadores, em detrimento a efeitos práticos, que seriam mais assustadores. Na trama, uma mãe perde sua filha numa cidade pra lá de sinistra e embarca numa jornada ao lado de uma policial para recuperá-la. O filme foi lançado em 2006.
Replicando o clima original, mas sem os mesmos envolvidos atrás das câmeras, uma sequência foi lançada em 2012, intitulada Silent Hill: Revelação, confeccionado para usar o mote do 3D. No elenco, as novidades são Carrie-Anne Moss e Kit Harrington (o John Snow de GoT).
DOA: Vivo ou Morto
Mulheres saradas, biquínis e muita cara de pau, além das incontáveis cenas de luta, DOA é uma das adaptações mais divertidas de um game, porque ao contrário dos demais filmes de ação e torneios, este não se leva nem um pouco a sério, usando e abusando do teor non sense de tudo. Aqui, o exagero e a caricatura são as palavras de ordem. É claro que não poderiam faltar cenas com o vôlei de praia, referência ao derivado da franquia nos videogames. O lançamento também foi em 2006.
Salve-se Quem Puder!
A nova contribuição de Uwe Boll ao mundo das artes atende pelo nome original de Postal. Por se tratar de um game com tintas de exagero e sátira, Boll decide bem ao fazer uma comédia. O lado negativo é se tratar de uma na qual o humor se vê ausente por completo. Agora preste bem atenção, está sentado? J.K. Simmons, vencedor do Oscar por Whiplash, faz parte do elenco em um papel de destaque. Quem nunca, que atire a primeira pedra. Postal foi lançado em 2007.
Hitman – O Assassino 47
Basta fazer o mínimo sucesso nos games, que Hollywood compra a ideia e bota pra jogo, ou no caso, bota para o cinema. Hitman é sobre um exímio assassino careca bem vestido. Na época os fãs queriam Vin Diesel no papel principal, mas o personagem terminou mesmo com Timothy Olyphant. No elenco, Dougray Scott (que quase foi o Wolverine nos cinemas, antes de Hugh Jackman) e a bondgirl Olga Kurylenko. O filme foi lançado em 2007.
Como a falta de tentativa não faz parte da cartilha de Holllywood, Hitman ganhou sobrevida em 2015, nesta continuação. Nada de Olyphant, no entanto, e o protagonista assumiu as formas de Rupert Friend. No elenco, Zachary Quinto (o Spock dos novos Star Trek), Ciarán Hinds (o vilão de Tomb Raider – A Origem da Vida) e a bela atriz chinesa com o nome mais legal dos últimos tempos, Angelababy.
Em Nome do Rei
E o diretor Uwe Boll volta para seu último round na lista. Graças a Deus. Desta vez, nada de terror, vampiros ou tentativa de comédia. Para que ser modesto, se Boll pode tentar recriar sua própria versão de O Senhor dos Anéis, baseado neste game quase famoso. É triste, mas até entendemos as presenças de Kristanna Loken, Ray Liotta, Leelee Sobieski, John Rhys-Davies, Ron Pearlman, Claire Forlani, Matthew Lillard e Burt Reynolds no filme. Mas o que você faz aqui protagonizando, Jason Statham?! Você merece mais! O filme foi lançado em alguns países em 2007 e chegou aos EUA em 2008.
Se você achou que Uwe Boll tinha perdido o gostinho por continuações lançadas em vídeo, se enganou. Esta continuação de 2011, intitulada Two Worlds, traz ele, o rei do cinema B atual, Dolph Lundgren como o protagonista. E o que é melhor do que um épico medieval de quinta? Um épico medieval de quinta com viagem no tempo! Lundgren vive um soldado das forças especiais enviado de volta no tempo para a idade média. No elenco, ela, a musa do cineasta, Natassia Malthe.
Boll voltaria ainda para a terceira parte, lançada em 2014, intitulada The Last Mission. É claro que este é mais um filme feito direto para home vídeo, e você estava achando o que? De novo apostando na viagem no tempo, desta vez é Dominic Purcell quem sofre protagoniza.
Far Cry – Fugindo do Inferno
Esse game tem sua legião de fãs. Mas no cinema se tornou mais uma produção esquecível e que passou totalmente em branco. Lembra ali em cima quando eu disse que era o último round de Uwe Boll. Pois bem, era pegadinha. Aqui está ele de novo, em 2008, no comando desta adaptação, sobre um militar investigando uma base ultra-secreta localizada numa ilha. James Bond, alguém?
Max Payne
Outra série de games bastante elogiada, a adaptação de Max Payne para as telonas atraiu talentos como os de Mark Wahlberg e Mila Kunis, que tenho certeza, estão bem arrependidos atualmente. Na trama, um detetive se une a uma mulher atrás de vingança para investigar assassinatos de pessoas próximas, que podem estar todos ligados a uma forte droga alucinógena saída do submundo. O filme foi lançado nos cinemas em 2008.
Década de 2010
Aqui era aonde o subgênero tinha tudo para dar sua grande guinada. Grandes astros e diretores interessados nos projetos. Infelizmente, nenhum deles saiu verdadeiramente da caixinha e o que tivemos novamente foram sucessos de crítica e público medianos, para dizer no máximo.
Príncipe da Pérsia
Logo em 2010 chegava a adaptação de um dos jogos mais cultuados por seus gráficos, movimentação realística e jogabilidade, ainda no final da década de 1980. A versão cinematográfica de Príncipe da Pérsia, comandada por Mike Newell (veterano da franquia Harry Potter), apesar de ser um dos mais eficientes do lote, remetendo a uma boa aventura de matinê, recebeu críticas árduas pelo chamado fator White washing, no qual atores brancos assumem papeis que deveriam ser de outras nacionalidades. Aqui, o americano Jake Gyllenhall e a britânica Gemma Arterton, por exemplo, interpretam personagens vindos do Oriente Médio. Fora isso, o desejo por uma sequência que nunca viria fica claro no subtítulo da superprodução.
Tekken
Um dos games de luta preferidos dos fãs (depois de Street Fighter e Motal Kombat, é claro), Tekken ganhou esta adaptação em 2010 e chegou a ser lançado nos cinemas do Japão e países asiáticos – por lá eles adoram isso. Nos EUA, assim como no Brasil, no entanto, o filme foi lançado direto no mercado de vídeo.
O longa gerou uma continuação em 2014.
Need for Speed
Até mesmo jogos de carros e corridas já ganharam sua versão cinematográfica, e Need for Speed é um dos mais famosos deles. O filme tenta pegar clara carona (com o perdão do trocadilho) no sucesso de Velozes e Furiosos – que felizmente não teve um exemplar no mesmo ano de lançamento deste filme, em 2014, caso contrário iria deixa-lo comendo poeira. Lembra que na introdução desta década eu falei sobre atores renomados participando, pois bem, aqui temos Aaron Paul (Breaking Bad), Dakota Johnson (Cinquenta Tons de Cinza), Imogen Poots (Sala Verde), Rami Malek (Mr. Robot), Dominic Cooper (Mamma Mia!), o cantor Kid Cudi e o lendário Michael Keaton como um DJ de rádio. Agora pasmem, planos para uma sequência já estão em andamento!
Warcraft
O videogame Wacraft se tornou um verdadeiro culto entre gamers, quase como uma religião. Trata-se de um jogo de RPG online, o mais famoso e pioneiro de seu estilo. Os fãs passam horas a fio de frente para a tela jogando as aventuras virtuais, muitas vezes esquecendo de viver fora dali. Bem, este parece ter sido o sentimento exato de quem depositou algumas horas de seu dia para assistir a este épico medieval de fantasia focado na guerra entre humanos e orcs, cujo subtítulo no Brasil ficou O Primeiro Encontro de Dois Mundos. Os efeitos são impressionantes e dizem que a mitologia foi bem respeitada e representada. O problema foi agradar os fãs e críticos que não conheciam este universo específico. Uma pena, já que o diretor da empreitada é ninguém menos que Duncan Jones, que no passado recebeu elogios por Lunar (2009) e Contra o Tempo (2011). No elenco, Travis Fimmel (da série Vikings), Paula Patton, Ben Foster, Dominic Cooper (ele de novo!), Toby Kebbell e Ruth Negga (indicada ao Oscar por Loving). O lançamento foi em 2016.
Assassin´s Creed
2016 era para ter sido o ano divisor de águas para as adaptações de videogames. ERA. Primeiro foi Warcraft, um mergulho no mundo da fantasia. Mirou em Senhor dos Anéis e acertou As Crônicas de Nárnia. Assassin´s Creed tinha uma abordagem mais real, uma aventura medieval sobre um clã de ladrões, cujos games chamam atenção pelos mesmos fatores que Príncipe da Pérsia chamava há algumas décadas. E para dar prestígio, o astro Michael Fassbender investiu no mesmo time com que havia trabalhado na adaptação de Shakespeare, Macbeth: o diretor Justin Kurzel e a atriz Marion Cotillard. Assim como a versão do bardo inglês, que passou em branco, o destino da adaptação do game foi o mesmo.
Leia nossa crítica de ‘Rampage: Destruição Total’
BÔNUS:
O Gênio do Videogame
Como dito no início do texto, antes do primeiro jogo ser adaptado ao cinema, tivemos uma produção com tal temática, que parecia exalar videogame por todos os poros. Na trama, dois irmãos fogem de casa para participar do maior torneio de games da história. O longa, no entanto, era apenas uma grande propaganda para a recém-lançada power glove da Nintendo (que também figurou em A Hora do Pesadelo 6, de 1991). Além disso, capitalizava em cima do menino Fred Savage, que explodia com a série Anos Incríveis (Wonder Years), lançada no ano anterior, em 1988.
Alien Vs. Predador
Tudo bem, sabemos que as criaturas alienígenas mais famosas e mortíferas do cinema nasceram nas telonas em 1979 (Alien) e 1987 (Predador), e seu encontro era prenunciado desde o desfecho jocoso de Predador 2 (1990), no qual vemos dentro da nave dos alienígenas crustáceos rastafári o crânio de um xenomorfo. Acontece que os games viram a possibilidade antes, e em 1993 a Nintendo já lançava o primeiro videogame com as criaturas. O primeiro filme seria lançado em 2004, com uma continuação em 2007.
Detona Ralph
Outro filme que não é especificamente uma adaptação de um videogame, embora o tema seja o alicerce de sua confecção. Aqui, um personagem de um jogo fictício, chamado Detona Ralph, cansou de ser o vilão. O jogo de Ralph é levemente baseado em Donkey Kong, primeiro jogo a figurar o personagem Mario. Detona Ralph é recheado de referências, inclusive de jogos mais novos de plataformas da última geração, e participações especiais de personagens de games existentes, vídeo o próprio Mario Bros, Sonic e Street Fighter. O filme foi lançado em 2012.
Pixels
Outro filme que, embora não seja baseado num videogame específico, o usa como tema de seu roteiro. Pixels tinha tudo para dar certo, e apostava na nostalgia de trintões, ou quem sabe quarentões, e sua paixão pelos primeiros games eletrônicos da história. Mas infelizmente a parte “este é um filme de Adam Sandler” falou mais alto. Entre os muitos videogames clássicos, marcam presença Centopeia, Tetris, Pac-Man e Donkey Kong.
Angry Birds 1 e 2
Angry Birds tem um roteiro bem trivial mas bem eficaz que navega explorando as personalidades e gigantes empatias que saem dos diálogos dos amáveis pássaros. Outro fator interessante é que o filme nos ajuda a entender um pouco melhor a história dos ilustres passarinhos do jogo que virou mania nos aparelhos digitais e que com certeza vão conquistar, agora no cinema, de vez o coração de todos.
Pokémon: Detetive Pikachu
O grande mérito do filme, que encanta a todas as idades, é mostrar um mundo em que pessoas e Pokémon compartilham suas vidas de forma harmoniosa. Acho que todo fã sonhou em ver isso nos cinemas e agora é realidade. Outra diversão é procurar as centenas de Pokémon espalhados pela telona. Se o lema da franquia é “Temos que pegar [todos]!”, isso fica muito mais legal no cinema. É como se vários easter eggs estivessem perambulando em cena e cada novo monstrinho encontrado é um sorriso que se abre.
Sonic – O Filme
Depois de comentários controversos acerca do design do protagonista, ‘Sonic – O Filme’ passou um pouco de seu orçamento original por uma boa causa; resgatando os elementos clássicos dos games em vez de permanecer atado a uma ideia que já havia se provado falha, o estúdio responsável pela adaptação deu voz ao público e não pensou duas vezes em respaldar seus desejos. Dessa forma – e alguns adiamentos depois -, a obra estava pronta e lapidada para chegar as telonas, delineando uma mitologia que, apesar de ter sido explorada em níveis superficiais, pavimenta um caminho interessante para futuras iterações (respaldadas por duas cenas pós-créditos que são um deleite aplaudível para qualquer um que tenha o mínimo de contato com os jogos).
‘Sonic – O Filme’ é uma obra surpreendente, cuja promessa em nos levar a um tempo que não voltará mais é cumprida em uma história coesa e emocionante. Mais do que isso, a iteração é movida por uma ingenuidade pueril que nos mantém entretidos do começo ao fim, unindo o novo e o saudosista em um lugar que exala um enérgico potencial.