Filme póstumo de Paul Walker traz a melhor atuação de sua carreira
Em Contagem Regressiva, o falecido Paul Walker (Velozes & Furiosos 6) tem lançado o seu primeiro filme póstumo (Brick Mansions chega este ano, e Velozes & Furiosos 7 ainda não definiu o que fará com seu personagem).
É triste dizer também que este é provavelmente o seu melhor desempenho nas telas, porque o ator não está aqui para desfrutar dos possíveis elogios. No filme, Walker vive um sujeito que chega com a mulher grávida pronta para dar a luz, em um hospital. A tragédia do protagonista começa quando sua jovem esposa perde a vida durante o parto da pequena filha. Sua esposa, vivida pela belíssima Genesis Rodriguez (Uma Ladra Sem Limites), aparece apenas na forma de flashbacks em suas lembranças.
Entre elas estão histórias que conta para a recém-nascida, sobre pedidos de casamento e a forma como se conheceram impedindo um assalto. Todo este trecho é completamente dispensável e de grande pieguice. O que favorece mesmo Contagem Regressiva é a situação extrema que o diretor e roteirista Eric Heisserer (responsável pelos roteiros de recentes remakes de terror como O Enigma de Outro Mundo/A Coisa e A Hora do Pesadelo) cria para seu o protagonista.
Centrando a trama durante a passagem do furacão Katrina pelo sul dos Estados Unidos em 2005, a grande tempestade atinge o hospital aumentando o desespero do homem comum de Walker. Devido à complicação no parto que tirou a vida da mulher, a filha do protagonista nasceu prematura e necessita respirar através de aparelhos em uma incubadora. O hospital é evacuado, mas Walker permanece no local à espera de ajuda e transporte.
Logo, a energia acaba, e para salvar a vida da filha o protagonista precisa se desdobrar. O sujeito começa a usar um gerador movido à manivela, e de poucos em poucos minutos precisa gerar no braço a energia que manterá sua cria recém-nascida viva. É uma luta por sobrevivência na qual o desespero impera. O interessante é que nenhuma liberdade em relação ao exagero é tomada. O personagem de Walker é apenas um sujeito comum, e não um super-herói (como seria visto com qualquer outro tipo de ator como Jason Statham ou Dwayne Johnson se envolvidos no projeto).
Embora precise recorrer à violência em determinados momentos, quando saqueadores invadem o local, seu comportamento e reações são sempre os de um sujeito exausto tentando fazer o que é certo. O talento dramático de Paul Walker chama a atenção aqui talvez como nunca antes. O ator deixa a emoção tomar conta em variados momentos. Um em especial é tocante, quando Walker conversa com o espírito de sua falecida esposa.
Nos Estados Unidos houve um pequeno debate sobre o lançamento da obra nos cinemas, pouco tempo depois da morte trágica e inesperada do ator. Esta é uma obra do cinema B, time do qual Walker não se envergonhava em fazer parte, e do qual saía apenas quando estava na companhia de sua “família” de Velozes & Furiosos – uma das franquias mais rentáveis da atualidade. Não deixa de ser verdade que o interesse aumentou em torno de Contagem Regressiva após a morte do ator. Filme que do contrário passaria despercebido. Ou será? Mesmo sem ser uma obra-prima da sétima arte, Contagem Regressiva pode virar Cult por sua trama aflitiva e identificável, além de conter o melhor trabalho da carreira de Walker.