domingo , 22 dezembro , 2024

Crítica | 15h17: Trem para Paris – Falta inspiração na homenagem de Eastwood

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Heróis por Acaso

É digna a vontade de Clint Eastwood em homenagear os heróis da vida real Spencer Stone, Alek Skarlatos e Anthony Sadler – jovens militares que conseguiram desarmar e imobilizar um terrorista a bordo de um trem para Paris, assim salvando centenas de vidas. Há algumas muitas décadas inclusive, Eastwood mesmo poderia ter protagonizado um filme com tal temática, caso se tratasse de uma ficção saída da mente de um roteirista de Hollywood, e não um caso real que repercutiu o mundo. Nada de errado com o tipo de ação direta dos filmes do veterano, ou sequer com o ato muito corajoso e verdadeiramente heroico dos rapazes – estes sim, merecedores dos maiores louros.

Mas como sabemos muito bem, não podemos confundir o tema abordado em uma produção com o resultado de um filme em si. Afinal, assuntos sérios e pra lá de relevantes já resultaram em verdadeiros desastres de trem (com o perdão do trocadilho) ao longo da história do cinema. E é exatamente onde se encontra este novo trabalho do veterano cineasta, uma produção aguada, que termina como algo no meio termo entre um especial para a TV e um desses filmes religiosos que vêm ocupando espaço nos cinemas.



15h17 – Trem para Paris não pega leve nas analogias católicas, aliás, muito pelo contrário, te bate na cabeça com elas durante todo o longa. De diálogos como “O meu Deus é maior do que seus remédios”, proferido pela personagem de Judy Greer, a mãe de um dos rapazes ainda na infância; passando pela mesa do diretor do novo colégio – tão recheada de cruzes e objetos religiosos que soa quase como uma dessas sátiras, tamanho o exagero e a mão pesada de Eastwood; chegando finalmente a um dos diálogos que mais te farão revirar os olhos nos últimos tempos, tamanha a pieguice do texto, quando Stone acredita “ser o escolhido para algo maior”, e aí temos ao mesmo tempo uma predestinação e uma premonição. JC que se cuide.

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Bem, estes são alguns dos grandes problemas de Trem para Paris, e mesmo sabendo que a obra de Eastwood é baseada no livro escrito pelo próprio trio, em parceria com Jeffrey E. Stern, bem que o roteiro da estreante Dorothy Blyskal poderia dar uma garibada melhor e diminuir as tosqueiras do livro – isto é: se de fato isso saiu do livro ou se foi criado pela roteirista, já que o próprio Stone parece desconfortável em proferi-las em cena; ou quem sabe está envergonhado ao falar em voz alta, ou ainda não é um ator tão convincente (ou quem sabe ambas).

Este é outro quesito no qual o filme vem sendo muito criticado. O que não me incomoda tanto quanto todo o resto. Eastwood selecionou os próprios sobreviventes, o trio Stone, Skarlatos e Sadler para interpretar a si mesmos. Bem, eles estão bem longe de serem bons atores, mas se era a veracidade quase documental que Eastwood almejava, a proposta não é tão absurda. Vale lembrar, por exemplo, que em 2012 foi lançado um filme chamado Ato de Coragem, que trazia marines reais como protagonistas, a fim de mostrar o treinamento e a ação de tais militares. Melhor do que treinar atores, já que essa era a proposta do longa, fuzileiros reais deram uma prévia de seu combate.

15h17 – Trem para Paris é muito raso, e talvez fosse um desafio inclusive para o maior dos roteiristas transformar o livro em um roteiro interessante. Tudo que antecede o grande momento do trio é inteiramente descartável, sem qualquer apelo ao público, e serve apenas como exercício de espera até o ápice. Até mesmo os atores mirins no primeiro ato do filme não são dos mais talentosos. Judy Greer e Jenna Fischer, os rostos mais conhecidos, ficam empacadas com papeis abaixo de seu talento, lutando para conseguir algum desenvolvimento – sinal de boas atrizes que são, ganham destaque como ponto alto no elenco.

As cenas são pouco inspiradas, os diálogos mais que mundanos e os personagens cambaleiam na linha entre a seriedade e a paródia. Para não dizer que nada no novo filme de Clint Eastwood se salva, a grande cena, e o momento único para o filme existir é tenso, eletrizante e bem confeccionado. Neste trecho – já nos, digamos, 5 a 10 minutos finais, o diretor solta faíscas de seu brilhantismo, estruturando sequências bem trabalhadas de posicionamento de câmera – na qual situa o espectador no que está havendo com cada um dos personagens (pode parecer fácil esta construção, mas não é) – edição e trilha. Ao ponto de quase acharmos que vale pelo filme todo (já que aparentemente este momento é o cerne do longa).

David Fincher e Aaron Sorkin conseguiram transformar um cara criando um site num grande filme. Clint Eastwood e Dorothy Blyskal infelizmente transformaram um dos acontecimentos mais incríveis dos últimos anos em um filme medíocre.

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É digna a vontade de Clint Eastwood em homenagear os heróis da vida real Spencer Stone, Alek Skarlatos e Anthony Sadler – jovens militares que conseguiram desarmar e imobilizar um terrorista a bordo de um trem para Paris, assim salvando centenas de vidas. Há algumas muitas décadas inclusive, Eastwood mesmo poderia ter protagonizado um filme com tal temática, caso se tratasse de uma ficção saída da mente de um roteirista de Hollywood, e não um caso real que repercutiu o mundo. Nada de errado com o tipo de ação direta dos filmes do veterano, ou sequer com o ato muito corajoso e verdadeiramente heroico dos rapazes – estes sim, merecedores dos maiores louros.

Mas como sabemos muito bem, não podemos confundir o tema abordado em uma produção com o resultado de um filme em si. Afinal, assuntos sérios e pra lá de relevantes já resultaram em verdadeiros desastres de trem (com o perdão do trocadilho) ao longo da história do cinema. E é exatamente onde se encontra este novo trabalho do veterano cineasta, uma produção aguada, que termina como algo no meio termo entre um especial para a TV e um desses filmes religiosos que vêm ocupando espaço nos cinemas.

15h17 – Trem para Paris não pega leve nas analogias católicas, aliás, muito pelo contrário, te bate na cabeça com elas durante todo o longa. De diálogos como “O meu Deus é maior do que seus remédios”, proferido pela personagem de Judy Greer, a mãe de um dos rapazes ainda na infância; passando pela mesa do diretor do novo colégio – tão recheada de cruzes e objetos religiosos que soa quase como uma dessas sátiras, tamanho o exagero e a mão pesada de Eastwood; chegando finalmente a um dos diálogos que mais te farão revirar os olhos nos últimos tempos, tamanha a pieguice do texto, quando Stone acredita “ser o escolhido para algo maior”, e aí temos ao mesmo tempo uma predestinação e uma premonição. JC que se cuide.

Bem, estes são alguns dos grandes problemas de Trem para Paris, e mesmo sabendo que a obra de Eastwood é baseada no livro escrito pelo próprio trio, em parceria com Jeffrey E. Stern, bem que o roteiro da estreante Dorothy Blyskal poderia dar uma garibada melhor e diminuir as tosqueiras do livro – isto é: se de fato isso saiu do livro ou se foi criado pela roteirista, já que o próprio Stone parece desconfortável em proferi-las em cena; ou quem sabe está envergonhado ao falar em voz alta, ou ainda não é um ator tão convincente (ou quem sabe ambas).

Este é outro quesito no qual o filme vem sendo muito criticado. O que não me incomoda tanto quanto todo o resto. Eastwood selecionou os próprios sobreviventes, o trio Stone, Skarlatos e Sadler para interpretar a si mesmos. Bem, eles estão bem longe de serem bons atores, mas se era a veracidade quase documental que Eastwood almejava, a proposta não é tão absurda. Vale lembrar, por exemplo, que em 2012 foi lançado um filme chamado Ato de Coragem, que trazia marines reais como protagonistas, a fim de mostrar o treinamento e a ação de tais militares. Melhor do que treinar atores, já que essa era a proposta do longa, fuzileiros reais deram uma prévia de seu combate.

15h17 – Trem para Paris é muito raso, e talvez fosse um desafio inclusive para o maior dos roteiristas transformar o livro em um roteiro interessante. Tudo que antecede o grande momento do trio é inteiramente descartável, sem qualquer apelo ao público, e serve apenas como exercício de espera até o ápice. Até mesmo os atores mirins no primeiro ato do filme não são dos mais talentosos. Judy Greer e Jenna Fischer, os rostos mais conhecidos, ficam empacadas com papeis abaixo de seu talento, lutando para conseguir algum desenvolvimento – sinal de boas atrizes que são, ganham destaque como ponto alto no elenco.

As cenas são pouco inspiradas, os diálogos mais que mundanos e os personagens cambaleiam na linha entre a seriedade e a paródia. Para não dizer que nada no novo filme de Clint Eastwood se salva, a grande cena, e o momento único para o filme existir é tenso, eletrizante e bem confeccionado. Neste trecho – já nos, digamos, 5 a 10 minutos finais, o diretor solta faíscas de seu brilhantismo, estruturando sequências bem trabalhadas de posicionamento de câmera – na qual situa o espectador no que está havendo com cada um dos personagens (pode parecer fácil esta construção, mas não é) – edição e trilha. Ao ponto de quase acharmos que vale pelo filme todo (já que aparentemente este momento é o cerne do longa).

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