quarta-feira, abril 24, 2024

Crítica 2 | Eternos – O filme “mais DC” da Marvel Studios

Chegou aos cinemas a mais nova aventura Marvel: Eternos. Baseado nos personagens do lendário e brilhante Jack Kirby, a equipe pode não ser das mais conhecidas pelo público não familiarizado com os quadrinhos, mas é uma das mais poderosas introduzidas no MCU até o momento. Abordando questões espaciais que serão importantes para esse núcleo cósmico da nova fase do estúdio, o filme é uma aventura quase contemplativa pela história do Universo Cinematográfico Marvel antes mesmo de heróis como o Thor e o Capitão América surgirem. Ou seja, é um longa que fecha seu arco narrativo sem influenciar ou ser tão influenciado por essa linha do tempo compartilhada que o espectador se acostumou a ver nos últimos 13 anos. Entretanto, se não é tão afetada assim pelo passado, pode apostar que influenciará bastante o futuro dos heróis mais poderosos da Terra.

Dirigido por Chloé Zhao, vencedora do último Oscar de melhor direção (Nomadland), Eternos é um filme que traz todas as características da diretora, que usa planos amplos e mistura formatos de tela para dizer muito sobre os personagens sem precisar efetivamente colocar personagens falando sobre eles, por isso é um longa que vale a pena ser conferido em IMAX. O melhor exemplo disso é justamente na cena em que os heróis chegam à Terra na aurora da humanidade. A visão humana acerca dos Eternos explora o formato IMAX, preenchendo toda a tela, passando uma sensação de grandiosidade aos personagens. Por outro lado, quando entra na perspectiva dos Eternos olhando para os humanos, a câmera muda para o formato padrão, passando a sensação de pequenez das pessoas diante dos deuses espaciais.

Essa grandiosidade combina com a descrição dos personagens nos quadrinhos, que são a criação “perfeita” dos Celestiais, contrapondo aos Deviantes, literalmente descritos como criaturas feias e monstruosas. Nesse ponto, a adaptação dos heróis ficou muito boa, incluindo os momentos em que eles contam histórias sobre terem inspirado alguns dos mitos mais famosos da história, como os deuses gregos, e terem conhecido e interagido com ícones da humanidade, como Charles Darwin. Falando em Darwin, acontece uma piadinha enquanto os personagens falam sobre evolução. E acaba que é justamente sobre isso que o filme é: evolução.

A trama do filme mostra os Eternos sendo criados pelos Celestiais e sendo enviados para a Terra nos primórdios da humanidade para aprenderem e acompanharem o desenvolvimento da sociedade, protegendo a população do planeta da ameaça Deviante. Sua missão é não interferir nos conflitos que impeçam a evolução humana e nem ajudarem a ponto de acelerar demais esse crescimento. Por isso, quando os inimigos intergalácticos são derrotados, os heróis ganham a permissão de viverem no planeta procurando um propósito, contanto que não violassem as regras de sua vinda. Porém, após milhares de anos, os Deviantes voltam a aparecer, fazendo com que os Eternos precisem se reunir novamente para evitar o cataclisma da semana. Assim, começa uma aventura que vai mostrar os caminhos que cada um seguiu, o que consegue ser dramático e extremamente divertido ao mesmo tempo.

E o problema aumenta porque eles descobrem que os Deviantes estão evoluindo, logo ficando resistentes aos poderes dos heróis sozinhos. No núcleo dos Eternos, conforme a trama avança, a questão da evolução, seja ela física ou mental, também vira um ponto importante, levando debates sobre questões da vida real.

E diferentemente de outras produções da Marvel, essa aqui se permite desenvolver em um ritmo não tão frenético, fazendo uso de momentos para trabalhar mais do pessoal de alguns dos personagens. Esse ritmo mais lento pode não agradar a alguns, principalmente por conta de algumas cenas um pouco longas demais, dando a sensação de que o filme poderia ter uns 20 minutinhos cortados que não faria tanta diferença, como as inúmeras cenas contemplativas do pôr do sol.

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Por outro lado, alguns desses momentos acabam por humanizar bastante os alienígenas divinos. E a famosa “Fórmula Marvel” está presente na história, se fazendo presente principalmente no núcleo de Kingo (Kumail Nanjiani), um Eterno que criou sua vida na Terra como um astro de Bollywood. Ele viaja para todo lugar com seu mordomo, fazendo uma grande piada com o mercado cinematográfico e rendendo piadas divertidíssimas durante suas participações. Essa dupla é um alívio cômico maravilhoso que ajuda na condução da trama, trazendo uma visão humana em meio aos deuses.

Apesar desses destaques individuais muito baseados no carisma da dupla, o elenco cumpre seu papel sem ter um grande destaque, mas também sem comprometer. São atuações competentes para o que pedem os personagens, que lembram muito os heróis da Liga da Justiça. Talvez por isso existam algumas referências explícitas ao universo DC nesse filme, prestando uma homenagem à empresa rival e até mesmo brincando com eles.

E até mesmo a pegada mais sóbria, porém carismática, escolhida para retratar o grupo lembra bastante os heróis da concorrência. A cena final, em que é mostrado vários deles usando seus poderes especiais ao mesmo tempo, pode fazer os fãs do Superman, da Mulher Maravilha e do Flash suspirarem com uma coreografia tão legal envolvendo aquelas habilidades.

Infelizmente, essa escolha mais sóbria influencia diretamente na estética, que acaba não usando tanto as inúmeras cores que marcaram o trabalho quase psicodélico de Jack Kirby nos quadrinhos. Seria bem interessante se aquela estética colorida dominasse a história. Quem acaba sendo exceção na pegada sóbria são os Celestiais, as entidades gigantescas que criaram os Eternos. Eles são colossais e coloridos, permitindo que a Chloé Zhao brinque bastante com as escalas, em um trabalho interessantíssimo, que deixa a vontade do espectador de ver aquelas cores e iluminações sendo mais usadas no ambiente terrestre que domina a trama.

Ah, vale ressaltar umas brincadeiras de contexto histórico que acontecem com uma certa frequência, mas de forma muito sutil, como por exemplo a Thena (Angelina Jolie) reproduzindo a pose de uma estátua de Athenas, a deusa grega que, segundo a mitologia dos quadrinhos, teria sido inspirada nela.

Por fim, as duas cenas pós-créditos mexem diretamente com os dois núcleos do futuro do MCU: o espacial e o terrestre, então vale a pena esperar até as luzes se acenderem para deixar a sessão.

Com as marcas da diretora e uma gama de personagens superpoderosos, Eternos é um filme longo e divertido que se preocupa mais em desenvolver sua própria história do que trabalhar as teorias e “mirabolâncias” do MCU, apesar de trazer elementos que influenciarão no futuro. O ritmo mais lento pode não agradar a todos, mas ainda assim tem tudo que um bom filme da Marvel costuma ter.

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Pedro Sobreirohttp://cinepop.com.br/
Jornalista apaixonado por entretenimento, com passagens por sites, revistas e emissoras como repórter, crítico e produtor.

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