Crítica 2 | ‘Jurassic World: Domínio’ é um parque de diversões construído ao longo de três décadas

Quando foi a primeira vez que você viu um dinossauro? Se você for parte da minha geração ou da geração anterior, é muito provável que sua resposta seja: “Em Jurassic Park”. Lançado em 1993, o filme de Steven Spielberg adaptou a ficção de Michael Crichton com algumas liberdades criativas chanceladas pelo próprio autor, que ajudou na adaptação do livro para as telonas.

Desde os livros, a história da empresa de bioengenharia que recria dinossauros e jogam eles numa ilha onde funcionaria um parque temático seguiu rumos que misturavam a ficção com a ação, o terror e a aventura. Compreendendo isso, Spielberg trouxe para o mundo um dos filmes mais amados de todos os tempos. Agora, quase 30 anos após o lançamento do longa original, Colin Trevorrow retorna à direção para encerrar a trilogia iniciada por ele em 2015, com Jurassic World: O Mundo dos Dinossauros, e concluir o ciclo dos personagens apresentados há quase três décadas, que ocupam um espaço tão grande na Cultura Pop quanto os próprios dinossauros.

A trama de Jurassic World: Domínio é bastante simples e repetitiva. Estruturalmente falando, é a mesma de Jurassic Park e Jurassic World, mas com novos enfeites.

Num geral, isso seria bastante incômodo. E cá entre nós, se você não gostou de nenhum dos Jurassic World anteriores, é bem provável que você não curta esse também. No entanto, sobra tanto carisma em tela e a ameaça dos dinossauros – a maioria nunca mostrada anteriormente em nenhuma das franquias – é tão impressionante, que não demora muito para que a ação tome conta da tela e te deixe eletrizado.

Nesse ponto, o uso da nostalgia pode incomodar os mais exigentes, mas para os apaixonados pelo trio original, é impossível não ficar maravilhado quando Sam Neill, Laura Dern e Jeff Goldblum dividem tela.

E diferentemente de outros projetos que resgatam antigos atores queridos pelos fãs apenas para participações especiais, neste filme, o núcleo da trilogia original tem tanto protagonismo quanto Chris Pratt e Bryce Dallas Howard.

Falando em Chris Pratt, seu personagem, Owen Grady, foi praticamente retratado como um Indiana Jones com dinossauros no primeiro Jurassic World. Neste filme, ele é trazido quase como um agente secreto. Inclusive, a sequência da fuga em Malta lembra muito a perseguição do último James Bond (2021). É interessante reparar como essa dinâmica mudou, deixando uma nova personagem, a Kayla (DeWanda Wise), assumir esse papel de Indiana Jones. Ela é outra personagem que chega meio do nada e com motivações bobas, mas ela é tão legal e suas cenas são tão divertidas, que a adrenalina toma conta e dá para fazer vista grossa para certas conveniências do roteiro.

Voltando brevemente à sequência em Malta, ela expande o universo dos dinossauros de uma forma muito coerente com a proposta de ter animais raríssimos convivendo com pessoas. Eles retratam contrabando, apostas, jogos e até mesmo culinária envolvendo dinossauros traficados, mostrando que a humanidade não tem respeito pela natureza ou por outras coisas que não se enquadrem a sua própria visão de avanço.

Nesse ponto, o debate sobre a ética e o “brincar de Deus” dos cientistas já foi mais do que trazido para a tela. Mesmo assim, o assunto ainda rende, finalmente entrando no mérito da sabotagem empresarial e do lucro das grandes corporações sobre a exploração animal. É breve, mas está ali de forma bem orgânica na trama.

Por fim, os dinossauros, que sofreram algumas críticas em 2015 pelo uso excessivo do CGI, estão mais imponentes do que nunca.

Usando MUITOS efeitos práticos, com direito a uma marionete da Bebê Blue, desde 1997 – quando foi lançado ‘O Mundo Perdido’ – que o cinema não via dinossauros tão realistas assim. Além do mais, a variedade de novas espécies atende a um desejo antigo dos fãs, além de trazer de volta alguns répteis icônicos que marcaram época, como o Dilofossauro.

Ah sim, antes de concluir, a presença de Jeff Goldblum como o Dr. Ian Malcolm – em uma versão muito mais próxima do longa de 1993 em vez da versão desiludida e irritada da sequência de 1997 – é um presente para os fãs. Ele está mais excêntrico do que nunca e seu sarcasmo contrasta perfeitamente com as estranhezas que a nova franquia introduziu, como domar dinossauros e usá-los como arma. Na verdade, ele mesmo aponta certas incoerências do roteiro, resolvendo a situação com um humor muito característico do personagem. É perfeito.

Jurassic World: Domínio é um filmão pipoca que aproveita todas as chances que tem para levar para as telonas o máximo de momentos de aventura e ação, mostrando que realmente nunca dá para se acostumar a ver dinossauros e pessoas interagindo. Colin Trevorrow pega os fãs pelo braço e os leva em um passeio por seu próprio parque de diversões, seu próprio Jurassic Park. Cabe a você decidir se desligar e curtir a aventura ou não comprar a ideia e talvez não se divertir tanto assim. Eu, particularmente, me envolvi tanto na diversão que não senti as 2h26 de filme passarem. É uma aventura fantástica que carrega um caminhão de fan-service e resgata a aura mágica de se encantar com dinossauros nos cinema.

Jurassic World: Domínio estreia em 2 de junho de 2022.

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Pedro Sobreirohttp://cinepop.com.br/
Jornalista apaixonado por entretenimento, com passagens por sites, revistas e emissoras como repórter, crítico e produtor.

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