sexta-feira, abril 19, 2024

Crítica 2 | ‘Jurassic World: Domínio’ é um parque de diversões construído ao longo de três décadas

Quando foi a primeira vez que você viu um dinossauro? Se você for parte da minha geração ou da geração anterior, é muito provável que sua resposta seja: “Em Jurassic Park”. Lançado em 1993, o filme de Steven Spielberg adaptou a ficção de Michael Crichton com algumas liberdades criativas chanceladas pelo próprio autor, que ajudou na adaptação do livro para as telonas.

Desde os livros, a história da empresa de bioengenharia que recria dinossauros e jogam eles numa ilha onde funcionaria um parque temático seguiu rumos que misturavam a ficção com a ação, o terror e a aventura. Compreendendo isso, Spielberg trouxe para o mundo um dos filmes mais amados de todos os tempos. Agora, quase 30 anos após o lançamento do longa original, Colin Trevorrow retorna à direção para encerrar a trilogia iniciada por ele em 2015, com Jurassic World: O Mundo dos Dinossauros, e concluir o ciclo dos personagens apresentados há quase três décadas, que ocupam um espaço tão grande na Cultura Pop quanto os próprios dinossauros.

A trama de Jurassic World: Domínio é bastante simples e repetitiva. Estruturalmente falando, é a mesma de Jurassic Park e Jurassic World, mas com novos enfeites.

Num geral, isso seria bastante incômodo. E cá entre nós, se você não gostou de nenhum dos Jurassic World anteriores, é bem provável que você não curta esse também. No entanto, sobra tanto carisma em tela e a ameaça dos dinossauros – a maioria nunca mostrada anteriormente em nenhuma das franquias – é tão impressionante, que não demora muito para que a ação tome conta da tela e te deixe eletrizado.

Nesse ponto, o uso da nostalgia pode incomodar os mais exigentes, mas para os apaixonados pelo trio original, é impossível não ficar maravilhado quando Sam Neill, Laura Dern e Jeff Goldblum dividem tela.

E diferentemente de outros projetos que resgatam antigos atores queridos pelos fãs apenas para participações especiais, neste filme, o núcleo da trilogia original tem tanto protagonismo quanto Chris Pratt e Bryce Dallas Howard.

Falando em Chris Pratt, seu personagem, Owen Grady, foi praticamente retratado como um Indiana Jones com dinossauros no primeiro Jurassic World. Neste filme, ele é trazido quase como um agente secreto. Inclusive, a sequência da fuga em Malta lembra muito a perseguição do último James Bond (2021). É interessante reparar como essa dinâmica mudou, deixando uma nova personagem, a Kayla (DeWanda Wise), assumir esse papel de Indiana Jones. Ela é outra personagem que chega meio do nada e com motivações bobas, mas ela é tão legal e suas cenas são tão divertidas, que a adrenalina toma conta e dá para fazer vista grossa para certas conveniências do roteiro.

Voltando brevemente à sequência em Malta, ela expande o universo dos dinossauros de uma forma muito coerente com a proposta de ter animais raríssimos convivendo com pessoas. Eles retratam contrabando, apostas, jogos e até mesmo culinária envolvendo dinossauros traficados, mostrando que a humanidade não tem respeito pela natureza ou por outras coisas que não se enquadrem a sua própria visão de avanço.

Nesse ponto, o debate sobre a ética e o “brincar de Deus” dos cientistas já foi mais do que trazido para a tela. Mesmo assim, o assunto ainda rende, finalmente entrando no mérito da sabotagem empresarial e do lucro das grandes corporações sobre a exploração animal. É breve, mas está ali de forma bem orgânica na trama.

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Por fim, os dinossauros, que sofreram algumas críticas em 2015 pelo uso excessivo do CGI, estão mais imponentes do que nunca.

Usando MUITOS efeitos práticos, com direito a uma marionete da Bebê Blue, desde 1997 – quando foi lançado ‘O Mundo Perdido’ – que o cinema não via dinossauros tão realistas assim. Além do mais, a variedade de novas espécies atende a um desejo antigo dos fãs, além de trazer de volta alguns répteis icônicos que marcaram época, como o Dilofossauro.

Ah sim, antes de concluir, a presença de Jeff Goldblum como o Dr. Ian Malcolm – em uma versão muito mais próxima do longa de 1993 em vez da versão desiludida e irritada da sequência de 1997 – é um presente para os fãs. Ele está mais excêntrico do que nunca e seu sarcasmo contrasta perfeitamente com as estranhezas que a nova franquia introduziu, como domar dinossauros e usá-los como arma. Na verdade, ele mesmo aponta certas incoerências do roteiro, resolvendo a situação com um humor muito característico do personagem. É perfeito.

Jurassic World: Domínio é um filmão pipoca que aproveita todas as chances que tem para levar para as telonas o máximo de momentos de aventura e ação, mostrando que realmente nunca dá para se acostumar a ver dinossauros e pessoas interagindo. Colin Trevorrow pega os fãs pelo braço e os leva em um passeio por seu próprio parque de diversões, seu próprio Jurassic Park. Cabe a você decidir se desligar e curtir a aventura ou não comprar a ideia e talvez não se divertir tanto assim. Eu, particularmente, me envolvi tanto na diversão que não senti as 2h26 de filme passarem. É uma aventura fantástica que carrega um caminhão de fan-service e resgata a aura mágica de se encantar com dinossauros nos cinema.

Jurassic World: Domínio estreia em 2 de junho de 2022.

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Pedro Sobreirohttp://cinepop.com.br/
Jornalista apaixonado por entretenimento, com passagens por sites, revistas e emissoras como repórter, crítico e produtor.

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