sábado, abril 27, 2024

Crítica | 3º episódio de ‘Os Anéis de Poder’ tropeça, mas ainda nos mantém instigados

Cuidado: possíveis spoilers à frente.

Depois de dois espetaculares episódios, ‘O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder’ retorna com um terceiro capítulo cujo principal objetivo talvez não seja focar na ação e nas várias batalhas que veremos ao decorrer na temporada, mas na expansão da personalidade de cada um dos personagens – ainda que, em vezes, essa decisão de recuar um pouco comprometa o ritmo da narrativa e a forma como a história irá se desenrolar.

Intitulado “Adar”, a iteração em questão é um grande resumão dos múltiplos corolários da semana anterior. A princípio, temos a trama envolvendo Arondir (Ismael Cruz Córdova), o elfo prateado que foi capturado pelos Orcs depois de tentar descobrir as origens deles e o que eles planejam ao cavar túneis nas Terras do Sul. Obrigado a trabalhar como escravo para os algozes ao lado de seus semelhantes, Arondir esquadrinha o melhor plano possível para libertar a si mesmo e aos outros – e, como vemos no final do episódios, as coisas definitivamente não saem como o planejado e dão abertura a um misterioso elfo sombrio chamado Adar, líder dos Orcs e principal responsável pela ressurgência das forças das trevas.

Arondir não é o único a ganhar foco, como podemos imaginar – mas Bronwyn (Nazanin Boniadi) não dá as caras em nenhum momento. Pelo contrário, a trama do elfo ocorre com total independência do que vimos num passado não muito distante. Em comparação, Galadriel (Morfydd Clark) ganha mais camadas que desmitificam sua essencial caracterização como guerreira e premeditam uma impactante guerra que está prestes a acontecer. Galadriel, movida pela necessidade de varrer a Terra-Média das forças do mal e pela vingança compulsória daqueles que mataram seu irmão e seus companheiros bélicos, cruza caminho com o rebelde humano Halbrand (Charlie Vickers) e ambos são “resgatados” por um navio do lendário reino insular de Númenor.

É aqui que as coisas começam a tomar forma mais sólida. Enquanto o início do episódio dá ares de um filler, a chegada de Galadriel e Halbrand a Númenor é o principal indicativo de que a elfa estava certa e que tomou a decisão certa em não seguir caminho para Valinor. Mais do que isso, descobrimos que a relação entre os númenorianos e os elfos era mais firmada na confiança e no respeito mútuos – mas não da maneira maniqueísta que poderíamos imaginar. Na verdade, diferente do que Galadriel acredita e defende, os humanos clamam que conquistaram o domínio do local depois de um trágico derramamento de sangue e um subjugo compulsória aos elfos, que posavam como raça superior. Mas isso não é tudo: Míriel (Cynthia Addai-Robinson), rainha regente de Númenor, já havia previsto a chegada de Galadriel como um agouro de má sorte e uma mudança drástica no funcionamento do mundo como ela conhece.

Em uma terceira linha principal, observamos as consequências da crescente relação de amizade entre a inconformada Nori (Markella Kavenagh) e o recém-chegado gigante (Daniel Weyman), que caiu dos céus e esconde segredos que devem ser revelados muito em breve. Entretanto, enquanto nada de perigoso de fato ocorreu, Nori atrai a ira dos Pés-peludos, que passaram mais de um milênio escondendo-se das ameaças do mundo e vivendo em reclusão e, agora, enfrentam a presença de um estranho que pode colocar tudo a perder. Como se não bastasse, Nori e a família quase são deixados para trás durante a migração – cultivando um desejo intrínseco de explorar o que se esconde nas sombras e fazer algo que realmente mude a vida de alguém, mesmo contrariando os valores defendidos pela própria família.

Falar da grandiosidade das incursões imagéticas e estilísticas de ‘Anéis de Poder’ é desnecessário, ainda mais considerando o respeitável time por trás das câmeras. As escolhas estéticas seguem padrão similar aos episódios predecessores, brincando com os etéreos tons do dourado e com a mácula destrutiva de uma paleta queimada, mostrando que os dois lados de uma história milenar estão prestes a colidir. A trilha sonora segue algo parecido, pincelada com aspectos mais fabulescos, como a harpa e o dedilhar do piano, e que, de certa maneira, auxiliam na construção da atmosfera de suspense e nos mantém intrigados para os capítulos seguintes.

O terceiro episódio da série pode ter seus problemas, mas isso não significa que desliza o suficiente para nos deixar frustrados. É apenas natural que o ritmo diminua um pouco para não entregar todas as reviravoltas de uma vez – e isso contribui ao nosso retorno, semana após semana, para o fantástico cosmos da Terra-Média e as instigantes aventuras que nos aguardam.

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Thiago Nollahttps://www.editoraviseu.com.br/a-pedra-negra-prod.html
Em contato com as artes em geral desde muito cedo, Thiago Nolla é jornalista, escritor e drag queen nas horas vagas. Trabalha com cultura pop desde 2015 e é uma enciclopédia ambulante sobre divas pop (principalmente sobre suas musas, Lady Gaga e Beyoncé). Ele também é apaixonado por vinho, literatura e jogar conversa fora.

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