sexta-feira , 22 novembro , 2024

Crítica | 4º episódio de ‘O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder’ vale a pena por seu caráter profético

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Cuidado: spoilers à frente.

Há algo maligno se erguendo na Terra-Média.



Desde o primeiro episódio de O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder’, ficou bem claro para os fãs da icônica saga de J.R.R. Tolkien que a narrativa, ambientada séculos antes da jornada de Frodo Bolseiro em busca do Um Anel, iria tratar sobre a ressurgência de Sauron e das forças das Trevas depois de sua queda e de seu breve desaparecimento. Não é surpresa, pois, que Galadriel (Morfydd Clark) tenha inclusive renegado sua passagem para Valinor ao lado dos companheiros de guerra para encontrar sua nêmese e vingar tanto a morte do irmão quanto dos outros elfos que caíram no campo de batalha.

Agora, entrando no quarto episódio, fica claro que as coisas são bem mais articuladas e complicadas do que imaginávamos. Galadriel não será apenas a responsável por enfrentar Sauro, como também faz parte de uma profecia de longa data que se relaciona com as Terras do Sul e com Númenor, a comunidade insular habitada pelos humanos. Afinal, como descobrimos no capítulo anterior, Míriel (Cynthia Addai-Robinson), rainha regente de Númenor, teme a contínua presença da elfa em seu reino – visto que ela é prenúncio de uma série de acontecimentos trágicos que irão se abater sobre seu lar: logo na cena de abertura, Míriel sonha com uma gigantesca onda que varre as sólidas estruturas do reino e parece apagar o que décadas de linhagens humanas levaram para construir. Não é por qualquer razão, pois, que ela deseja a partida de Galadriel o mais rápido possível.

Mas se livrar de um problema tão grande quanto esse não é um trabalho fácil – afinal, a elfa tem uma missão e irá cumpri-la, com ou sem ajuda. Ora, ela até desafia a autoridade da rainha para conversar com um fragilizado rei que nem ao menos se lembra do próprio nome. E, como era de se esperar, Galadriel se transforma em um arauto de esperança que tenta conquistar o coração daqueles que a desprezam, conseguindo, eventualmente (e acompanhada de uma sensação agourenta que se abate sobre Númenor), fazer com que a própria Míriel a acompanhe de volta para Lindon e descubra como ultrapassar seus obstáculos de uma vez por todas.

A quarta iteração da série dá menos ares de filler como o da semana passada e desenvolve boa parte das histórias, ainda que o ritmo ainda seja um problema dentro da macro-configuração encabeçada por J.D. Payne e Patrick McKay. Seguindo uma formulação parecida com a da semana passada, uma das várias subtramas é deixada de lado para que as outras ganhem mais corpo – e a escolhida da vez foi a de Nori (Markella Kavenagh) e o misterioso homem que caiu do céu. De fato, deixar espaço para enredos diferentes falarem mais alto é uma escolha interessante e bastante funcional, permitindo que o enredo leve seu tempo para desenrolar, sem precipitações não fundamentadas e conclusões sem sentido. Aqui, Payne, McKay e Stephany Folsom, responsáveis pelo roteiro, transferem os holofotes de volta para Theo (Tyroe Muhafidin) e Bronwyn (Nazanin Boniadi) e os corolários de terem fugido de seu vilarejo depois do ataque dos orcs.

É notável como o episódio procura ao máximo balancear as cenas de diálogo e as reviravoltas da trama, contribuindo para que fiquemos instigados e voltemos na próxima semana para mais incursões divertidas no panteão da Terra-Média. Enquanto Theo, Bronwyn e a presença pontual de Arondir (Ismael Cruz Córdova) servem como ponto de ação, Galadriel e Míriel pendem mais para o lado dramático; completando o triângulo estilístico, temos as ótimas cenas entre o príncipe Durin (Owain Arthur) e Elrond (Robert Aramayo), cuja amizade nada ortodoxa é uma das melhores coisas da produção até agora. Aqui, eles continuam a deflagrar suas personalidades conflitantes à medida que discorrem sobre um dos objetos mais conhecidos da mitologia tolkieniana – o mithril, poderoso metal que já foi mencionado diversas vezes no cosmos de O Senhor dos Anéis (e que deve ter papel essencial para os acontecimentos futuros).

Talvez a maior decepção do episódio seja a falta de cuidado para, de fato, apresenta Adar (Joseph Mawle). No capítulo anterior, sua presença foi prometida com tanto fervor e tanta periculosidade, que esperava-se uma introdução mais imponente. Claro, Mawle faz um bom trabalho em não revelar todas as facetas do personagem, mas não podemos deixar de sentir uma leve frustração pelo deliberado esquecimento – algo que, talvez, seja reparado nas semanas que estão por ver.

Com a condução certeira de Wayne Che Yip, o quarto capítulo de ‘Os Anéis de Poder’ volta a nos trazer elementos do épico fantástico, mas ainda assim não da mesma maneira que os filmes de Peter Jackson – mas não entenda isso como um problema; pelo contrário, as investidas mais dramáticas auxiliam a desenvolver a personalidade dos personagens, livrando-os de um maniqueísmo cansativo e nos preparando, gradativamente, para o que pode ser uma grande batalha e um memorável season finale.

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Thiago Nollahttps://www.editoraviseu.com.br/a-pedra-negra-prod.html
Em contato com as artes em geral desde muito cedo, Thiago Nolla é jornalista, escritor e drag queen nas horas vagas. Trabalha com cultura pop desde 2015 e é uma enciclopédia ambulante sobre divas pop (principalmente sobre suas musas, Lady Gaga e Beyoncé). Ele também é apaixonado por vinho, literatura e jogar conversa fora.

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Agora, entrando no quarto episódio, fica claro que as coisas são bem mais articuladas e complicadas do que imaginávamos. Galadriel não será apenas a responsável por enfrentar Sauro, como também faz parte de uma profecia de longa data que se relaciona com as Terras do Sul e com Númenor, a comunidade insular habitada pelos humanos. Afinal, como descobrimos no capítulo anterior, Míriel (Cynthia Addai-Robinson), rainha regente de Númenor, teme a contínua presença da elfa em seu reino – visto que ela é prenúncio de uma série de acontecimentos trágicos que irão se abater sobre seu lar: logo na cena de abertura, Míriel sonha com uma gigantesca onda que varre as sólidas estruturas do reino e parece apagar o que décadas de linhagens humanas levaram para construir. Não é por qualquer razão, pois, que ela deseja a partida de Galadriel o mais rápido possível.

Mas se livrar de um problema tão grande quanto esse não é um trabalho fácil – afinal, a elfa tem uma missão e irá cumpri-la, com ou sem ajuda. Ora, ela até desafia a autoridade da rainha para conversar com um fragilizado rei que nem ao menos se lembra do próprio nome. E, como era de se esperar, Galadriel se transforma em um arauto de esperança que tenta conquistar o coração daqueles que a desprezam, conseguindo, eventualmente (e acompanhada de uma sensação agourenta que se abate sobre Númenor), fazer com que a própria Míriel a acompanhe de volta para Lindon e descubra como ultrapassar seus obstáculos de uma vez por todas.

A quarta iteração da série dá menos ares de filler como o da semana passada e desenvolve boa parte das histórias, ainda que o ritmo ainda seja um problema dentro da macro-configuração encabeçada por J.D. Payne e Patrick McKay. Seguindo uma formulação parecida com a da semana passada, uma das várias subtramas é deixada de lado para que as outras ganhem mais corpo – e a escolhida da vez foi a de Nori (Markella Kavenagh) e o misterioso homem que caiu do céu. De fato, deixar espaço para enredos diferentes falarem mais alto é uma escolha interessante e bastante funcional, permitindo que o enredo leve seu tempo para desenrolar, sem precipitações não fundamentadas e conclusões sem sentido. Aqui, Payne, McKay e Stephany Folsom, responsáveis pelo roteiro, transferem os holofotes de volta para Theo (Tyroe Muhafidin) e Bronwyn (Nazanin Boniadi) e os corolários de terem fugido de seu vilarejo depois do ataque dos orcs.

É notável como o episódio procura ao máximo balancear as cenas de diálogo e as reviravoltas da trama, contribuindo para que fiquemos instigados e voltemos na próxima semana para mais incursões divertidas no panteão da Terra-Média. Enquanto Theo, Bronwyn e a presença pontual de Arondir (Ismael Cruz Córdova) servem como ponto de ação, Galadriel e Míriel pendem mais para o lado dramático; completando o triângulo estilístico, temos as ótimas cenas entre o príncipe Durin (Owain Arthur) e Elrond (Robert Aramayo), cuja amizade nada ortodoxa é uma das melhores coisas da produção até agora. Aqui, eles continuam a deflagrar suas personalidades conflitantes à medida que discorrem sobre um dos objetos mais conhecidos da mitologia tolkieniana – o mithril, poderoso metal que já foi mencionado diversas vezes no cosmos de O Senhor dos Anéis (e que deve ter papel essencial para os acontecimentos futuros).

Talvez a maior decepção do episódio seja a falta de cuidado para, de fato, apresenta Adar (Joseph Mawle). No capítulo anterior, sua presença foi prometida com tanto fervor e tanta periculosidade, que esperava-se uma introdução mais imponente. Claro, Mawle faz um bom trabalho em não revelar todas as facetas do personagem, mas não podemos deixar de sentir uma leve frustração pelo deliberado esquecimento – algo que, talvez, seja reparado nas semanas que estão por ver.

Com a condução certeira de Wayne Che Yip, o quarto capítulo de ‘Os Anéis de Poder’ volta a nos trazer elementos do épico fantástico, mas ainda assim não da mesma maneira que os filmes de Peter Jackson – mas não entenda isso como um problema; pelo contrário, as investidas mais dramáticas auxiliam a desenvolver a personalidade dos personagens, livrando-os de um maniqueísmo cansativo e nos preparando, gradativamente, para o que pode ser uma grande batalha e um memorável season finale.

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