Falta menos de um mês para as Olímpiadas de Tóquio. Os jogos mundiais eram para ter ocorrido em 2020, porém, como sabemos, foram adiados para este ano por conta da pandemia que assolou o mundo. Embora a maior parte dos países ainda esteja atravessando esse mal, os jogos estão marcados para acontecer no próximo mês na capital do Japão, e, para entrar no clima da maior disputa esportiva do mundo, chega agora aos cinemas o longa ‘4×100: Correndo por um Sonho’, um retrato intimista sobre as mulheres do atletismo brasileiro.
Durante as Olimpíadas do Rio, em 2016, Rita (Roberta Alonso), Dri (Thalita Carauta), Maria Lúcia (Fernanda de Freitas) e Jaciara (Cintia Rosa) dão tudo de si na grande final do revezamento 4×100 feminino, porém, uma infelicidade faz o bastão cair. Quatro anos se passam e a mágoa amarga daquela final ainda permanece com estas atletas, porém, a preparação para os novos jogos tem que ser feita, e o técnico Victor (Augusto Madeira) deverá elencar quem irá representar o Brasil em Tóquio. Em nome da sonhada medalha de ouro, Rita, Dri, Maria Lúcia e Jaciara terão que se dedicar ao máximo, especialmente depois da chegada da novata Sofia (Priscila Steinman).
Já no início do filme somos recepcionados por uma mensagem que explica ao espectador que o longa foi produzido em 2019 com o intuito de ter sido lançado em 2020, quando seriam os Jogos Olímpicos inicialmente. É claro que todos nós sabemos disso, mas, no futuro, é importante que os que vierem depois de nós saibam o impacto que a pandemia teve na produção e distribuição dos filmes no mundo – e isso traz um tom triste ao nosso coraçãozinho contemporâneo a esses tempos.
O roteiro composto por seis pessoas – L.G. Bayão, Carlos Cortez, Mauro Lima, Caroline Fioratti, Juliana Soares e Tomas Portella – centra o foco expositivo na protagonista Dri (muito bem interpretada por Thalita Carauta) para abordar um universo pouco conhecido pelo grande público, especialmente quando tratamos de atletas brasileiros. Ao sermos inseridos nos bastidores da preparação para as grandes competições nos deparamos com uma realidade nem um pouco romântica, mas sim dura, sem patrocínio, cheia de intrigas, desafios e muita, muita dedicação. Quem vê resultados, não vê sacrifícios.
Ao tentar construir um olhar amplo sobre a categoria, o filme de Tomas Portella acaba abrindo um leque maior do que consegue contemplar, por isso, alguns elementos ficam soltos na trama, como a questão do doping (cujo resultado nem é mostrado no longa) ou o afeto lésbico que eventualmente pode acontecer entre as atletas. Às vezes é melhor nem colocar todos os assuntos em um filme se não for para desenvolvê-los com dedicação, pois corre o risco de confundir o espectador a troco de nada.
Nós, brasileiros, já vimos muitos, muitos filmes de esportistas nórdicos correndo atrás dos seus sonhos, mesmo quando esses esportes não fazem parte da nossa realidade. Já vimos patinadoras no gelo e líderes de torcida e até mesmo competição de trenó da Jamaica! Então, por que não um filme sobre as atletas brasileiras do revezamento 4×100? Portanto, ‘4×100: Correndo por um Sonho’ é um filme bastante honesto sobre a realidade das atletas brasileiras e presta boa homenagem à essas mulheres guerreiras dos esportes.