Filmes de ação possuem características específicas que os enquadra neste gênero cinematográfico e os distingue dos outros, como o romance ou a comédia. Nos anos 1970, essas produções se voltaram mais para as lutas marciais; a partir dos anos 1980, os Estados Unidos construíram filmes desse gênero que utilizavam mais armas de fogo do que lutas corpóreas, o que perdurou ao longo da década seguinte.
A partir dos anos 2000, os filmes de ação ganharam ares mais velozes, com franquias em que os protagonistas são levados ao extremo de suas limitações (físicas, psicológicas, etc), menos focado na veracidade das histórias e mais interessados em subir o sarrafo do impossível. Nessa pegada, a Netflix recentemente disponibilizou a seus assinantes o longa alemão ‘60 Minutos’, que figurou entre os mais assistidos no Top 10 da plataforma.
Na trama conhecemos Octa (Emilio Sakraya), um lutador de MMA que está prestes a desafiar outro grande lutador e, por isso, tem treinado muito. Para sua infelicidade, a luta caiu no mesmo dia do aniversário de sua querida filha, Leonie (Morik Heydo), que o espera em sua festinha e para quem prometera levar o bolo.
Irritada, ao ver a desolação da filha na espera do pai, sua ex-esposa dá um ultimato a Octa: ele tem uma hora para aparecer na festa de Leonie, ou, do contrário, irá entrar na justiça contra ele pedindo a guarda total da menina. Desesperado, Octa decide abandonar o ringue antes mesmo de entrar na arena, para poder chegar a tempo para a festa de sua filha. Porém, sua decisão impulsiva acaba causando a irritação de homens poderosos, que haviam apostado alto na sua vitória, e, agora, Octa terá que enfrentar diversos capangas ao longo de seu caminho até a festa de aniversário de Leonie.
Como dá para ver, ‘60 Minutos’ é um filme que não tem muita história. Em poucos minutos, o enredo é apresentado e o protagonista é colocado em movimento em direção ao seu objetivo. No meio do caminho, os quase noventa minutos do roteiro de Philip Koch e de Oliver Kienle basicamente se decida a encontrar formas de criar empecilhos diferentes para retardarem o protagonista em alcançar seu objetivo. Para isso, vale de tudo um pouco, seja abusar da viabilidade dos fatos, seja repetir os elementos já descartados só para preencher o espaço.
Nesse sentido, o filme dá uma boa cansada, porque minimiza a intelectualidade do espectador. Assim, para continuar assistindo é preciso abandonar qualquer sentimento de conexão com a história e aceitar que esse ‘60 Minutos’ é um filme feito para exibir cenas de ação em sequência, desfilando as habilidades do elenco.
Ao menos as escolhas do diretor Oliver Kienle com relação às cenas de ação são coerentes e dedicadas, construindo um cenário de pancadaria, tiro-porrada-e-bomba e estripulias no meio do trânsito que podem satisfazer aos espectadores de filmes de ação contemporâneos. Mas, realmente, ’60 Minutos’ se resume a apenas isso, pois de história mesmo dá para resumir em poucos minutos. É um filme para passar o tempo para quem curte esse tipo de produção.