domingo , 22 dezembro , 2024

Crítica | A Baleia: Brendan Fraser tem chances reais no Oscar 2023 com novo drama de Darren Aronofsky

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Filme assistido durante o Festival de Toronto 2022

Entre um semblante cansado e um corpo fatigado pelas marcas do excesso de peso, Charlie é um homem solitário e recluso, que se esconde em uma pequena casa pouco arejada e fria, que ressoa a chuva torrencial que insiste em cair sobre o telhado. Nesse cenário, surge um Brendan Fraser diferente. Com uma maquiagem elaborada capaz de gerar bastante controvérsia entre militantes, ele estampa a delicadeza e a tristeza de alguém que abriu mão de si mesmo e passa os seus dias à deriva de sua própria existência, à espera do seu inevitável fim. Assombrado pelas consequências de suas escolhas duvidosas e por um passado doloroso, ele é um professor universitário que faz de suas aulas online o artifício que precisa para esconder suas feições do restante do mundo.



O título A Baleia pode gerar a impressão errada. Ao contrário do que muitos inevitavelmente poderiam sugerir, o título do novo drama de Darren Aronofsky de fato faz uma alusão direta ao clássico da literatura Moby Dick. Apaixonado pela arte da escrita, Charlie é apegado a um antigo papel que traz uma breve análise sobre o livro. Sempre que se sente diante de alguma crise em sua saúde, se volta para as curtas linhas escritas a fim de se acalmar. A simbologia desse profundo e misterioso instante são explicadas ao longo da narrativa, que ainda mostra a reconexão entre um pai distante e sua filha adolescente Ellie (Sadie Sink), que cresceu debaixo do fantasma do abandono. E aqui, essas duas pessoas tão distintas formam dois extremos de uma mesma moeda: Enquanto uma é vítima da alienação parental, o outro é reduzido ao abandono pessoal e social, por medo das opiniões alheias.

Ao longo dessa jornada, Fraser dá vida a um pai que tenta reconstruir sua história com sua filha, a partir de uma relação disfuncional regida pelo abuso verbal, desrespeito e falta de autoridade. E nesse contexto, ainda estamos diante de uma penosa história de redenção, acompanhando as agruras de um pai que vive sob o medo. E sua dor, seus anseios e suas mágoas nos acompanham, queimando nossa alma tamanho o brilhantismo da performance de Fraser. Se submetendo ao estado de mais pura fragilidade psicoemocional, o carismático ator ressurge como a fênix em um protagonismo há muito tempo esperado por nós. Após anos subjugado ao ostracismo – em virtude de uma denúncia de abuso sexual que envolvia um executivo de Hollywood -, ele faz de A Baleia sua própria história de redenção, mostrando seu poder de renascimento como um artista que jamais deveria ter sido ignorado por compartilhar um trauma sofrido nos bastidores.

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Com uma performance apaixonante que parte nossos corações, o astro de A Múmia entrega em seu olhar muito mais do que qualquer diálogo poderia expressar e nos convida para a sua dor a partir de uma caracterização complexa, emocionalmente delicada e difícil de ser digerida. Trazendo um nível de sensibilidade extrema a um personagem que facilmente poderia cair no radar das agendas contemporâneas que negam a obesidade mórbida como uma doença, ele presenteia a audiência com um trabalho puro, cuidadoso e sensato – capaz de se identificar com todos os tipos de público. Provando ser um dos candidatos mais fortes ao Oscar 2023 – ao lado de Austin Butler e de sua versão de Elvis, Brendan Fraser tem chances reais de redefinir sua carreira com a tão sonhada estatueta. E com uma elaborada sinergia que exala em cada cena, Fraser, Sink e Hong Chau formam um trio poderoso que retrata três facetas tão diferentes de um mesmo tipo de sofrimento.

Concentrando sua trama em um único ambiente, a adaptação da peça homônima de Samuel D. Hunter (que também assina o roteiro) ainda destaca a habilidosa direção de Aronofsky, que sabe explorar os ângulos extremos para ampliar a sensação de espaço entre os personagens, à medida em que também é capaz de construir uma atmosfera claustrofóbica, que sufoca tanto eles, bem como o público. E abordando um tema menos abstrato, que deixa de lado aqueles entraves da psique que já vimos em seus longas anteriores, o aclamado cineasta entrega um excelente trabalho e faz da performance de Fraser o norte que guia toda a sensibilidade do longa. E ainda que haja um certo sentimentalismo às vezes forçado, A Baleia é – sem sombra de dúvidas – um emocionante conto sobre perdão e reconciliação familiar.

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O título A Baleia pode gerar a impressão errada. Ao contrário do que muitos inevitavelmente poderiam sugerir, o título do novo drama de Darren Aronofsky de fato faz uma alusão direta ao clássico da literatura Moby Dick. Apaixonado pela arte da escrita, Charlie é apegado a um antigo papel que traz uma breve análise sobre o livro. Sempre que se sente diante de alguma crise em sua saúde, se volta para as curtas linhas escritas a fim de se acalmar. A simbologia desse profundo e misterioso instante são explicadas ao longo da narrativa, que ainda mostra a reconexão entre um pai distante e sua filha adolescente Ellie (Sadie Sink), que cresceu debaixo do fantasma do abandono. E aqui, essas duas pessoas tão distintas formam dois extremos de uma mesma moeda: Enquanto uma é vítima da alienação parental, o outro é reduzido ao abandono pessoal e social, por medo das opiniões alheias.

Ao longo dessa jornada, Fraser dá vida a um pai que tenta reconstruir sua história com sua filha, a partir de uma relação disfuncional regida pelo abuso verbal, desrespeito e falta de autoridade. E nesse contexto, ainda estamos diante de uma penosa história de redenção, acompanhando as agruras de um pai que vive sob o medo. E sua dor, seus anseios e suas mágoas nos acompanham, queimando nossa alma tamanho o brilhantismo da performance de Fraser. Se submetendo ao estado de mais pura fragilidade psicoemocional, o carismático ator ressurge como a fênix em um protagonismo há muito tempo esperado por nós. Após anos subjugado ao ostracismo – em virtude de uma denúncia de abuso sexual que envolvia um executivo de Hollywood -, ele faz de A Baleia sua própria história de redenção, mostrando seu poder de renascimento como um artista que jamais deveria ter sido ignorado por compartilhar um trauma sofrido nos bastidores.

Com uma performance apaixonante que parte nossos corações, o astro de A Múmia entrega em seu olhar muito mais do que qualquer diálogo poderia expressar e nos convida para a sua dor a partir de uma caracterização complexa, emocionalmente delicada e difícil de ser digerida. Trazendo um nível de sensibilidade extrema a um personagem que facilmente poderia cair no radar das agendas contemporâneas que negam a obesidade mórbida como uma doença, ele presenteia a audiência com um trabalho puro, cuidadoso e sensato – capaz de se identificar com todos os tipos de público. Provando ser um dos candidatos mais fortes ao Oscar 2023 – ao lado de Austin Butler e de sua versão de Elvis, Brendan Fraser tem chances reais de redefinir sua carreira com a tão sonhada estatueta. E com uma elaborada sinergia que exala em cada cena, Fraser, Sink e Hong Chau formam um trio poderoso que retrata três facetas tão diferentes de um mesmo tipo de sofrimento.

Concentrando sua trama em um único ambiente, a adaptação da peça homônima de Samuel D. Hunter (que também assina o roteiro) ainda destaca a habilidosa direção de Aronofsky, que sabe explorar os ângulos extremos para ampliar a sensação de espaço entre os personagens, à medida em que também é capaz de construir uma atmosfera claustrofóbica, que sufoca tanto eles, bem como o público. E abordando um tema menos abstrato, que deixa de lado aqueles entraves da psique que já vimos em seus longas anteriores, o aclamado cineasta entrega um excelente trabalho e faz da performance de Fraser o norte que guia toda a sensibilidade do longa. E ainda que haja um certo sentimentalismo às vezes forçado, A Baleia é – sem sombra de dúvidas – um emocionante conto sobre perdão e reconciliação familiar.

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