quinta-feira , 21 novembro , 2024

Crítica | A Batalha das Correntes – Dr. Estranho, Homem-Aranha e Fera em filme sobre inventor da lâmpada elétrica

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Enquanto os universos da Marvel não se cruzam pra valer nas telonas, ‘A Batalha das Correntes’ chega aos cinemas trazendo Benedict Cumberbatch, Tom Holland e Nicholas Hoult juntos em um filme de época baseado numa história real: a criação e a disputa do melhor tipo de corrente elétrica nos Estados Unidos.

A história começa em 1880, com uma primeira cena belíssima, mostrando Thomas Edison (Cumberbatch, em atuação bastante semelhante à que entregou em ‘O Jogo da Imitação’) apresentando sua mais nova invenção: a lâmpada elétrica. Porém, sua invenção é baseada no fornecimento de energia elétrica através de corrente contínua (quando os elétrons se movimentam em um único sentido), que, a seu ver, seria a única forma de prover eletricidade a um objeto de maneira segura aos seres humanos. O problema é que essa técnica consegue abranger apenas pequenas distâncias, o que tornava a tecnologia de Edison muito cara para um país do tamanho dos Estados Unidos.



Tudo isso, obviamente, desperta o interesse de investidores e inventores do mundo inteiro, inclusive de George Westinghouse (Michael Shannon, bem no papel), que tentou se associar à Edison, mas, diante da recusa deste, resolveu investir em sua própria ideia e criar a lâmpada elétrica de corrente alternada (na qual os elétrons mudam de direção constantemente), que, por causa dessa diferença, consegue abranger distâncias maiores e, consequentemente, é um investimento mais barato para as cidades. A partir daí, começa uma eterna competição entre os dois inventores para ver quem conquista mais territórios norte-americanos (como dois meninos brincando de WAR na vida real).

É necessário essa longa introdução porque o espectador desavisado provavelmente será atraído por ‘A Batalha das Correntes’ devido ao elenco de rostinhos de super-heróis. Entretanto, se o espectador não conhecer minimamente a história que está sendo retratada no filme, provavelmente irá se sentir perdido. O roteiro de Michael Mitnick faz um bom recorte deste momento importante da transição da sociedade para a era moderna, porém o faz de uma maneira extremamente técnica, utilizando terminologia específica da área, com diálogos rápidos e intensos ricocheteando de um lado para o outro, o que deixa a gente correndo atrás dos personagens o tempo todo.

O cuidado que o diretor Alfonso Gomez-Rejon teve em criar uma história sólida baseada no trabalho de personalidades importantíssimas para o mundo é visível, seja investindo em uma boa caracterização de época e numa composição de cenário que pensa nos mínimos detalhes (quem é fã das invencionices desses gênios vai reconhecer os easter eggs científicos casualmente colocados em cena), seja conseguindo manter o bocudo do Tom Holland quieto sobre spoilers, mesmo quando o querido Homem-Aranha interpreta apenas o assistente de Thomas Edison (mais uma vez o menino Tom servindo de boy para um CEO rico que inventa coisas, ai ai…).

Para engenheiros e fãs de tecnologias (acreditem, eles existem!), o auge do longa é a introdução do personagem Nikola Tesla (Hoult, que poderia ter entregado um pouco mais de fervor a este grande cientista), que hoje sabemos ter sido um dos principais inventores do mundo, responsável por muitas das tecnologias que hoje desfrutamos, como o sistema de corrente alternada em grandes represas de água para transmissão de energia a cidades mais distantes. Tesla, inclusive, já foi interpretado no cinema por David Bowie, em ‘O Grande Truque’.

A Batalha das Correntes’ tem uma bela montagem e edição, que combina elementos da engenharia com recursos das próprias invencionices para ajudar a contar esta importante história da nossa sociedade moderna, que infelizmente é desconhecida pela maioria das pessoas, especialmente aqui no Brasil.

O filme desperta o interesse por mais detalhes sobre o período em que esses três gênios viveram, porém, com somente 1h47 de duração, ele consegue apenas apresentar os elementos da trama, impossibilitando o espectador de se aprofundar na história e sentir empatia pelos personagens. Talvez o formato de um longa-metragem não seja suficiente – o ideal seria algumas horas a mais divididas em episódios, de modo a abranger com mais capricho a complexidade do trabalho desses três grandes cientistas.

Produzido em 2017 com a ajuda de Martin Scorsese (e engavetado por dois anos por motivos de: coisas de Hollywood), ‘A Batalha das Correntes’ apresenta uma grande história desconhecida ao público, mas que precisa do auxílio de um glossário para que o cidadão comum possa entender. Como conhecimento nunca é demais, fica a dica de uma história fundamental, bem realizada em seu formato de longa-metragem.

 

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Janda Montenegrohttp://cinepop.com.br
Escritora, autora de 6 livros, roteirista, assistente de direção. Doutora em Literatura Brasileira Indígena UFRJ.

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A história começa em 1880, com uma primeira cena belíssima, mostrando Thomas Edison (Cumberbatch, em atuação bastante semelhante à que entregou em ‘O Jogo da Imitação’) apresentando sua mais nova invenção: a lâmpada elétrica. Porém, sua invenção é baseada no fornecimento de energia elétrica através de corrente contínua (quando os elétrons se movimentam em um único sentido), que, a seu ver, seria a única forma de prover eletricidade a um objeto de maneira segura aos seres humanos. O problema é que essa técnica consegue abranger apenas pequenas distâncias, o que tornava a tecnologia de Edison muito cara para um país do tamanho dos Estados Unidos.

Tudo isso, obviamente, desperta o interesse de investidores e inventores do mundo inteiro, inclusive de George Westinghouse (Michael Shannon, bem no papel), que tentou se associar à Edison, mas, diante da recusa deste, resolveu investir em sua própria ideia e criar a lâmpada elétrica de corrente alternada (na qual os elétrons mudam de direção constantemente), que, por causa dessa diferença, consegue abranger distâncias maiores e, consequentemente, é um investimento mais barato para as cidades. A partir daí, começa uma eterna competição entre os dois inventores para ver quem conquista mais territórios norte-americanos (como dois meninos brincando de WAR na vida real).

É necessário essa longa introdução porque o espectador desavisado provavelmente será atraído por ‘A Batalha das Correntes’ devido ao elenco de rostinhos de super-heróis. Entretanto, se o espectador não conhecer minimamente a história que está sendo retratada no filme, provavelmente irá se sentir perdido. O roteiro de Michael Mitnick faz um bom recorte deste momento importante da transição da sociedade para a era moderna, porém o faz de uma maneira extremamente técnica, utilizando terminologia específica da área, com diálogos rápidos e intensos ricocheteando de um lado para o outro, o que deixa a gente correndo atrás dos personagens o tempo todo.

O cuidado que o diretor Alfonso Gomez-Rejon teve em criar uma história sólida baseada no trabalho de personalidades importantíssimas para o mundo é visível, seja investindo em uma boa caracterização de época e numa composição de cenário que pensa nos mínimos detalhes (quem é fã das invencionices desses gênios vai reconhecer os easter eggs científicos casualmente colocados em cena), seja conseguindo manter o bocudo do Tom Holland quieto sobre spoilers, mesmo quando o querido Homem-Aranha interpreta apenas o assistente de Thomas Edison (mais uma vez o menino Tom servindo de boy para um CEO rico que inventa coisas, ai ai…).

Para engenheiros e fãs de tecnologias (acreditem, eles existem!), o auge do longa é a introdução do personagem Nikola Tesla (Hoult, que poderia ter entregado um pouco mais de fervor a este grande cientista), que hoje sabemos ter sido um dos principais inventores do mundo, responsável por muitas das tecnologias que hoje desfrutamos, como o sistema de corrente alternada em grandes represas de água para transmissão de energia a cidades mais distantes. Tesla, inclusive, já foi interpretado no cinema por David Bowie, em ‘O Grande Truque’.

A Batalha das Correntes’ tem uma bela montagem e edição, que combina elementos da engenharia com recursos das próprias invencionices para ajudar a contar esta importante história da nossa sociedade moderna, que infelizmente é desconhecida pela maioria das pessoas, especialmente aqui no Brasil.

O filme desperta o interesse por mais detalhes sobre o período em que esses três gênios viveram, porém, com somente 1h47 de duração, ele consegue apenas apresentar os elementos da trama, impossibilitando o espectador de se aprofundar na história e sentir empatia pelos personagens. Talvez o formato de um longa-metragem não seja suficiente – o ideal seria algumas horas a mais divididas em episódios, de modo a abranger com mais capricho a complexidade do trabalho desses três grandes cientistas.

Produzido em 2017 com a ajuda de Martin Scorsese (e engavetado por dois anos por motivos de: coisas de Hollywood), ‘A Batalha das Correntes’ apresenta uma grande história desconhecida ao público, mas que precisa do auxílio de um glossário para que o cidadão comum possa entender. Como conhecimento nunca é demais, fica a dica de uma história fundamental, bem realizada em seu formato de longa-metragem.

 

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