sábado , 21 dezembro , 2024

Crítica | A Batalha do Biscoito Pop-Tart – Comédia Frenética Traz Bastidores da Indústria do Café da Manhã

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Sabe o tipo de coisa que você nunca parou para pensar na vida, mas que simplesmente faz parte do seu cotidiano? Tipo, o que você toma de café da manhã todos os dias ao acordar. Você simplesmente não pensa, tá lá todos os dias, algo mecânico quase – ainda mais no Brasil, em que o básico da primeira alimentação do dia é um café ou leite com pão francês. Mas não nos Estados Unidos, onde tudo é indústria e tudo é capitalismo. Lá há dezenas e dezenas de pessoas pensando e se dedicando em criar produtos que se tornem desejo de consumo, em todas as áreas. Esse é o estilo de vida daquele país, que foi bastante acentuado durante as décadas de 1950 e 1960, com a expansão da indústria do orgulho nacional. Também nessa época duas empresas brigaram pelo controle do que os cidadãos norte-americanos consumiam no café da manhã, e essa história surreal é contada no ótimo filme ‘A Batalha do Biscoito Pop-Tart’ (‘Unfrosted’), recém-chegado na Netflix.



Bob Cabana (Jerry Seinfeld, do seriado ‘Seinfeld’) trabalha feliz e contente na empresa de Edsel Kellogg (Jim Gaffigan, de ‘Peter Pan e Wendy’), onde ambos ganham anualmente o prêmio de melhor sucrilhos do país. Tudo vai bem para a Kellogg’s até que a concorrente direta pelo monopólio, a Post, gerenciada por Marjorie Post (Amy Schumer, de ‘Descompensada’) começa a agir de forma suspeita, como se soubesse de algum segredo revolucionário. Bob Cabana descobre, então, que a concorrência roubara sua pesquisa com Stan (Melissa McCarthy, a Úrsula de ‘A Pequena Sereia’) e que estariam desenvolvendo um produto novo, uma espécie de sanduíche industrializado que conseguiria manter a crocância após ser aquecido e ainda por cima seria recheado com geleia, que não estragaria. Diante da iminência do lançamento de um produto revolucionário no mercado, Cabana e Kellogg recrutam Stan de volta, junto com um time de especialistas, para desenvolver o mesmo produto só que antes – e que mais tarde se tornaria um dos produtos mais consumidos dos Estados Unidos, o biscoito-sanduíche Pop-Tart.

A Batalha do Biscoito Pop-Tart’ é um filme experimental, com um grande orçamento e uma boa dose de ousadia. É difícil para nós, brasileiros, medirmos até que ponto os eventos contados no filme são reais, não só pela distância de nossa realidade (esse produto nunca chegou por aqui, e dificilmente faria sucesso, pois o café da manhã brasileiro é outro), mas principalmente pelo tom irônico e abertamente debochado do roteiro de Jerry Seinfeld, Spike Feresten, Andy Robin e Barry Marder, que faz uso do humor para jogar umas verdades sobre a acirrada disputa empresarial – e quando a verdade é dita assim, tão abertamente, a gente sempre fica na dúvida se é mesmo verdade.

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Se o humor é ferramenta de crítica, Jerry Seinfeld não se faz de rogado e constrói um filme com diálogos inteligentes, autossabotagem, autocrítica e, a seu modo, histórico, posto que se propõe a contar não só a história do biscoito em si, mas também a extensa e épica briga pelo monopólio industrial que emergia nos Estados Unidos nos anos 1960, representados no filme pelas empresas de sucrilhos Kellogg’s e Post. Mas não apenas, pois, para situar as escolhas e posturas de seus personagens, o roteiro traça um panorama contextualizando a época, incluindo a corrida espacial pela Lua, as guerras e birras dos EUA com a União Soviética e Cuba, o boom do estilo de vida capitalista da tradicional família americana e por aí vai. Soma-se a isso uma ótima direção de Jerry Seinfeld, especialmente com relação ao seu elenco estelar, que conta com participações de Christian Slater (da série ‘Willow’), Hugh Grant (‘Wonka’), James Mardsen (‘Encantada’), Peter Dinklage (‘Game of Thrones’) e muito mais.

Tecnicamente ótimo, ‘A Batalha do Biscoito Pop-Tart’ entretém, diverte e propõe uma reflexão crítica. Em tempo de repensarmos os alimentos que consumimos e os impostos que pagamos por ele, é um filme sem papas na língua que demonstra o quão manipulável é o comportamento social.

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Janda Montenegrohttp://cinepop.com.br
Escritora, autora de 6 livros, roteirista, assistente de direção. Doutora em Literatura Brasileira Indígena UFRJ.

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Bob Cabana (Jerry Seinfeld, do seriado ‘Seinfeld’) trabalha feliz e contente na empresa de Edsel Kellogg (Jim Gaffigan, de ‘Peter Pan e Wendy’), onde ambos ganham anualmente o prêmio de melhor sucrilhos do país. Tudo vai bem para a Kellogg’s até que a concorrente direta pelo monopólio, a Post, gerenciada por Marjorie Post (Amy Schumer, de ‘Descompensada’) começa a agir de forma suspeita, como se soubesse de algum segredo revolucionário. Bob Cabana descobre, então, que a concorrência roubara sua pesquisa com Stan (Melissa McCarthy, a Úrsula de ‘A Pequena Sereia’) e que estariam desenvolvendo um produto novo, uma espécie de sanduíche industrializado que conseguiria manter a crocância após ser aquecido e ainda por cima seria recheado com geleia, que não estragaria. Diante da iminência do lançamento de um produto revolucionário no mercado, Cabana e Kellogg recrutam Stan de volta, junto com um time de especialistas, para desenvolver o mesmo produto só que antes – e que mais tarde se tornaria um dos produtos mais consumidos dos Estados Unidos, o biscoito-sanduíche Pop-Tart.

A Batalha do Biscoito Pop-Tart’ é um filme experimental, com um grande orçamento e uma boa dose de ousadia. É difícil para nós, brasileiros, medirmos até que ponto os eventos contados no filme são reais, não só pela distância de nossa realidade (esse produto nunca chegou por aqui, e dificilmente faria sucesso, pois o café da manhã brasileiro é outro), mas principalmente pelo tom irônico e abertamente debochado do roteiro de Jerry Seinfeld, Spike Feresten, Andy Robin e Barry Marder, que faz uso do humor para jogar umas verdades sobre a acirrada disputa empresarial – e quando a verdade é dita assim, tão abertamente, a gente sempre fica na dúvida se é mesmo verdade.

Se o humor é ferramenta de crítica, Jerry Seinfeld não se faz de rogado e constrói um filme com diálogos inteligentes, autossabotagem, autocrítica e, a seu modo, histórico, posto que se propõe a contar não só a história do biscoito em si, mas também a extensa e épica briga pelo monopólio industrial que emergia nos Estados Unidos nos anos 1960, representados no filme pelas empresas de sucrilhos Kellogg’s e Post. Mas não apenas, pois, para situar as escolhas e posturas de seus personagens, o roteiro traça um panorama contextualizando a época, incluindo a corrida espacial pela Lua, as guerras e birras dos EUA com a União Soviética e Cuba, o boom do estilo de vida capitalista da tradicional família americana e por aí vai. Soma-se a isso uma ótima direção de Jerry Seinfeld, especialmente com relação ao seu elenco estelar, que conta com participações de Christian Slater (da série ‘Willow’), Hugh Grant (‘Wonka’), James Mardsen (‘Encantada’), Peter Dinklage (‘Game of Thrones’) e muito mais.

Tecnicamente ótimo, ‘A Batalha do Biscoito Pop-Tart’ entretém, diverte e propõe uma reflexão crítica. Em tempo de repensarmos os alimentos que consumimos e os impostos que pagamos por ele, é um filme sem papas na língua que demonstra o quão manipulável é o comportamento social.

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