Quando o primeiro ‘Invocação do Mal’ estreou em 2013, ele se tornou um fenômeno de crítica e bilheterias e deu o status máximo para o diretor James Wan, que já havia comandado os ótimos ‘Jogos Mortais’ e ‘Sobrenatural’. O filme renovou o gênero terror, que estava em baixa, e abriu os olhos da Warner Bros. para investir em uma franquia, que hoje é intitulada ‘The Conjuring Universe’.
‘Invocação do Mal 2’ foi tão bem recebido quanto o primeiro, mas o derivado ‘Annabelle’ foi detonado pelo público e crítica. Com mais cautela, o estúdio decidiu investir alto e chamou o ótimo David F. Sandberg (‘Quando as Luzes se Apagam’) para comandar a sequência, o ótimo ‘Annabelle 2: A Criação do Mal’.
Agora, o estúdio arrisca novamente com ‘A Freira’ – aproveitando o sucesso de um dos personagens mais assustadores já apresentadas na franquia, o demônio Valak.
Quando um jovem (Jonas Bloquet) encontra uma Freira enforcada na frente de um convento, o Vaticano nomeia o padre Burke (Bichir) para investigar a situação. Ele misteriosamente chama a noviça Irmã Irene (Farmiga) para ajudá-lo na missão, mesmo sabendo que ela ainda não fez seus votos.
O trio chega à abadia e descobre que uma força sobrenatural está aterrorizando e assassinando todas as freiras do convento, e precisa solucionar o caso antes que eles também sucumbam às forças do mal.
O terror tem diversos pontos positivos, mas um grande ponto negativo que pode desagradar alguns fãs do gênero.
Vendido como ‘O Capítulo mais Tenebroso da Franquia’, o terror não cumpre sua proposta e diverte mais do que assusta. Não que seja ruim, mas pode ser decepcionante para aqueles que vão ao cinema atrás dos jumpscares (sustos fáceis) que tornaram a franquia conhecida. Eles estão presentes no filme, mas não funcionam como deveriam.
O ponto negativo está na direção de Corin Hardy, que ficou famoso pelo competente ‘A Maldição da Floresta’, mas perde a mão aqui. Todos os sustos podem ser previstos pelo espectador, já que o diretor utiliza exaustivamente os mesmos recursos para tentar criar os jumpscares: a música abaixa, a câmera gira para um lado, gira para o outro… e quando ela volta a focar a protagonista… “boo”. Esses sustos anunciados deixam o terror bem menos assustador do que deveria ser.
‘A Freira’ é o filme mais bem humorado de toda a franquia, repleto de piadinhas rápidas que funcionam e aliviam a tensão entre uma cena tensa e outra. O terror dá espaço para uma aventura investigativa, bastante diferente dos filmes anteriores.
O grande acerto está em seu elenco. Taissa Farmiga está SENSACIONAL no papel da Irmã Irene, com uma atuação tão poderosa de dar inveja até à sua irmã Vera Farmiga, a estrela de ‘Invocação do Mal’. Sempre interpretando a garota sonsa, como na série ‘American Horror Story’, aqui Taissa se transforma em uma “Scream Queen” de primeira surpreendendo com uma personagem de personalidade forte e bastante dramaticidade.
Ela é acompanhada em sua aventura pelo ator revelação Jonas Bloquet, em uma atuação excepcional e divertida como Frenchie, o alívio cômico do filme; E também por Demián Bichir, que traz uma atuação não muito inspirada como o Padre Burke. Apesar disso, o trio demonstra uma grande química em tela.
O roteiro de Gary Dauberman, de ‘Annabelle 1 e 2’, é intrigante e bastante eficiente – poderia ter rendido um filme muito mais assustador não fosse a direção de Hardy.
É muito mais divertido que assustador, um conto cheio de reviravoltas que vai te instigar a saber como é o final e como o demônio Valak fugiu do inferno, além de ter deliciosos easter eggs dos outros filmes da franquia.
‘A Freira’ é um bom passatempo para aqueles que querem ir ao cinema se divertir e levar alguns sustos, mas pode decepcionar aqueles que esperam testemunhar “O Capítulo Mais Tenebroso do Universo Invocação do Mal” – como promete o cartaz do filme.
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