domingo , 22 dezembro , 2024

Crítica | ‘A Incrível História de Henry Sugar’ é maravilhoso para fãs do Wes Anderson

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Dando prosseguimento a sua parceria com a Netflix e a família Dahl, Wes Anderson faz uma adaptação praticamente literal do conto A Incrível História de Henry Sugar, do britânico Roald Dahl, em um curta de aproximadamente 40 minutos. Para quem acha que já ouviu esse nome antes, mas não se lembra do contexto, ele é o autor de outra história adaptada anteriormente pelo diretor, O Fantástico Sr. Raposo, e por clássicos da literatura infantil que também foram adaptados para os cinemas, como A Fantástica Fábrica de Chocolate e Matilda.

Essa história, porém, é completamente voltada para o público adulto, porque aborda o propósito e como as pessoas perdem tempo com coisas mundanas, enquanto a vida passa. Ao longo desses quase 40 minutos, acompanhamos Roald Dahl, interpretado por Ralph Fiennes, contar a história de Henry Sugar (Benedict Cumberbatch), um herdeiro milionário egoísta cuja única preocupação na vida é ganhar mais dinheiro. No entanto, sua vida muda de uma hora para outra quando ele descobre um livro fininho que contém o relato de um médico sobre um misterioso artista de circo que, por meio de treinamento, aprendeu a enxergar sem abrir os olhos. Ele fica fascinado pelo relato porque acredita ser capaz de dominar a técnica para ler cartas e ganhar mais dinheiro trapaceando em cassinos.



A escolha da direção por adaptar o conto palavra por palavra altera bastante a linguagem cinematográfica padrão que o público se acostumou. Wes Anderson busca elementos do teatro, como os cenários móveis e os atores se revezando nos papéis menores, para deixar a história um pouco mais palatável, já que o curta é narrado por seus personagens, que estão o tempo inteiro encarando o público, literalmente contando a história para eles. Isso, junto a tão famosa estética do diretor, pode exercer duas reações, que dependem diretamente do espectador ser fã ou não do trabalho de Wes Anderson. Se você não gosta dos filmes dele, sequer cogite perder seu tempo com essa obra. O ritmo é sonolento, o humor é extremamente de nicho e a incursão das histórias certamente será cansativa. Ao fim do curta, você saíra com a sensação de que os 40 minutos foram estendidos para três horas e você gastou seu tempo vendo a versão emperiquitada da Bíblia narrada pelo Cid Moreira.

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Agora, se você for fã do trabalho de Anderson, pode ir sem medo, porque o diretor trabalha sua estética ao máximo, com uma atenção irretocável para cenários e figurinos, trazendo planos visualmente instigantes e todos aqueles elogios verborrágicos que a crítica repete a cada nova obra do diretor. Nesta obra, ele atinge seu máximo, fazendo um dos mais singelos e representativos trabalhos de sua carreira. Ok, fazendo uma ponderação, esse estilo de interação direta pode ser cansativo até mesmo para quem já está acostumado com as obras dele por soar didático demais em certos momentos.

Entretanto, gostando ou não do curta, um aspecto que merece atenção e reconhecimento é a dificuldade das atuações realizadas no filme. Benedict Cumberbatch em especial dialoga com o público o tempo inteiro, sem perder a pose ou deixando seu personagem parecer bobo. É um protagonista complexo de ser feito, porque ele é um babaca que se envolve em situações ridículas, mas em momento algum se deixa parecer bobo. Ele transborda uma fragilidade mascarada pelo alto poder aquisitivo que tem e Cumberbatch retrata isso de forma espetacular. E o êxito de seu trabalho é justamente servir como uma metáfora para qualquer um que assista o filme. Por menos humano que ele se mostre, consegue “se resolver” de uma forma identificável, passando bem a mensagem não só de seu protagonista, mas do conto em si.

Outro a roubar a cena é o monstruoso Ben Kingsley. Seu papel coadjuvante desvia dessa rota e termina sendo o grande causador da trama. Ao interpretar um artista circense de Caxemira, ele mantém uma aura de inocência quase infantil que cativa e surpreende, já que é uma história bastante trágica que é abordada de forma leve.

No fim das contas, A Incrível História de Henry Sugar praticamente impõe uma breve reflexão a quem assiste e condensa um dos contos mais maduros de Dahl em um curta-metragem que explora ao máximo os trejeitos de Wes Anderson, acompanhado de atuações impressionantes. Entretanto, não é uma obra para quem não gosta do trabalho do diretor e sofre bastante com um ritmo inicial que beira o insuportável até mesmo para seus fãs. É um jeito bem diferente de fazer cinema, que certamente vai inspirar alguns poucos projetos futuros, mas que dificilmente criará uma tendência ou algo do tipo.

A Incrível História de Henry Sugar está disponível na Netflix.

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Pedro Sobreirohttp://cinepop.com.br/
Jornalista apaixonado por entretenimento, com passagens por sites, revistas e emissoras como repórter, crítico e produtor.

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Dando prosseguimento a sua parceria com a Netflix e a família Dahl, Wes Anderson faz uma adaptação praticamente literal do conto A Incrível História de Henry Sugar, do britânico Roald Dahl, em um curta de aproximadamente 40 minutos. Para quem acha que já ouviu esse nome antes, mas não se lembra do contexto, ele é o autor de outra história adaptada anteriormente pelo diretor, O Fantástico Sr. Raposo, e por clássicos da literatura infantil que também foram adaptados para os cinemas, como A Fantástica Fábrica de Chocolate e Matilda.

Essa história, porém, é completamente voltada para o público adulto, porque aborda o propósito e como as pessoas perdem tempo com coisas mundanas, enquanto a vida passa. Ao longo desses quase 40 minutos, acompanhamos Roald Dahl, interpretado por Ralph Fiennes, contar a história de Henry Sugar (Benedict Cumberbatch), um herdeiro milionário egoísta cuja única preocupação na vida é ganhar mais dinheiro. No entanto, sua vida muda de uma hora para outra quando ele descobre um livro fininho que contém o relato de um médico sobre um misterioso artista de circo que, por meio de treinamento, aprendeu a enxergar sem abrir os olhos. Ele fica fascinado pelo relato porque acredita ser capaz de dominar a técnica para ler cartas e ganhar mais dinheiro trapaceando em cassinos.

A escolha da direção por adaptar o conto palavra por palavra altera bastante a linguagem cinematográfica padrão que o público se acostumou. Wes Anderson busca elementos do teatro, como os cenários móveis e os atores se revezando nos papéis menores, para deixar a história um pouco mais palatável, já que o curta é narrado por seus personagens, que estão o tempo inteiro encarando o público, literalmente contando a história para eles. Isso, junto a tão famosa estética do diretor, pode exercer duas reações, que dependem diretamente do espectador ser fã ou não do trabalho de Wes Anderson. Se você não gosta dos filmes dele, sequer cogite perder seu tempo com essa obra. O ritmo é sonolento, o humor é extremamente de nicho e a incursão das histórias certamente será cansativa. Ao fim do curta, você saíra com a sensação de que os 40 minutos foram estendidos para três horas e você gastou seu tempo vendo a versão emperiquitada da Bíblia narrada pelo Cid Moreira.

Agora, se você for fã do trabalho de Anderson, pode ir sem medo, porque o diretor trabalha sua estética ao máximo, com uma atenção irretocável para cenários e figurinos, trazendo planos visualmente instigantes e todos aqueles elogios verborrágicos que a crítica repete a cada nova obra do diretor. Nesta obra, ele atinge seu máximo, fazendo um dos mais singelos e representativos trabalhos de sua carreira. Ok, fazendo uma ponderação, esse estilo de interação direta pode ser cansativo até mesmo para quem já está acostumado com as obras dele por soar didático demais em certos momentos.

Entretanto, gostando ou não do curta, um aspecto que merece atenção e reconhecimento é a dificuldade das atuações realizadas no filme. Benedict Cumberbatch em especial dialoga com o público o tempo inteiro, sem perder a pose ou deixando seu personagem parecer bobo. É um protagonista complexo de ser feito, porque ele é um babaca que se envolve em situações ridículas, mas em momento algum se deixa parecer bobo. Ele transborda uma fragilidade mascarada pelo alto poder aquisitivo que tem e Cumberbatch retrata isso de forma espetacular. E o êxito de seu trabalho é justamente servir como uma metáfora para qualquer um que assista o filme. Por menos humano que ele se mostre, consegue “se resolver” de uma forma identificável, passando bem a mensagem não só de seu protagonista, mas do conto em si.

Outro a roubar a cena é o monstruoso Ben Kingsley. Seu papel coadjuvante desvia dessa rota e termina sendo o grande causador da trama. Ao interpretar um artista circense de Caxemira, ele mantém uma aura de inocência quase infantil que cativa e surpreende, já que é uma história bastante trágica que é abordada de forma leve.

No fim das contas, A Incrível História de Henry Sugar praticamente impõe uma breve reflexão a quem assiste e condensa um dos contos mais maduros de Dahl em um curta-metragem que explora ao máximo os trejeitos de Wes Anderson, acompanhado de atuações impressionantes. Entretanto, não é uma obra para quem não gosta do trabalho do diretor e sofre bastante com um ritmo inicial que beira o insuportável até mesmo para seus fãs. É um jeito bem diferente de fazer cinema, que certamente vai inspirar alguns poucos projetos futuros, mas que dificilmente criará uma tendência ou algo do tipo.

A Incrível História de Henry Sugar está disponível na Netflix.

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Pedro Sobreirohttp://cinepop.com.br/
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