quinta-feira , 21 novembro , 2024

Crítica | A Luz do Demônio – Narrativa complica nova perspectiva de exorcismo

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Filmes sobre exorcismo existem aos montes, já que, constantemente, diversos autores trazem a curiosa prática que, aos olhos mais céticos, parece fantasiosa, mas, pela ótica religiosa, é mais real e atual do que nunca. Isso porque milhares de casos são registrados, anualmente, pela Igreja Católica, que não apenas leva a sério esses registros de possessão, abrindo vertentes dedicadas, como também criou uma espécie de formação/especialização de sacerdotes dedicados a função de exorcizar.

Ao longo dos anos, sobretudo após o lançamento do clássico ‘O Exorcista’ (1973), tivemos ótimos exemplares, até mesmo com casos recentes como ‘Sobrenatural’ (2010) e ‘Invocação do Mal’ (2013), ambos de James Wan. O cineasta alemão Daniel Stamm já tinha tentando fazer diferente com ‘O Último Exorcismo’ (2010), por trazer uma linguagem found footage, ainda que deixasse a desejar no que se refere a qualidade, justamente por não conseguir conferir uma experiência temível.



Dessa vez Stamm tenta “inovar” novamente em ‘A Luz do Demônio’, trazendo um sacerdote mulher para ser a exorcista da vez. Algo que é um tabu até hoje, já que a Igreja Católica não permite que o sexo feminino realize procedimentos do tipo, a não ser auxiliar, como uma espécie de enfermeira, no tratamento realizado pela instituição. No entanto, apesar da proposta deveras atraente, o longa é sabotado pelos mesmos problemas encontrados na obra anterior do diretor.

A trama gira em torno de Annie (ou Irmã Ann) que ganha vida através de Jacqueline Byers (‘Roadies’), uma garota que desde pequena é atormentada por sua mãe que está possuída por uma entidade que tenta entrar em seu corpo.

Como já mencionamos, a mulher decide virar freira após um terrível acontecimento, e se dedicar a estudar a prática dos exorcismos em um tipo de hospital/faculdade católica responsável por formar sacerdotes e cuidar de enfermos afligidos e possuídos.

Annie sabe que não pode realizar exorcismos, mas vê uma brecha e exclusividade para estudar a vertente através da ajuda do experiente Padre Quinn, vivido por Colin Salmon (‘Krypton’), ator que confere imponência, sabedoria e verdade à função de exorcista.

Mesmo com algumas questões delicadas, Annie consegue participar de cerimonias, mas acaba sempre esbarrando na entidade que a atormenta desde pequena. Demônio que agora está no corpo da pequena Natalie (Posy Taylor), do qual Annie se apega rapidamente e passa a trata-la com dedicação materna.

Uma trama realmente simplória, mas que poderia funcionar bem, desde que o longa apresentasse uma narrativa competente e capaz de prender o espectador nas suas várias tentativas de dar sustos ou mesmo na criação de impetrar uma atmosfera sombria.

DSC_4304.NEF

Porém, a utilização de jumpscares e a criação de cenários obscuros, através do fraco CGI utilizado, dão à ‘A Luz do Demônio’ um resultado final absolutamente genérico e desinteressante. Com momentos constrangedores capazes de causar risos involuntários, ou situações no mínimo batidas, que já foram repetidas à exaustão.

O elenco até consegue fazer com que acreditemos no dilema daqueles personagens, mas o roteiro raso, com furos incômodos e de soluções inexplicáveis e imediatas acaba por também sabotar a seriedade das figuras apresentadas.

Daniel Stamm erra novamente por, provavelmente, não entender a arte da carpintaria do horror, se distanciando assim de cineastas recentes eficientes, como o próprio James Wan, que mesmo trabalhando com um cinema mais pop e os famigerados jupscares, sabe como  e onde utiliza-los, além de criar atmosferas sombrias e opressoras.

Ainda assim, ‘A Luz do Demônio’ consegue dar alguns sustos legais e fazer com que o público fique atento e aguardando o que a história vai apresentar no fim das contas. Deixando inclusive um gostinho de quero mais, com uma cena que claramente tem a função de gerar uma continuação. Talvez brilhe mais no segundo.

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Wilker Medeiroshttps://www.youtube.com/imersaocultural
Wilker Medeiros, com passagem pela área de jornalismo, atuou em portais e podcasts como editor e crítico de cinema. Formou-se em cursos de Fotografia e Iluminação, Teoria, Linguagem e Crítica Cinematográfica, Forma e Estilo do Cinema. Sempre foi apaixonado pela sétima arte e é um consumidor voraz de cultura pop.

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Ao longo dos anos, sobretudo após o lançamento do clássico ‘O Exorcista’ (1973), tivemos ótimos exemplares, até mesmo com casos recentes como ‘Sobrenatural’ (2010) e ‘Invocação do Mal’ (2013), ambos de James Wan. O cineasta alemão Daniel Stamm já tinha tentando fazer diferente com ‘O Último Exorcismo’ (2010), por trazer uma linguagem found footage, ainda que deixasse a desejar no que se refere a qualidade, justamente por não conseguir conferir uma experiência temível.

Dessa vez Stamm tenta “inovar” novamente em ‘A Luz do Demônio’, trazendo um sacerdote mulher para ser a exorcista da vez. Algo que é um tabu até hoje, já que a Igreja Católica não permite que o sexo feminino realize procedimentos do tipo, a não ser auxiliar, como uma espécie de enfermeira, no tratamento realizado pela instituição. No entanto, apesar da proposta deveras atraente, o longa é sabotado pelos mesmos problemas encontrados na obra anterior do diretor.

A trama gira em torno de Annie (ou Irmã Ann) que ganha vida através de Jacqueline Byers (‘Roadies’), uma garota que desde pequena é atormentada por sua mãe que está possuída por uma entidade que tenta entrar em seu corpo.

Como já mencionamos, a mulher decide virar freira após um terrível acontecimento, e se dedicar a estudar a prática dos exorcismos em um tipo de hospital/faculdade católica responsável por formar sacerdotes e cuidar de enfermos afligidos e possuídos.

Annie sabe que não pode realizar exorcismos, mas vê uma brecha e exclusividade para estudar a vertente através da ajuda do experiente Padre Quinn, vivido por Colin Salmon (‘Krypton’), ator que confere imponência, sabedoria e verdade à função de exorcista.

Mesmo com algumas questões delicadas, Annie consegue participar de cerimonias, mas acaba sempre esbarrando na entidade que a atormenta desde pequena. Demônio que agora está no corpo da pequena Natalie (Posy Taylor), do qual Annie se apega rapidamente e passa a trata-la com dedicação materna.

Uma trama realmente simplória, mas que poderia funcionar bem, desde que o longa apresentasse uma narrativa competente e capaz de prender o espectador nas suas várias tentativas de dar sustos ou mesmo na criação de impetrar uma atmosfera sombria.

DSC_4304.NEF

Porém, a utilização de jumpscares e a criação de cenários obscuros, através do fraco CGI utilizado, dão à ‘A Luz do Demônio’ um resultado final absolutamente genérico e desinteressante. Com momentos constrangedores capazes de causar risos involuntários, ou situações no mínimo batidas, que já foram repetidas à exaustão.

O elenco até consegue fazer com que acreditemos no dilema daqueles personagens, mas o roteiro raso, com furos incômodos e de soluções inexplicáveis e imediatas acaba por também sabotar a seriedade das figuras apresentadas.

Daniel Stamm erra novamente por, provavelmente, não entender a arte da carpintaria do horror, se distanciando assim de cineastas recentes eficientes, como o próprio James Wan, que mesmo trabalhando com um cinema mais pop e os famigerados jupscares, sabe como  e onde utiliza-los, além de criar atmosferas sombrias e opressoras.

Ainda assim, ‘A Luz do Demônio’ consegue dar alguns sustos legais e fazer com que o público fique atento e aguardando o que a história vai apresentar no fim das contas. Deixando inclusive um gostinho de quero mais, com uma cena que claramente tem a função de gerar uma continuação. Talvez brilhe mais no segundo.

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Wilker Medeiros, com passagem pela área de jornalismo, atuou em portais e podcasts como editor e crítico de cinema. Formou-se em cursos de Fotografia e Iluminação, Teoria, Linguagem e Crítica Cinematográfica, Forma e Estilo do Cinema. Sempre foi apaixonado pela sétima arte e é um consumidor voraz de cultura pop.

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