Crítica | A Mulher Selvagem é um filme marcante, que pulsa o desespero da protagonista [CINEBH 2024]

A realidade caótica que lida com o julgamento dos outros. Abordando muitas questões sociais, tendo como cenário alguns lados de uma Havana do tempo presente, esse interessante projeto cubano com sua construção e condução muito bem equilibradas parte de um despertar que encosta nas inconsequências. Compondo a ótima seleção da Mostra Continente do CineBH 2024, A Mulher Selvagem tem como um dos seus inúmeros méritos o preciso olhar ao detalhar um forçado recomeço, um passo anterior a uma provável segunda chance.

Na trama, conhecemos Yolanda (Lola Amores), uma mulher amargurada e com muitos dilemas que se vê presa em um enorme conflito quando uma sangrenta briga entre o amante e seu companheiro expõe toda sua intimidade aos olhos dos outros. Tendo que agir rápido para proteger o único filho – que mora com a avó – parte em busca de uma fuga mas sem antes passar pelo sofrimento da exposição por conta de um vídeo que se tornou viral.

Cena do filme cubano 'A Mulher Selvagem'
Cena do filme cubano ‘A Mulher Selvagem’

Em seu primeiro longa-metragem como diretor, o cineasta cubano Alán González vai a fundo num recorte que preenche questões vivas na sociedade como o cancelamento e a traição, ligados pelos pontos de rupturas de uma família repleta de rachaduras em seus elos. Por aqui a felicidade chega somente por lapsos, somos imersos a um estado emocional de desequilíbrio que é refletido em um cenário frio, cinzento, porém real.

Cena do filme cubano 'A Mulher Selvagem'
Cena do filme cubano ‘A Mulher Selvagem’

Passando por alguns bairros pobres de Havana, a contextualização do espaço se soma ao abstrato dos sentimentos. Dessa forma, a narrativa dentro de uma linearidade acelera para encontrar as reflexões, muitas vezes parece que estamos em um suspense onde vamos resgatando peças que compõe uma personalidade forte e com um lado de desespero que grita frequentemente. A rejeição, as tentativas quase frustradas de afeto, a culpa, se agrupam rumo a um intrigante recorte sobre os sentimentos mais íntimos de uma protagonista brilhantemente interpretada pela atriz Lola Amores.

Cena do filme cubano 'A Mulher Selvagem'
Cena do filme cubano ‘A Mulher Selvagem’

Exibido em diversos festivais, A Mulher Selvagem é um filme marcante, que pulsa o desespero ao mesmo tempo que abre olhares para uma Havana atual. Esse é um daqueles projetos que ficarão em nossas memórias por um bom tempo. Tomara que tenha a chance de ser exibido no circuito exibidor brasileiro, provavelmente será um dos filmes mais lembrados da 18ª Edição do CineBH.

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