terça-feira, abril 30, 2024

Crítica ‘A Noite Que Mudou o Pop’ | Netflix investiga os bastidores de ‘We Are The World’ em documentário afinado

Faz um tempo que um vídeo dos bastidores de ‘We Are The World’ viralizou nas redes sociais. Nele, Michael Jackson aparece supostamente incomodado com as notas da jovem Cyndi Lauper durante as gravações. Na época, internautas aproveitaram para fazer o que fazem de melhor: despejar comentários odiosos contra a cantora, questionando seu talento e comparando com outros nomes. Agora, A Noite Que Mudou o Pop, documentário original da Netflix, chega para mostrar que essa história não aconteceu bem assim, dentre outros segredos e curiosidades da criação da canção lendária que marcou gerações.

Ao longo de pouco mais de 1h30 de duração, o documentário aborda de forma geral o contexto em que o projeto USA for Africa surgiu e como a situação levou à reunião do maior coral de todos os tempos. Contado principalmente pela ótica de Lionel Ritchie, o documentário traz uma série de depoimentos da época e atuais de quem participou, seja famoso ou não. E são justamente os testemunhos dos menos conhecidos que deixam os bastidores ainda mais instigantes, porque o público já espera muito do que Bruce Springsteen tem a dizer, por exemplo, mas e o câmera que era fã de Paul Simon e foi convidado para gravar o ídolo cantando diante de seus olhos? É fascinante!

Pelas histórias contadas no doc, esse projeto ter dado certo foi quase um milagre. A ideia foi capitaneada por Lionel Ritchie e Michael Jackson, que se envolveram na criação da música desde o início. Porém, com a chegada de Quincy Jones e o desejo de contar com o máximo de lendas da música, o tempo de produção foi reduzido consideravelmente. A janela encontrada para reunir essa constelação foi a noite do American Music Awards. Então, a dupla teve aproximadamente dez dias para compor ‘We Are The World’.

O primeiro momento ‘wow’ desse documentário é ver Lionel Ritchie, já velhinho, contando as histórias mais absurdas de como foi esse processo de criação. Michael e ele se conheciam, se consideravam amigos, mas jamais haviam passado um tempo juntos longe do público. Então, quando se reuniram na casa do Rei do Pop, diversas excentricidades rolaram, como as investidas de Michael para que Ritchie pegasse seu chimpanzé de estimação no colo, ou na vez que o Lionel foi surpreendido pela cobra perdida que Michael mantinha como pet e vivia desaparecendo pela casa.

Mas o grande barato é ver como a música foi inspirada na batida dos hinos nacionais, seguindo o processo de criação de Michael Jackson, que não tocava instrumentos, mas murmurava a melodia. E assim, quando veio a pressão do deadline, a música simplesmente brotou de suas mentes brilhantes.

O segundo momento de explosão total é quando as lendas da música se reúnem no estúdio para enfim gravar. O documentário apresenta a convocação de todos eles, contextualizando quem eram na época e os momentos que viviam em suas respectivas carreiras. Então, quando eles se juntam, é como ver a noite cair no campo e se iluminar com as estrelas mais brilhantes que a América do Norte já produziu. É de arrepiar ver a quantidade de lendas por metro quadrado naquele estúdio, transformado por eles num grande lar por uma noite, conforme o próprio Lionel Ritchie relata ao fim.

E o mais incrível disso tudo é ver monstros da música agindo como crianças em um passeio escolar de fim de ano. Todos eram gigantes em seus gêneros e segmentos, mas ali, por algumas horas, se despiram de seus egos e trabalharam juntos por um objetivo comum. Eles criando, se conhecendo, reencontrando e convivendo. Aquele momento em que os ídolos conhecem seus ídolos é fabuloso, perdendo apenas para as diversas cenas deles se permitindo expor suas vulnerabilidades.

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Também é impressionante ver o ‘Efeito Michael Jackson’ nesse grupo. Que Michael era uma lenda viva, capaz de arrastar e impressionar multidões, todos sabem. Mas vê-lo impor respeito dentre lendas como Ray Charles é outra coisa. Chega a ser cômico como todos ali admiravam tanto a figura de Michael que tinham receio até de fazer sugestões. É interessante também como até mesmo Bob Dylan, já extremamente consagrado na época, ficou perdidinho diante da magnitude do projeto.

Enfim, A Noite Que Mudou o Pop é um documentário daqueles que prendem o espectador com informação e diversão,  tal qual uma canção que começa com batidinhas de palmas e encontra seu caminho para o sucesso pelas vozes de uma geração.

A Noite Que Mudou o Pop está disponível na Netflix.

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Pedro Sobreirohttp://cinepop.com.br/
Jornalista apaixonado por entretenimento, com passagens por sites, revistas e emissoras como repórter, crítico e produtor.

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