terça-feira, abril 16, 2024

Crítica | A Prima Sofia – Longa da Netflix é cheio de Nudez e boas intenções, mas execução falha

Riviera Francesa, verão europeu. O calor, a água salgada do mar, o sol quente batendo na pele dos turistas e moradores de Cannes, mundialmente conhecida pelo festival internacional de cinema. Se por um lado a cidade recebe inúmeros turistas atrás de glamour e badalação nas férias de verão, por outro há os moradores locais – pessoas comuns que veem no verão a oportunidade de trabalhar e ganhar uma grana extra.

É nesse contexto que conhecemos a jovem Naïma (Mina Farid), que, às vésperas de fazer 16 anos recebe a inesperada visita da prima Sofia (Zahia Dehar) em sua casa, em Cannes. Com uma mãe que trabalha o tempo todo em um hotel de luxo, Naïma encontra na prima a referência de que precisa para se tornar uma adolescente com autoestima e mais segura de si. Só que Sofia tem um estilo de vida-livre que não é exatamente o que a sociedade julga como apropriado, e, quando ela se envolve com o ricaço brasileiro Andres (Nuno Lopes, o bonitão de ‘White Lines’), Naïma descobre o deslumbrante e sedutor mundo do luxo.

Com uma premissa bem simples, ‘A Prima Sofia’ quer, acima de tudo, prestar uma homenagem à duas musas do cinema europeu: Sophia Loren (não à toa, a personagem-título leva o seu nome e se comporta esteticamente como a atriz italiana) e um pouquinho também de Brigitte Bardot, com seus cabelos loiros e a sua desibinição nos banhos em locais públicos. Nesse sentido, o argumento e roteiro de Rebecca Zlotowski resgata aquela atmosfera de encantamento e provocante sedução que os filmes estrelados por Sophia Loren tinham.

O mesmo acontece toda vez que Zahia Dehar entra em cena: a forma como ela olha, como se porta, todos os seus gestos são suaves e calculados para seduzir – o expectador não tem escolha senão ficar tal como um voyeur e se apaixonar por ela. Isso tem a ver com a direção de Rebecca Zlotowski, que centra o filme no corpo da atriz e movimenta a câmera de modo que o espectador está no mesmo patamar da adolescente Naïma, descobrindo aquela prima enigmática, bela e cheia de artifícios, com seus olhos de ressaca, oblíquos e dissimulados. Sofia quer ser vista – pelos personagens e pelos espectadores – e gosta de ser admirada por seu público.

Se por um lado ‘A Prima Sofia’ constrói bem toda essa atmosfera tão pungente do cinema europeu dos anos 1950 (a própria Sophia Loren começou a carreia aos 15 anos, tal como a personagem Naïma que, por sua vez, não quer ser atriz), por outro o longa pega tudo isso e descarta como se fosse fast-food, incapaz de conferir profundidade à personagem-título. Assim, com a intenção de homenagem, ‘A Prima Sofia’ acaba apresentando um terrível julgamento dos corpos femininos – tanto é assim que o título original do longa é ‘Une fille facile’, ou “uma menina fácil”. Contraditório.

A Prima Sofia’ é um filme com o sabor agridoce do fim de verão, com uma intenção que acaba indo na contramão da proposta e que resgata uma narrativa europeia de contas histórias bastante desconhecida do público da Netflix.

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