Há um tempinho uma relativamente nova distribuidora de filmes vem conquistando o público por ofertar nos cinemas os filmes que, aparentemente, muitos brasileiros querem ver na tela grande: os filmes de temática cristão. Estamos falando da distribuidora 360 Way Up, que frequentemente sela parceria com a Paris Filmes e nos últimos tempos foi responsável por filmes como ‘A Forja’, ‘Som da Esperança’, ‘Som da Liberdade’, entre outros, além de ter trazido o elenco da série ‘The Chosen’, exibindo episódios da produção na tela grande. Agora, nesse fim de ano, essa parceria de sucesso traz aos cinemas mais uma grande produção de mote religioso, o longa ‘A Redenção: A História Real de Bonhoeffer’.
Estamos em meados da década de 1930. O então jovem Dietrich Bonhoeffer (Jonas Dassler) está aprofundando seus estudos religiosos na Alemanha, quando viaja aos Estados Unidos. Uma vez em Nova York, trava uma sincera amizade com Frank Fisher (David Jonsson), um jovem negro que o apresenta à cultura gospel e ao jazz, estilo de música que estava na moda na cidade. Imediatamente Dietrich se encanta com o vigor daquela vibração, e, quando volta à Alemanha, quer dividir seus conhecimentos com outros pastores, porém, percebe que a Alemanha nazista está se expandindo e perseguindo pastores que defendem a liberdade religiosa e a liberdade de a igreja não se misturar com a política. Mas suas atitudes liberais e humanista logo chamam a atenção dos militares do reich, e a vida e os projetos de Bonhoeffer logo passam a ficar em risco.
Baseado em eventos reais do biografado Dietrich Bonhoeffer, relatados no livro ‘Discipulado’, o longa ‘A Redenção: A História Real de Bonhoeffer’ acompanha muitas etapas da vida do pastor luterano, dando mais ênfase no antes, na formação teológica e motivacional do jovem pastor, do que efetivamente seu envolvimento na luta contra os nazistas. Quer dizer, a produção tem duas horas e doze minutos de duração, dos quais mais da metade são do despertar do biografado para os ensinamentos bíblicos e seus primeiros questionamentos.
A questão é que o filme, o indivíduo Bonhoeffer é conhecido lá fora como um grande herói, e a parte em que esse heroísmo deveria ser mais desenvolvido é mais curta – efetivamente, só vemos um caso dele salvando a vida de alguns judeus levando-os à Suíça. São escolhas do roteiro de Todd Komarnicki (que também dirige a produção e foi o diretor de ‘Sully: O Herói do Rio Hudson’), que talvez tenha um foco maior em projetar Bonhoeffer mais como um sujeito inspirador do que necessariamente uma figura efetiva de herói.
Tecnicamente, é um filme muito bem-produzido, com impressionantes reconstruções de época tanto nos cenários da Alemanha quanto dos Estados Unidos, abrangendo uma faixa de mais um menos dez anos na história de Bonhoeffer. Com esse ótimo pano de fundo, o diretor e roteirista opta por apresentar o legado de Bonhoeffer mais do que pesar a mão na emoção, dramatizando em demasia sua história. Assim, para o público leigo que não conhece nada dos feitos deste homem que fundou a Igreja Confessante no mundo, ‘A Redenção: A História Real de Bonhoeffer’ é um filme inspirador sobre sacrifício, justiça e defesa da humanidade, independente de raça ou credo.