Quem já passou por isso, lembra como é. Quem ainda vai passar, imagina o drama que será. Fato é que quando acabamos a escola, um novo universo se abre diante de nós, sobre o qual não temos nenhum controle e pouco podemos imaginar o que pode acontecer. O último dia da escola é fatal, pois significa o fim de uma era, encontrando os amigos diariamente, para ir em direção a um dia seguinte desconhecido, oficialmente desempregado ou entrando para uma faculdade com pessoas completamente novas. A fatalidade desse último dia provoca nos estudantes um senso de urgência para resolver todas as pendências que se arrastaram ao longo dos anos, e é justamente sobre esse sentimento que acontece ‘A Última Festa’, nova comédia dramática nacional que chega aos cinemas brasileiros a partir desta semana.
A festa de formatura da escola está bombando com todos os convidados vestidos com a temática “festa de época”. O grupo de amigos Nina (Marina Moschen, do recente ‘No Mundo da Luna’), Nathan (Christian Malheiros, de ‘Sintonia’), Bianca (Thalita Meneghim) e Marina (Giulia Gayoso) acaba de chegar, mas cada um deles tem uma pendência para resolver: Nina quer evitar o ex-namorado, Leandro (Leo Cidade), pois ainda o ama, mas sente a necessidade de viver novas experiências e ser mais livre; Marina está decidida a perder a virgindade com o namorado, pois mentira antes dizendo-se não ser mais virgem e agora precisa fazer com que a coisa conteça; Nathan quer se declarar para seu crush, mas, para ficar com o rapaz, precisa cumprir uma lista de desafios que o boy impõe a ele; e Bianca está cuidando do namorado bêbado na ambulância na companhia de Caio (Victor Lamoglia), que também está cuidando de sua amiga por quem tem uma quedinha. O mundo de todos esses jovens irá ser sacudido nesta última noite em que tudo precisa acontecer.
O mais legal em ‘A Última Festa’ é que o filme de Matheus Souza consegue capturar bem a essência hormonal dos adolescentes e colocar tudo num liquidificador com cronômetro ligado: quanto mais a festa avança, menos tempo os personagens têm para resolver suas pendências para sempre. Ah sim, porque precisa ser para sempre, afinal, tudo no mundo adolescente é fatidicamente fatal, pois só o dia de hoje existe.
Um dos acertos do roteiro de Matheus Souza é não centrar a história apenas em sua protagonista (cujo drama é mais sério, embora, de cara, isso não fique claro) e alternar principalmente com as tramas de Bianca (melhor em cena, funcionando como alívio cômico preciso em todos os momentos que a montagem do longa começa a dar uma caída no ritmo) e Nathan (cuja obsessão em conquistar o crush o leva por uma jornada hilária ao lado do ótimo Victor Meyniel, que interpreta Leo, um ex-aluno gay que retorna para a festa, mas que já não tem amigos naquele lugar).
‘A Última Festa’ é uma divertida e exageradamente dramática despedida de uma fase da vida. Dialoga bastante com as inquietações das gerações atuais, e, a seu modo, conversa com esse espectador, dizendo que é normal sentir-se nessa angústia toda. Acerta em cheio seu público-alvo.